PSDB quer ouvir também americanos que assessoram PT
Por Josias de Souza
Sérgio Lima/Folha
Casa que abriga núcleo de comunicação do comitê de Dilma
Foi marcada para a tarde desta quarta (9) uma sessão da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso.
Na pauta, a votação de um requerimento que sugere a audição de dois personagens envolvidos na polêmica do dossiê.
São eles: o policial Onézimo Sousa, aposentado da Polícia Federal; e o ex-sargento do serviço secreto da Aeronáutica Idalberto Matias, conhecido como Dadá.
Os dois participaram, em 20 de abril, da reunião na qual se discutiu a constituição de um grupo para espionar o presidenciável tucano José Serra.
São signatários do requerimento os deputados tucanos Gustavo Fruet (PR) e Emanuel Fernandes (SP).
Há chances reais de aprovação. A oposicionista tem maioria sobre o governo na comissão: quatro votos a dois.
O comando da comissão é tucano: na presidência, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Na vice, Emanuel, um dos autores do requerimento.
Na bancada, mais dois oposicionistas: Fruet, o segundo autor da peça; e José Agripino Maia (DEM-RN).
Pelo governo, apenas dois votos: o do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
A comissão não tem poderes para convocar Onézimo e Dadá. Vai apenas “convidar” a dupla a prestar esclarecimentos. O convite pode ser aceito ou não.
“Nosso objetivo é dar transparência a esse caso, jogar luz sobre ele. Até para impor um freio a esse tipo de operação, que vem se repetindo a cada eleição”, diz Fruet.
Noutra frente, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) protocolou na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara mais três requerimentos.
Num, sugere a convocação do ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União). Nos outros, propõe que sejam ouvidos dois cidadãos americanos.
São eles: Scott Goodstein e Ben Self. Atuaram no comitê eleitoral do presidente dos EUA, Barack Obama.
Vieram ao Brasil para auxiliar na montagem da campanha de internet da presidenciável petista Dilma Rousseff.
E daí?
Quem bancou a vinda da dupla a Brasília foi o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono da Dialog Comunicação.
A empresa de Benedito tornou-se, sob Lula, uma portentosa prestadora de serviços do governo. Beliscou contratos superiores a R$ 40 milhões.
Deseja-se esclarecer em que condições Benedito se tornou um financiador de despesas da campanha de Dilma. Faz doações oficiais ou repassa verbas por baixo da mesa?
Benedito tornou-se um freqüentador assíduo da casa onde funciona o braço de comunicação da campanha de Dilma, no Lago Sul, bairro chique de Brasília (foto lá no alto).
Partiu dele, aliás, a sugestão de aluguel do imóvel. Custa R$ 18 mil por mês. O empresário está vinculado também ao caso do dossiê.
Participou, junto com o jornalista Luiz Lanzetta, da reunião com o Onézimo, o policial federal de pijama; e Dadá, o ex-agente secreto da Aeronáutica.
Na versão de Onézimo, seria Benedito o provedor das despesas do grupo de espionagem que seria constituído para espionar Serra. Coisa de R$ 1,6 milhão.
Na contraversão de Lanzetta, que pediu desligamento do comitê de Dilma depois que o caso foi às manchetes, deu-se coisa diversa.
O jornalista sustenta que foi Onézimo quem o chamou para a fatídica reunião. Para quê? Para propor um trabalho de contra-espionagem.
O deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), delegado licenciado da PF, estaria montando dossiês contra políticos aliados do governo. Algo que Itagiba nega.
E por que o tucano Macris deseja ouvir também o ministro Jorge Hage? Porque a Controladoria-Geral da União investiga os contratos da Dialog com o governo.
Há suspeitas de fraudes em licitações. Também o TCU perscruta as relações da Dialog com o Estado. A depender do PSDB, a apuração será aprofundada.
Nesta quarta (9), o partido protocolará no TCU um pedido para que sejam investigados todos os contratos firmados pela empresa de Benedito com o governo Lula.
De resto, o partido de Serra preparava na noite passada um pedido de investigação que será protocolado na Procuradoria-Geral da União.
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