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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Com a frase em que jurou não ser ladrão, o coroinha de missa negra se transformou em forte candidato a Richard Nixon de picadeiro



Por Augusto Nunes

No meio da entrevista coletiva concedida em 17 de novembro de 1973, o presidente Richard Nixon soltou a frase que, concebida para transformar-se no dístico inscrito no estandarte de outra vítim inocente de tramoias políticas, acabou radiografando com cinco palavras o caráter e a alma do homem mais poderoso do mundo.  "
I’m not a crook", mentiu Nixon.

A supressão do not , exigida aos gritos pelo que já se descobrira sobre o Caso Watergate, pelas demais anotações no alentado prontuário, pela cara de culpado e pela voz de foragido do entrevistado, ofereceu aos jornalistas a expressão que resumia o personagem com contundente exatidão.

O presidente reeleito com uma votação consagradora era um crook. Um genuíno escroque, confirmariam à exaustão as revelações que induziram Nixon a renunciar em 8 de agosto de 1974 ao segundo mandato ainda em seu começo e cair fora do Salão Oval antes da chegada da ordem de despejo. Os eleitores dos Estados Unidos também se equivocam quando escolhem o presidente. Mas já aprenderam o que fazer quando descobrem que instalaram patifes na Casa Branca.

      

É possível que a história se repita como farsa em outros países. No Brasil do lulopetismo, costuma ser reprisada como chanchada, confirmou a frase que Gilberto Carvalho declamou ao despedir-se do gabinete no Palácio do Planalto que lhe garantiu por 12 anos um salário de bom tamanho e a carteirinha de pai da pátria que livra o portador de embarques indesejados na traseira do camburão. “Nós não somos ladrões”, confessou pelo avesso a caixa preta abarrotada de casos de polícia por resolver desde os tempos em que se disfarçava de amigo do prefeito Celo Daniel.

O Brasil teve de esperar mais de 40 anos para ver a entrada em cena, a bordo de quatro palavras, de um forte candidato a Richard Nixon de picadeiro.

Gilberto Carvalho mostrou que está credenciado para o papel ao confessar, pelo avesso, que o bando de que faz parte anda atulhado de ladrões. Mas o candidato talvez já tivesse garantido o novo emprego se o script se limitasse a traduzir o original americano. A turma que tentou inocentar com o palavrório desastrado é muito maior e mais abrangente que a bancada dos gatunos. “Nós não somos escroques”, deveria ter ampliado o leque o coroinha de missa negra.

No bando formado por especialistas em distintas modalidades criminosas, há outros serviços a fazer além de embolsar dinheiro público. Mas todos os integrantes da quadrilha a que Gilberto Carvalho se orgulha de pertencer são escroques que que fariam bonito até num duelo com o time de Richard Nixon.



06/01/2015


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