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quarta-feira, 13 de abril de 2016

Empréstimo ao PT ‘nos sufocava’, diz Schahin


Empresário delator da Lava Jato depõe para o juiz da operação e conta como ocorreu a polêmica transação financeira de
R$ 12 milhões que abasteceu o caixa do PT em 2004

Por Mateus Coutinho, Julia Affonso
e Alexandre Hisayassu
Estadão



Salim Schahin
Foto: Dida Sampaio/Estadão


O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, relatou ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira, 13, como foram as tratativas entre o Banco Schahin, o pecuarista José Carlos Bumlai e o Partido dos Trabalhadores para acertar um empréstimo de R$ 12 milhões à sigla. O negócio foi intermediado por Bumlai, em outubro de 2004. O executivo do Grupo Schahin fechou um acordo de colaboração premiada com a Lava Jato, se comprometendo a contar tudo o que sabe sobre um dos mais polêmicos episódios envolvendo o PT.


Posteriormente, após inúmeras cobranças do banco que não recebia as parcelas do empréstimo, Salim Schahin relatou ter acertado um contrato de sua empresa com a Petrobrás para a operação de um navio-sonda em contrapartida à quitação do empréstimo de Bumlai. O contrato do Grupo Schahin para operrar navio sonda da estatal petrolífera foi fechado ao preço de US$ 1,6 bilhão. “Aquele empréstimo nos sufocava, nos angustiava pelas circunstâncias dele”, relatou o empresário ao juiz da Lava Jato.

VEJA A PRIMEIRA PARTE DO DEPOIMENTO DE SCHAHIN:


Em seu depoimento de 47 minutos, o executivo disse que desde o começo da operação tinha preocupação com o fato de ser um empréstimo para uma pessoa em nome de um partido, mas que, o grupo empresarial acabou considerando ser importante se aproximar do partido político que estava no governo federal. “Nós ponderamos e houvemos por bem ir pra frente com o empréstimo”, afirmou.




O temor do empresário acabou se justificando, já que as parcelas do empréstimo acabaram não sendo pagas pelo PT. A situação, segundo relatou Schahin, só começou a ser resolvida a partir de 2006, após várias reuniões entre os executivos do banco e representantes do partido.

“Delúbio (Soares, então tesoureiro do PT) se envolveu no mensalão e veio seo Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT preso na Lava Jato). Nós estavamos cobrando o Vaccari intensamente e ele afirmando que iria efetuar o pagamento. Em 2006 ficamos sabendo que a Petrobrás havia encomendado um navio e, na época, éramos a única empresa brasileira que operava navio de águas profundas”, relatou Schahin, que então admitiu ter sugerido ao petista o apoio político para a empresa vencer a licitação e operar o navio-sonda. “Então chegamos, em uma das conversas que mantivemos com Vaccari, e falamos: ‘Olha Vaccari nós temos interesse na operação deste navio e pedimos apoio político do partido”, contou Schahin.

Em cerca de um mês, contou o executivo, Vaccari retornou ao banco e teria se mostrado favorável à ideia, sugerindo que o empréstimo para Bumlai fosse quitado em contrapartida ao contrato da Schahin com a Petrobrás, que veio a ser firmado em 2009, para a operação do navio-sonda Vitória 10.000.

O episódio deu origem à ação penal contra dez réus, incluindo executivos da cúpula do Grupo Schahin, Bumlai e Vaccari, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. O depoimento de Salim Schahin nesta quarta-feira, 13,foi tomado nesta ação penal, na qual a Procuradoria da República pede o ressarcimento de R$ 53,2 milhões dos investigados.



13/04/2016


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