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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dilma tratorou o BC



 Quando meio governo começa a dar justificativas sem dizer coisa com coisa é porque a suspeita está confirmada:

Dilma passou por cima da autonomia do BC e mandou baixar os juros na marra

  


Veja a entrevista abaixo, concedida ao Estadão  pelo  ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni.

Ele classificou de "ousada" a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Para ele, o que está em jogo agora é a credibilidade do BC.


O Sr. achou da decisão do Copom?

Acho uma decisão ousada porque, na realidade, os dados de inflação, principalmente as expectativas, apontam para uma inflação acima da meta. O mercado de trabalho continua aquecido, a pleno emprego, com massa salarial crescendo na base de 6%. Mesmo com a desaceleração da indústria, as pressões de demanda ainda estão aí. Mais prudente seria manter os juros pelo menos até outubro.


Qual então é a justificativa?


A única justificativa técnica que vejo para essa decisão é que o Banco Central está apostando que a política fiscal vai continuar apertada, não só este ano, mas também no ano que vem. É uma proposta arriscada. O governo acaba de encaminhar a proposta orçamentária para o ano que vem e, como todo mundo antecipava, há um impacto enorme nos gastos correntes, principalmente em gastos com pessoal e Previdência, em função do mega reajuste do salário mínimo já estava contratado.


O superávit pesou?


Sem dúvida. É a única justificativa técnica. Imagino que o BC continua com sua autonomia preservada, o que é essencial para as expectativas inflacionárias. O BC vai ter que explicar muito bem, na ata, a fundamentação técnica da decisão. Que não é simplesmente resultado de pressões políticas. A função de um BC independente e autônomo é tomar decisões que não sejam necessariamente aquelas que pressões políticas desejam. Foi a grande conquista do Brasil a partir do Armínio Fraga.


O BC cedeu à pressão?


Espero que não. O Brasil tem uma experiência tão bem-sucedida na construção de uma independência conquistada pelo BC, com saldo extremamente positivo. Foi a principal âncora para enfrentar a crise de 2008. O que está em jogo agora é a credibilidade do BC. Fica a expectativa de elementos que o BC disponha, que ainda não aparecem nos dados oficiais, para justificar a decisão.


1 de setembro de 2011


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