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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O primeiro dia de Eike como prisioneiro




O empresário se entrega depois de desembarcar de voo vindo de Nova York.

Advogado entrou com pedido de habeas corpus para libertá-lo da prisão preventiva



HUDSON CORRÊA E SAMANTHA LIMA
Época

O Tribunal Regional Federal, da 2ª Região, no Rio de Janeiro, recebeu no final da tarde desta segunda-feira (30) um pedido de habeas corpus da defesa do empresário Eike Batista, preso sob acusação de pagar US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador Sérgio Cabral, também encarcerado desde novembro passado. O pedido ao TRF é, até aqui, o mais novo ato do primeiro dia de Eike na cadeia. A Polícia Federal tentou prendê-lo na quinta-feira (26), mas ao chegar a sua mansão no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro, descobriu que o empresário viajara para Nova York. A PF considerou Eike foragido, e ele entrou na lista de procurados da Interpol.


O empresário Eike Batista chega ao Presídio Ary Franco, em Água Santa, no Rio de Janeiro
(Foto: Guilherme Pinto/Ag. O Globo)


“Os pedidos para extradição começaram a ser preparados ainda no dia 27. A polícia americana iniciou um discreto monitoramento já com a informação de que ele havia comprado a passagem [de volta] no voo AA 973 [aeroporto JFK para o Galeão]”, afirmou a Procuradoria da República, que acusa o empresário de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. “Está na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo”, afirmou Eike ao programa Fantástico, da TV Globo, pouco antes de embarcar na noite de domingo (29), na classe executiva, para o Rio de Janeiro. Ele chegou por volta das 10 horas.


Uma caminhonete Pajero descaracterizada da PF aguardava Eike na pista. Ele desceu do avião antes dos outros passageiros. Levava um travesseiro na mão, parecia calmo e não foi algemado. Dali seguiu para o Instituto Médico-Legal, procedimento de rotina nas detenções para atestar que o preso não sofreu agressão. Meia hora depois, Eike seguiu para o Presídio Ary Franco, na Zona Norte, uma cadeia superlotada, com infestação de insetos e morcegos, que abriga acusados de crimes federais. Eike não tem diploma, não completou o curso de engenharia, por isso não pode ser levado a uma das celas especiais de Bangu 8, onde Sérgio Cabral está.

No final da manhã, já de cabelo raspado como exige as regras do presídio, Eike foi transferido ao presídio de Bangu 9, onde ficam condenados por ligações com as milícias que extorquem moradores de bairros e favelas. Diferentemente de traficantes de drogas, os milicianos tem um comportamento menos violento na cadeia. O empresário deverá dividir a cela com outros cinco encarcerados.

O TRF da 2ª Região decidirá agora o futuro de Eike, que, se acuado por muito tempo no presídio, poderá partir para uma delação premiada. Além dele, seu antigo homem de confiança nos negócios e hoje vice-presidente do Flamengo, Flavio Godinho, pediu liberdade ao Tribunal. Ele também foi alvo da operação de quinta-feira (26), pois teria intermediado o pagamento de propina a Cabral. O empresário Francisco de Assis Neto, conhecido como Kiko, continua foragido. Ele também entrou com habeas corpus. Segundo a Procuradoria da República, Kiko recebeu R$ 7,7 milhões do esquema de Sérgio Cabral apenas em 2014.



30/01/2017


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