Corrupção pré-datada
O crime só compensa em 30 dias
A faxina de Dilma Rousseff no Dnit não tem paralelo na história deste país
O crime só compensa em 30 dias
A faxina de Dilma Rousseff no Dnit não tem paralelo na história deste país
A presidenta varreu do órgão várias cabeças acusadas de corrupção. E a maior delas foi varrida para debaixo do tapete.
As férias do diretor-geral Luiz Antonio Pagot se tornaram o grande enigma da República.
Mais alta patente da turma do PR suspeita de inflar valores de obras, Pagot já desafiou Dilma publicamente a demiti-lo – ou a dizer que vai demiti-lo.
Fez isso em dois depoimentos no Congresso Nacional, aos quais compareceu sacrificando dois dias de suas férias. Talvez a presidenta tenha considerado essa punição suficiente.
Os demitidos do Dnit devem estar lamentando que suas férias não tenham coincidido com o escândalo. É mesmo muito azar.
Mas não é justo o que Dilma está fazendo com Pagot. Ele não sabe se voltará das férias para a farra do Dnit ou se sua cabeça será trocada por mais alguns favores ao PR. Assim não dá para relaxar.
Se Pagot vier a ser demitido por Dilma um mês depois das acusações, terá sido o primeiro caso na história de corrupção pré-datada. O crime só compensa em 30 dias.
O problema, como sempre, é a imprensa.
A seleção brasileira perde quatro pênaltis contra o Paraguai e os jornalistas continuam falando do Dnit.
Assim fica difícil empurrar o Pagot com a barriga.
Deve ser por isso que Lula meteu o pau de novo na imprensa burguesa, dessa vez no congresso da UNE.
O ideal era que ninguém lesse nada, para não atrapalhar o expediente no Dnit.
Seja qual for o destino de Pagot, ele já entrou para a história.
Com suas férias blindadas, provou que com boa vontade da chefia – e dos seus patrocinadores – até a corrupção é relativa.
19/07/2011
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