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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Acusado de receber ‘comissões’, Cosenza autorizou contratos de R$ 2,6 bi com empresas do cartel





Atual diretor de Abastecimento foi acusado por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef de receber dinheiro de empresas contratadas pela Petrobras

Por Eduardo Bresciani
O Globo


BRASÍLIA - Acusado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef de ter recebido "comissões" de empreiteiras contratadas pela estatal, o atual diretor de Abastecimento José Carlos Cosenza autorizou a assinatura de pelo menos sete contratos de R$ 2,6 bilhões com empresas citadas na Operação Lava-Jato como integrantes do cartel de fornecedores da companhia, chamado de "clube". Em nota, Cosenza nega o recebimento de comissões e diz que os contratos foram aprovados pela diretoria executiva da Petrobras.

Documento enviado pelo próprio diretor à CPI mista da Petrobras revela a assinatura dos contratos, que são para obras na refinaria Abreu e Lima, a Rnest, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Cosenza foi indicado pela presidente da Petrobras, Graça Foster, para ser o responsável pela comissão interna criada para apurar suspeitas de irregularidades nestes dois empreendimentos.

Segundo a Petrobras, os serviços medidos e pagos representam cerca de 40% desses contratos. A empresa ressaltou que todos eles tiveram a aprovação da diretoria executiva.

O maior deles foi celebrado em maio de 2013 com a Toyo Setal no valor de R$ 1,1 bilhão para o fornecimento de bens e serviços relativos às unidades de geração de hidrogênio no Comperj. Foram representantes desta empresa, Julio Gerin Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça, que contaram em suas delações premiadas como funcionava o esquema. Eles disseram que a regra era o pagamento de 3% de propina nos contratos das empresas do “clube”, como o cartel era chamado.

Há na lista enviada pelo diretor contratos com a Queiroz Galvão, Galvão Engenharia e OAS, que têm executivos presos em Curitiba. Constam ainda da lista a GDK e o Consórcio Conest, liderado pela Odebrecht, empresas também citadas em delações premiadas como participantes do cartel. O último desses contratos autorizados pelo atual direto foi firmado em fevereiro deste ano, antes da deflagração da primeira fase da Operação Lava-Jato e da prisão de Costa, fatos ocorridos em março.

A acusação feita pelos delatores Costa e Youssef contra o atual diretor de Abastecimento foi revelada em perguntas feitas pelos delegados da Polícia Federal Agnaldo Mendonça Alves e Felipe Eduardo Hideo Hayashi no interrogatório de nove executivos de empreiteiras presos.

“Paulo Roberto e Alberto Youssef mencionaram o pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras para si, para os diretores Duque, Cerveró e Cosenza e para agentes políticos, confirma?”, indagaram os delegados.

A pergunta foi feita pela primeira vez no último sábado a Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão. O executivo disse desconhecer o pagamento de comissões. Othon afirmou conhecer Cosenza da época em que o hoje diretor trabalhava como subordinado de Costa em uma das gerências na área de Abastecimento. O executivo afirmou que Cosenza participou de “quase todas” as reuniões que teve com Costa. Perguntado se algum diretor exigiu dele pagamento de propina, Othon negou.

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O ex-presidente da Queiroz Galvão Ildefonso Colares Filho disse que esteve com Cosenza apenas uma vez, quando ele já era diretor, para “tratar de assuntos referentes aos contratos em andamento”. Negou ter pago propina ou comissão. O executivo da Engevix Newton Prado Júnior disse conhecer Cosenza apenas “de vista” e não saber de qualquer repasse. Carlos Eduardo Strauch Albero, também da Engevix, respondeu apenas que não conhecia o diretor. Cinco executivos da OAS se negaram a responder às perguntas da PF.

Cosenza, que substituiu Costa na diretoria em abril de 2012, rebateu a acusação por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa da Petrobras. “O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, nega e repudia, veementemente, qualquer imputação que lhe seja feita de recebimento de ‘comissões’ ou favorecimento de quaisquer empresas ou pessoas”, disse a assessoria. Ainda segundo a nota, Cosenza afirmou desconhecer Youssef e que “todo contato mantido com representantes de empresas visam, estritamente, o acompanhamento dos empreendimentos contratados”.

A defesa do ex-diretor de Serviços de Engenharia da Petrobras Renato Duque, que está preso em Curitiba, disse que “as notícias sobre ilícitos cometidos na Petrobras envolvendo o engenheiro são decorrentes de falsas delações premiadas e, até o momento, sem nenhuma prova”. O advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró destacou que ele deixou a diretoria em 2008 e que as contratações das obras da refinaria de Abreu e Lima, principal foco da operação, aconteceram depois disso. Disse que seu cliente desconhece Youssef e questionou “delações premiadas feitas por pessoas que estão presas e com a família ameaçada”.


18/11/2014


1 comentários:

Anônimo disse...

Cada vez mais tenho certeza de que o "mar de lama" da petrobras não será diferente da "poça d'agua" do mensalão.

Aliás na época eu também conclui que o mensalão seria minorado somente para "dar uma satisfação" a população e simular apuro institucional.

Afinal, se alguma ínfima honestidade houvesse no processo do mensalão, jamais o mero contínuo Marcos Valério (office boy) não poderia pegar uma pena de 40 anos enquanto seus patrões cumprem a pena em casa.

Somente o fato de Duda Mendonça ter recebido 10 milhões de dólares no exterior já seria algo arrasador, dada a quantia em paraísos fiscais. Quantia de dinheiro "publico" não contabilizado (risos ..eles são bons em manipulações semânticas).

Ora, o barbosão não é nem sombra daquilo que se lhe atribui. Todo o julgamento não passou de uma PANTOMIMA JUDICIÁRIA para assanhar uma população sedenta por "salvadores da pátria" e por "bezerros de ouro" para adorar e ante eles se curvar servilmente.

O rebanho popular quer "vaqueiros" a controla-lo, quer ídolos e "super heróis" para adorar. Eu chamo isso de "COMPLEXO DE GATA BORRALHEIRA", onde a população sonha com um principe em um cavalo branco que irá salva-la das garras da madrasta malvada.

Essa é a sindrome que afeta a quase totalidade da humanidade e exatamente por isso o apego a deuses mirabolantes em estórinhas da carochinha. Não menos responsável pelo apego do rebanho popular por líderanças salvadoras e mesmo por celebridades que provocam histeria em seus fã clubes e em torcedores ansiosos por se representarem em seus ídolos adorados como espécimes iluminados e aptos a conduzir seus representados, adoradores, à glória da fama.

É interessante o apego à ídolos e não a ideias, a líderes salvadores e não a reflexões que analisam situações e propostas. É interessante os tabús que se cria para fugir de reflexões a respeito de mitos dogmáticos que não podem ser questionados sob pena de desabar todo o castelo de vaidades daqueles que neles se pavoneiam e adoram.