A cúpula do DEM vai pedir ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO) que saia do partido antes da abertura de um processo de expulsão
Sérgio Lima - 27.mar.2012/Folhapress
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete
LEANDRO COLON
GABRIELA GUERREIRO
Folha
Integrantes do partido em Goiás foram escalados para procurar Demóstenes até segunda-feira e aconselhá-lo a deixar a legenda por conta própria, segundo a Folha apurou. GABRIELA GUERREIRO
Folha
Os novos documentos e gravações envolvendo o nome do senador e o empresário Carlinhos Cachoeira estão sendo considerados gravíssimos pela cúpula do DEM.
Os membros da legenda conversaram nesta manhã e concluíram que a permanência do senador nos quadros da legenda ficou insustentável. Publicamente, o partido evita adotar o discurso, mas nos bastidores já trabalha pela saída do senador.
A pressão maior pela saída de Demóstenes parte da bancada do DEM na Câmara dos Deputados.
Ontem, um grupo de deputados chegou a convocar reunião da Executiva Nacional para discutir o caso na terça, mas o presidente da legenda, senador José Agripino (RN), decidiu cancelar.
A ideia de sugerir a Demóstenes a desfiliação por conta própria é evitar o desgaste de um processo de expulsão, que dependeria da ação de um filiado pedindo a abertura deste tipo de procedimento.
A desfiliação partindo de Demóstenes seria um enredo parecido ao do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que pediu para deixar o partido antes de ser expulso durante o escândalo de corrupção no Distrito Federal.
De acordo com as escutas, divulgadas nesta sexta-feira (30) pelo jornal "O Globo", o senador acertou com o empresário, que foi preso pela Polícia Federal, ajuda em processo judicial e em projeto de legalização de jogos de azar em tramitação no Congresso.
Nas gravações, Demóstenes também fala com Cachoeira de negócios com a Infraero na época que ele era relator da CPI do Apagão Aéreo.
Hoje a Folha mostrou que investigações da Polícia Federal apontam que Carlinhos Cachoeira repassou informações sobre apurações contra o seu grupo ao senador Demóstenes Torres.
No inquérito a que a Folha teve acesso, o nome de Demóstenes aparece, por exemplo, num relatório da PF sobre um diálogo gravado com autorização judicial no dia 13 de março do ano passado, às 15h37.
Nele, conversam CCachoeira e o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá --apontado pela Procuradoria como o principal araponga da quadrilha. Ambos estão presos. De acordo com a PF, eles falavam sobre investigações sigilosas que o grupo sofria à época, quando a Monte Carlo já estava em andamento.
A Folha tentou contato com o senador nesta sexta-feira, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
30/03/2012
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