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sábado, 12 de junho de 2010

Uma derrota desnecessária do Brasil


Com a aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, de novas e mais duras sanções ao Irã, completa-se uma das mais desastrosas ações da política externa brasileira, na linha do antiamericanismo militante comandada pelo Itamaraty do B.

A votação foi 12 a 2, com uma abstenção. Votaram a favor os cinco membros permanentes do Conselho, inclusive Rússia e China, tradicionais aliados do Irã.

Votaram contra Brasil e Turquia, que insistem no acordo sobre o programa nuclear iraniano fechado em maio, em Teerã. Sobrou, para o Brasil, uma derrota amarga.

O governo brasileiro apostou numa aproximação com Teerã que abrisse caminho para negociações e dividisse o Conselho de Segurança na votação das sanções. O que não aconteceu.

O país ficou lamentavelmente isolado numa questão chave para a comunidade internacional. Esta arcou, a despeito dos esforços de Brasil e Turquia, com a responsabilidade de tentar frear o acesso a armas nucleares de um país liderado por uma fanática ditadura religiosa, que tem entre seus clientes habituais movimentos terroristas como o Hamas, na Faixa de Gaza, e o Hezbollah, no Líbano.

Pior para o Brasil, pois a Turquia demonstrou ter ao menos uma estratégia: sua aproximação com o Irã, em oposição frontal aos EUA e à União Europeia, diminui a resistência a Ancara no mundo árabe, aparando arestas que vêm do tempo do Império Otomano.

Não que os árabes morram de amores pelo Irã (Pérsia).

Mas quem é inimigo de meus inimigos…

As novas sanções autorizam qualquer país a inspecionar cargas que entrem e saiam do Irã; ampliam o embargo militar a novos tipos de armas convencionais e mísseis; tornam mais restrito o acesso do Irã à tecnologia nuclear; acrescentam mais instituições financeiras à lista negra; e pedem vigilância em negócios com qualquer organização ligada à Guarda Revolucionária, o mais importante pilar do regime.

O Irã reagiu de modo esperado, dizendo que continuará com suas operações para enriquecimento de urânio e ameaçando rever suas relações, que já não são boas, com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A decisão do Conselho de Segurança aumenta a pressão diplomática da comunidade internacional sobre o país, mas este tem sido criativo para driblar as sanções. Sua companhia estatal de navegação, por exemplo, usa o expediente de trocar nomes, bandeiras e operadores de seus mais de 100 navios para escapar às inspeções, segundo o “New York Times”.

Neste ano eleitoral, aguça-se a postura antiamericana do governo Lula, presente também na birra contra a volta de Honduras à OEA, outra parada perdida pelo governo brasileiro ao apoiar o presidente deposto, Manuel Zelaya, da cota de Hugo Chávez.

Honduras já elegeu um novo presidente e a OEA, por proposta dos EUA, criará uma comissão para estudar o reingresso do país.

Ao comentar a vitória na ONU, a secretária de Estado, Hillary Clinton, deixou aberta uma fresta para Brasil e Turquia prosseguirem as gestões diplomáticas, agora para Teerã abrir seu programa nuclear à inspeção, o que permitiria levantar as sanções – uma saída honrosa.

Mas, a julgar pelas primeiras declarações do presidente Lula, de que as sanções foram “um erro” da ONU, é pouco provável que ele leve o Brasil a se reabilitar na linha sugerida por Hillary. O Planalto, pelo jeito, insistirá no erro. Que, entre outros efeitos, coloca o país mais distante do assento de titular no CS.
10 de junho de 2010

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