Porquinhos de estimação
Por Augusto Nunes
Até agora apenas sussurrado por inimigos íntimos, o apelido coletivo da trinca formada por Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardoso foi escrachado por Dilma Rousseff nesta sexta-feira, durante o discurso na reunião do diretório nacional do PT.
Grata pelos bons serviços prestados por eles ao longo da campanha, Dilma referiu-se elogiosamente aos Três Porquinhos.
A candidata que não dizia coisa com coisa é agora a presidente eleita que não sabe o que diz.
Os devotos de Lula atravessaram a temporada eleitoral enxergando um PIG (Partido da Imprensa Golpista) no palanque da oposição.
Com meia dúzia de palavras, a oradora apresentou ao país três pigs de estimação.
Dos três porquinhos da velha fábula ─ Homero (ou Prático), Cícero e Heitor ─ só o primeiro é competente e operoso.
Os outros são preguiçosos juramentados.
“Eu sou o Prático”, antecipou-se José Eduardo Dutra. “Eu sou o Cícero”, emendou José Eduardo Cardozo, talvez sem saber que seu personagem foi o primeiro a ter a casa destruída pelo Lobo Mau.
Sobrou para Palocci o papel de Heitor, que também só escapou do vilão por ter-se abrigado no refúgio seguro construído pelo porquinho Prático.
A associação à história infantil deixa dois Altos Companheiros mal no retrato. Pior ainda é a associação à trinca de parlamentares batizada pela imprensa com a mesma alcunha durante a campanha eleitoral de 1989.
A serviço do chefe José Sarney, os senadores Edison Lobão, Marcondes Gadelha e Hugo Napoleão planejaram o lançamento da candidatura do apresentador Silvio Santos à Presidência da República.
A trama protagonizada pelos Três Porquinhos do século passado tropeçou na Justiça Eleitoral.
Mas a confusão que provocaram fez o quadro político ficar parecido, por algum tempo, com um chiqueiro.
Pelo tom de voz, Dilma quis ser gentil com seus porquinhos de estimação. É difícil imaginar o que dirá quando estiver num dia de fúria.
Dilma chama coordenadores de campanha de "três porquinhos"
Direto ao Ponto
19/11/2010
19/11/2010
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