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sábado, 30 de janeiro de 2016

OAS gastou R$ 380 mil com mobília para cozinha e quarto de tríplex que Lula diz não ser dele


Empreiteira equipou apartamento supostamente do ex-presidente com geladeira, micro-ondas, fogão e forno de luxo


Por Andreza Matais e Fábio Fabrini, de Brasília, e Fausto Macedo
Estado de São Paulo


Fachada do condomínio Solaris, no Guarujá. Foto: MOTTA JR./FUTURA PRESS


A construtora OAS pagou até mesmo eletrodomésticos da cozinha de um tríplex do Guarujá, no litoral de São Paulo, que pertenceria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo investigadores, a empresa adquiriu geladeira, no valor de R$ 10 mil; microondas (R$ 5 mil); tampo de pia de resina americana que tem design moderno (R$ 50 mil), e forno elétrico (R$ 9 mil), do imóvel que está sob investigação da Operação Lato e do Ministério Público de São Paulo por suspeita de ter sido usado como pagamento de propina.


A cozinha e o quarto teriam custado à empreiteira R$ 380 mil.

Oficialmente o imóvel está em nome da OAS, mas a Promotoria vê indícios de que pertence ao ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia. Os advogados de Lula afirmam que o ex-presidente não é dono do tríplex.

O promotor de Justiça Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, intimou o casal Lula para prestar depoimento ‘como investigados’ sobre o tríplex no próximo dia 17. O promotor já tomou depoimentos de testemunhas que revelaram a presença de Marisa supervisionando a obra. Todo o apartamento foi reformado pela construtora em obra que teria custado R$ 777 mil, segundo um sócio da Talento Engenharia, contratada pela OAS, empreiteira alvo da Operação Lava Jato sob a acusação de ter repassado propina a políticos e dirigentes da Petrobrás.

Os eletrodomésticos da cozinha do tríplex, segundo investigadores, foram adquiridos pela OAS na loja Kitchens na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, que também pertenceria ao ex-presidente Lula, recebeu cozinha da mesma marca que custou R$ 180 mil.

A contratação da Kitchens pela OAS para mobiliar o apartamento 164-A foi revelada pelo site O Antagonista. O site também informa que a cozinha do sítio foi bancada pela mesma empreiteira e, nesse caso, paga em dinheiro vivo.

Lula e Marisa.
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação


A reforma no tríplex foi realizada entre abril e setembro de 2014, quando Lula já havia deixado a presidência. Se comprovado que o petista omitiu o imóvel de sua declaração de bens, o próximo passo é saber a razão. Uma das hipóteses é a necessidade de encobrir suposto pagamento por tráfico de influência, uma vez que Lula teria renda para comprar o imóvel. O ex-presidente tem reiterado que após deixar o governo sua única atividade remunerada é a de palestrante. Ele também nega fazer lobby para empresas.


No total, as cozinhas do tríplex e do sítio custaram R$ 312 mil. Incluindo os armários do tríplex, a conta chega a R$ 560 mil. Segundo uma fonte com acesso aos dados relacionados à compra, a Kitchens vendeu ainda para o apartamento, armários do dormitório, lavanderia e banheiro. Com a entrada da OAS em recuperação judicial, a empresa Kitchens ficou no prejuízo e não recebeu a última parcela de R$ 33 mil referente à cozinha do tríplex. A loja vai tentar receber o valor na Justiça.

Documentos obtidos pelo Estado revelam que a OAS também financiou outros itens do apartamento comprados no mercado de luxo. Uma escada caracol custou R$ 23.817,85. Outra, que dá acesso à cobertura, R$ 19.352.

O porcelanato para as salas de estar, jantar, TV e dormitórios foi estimado em R$ 28.204,65.

O rodapé em porcelanato, R$ 14.764,71. O deck para piscina, R$ 9.290,08. O elevador comprado oferece a possibilidade de ser personalizado, com acabamento à escolha do cliente, e custou R$ 62.500.

O Estado tentou contato com a OAS na sexta-feira por telefone e e-mail, mas não houve resposta.

O ex-presidente Lula tem sustentado que não é dono do tríplex nem do sítio em Atibaia. Seus defensores são enfáticos. “Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel. Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do estado de direito e da democracia.”

30/01/2016

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