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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quatro glórias nacionais



Olavo de Carvalho 

Diverso é o mérito de quem faz e o de quem apenas não desfaz. Toda a ação econômica do governo Lula foi a de um pato no rio: deixar-se levar pela corrente e grasnar de autossatisfação.

Leio nas mensagens do Investor's Daily Edge, sempre interessantíssimas, que os investidores internacionais têm quatro razões sólidas para apostar o seu dinheiro no Brasil e acreditar que o País poderá superar a badalada China nas próximas décadas.

São elas:

O Brasil já passou pelo pior e fez, de uma vez para sempre, as escolhas decisivas em matéria de estabilidade econômica.


O Brasil é uma economia quase autossuficiente. As exportações representam apenas 14% do nosso Produto Interno Bruto, o que significa que, na hipótese de um colapso econômico global, sairemos praticamente ilesos, enquanto a China, a Índia, a Rússia e outros autonomeados donos do futuro irão mui provavelmente para o brejo.

Ao contrário dos EUA, da Grécia, da Espanha, de Portugal e de tantos outros países, temos dinheiro no banco. Precisamente em razão do fator número 1, nossas reservas financeiras nos põem bem a salvo de qualquer tranco vindo de fora.

O Brasil tem imenso potencial agrícola não aproveitado. Enquanto aí pelo mundo as terras produtivas vão escasseando e os limites legais para a sua aquisição vão aumentando, neste País pelo menos uns duzentos e sessenta e sete milhões de acres estão prontos para ser adquiridos a baixo preço e começar a produzir imediatamente.

As perspectivas são ótimas: nossa agricultura, essencialmente de livre mercado, é mais rentável que a agricultura subsidiada dos EUA e da maior parte dos países da Europa.

São glórias nada desprezíveis, não é verdade?

Mas, ao contrário do que poderiam desejar os adeptos mais afoitos do triunfalismo lulista, o Investor's Daily Edge deixa claro que as de número 1, 2 e 3 não vêm do mês passado, nem do ano passado, nem, para dizer a verdade, dos últimos oito anos: são o resultado do bom trabalho feito desde a primeira metade da década de 90 pelo presidente Itamar Franco e seu ministro Cardoso, depois presidente e continuador da obra.

Se o sucessor deles, Lula, não mexeu no time que herdou nem nos planos de jogo, é apenas sinal de que não é louco ou, se o é, não rasga dinheiro.

Lênin ou Mussolini, no lugar dele, também não agiriam diferente.

Por mais que a memória falhe a quem não deseja recordar, diverso é o mérito de quem faz e o de quem simplesmente não desfaz.

Toda a ação econômica do governo Lula foi a de um pato no rio: deixar-se levar pela corrente e grasnar de autossatisfação.

Quanto ao fator número 4, diz respeito precisamente ao tal "agronegócio" - aquela coisa que petistas, emessetistas e malucos em geral odeiam como à peste e culpam por todos os males da nacionalidade.

Bendita peste, no entanto, que alimenta o Brasil com comida barata, espalha o demônio da obesidade entre os esfaimados e ainda faz do País a menina dos olhos dos futuros investidores e um forte concorrente da China na disputa por um lugar privilegiado entre as nações.

O Brasil, em suma, só tem uma economia pujante e um belo futuro graças a três coisas que a esquerda dominante não fez e a uma quarta coisa que ela detesta.


Pensem nisso quando forem votar no próximo domingo.


Artigos - Eleições 2010
 28 Outubro 2010

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