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sábado, 25 de dezembro de 2010

Uma presidenta descartável.


Por Guilherme Fiuza
Época

Dilma, o contratempo

Deu tudo certo no Plano Dilma, com exceção de uma palavra que anda incomodando seus artífices: Dilma.

A prorrogação da DisneyLula em direção ao infinito está funcionando bem. A vitória eleitoral relativamente fácil renovou o oxigênio dessa formidável máquina de ocupação do Estado pelo exército de companheiros. 


O PT e seus sócios de vida fácil estão, porém, apreensivos com o futuro do paraíso estatal sem a mística do filho do Brasil.

Inventar Dilma e colocá-la na Presidência foi uma jogada de mestre.

O único inconveniente é que agora ela vai ter que governar. Serão quatro anos de exaustiva ginástica para não desmanchar o fetiche do Padre Cícero do ABC.

Esse contratempo vinha sendo bem dissimulado nos três anos que Dilma passou em campanha eleitoral. Agora o PT rasgou a fantasia.


O porta-voz da sinceridade foi o escudeiro Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, escalado para manter a encarnação do chefe no palácio – agora como secretário-geral da presidenta.

Perguntado sobre a possibilidade da volta de Lula ao posto em 2014, ele mandou às favas o teatro em torno do primeiro governo feminino do Brasil:

“Num cenário de a Dilma fazer um governo bom, é evidente que ela vai à reeleição. Se houver dificuldades e ele (Lula) for a solução para a gente ter uma vitória, ele pode voltar.”
É comovente o acesso de franqueza. Até os eufemismos habituais sobre um novo governo promissor, ou mesmo as evasivas sobre a impossibilidade de prever o futuro, sumiram de cena. Sem meias-palavras, o porta-voz do messias já fala abertamente em sua volta, mediante a hipótese de Dilma fazer besteira.


É antropologicamente interessante ver o discurso do triunfalismo feminista girar 180 graus para o pragmatismo fisiológico. Nunca é tarde para se dizer a verdade. Antes mesmo de largar o osso, Lula é lançado candidato para 2014 pelos companheiros que já cogitam as “dificuldades” do governo Dilma.


O país assistirá a uma batalha interessante daqui para frente: a luta do fisiologismo contra o fisiologismo do B.


Como é voraz, essa nova elite nacional.

1 comentários:

Fusca disse...

Muito interessante a análise. O que fica provado é que a democracia não existe mais em nosso Brasil. O regime lulopetista se instalou e a questão, na ditalulla, é apenas se Dillma fica 4 ou 8 anos e se Lulla volta antes ou depois, logicamente também por 8 anos. Nenhum país agüenta tanto. Isso tudo nas contas deles, assim como na Argentina já era certo o retorno do Chefe após a gestão do poste. Ou o povo acorda ou Deus mais uma vez prova que é brasileiro.