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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Pacote de Levy é de maldades com M maiúsculo





 
Nicolau Maquiavel deve estar dando festa no céu (ou será inferno?) ao acompanhar, com orgulho, a saga da economia brasileira. Ele já dizia, há séculos, que na hora de fazer o mal, é preciso fazê-lo de uma só vez, para que a dor passe rápido. Dizia ainda que o hábito de violar as leis para fazer o bem autoriza, em seguida, a violá-la para disfarçar o mal. O ministro da Fazenda Joaquim Levy, tendo lido ou não "O Príncipe" do florentino famoso, mostra que concorda muito com suas teorias.

Levy acaba de anunciar aumento de impostos para o crédito, para a gasolina e para as importações. Ele recoloca as “regras” que foram violadas no passado recente, que pareciam fazer o bem, mas disfarçavam um mal tremendo para a economia. O mesmo pode-se dizer da decisão de transferir para os consumidores a responsabilidade pelo rombo nas companhias elétricas. Quem achava que o governo fazia o bem ao reduzir a conta de luz com a caneta hoje vai pagar pelo mal imposto por esta escolha.

O pacote de maldades, com "M" maiúsculo, chega logo num dia em que 11 estados e o Distrito Federal sofreram um apagão de energia elétrica. A luz acabou porque o órgão responsável pelo sistema energético do país (Operador Nacional do Sistema) mandou as distribuidoras diminuírem a entrega de megawatts aos consumidores. Se isso não é medida de racionamento, não saberia dizer o que é.

“A culpa é do alto consumo”, disseram os responsáveis públicos. Ora, mas não foi o próprio governo que passou quatro anos incentivando os brasileiros a consumirem mais e mais? Pois essa “bondade” acabou assim, de supetão, ou melhor, de apagão. À luz da realidade o que fica mesmo é o tamanho da conta a se pagar.

Enquanto tira as velas e o leque da gaveta, o brasileiro vai sentindo o bolso mais apertado. Para controlar a inflação em alta, o Banco Central deve subir a taxa de juros nesta semana para algo acima de 12% ao ano. O crédito vai ficar mais caro porque os juros subiram mas também porque o imposto sobre as operações financeiras vai dobrar.

Diante de tanta “maldade”, é preciso fazer um esforço hercúleo para enxergar alguma “bondade” nas decisões do ministro Levy. Enquanto o ex-governo Dilma gastava sem fazer contas, o atual governo Dilma decidiu que acabar com a festa do dinheiro fácil e, aparentemente, barato. Parece até mentira, mas agora que chegou a hora de acertar a conta, os brasileiros vão pagar com dinheiro difícil e caro.

19/01/2015

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