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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Supremo realiza hoje penúltima sessão do mensalão sob a presidência de Britto. Ou: Confusão à vista




Por Reinaldo Azevedo

Os ministros do Supremo Tribunal Federal retomam nesta segunda o julgamento do mensalão, que está na fase da dosimetria das penas.

É a penúltima sessão sobre o tema presidida pelo ministro Ayres Britto.

A última será na quarta.

Na quinta, feriado, não haverá expediente.

Na sexta, 16, ele se despede do tribunal porque, no domingo, 18, faz 70 anos.

Os ministros podem concluir hoje a definição das penas de Simone Vasconcelos e Rogério Tolentino.

Se a coisa evoluir bem, o núcleo banqueiro do escândalo — diretores do Banco Rural — também pode ter definido o seu destino: Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinicius Samarani.

Em tese, a depender da escolha de Barbosa (e se não houver uma daquelas, como direi?, solertes e doutas sabotagens), começam-se a votar na quarta as penas do núcleo político.

Barbosa pode começar pelo trio de ouro, os corruptores — José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino —, ou pelos corrompidos.

Vamos ver.

Britto não conseguirá, é certo, presidir o julgamento até o fim da dosimetria — já nem se fale então dos recursos e do acórdão, que ficarão para o ano que vem.

O mais sensato é que deixe definidas as penas, a exemplo do que fez Cezar Peluso, com a concordância do tribunal. Esse ministro “dosimetrou” — como se tem falado no tribunal — as penas dos réus que ele conseguiu julgar.

Vem alguma confusão por aí.

A partir do dia 19, Barbosa assume a presidência do tribunal, tendo como vice Ricardo Lewandowski.

São nada menos do que, respectivamente, relator e revisor do processo.

Barbosa já anunciou que vai acumular as funções.

Estou entre aqueles que entendem que o dano pode ser maior do que o perigo — e não estou me referindo, não, a traços de temperamento do futuro presidente, sobre os quais virou moda especular.

O ponto é outro.

Um presidente serve de algodão entre cristais, especialmente quando eles se chocam mais do que seria prudente.

Ora, por decisão anunciada pelo próprio Lewandowski antes mesmo de concluir o trabalho de revisão, ele optou por ser o “contraponto” do relator, e ambos polarizam os debates — apesar do esforço do ministro Marco Aurélio Mello de ser o, se me permitem o chiste, “terceiro polo”…

Com frequência, o presidente é chamado a arbitrar contendas, o que Britto tem feito, note-se, menos até do que deveria.

Como presidente e como relator ao mesmo tempo, a chance de a sessão evoluir para a confusão, ministro Barbosa, é gigantesca.

Eu vou insistir numa sugestão que dei aqui de cara, tão logo essa possibilidade se desenhou — e Barbosa deveria considerá-la em nome do bom andamento dos trabalhos.

No processo do mensalão ao menos, nada impede que ele passe a presidência dos trabalhos ao decano da Casa, o ministro Celso de Mello.

Em nada teria diminuída a sua autoridade, é evidente.

Tratar-se-ia apenas de uma aposta adicional na tranquilidade dos trabalhos.

Isso seria, ministro Barbosa, mais funcional do que parece.

Acumulando relatoria e presidência, Vossa Excelência poderia se ver na contingência de, eventualmente, tomando a decisão correta, parecer autoritário se ela convergir para o ponto de vista do relator.

Mas também pode acontecer o contrário: para não parecer autoritário, o presidente poderia se ver tentado a fazer a coisa errada em favor da opinião do revisor…

Por que escolher a hipótese mais arriscada, ministro Barbosa?


12/11/2012

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