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quarta-feira, 27 de julho de 2011

O mercado e o povão




O "PIB potencial" está aí, vivinho da silva, a lembrar que somos um país condenado pelos nossos governantes a crescer pouco

Apesar de todas as promessas e ilusões em contrário

POR ALON FEUERWERKE
Correio Braziliense

Como o Brasil vai sair da encalacrada simultânea de uma inflação no limite máximo com um dólar no limite mínimo? O governo parece ter optado pela saída mais confortável. Juro alto e real forte, o suficiente para funcionar como âncora anti-inflacionária.

As importações seguram a onda dos preços, mesmo ao custo do crescimento, especialmente o industrial.


Na sua coluna de ontem no Valor Econômico, o ex-ministro Delfim Netto afirmou que o crescimento vistoso de 2010 não passou de um artefato estatístico. O objetivo do articulista foi contrapor aos que pedem mais aperto monetário, e aqui ele está alinhado com a presidente da República, com a Fazenda e com o Banco Central.


Segundo Delfim, o crescimento brasileiro real, depurado das excepcionalidades, vem patinando em torno de 4% ao longo destes anos todos.

E é verdade.


Curioso apenas que o discurso sirva para um público, o mercado, mas não para outro, o povão.


Para o mercado afirma-se que o Brasil cresce pouco, e por isso não seria prudente apertar ainda mais a política monetária. Para o povão vende-se a ideia de que o Brasil arrancou definitivamente para adiante.

O antecessor de Dilma, por exemplo, repisou estes dias a fantasia de que o governo dele derrubou a tese do PIB potencial de 3%, tese segundo a qual a economia brasileira não poderia expandir a uma taxa superior sem produzir inflação excessiva.


Mas se sua ex-excelência olhar os números verá que o tal PIB potencial continua forte e saudável.

Depois do "artefato estatístico", a crer nas palavras de Delfim, voltamos à mediocridade.

Crescimento abaixo de 4%, mas agora com inflação acima de 6%.


Na prática, o governo ajustou para dois pontos acima de 4,5% a meta de inflação, sem admitir oficialmente. Na real, a meta agora é 6,5%.

Uma mediocridade, portanto, além de tudo perigosa. Mas que serve ao governo para refutar pressões ortodoxas.


Caberia talvez aqui algumas perguntas.

E o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)?

Por que não acelerou o crescimento?

É uma dúvida razoável.

Dirá o governo que estamos crescendo bem mais do que o mundo desenvolvido.

Verdade.

Mas uma verdade conveniente.

Pois nossa expansão é bem menor que a dos demais emergentes.

Essa é outra verdade.


Trata-se de um truque habitual.


Conforme o caso comparamo-nos a quem mais convém.

Que tal se nos comparássemos, por exemplo, aos europeus e americanos não só no crescimento, mas também na educação, na saúde, na infraestrutura e na segurança pública?


Mas nosso desafio maior não é decifrar as polêmicas e as malandragens políticas, é crescer e criar empregos.

Há as estatísticas fantasiosas, segundo as quais vai tudo bem.

Aliás, o Brasil talvez seja o único país em que os índices de emprego e crescimento dançam independentemente.



O país pode estar melhor ou pior, mas os números de emprego saem sempre bons do forno oficial.

Curioso.


Na vida que vale escasseia o emprego de boa qualidade e o desemprego entre os jovens permanece motivo de forte preocupação.

Especialmente por causa da estagnação industrial.

Essa filha indesejada do casamento incestuoso do juro alto com o dólar fraco.

Mas que ajuda os governos quando a temperatura stou em chodos preços ameaça ficar alta demais.

E que se lasque o futuro do país.


Leia mais.


27/07/2011

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