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sábado, 30 de julho de 2011

Onde estão as passeatas?


Para iniciar uma manifestação, basta uma fila inicial de 4 ou 5 pessoas com os braços dados e não ter medo de gritar nossa revolta



Eva Tudor, Tonia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Benguel abrem uma passeata contra a censura, no longínquo ano de 1968.
A foto é do Ziraldo.

Cenas como essa existem aos montes na internet, mostrando comícios, piquetes, brigas com a polícia, enfim, manifestações populares em uma época que era preciso ter muito cuidado e pensar o mais silenciosamente possível.

Hoje, mais de quarenta anos depois, podemos nos reunir à vontade e temos, inclusive, leis garantindo nosso direito de protestar. Ao contrário daqueles anos perdidos, pensar é um bem sagrado.

E no entanto nos calamos, vergonhosamente, diante de todos os desmandos que afligem nosso dia a dia.

Um menino é brutalizado nas ruas do Rio e temos que ouvir dois presidentes, o da República e o do STF declarar que o “mal está feito”, “não podemos agir ao calor das emoções”!

Uma menina de 13 anos leva uma bala perdida na coluna, que vai lhe deixar sequelas para o resto da vida.

Três franceses são torturados e trucidados por orientação de um ex-menor de rua, que foi por eles abrigado por mais de 10 anos.

É a completa banalização da vida humana!


Políticos mensaleiros, sanguessugas, indiciados pela justiça, corruptos e canalhas de todos os matizes que não tem pudor de subir à tribuna daquela que deveria ser a Casa do Povo, para nos envergonhar com a sua impunidade.
 

Fico espantado, porque era jovem em 1968 e acreditava que aquelas mobilizações, algumas ingênuas até, poderiam nos conduzir a um futuro melhor.

Que engano…

Conseguimos a liberdade e não nos mobilizamos mais, não reclamamos, não nos indignamos. Aceitamos passivamente todo o tipo de barbaridades e nos conformamos em ser meros espectadores, cúmplices de facínoras assassinos e corruptos contumazes.

E o mais triste, esperando a nossa vez de ir para o abatedouro…

Não precisamos nem queremos mais líderes ou políticos pra nos conduzir, isso é bobagem, já bastam os que estão no Congresso.

Enquanto ficarmos quietos, esses bandidos continuarão com suas quadrilhas e muitos satisfeitos com o povo brasileiro.

Para iniciar uma manifestação, basta uma fila inicial de 4 ou 5 pessoas com os braços dados e não ter medo de gritar nossa revolta.
Afinal, para ter esse Brasil que tanta gente deu a vida?

*****

Esta crônica foi publicada no meu antigo Blog do Cejunior, no começo do ano de 2007.

Estou trazendo para cá porque, guardadas as proporções, o friburguense continua anestesiado com a tragédia ambiental que destruiu nossa cidade e não tem mostrado nenhuma reação ao pouco caso com que a cidade está sendo tratada.

Cinco meses já se passaram e nada foi feito, a não ser muito blá-blá-blá, visitas de autoridades prá cá e prá lá, discursos e reuniões inócuas.

Enquanto isso, assistimos o loteamento político da cidade e torcemos para que as chuvas do verão de 2012 não sejam tão fortes.

Lamentável.

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