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domingo, 6 de dezembro de 2009

''Mudança climática deixou de ser assunto de ambientalista''

''Mudança climática deixou de ser assunto de ambientalista''

Para ele, que vai ao evento em Copenhague, ambiente é um tema econômico e Brasil deve estar apto a competir

AFRA BALAZINA


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), considera que o Estado está se transformando em referência na questão ambiental, assim como ocorre com a Califórnia, nos Estados Unidos.

Ele irá à Conferência do Clima de Copenhague para apresentar a meta paulista de reduzir em 20% as emissões de gases-estufa até 2020, em relação a 2005, e participar de eventos paralelos.

Pretende dialogar, principalmente, com o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Veja, a seguir, a entrevista concedida pelo governador ao Estado, por e-mail.


Ao adotar uma meta, São Paulo deu o empurrão para o governo federal assumir um compromisso em Copenhague. O que o senhor espera do Brasil nas negociações?

O Brasil em boa hora mudou sua posição, levando uma proposta de redução de emissão até 2020, usando uma metodologia diferente de São Paulo.

A minha opinião é que a mudança do clima se transformou em um tema econômico e isso significa que teremos que rapidamente tornar a economia de São Paulo e do Brasil em economia de baixa intensidade de carbono.

Em outras palavras, posso afirmar, como economista, que quanto antes nos preparamos, mais estaremos aptos a competir na economia mundial. São Paulo está fazendo a sua parte.


Qual é o objetivo de sua ida a Copenhague?

Estou indo com vários objetivos, entre eles o de mostrar que São Paulo e o Brasil compreendem a urgência da mudança do clima. Não podemos esquecer que São Paulo tem um PIB equivalente ao da Argentina, e que isso nos coloca numa posição equivalente aos maiores países do mundo. Por essa razão, participarei de alguns eventos paralelos e, especialmente, com o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.

De alguma forma, São Paulo está para o Brasil como a Califórnia para os EUA. Ao implementarmos a política estadual, estaremos uma vez mais nos transformando em referência. São Paulo é o grande mercado comprador do Brasil, a exemplo da Califórnia, e tenho a consciência de que isso traz para nós uma enorme responsabilidade nesse tema.


O senhor acredita que haverá um acordo climático global ou que será difícil chegar a um consenso?

Estou otimista. Basta ver que a China, os Estados Unidos e até mesmo a Índia mudaram de posição nos últimos dias, basicamente em função da opinião pública e do esforço da sociedade civil. Estou convencido que esta reunião já é um sucesso à medida em que traz a maior mobilização das ONGs.

Isso aconteceu desde a Conferência do Rio, em 1992. Além do mais, em contatos com o empresariado, percebi que o setor também compreendeu que não será possível sair de Copenhague sem avanços, ainda que os EUA dependam do Senado para ter um mandato negociador.

O presidente Obama está evitando cometer o erro da administração Clinton, ou seja, negociar um acordo sem a certeza de que terá respaldo do Congresso Americano.


Três possíveis candidatos à Presidência irão para Copenhague: o senhor, a ministra Dilma Rousseff e a senadora Marina Silva. Isso demonstra que o tema ambiental será relevante nas próximas eleições presidenciais?

As mudanças climáticas deixaram de ser um quase monopólio dos ambientalistas. O tema é tão urgente que requer da sociedade uma resposta em curtíssimo prazo. Desse modo, acredito que deverá estar na agenda eleitoral em 2010. Creio que isso é um sinal muito positivo de amadurecimento da sociedade brasileira, à medida em que permite que nessas eleições se discuta conteúdo programático.

Tenho no meu curriculum o que mostrar, especialmente na minha gestão na Prefeitura e agora no Estado de São Paulo. Como disse, creio que daqui para diante teremos que pensar em uma economia de baixa intensidade de carbono e a lei paulista é o primeiro passo nessa direção.

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