Yoani Sanchéz tinha visto brasileiro e esperava o aval de Havana
O documento em que o governo nega a autorização a Yoani, postado por ela no Twitter
RIO e HAVANA - A blogueira Yoani Sánchez anunciou nesta sexta-feira, pelo Twitter, que Havana lhe negou pela 19ª vez a autorização para deixar o país.
A cubana já tinha recebido o visto brasileiro e esperava visitar o Brasil para participar do lançamento de um documentário sobre liberdade de imprensa em que é entrevistada.
“Não há surpresas. Voltaram a me negar a permissão de saída. É a 19ª vez que violam meu direito de entrar e sair de meu país”, escreveu Yoani no Twitter.
“Eu me sinto como um refém sequestrado por alguém que não escuta, nem dá explicações.
Um governo com máscara e pistola na cintura.”
Yoani vinha cobrando da presidente Dilma Rousseff, através da internet, que intercedesse a seu favor para que o governo cubano a autorizasse a viajar ao exterior.
Primeiramente, ela postou no YouTube um vídeo pedindo que a presidente a ajudasse a sair do país para participar do evento. Depois, Yoani passou a se valer do Twitter.
Oficialmente, o tema não foi tratado durante a visita de Dilma a Havana, encerrada na terça-feira.
A blogueira foi convidada pelo documentarista Dado Galvão para participar da exibição do documentário "Conexão Cuba-Honduras", em Jequié, na Bahia.
O filme trata da liberdade de imprensa no Brasil e em Cuba, e Yoani é uma das entrevistadas.
Dado Galvão disse estar profundamente decepcionado com o governo cubano. Por telefone ao GLOBO, ele contou que já tinha tudo organizado para a chegada de Yoani, como passagens aéreas e hospedagem.
- Foi um baque. Agora sim posso dizer que a viagem de Dilma a Cuba foi decepcionante. Esperava que a nossa diplomacia pudesse interceder - disse.
O Itamaraty disse que não se manifestará sobre a decisão de Havana por se tratar de um assunto de caráter interno.
Críticas a Dilma
Na quinta-feira, a blogueira escreveu em sua conta no Twitter que nas ruas de Havana os cubanos comentam que “Dilma veio a Cuba com a carteira aberta e os olhos fechados”.
O comentário refere-se às parcerias fechadas entre os dois governos, com medidas de estímulo ao desenvolvimento econômico do regime dos irmãos Castro durante a visita, mas sem menções aos abusos e violações de direitos humanos cometidos na ilha e sem a abertura de espaço na agenda para aceitar os convites de dissidentes que pediram um encontro com a mandatária.
03.03.12
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