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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Kadhafi ameaça manifestantes armados com 'pena de morte'

 
AFP

TRÍPOLI — O dirigente líbio, Muamar Kadhafi, confrontado por uma revolta popular sem precedentes, ameaçou nesta terça-feira os manifestantes armados com a "pena de morte", e convocou o exército e a polícia a tomar o controle da situação.

"Entreguem suas armas imediatamente, senão haverá derramamento de sangue", lançou durante um discurso de uma hora e vinte minutos transmitido pela televisão.

Apesar dos depoimentos mencionando uma repressão mortífera, o coronel Kadhafi, que vestia uma túnica marrom, afirmou: "Nós ainda não fizemos uso da força". Mas, "se a situação piorar, nós a utilizaremos conforme as leis internacionais e a Constituição líbia".

"O povo líbio está comigo", disse, convocando seus partidários a se manifestar a partir de quarta-feira.

O "Guia", que tinha em mãos seu Livro Verde, uma coletânea de seus pensamentos publicada nos anos 1970 e que serve de Constituição para o país, igualmente afirmou que ele "lutaria até a última gota de seu sangue".

"Muamar Kadhafi não possui um posto oficial para que ele possa renunciar. Muamar Kadhafi é o chefe da revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias. Este é meu país, o país de meus pais e ancestrais", afirmou, em um discurso inflamado, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa.

O coronel Kadhafi chegou ao poder após ter derrubado, no dia 1º de setembro de 1969, o rei Idriss.

Em 1977, ele proclamou a "Jamahiriya" - "Estado das massas" que seria governado por comitês populares eleitos - atribuindo para si o papel de "Guia da revolução".

Ameaçou os "rebeldes" com uma resposta "similar àquela de Tiananmen (na China) e Fallujah (no Iraque)" e de "purgar a Líbia casa por casa".

Fallujah foi devastada em 2004 por dois assaltos do exército americano contra a rebelião. Já a intervenção do exército chinês contra a população civil de Pequim na Praça Tiananmen, na noite do dia 3 para o dia 4 de junho de 1989, acabou matando centenas, ou até mesmo mais de mil pessoas.

"Todos os jovens devem criar amanhã comitês de defesa da revolução: eles protegerão as estradas, as pontes, os aeroportos", continuou.

"Todos devem assumir o controle das ruas, o povo líbio deve tomar o controle da Líbia, nós vamos lhes mostrar o que é uma revolução popular", acrescentou, ao ler um texto do discurso pontuado por silêncios e gagueiras.

"Capturem os ratos", lançou, referindo-se aos manifestantes antiregime.

"Nenhum louco poderá despedaçar nosso país", disse ainda o coronel Kadhafi, que discursava em frente a sua casa bombardeada em abril de 1986 pelos americanos.

A Líbia enfrenta desde o dia 15 de janeiro um movimento de contestação sem precedentes, que está sendo violentamente reprimido.

Na manhã de segunda-feira, a Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos (FIDH) havia aumentado o número de mortos no país de 300 para 400. A Humans Rights Watch (HRW) anunciou um balanço de ao menos 233 mortos desde o início do movimento.

Uma reunião do Conselho de Segurança da ONU voltada para a violência na Líbia está sendo realizada nesta terça-feira em Nova York.

O embaixador da Alemanha Peter Wittig pediu uma ação "rápida e clara" para a situação.

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