O presidente Michel Temer (centro) com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (esq.) e ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha
Jorge William / O Globo
Neste último caso, a redução deve ocorrer em 1 ponto percentual por ano, em uma tentativa de aliviar o peso desses encargos para as empresas. Para a alteração da remuneração dos cotistas, o governo deve editar uma medida provisória (MP) que permite a distribuição de parte do lucro líquido do FGTS com os donos das contas vinculadas. A expectativa é de que o Fundo lucre R$ 15 bilhões neste ano.
APOIO DO BNDES
O governo inclui no pacote as ações anunciadas no início da semana pelo BNDES e que também englobam refinanciamento de dívida, além de facilitação de acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas. Assim, o banco vai ampliar de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões o limite para enquadramento dessas empresas.
O governo prevê também aumento da participação máxima da TJLP (taxa de juros de longo prazo, mais baixa do que a taxa corrente) de 50% para 80% para projetos de investimento e aquisição de máquinas e equipamentos.
Ainda dentro das medidas anunciadas em parceria com o BNDES, o governo prevê que as empresas com faturamento até R$ 300 milhões poderão solicitar refinanciamento de todas as parcelas vencidas e vincendas com recursos do BNDES por meio de agentes financeiros.
As empresas de grande porte, com faturamento maior que R$ 300 milhões, só poderão renegociar dívidas do Programa de Sustentação do Investimento. Segundo a equipe econômica, o potencial de dívidas a serem renegociadas é de R$ 100 bilhões. Oliveira, no entanto, estima que serão efetivamente negociados entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões.
PAGAMENTO DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS
Meirelles afirmou ainda que um dos focos do pacote econômico que está sendo lançado pelo governo é desburocratizar as cobranças de impostos e acelerar os processos para empresas. O objetivo, disse, é reduzir o chamado "custo Brasil".
Segundo ele, o pagamento de obrigações trabalhistas será unificado, o que já estava previsto nos planos do e-Social. O ministro mencionou que um total de 13 encargos distribuídos em quatro órgãos – INSS, Receita Federal, Caixa Econômica Federal e Ministério do Trabalho – serão centralizados.
O governo também anunciou que irá criar uma rede nacional para reduzir o tempo de abertura de empresas para cinco dias. Meirelles citou que atualmente a média é de 30 dias, podendo chegar a 100 dias em grandes cidades. No caso da Receita Federal, o ministro afirmou que os procedimentos para a restituição de contribuições serão acelerados.
— Esse é o tipo de coisa que nós brasileiros temos de enfrentar com vigor, uma das coisas que encontro nas minhas conversas com empresários e líderes do mundo todo é o que se chama de custo Brasil, o alto custo de se produzir no Brasil. Estamos trabalhando numa ampla série de questões que encarecem a vida de quem produz no Brasil. No momento em que o Brasil volta a criar condições de crescer, é importante que tenhamos condições para crescer mais — afirmou.
Também foi anunciada a implementação de notas fiscais eletrônicas para a prestação de serviços, a exemplo do que já é possível fazer com o comércio de mercadorias. Meirelles disse que há um projeto piloto em andamento para ser multiplicado em todos os municípios do país.
CRÉDITO IMOBILIÁRIO
O governo também pretende regulamentar a letra imobiliária garantida (LIG) para estimular o crédito imobiliário. Meirelles afirmou que esse tipo de título, por ser seguro e de longo prazo, é uma “fonte alternativa importante para o crédito imobiliário e aumenta a oferta desse crédito no longo prazo para o setor”. Essa medida terá que passar por consulta pública e depois regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O GLOBO apurou, no entanto, que medidas habitacionais, inclusive com uso de recursos do FGTS, deverão constar de uma segunda rodada de medidas de estímulo, que pode ocorrer já na próxima semana.
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