
Por Augusto Nunes
As
pesquisas do Datafolha e do Ibope, que acabam de sair do forno,
informam que nada aconteceu desde quinta-feira passada, quando os
institutos serviram as primeiras sopas do segundo turno da eleição
presidencial.
Aécio Neves continua com os mesmos 51% dos votos válidos, Dilma
Rousseff se mantém nos mesmos 49%. Como a margem de erro é de 2%,
repetiu-se o que os alquimistas do Ibope e do Datafolha chamam de
“empate técnico”.
Empate coisa nenhuma, comprova o boletim do DataNunes concluído há
minutos. O instituto que faz constatações em vez de pesquisas distribuiu
por oito tópicos as causas das significativas alterações tanto na
direção e força dos ventos quanto na temperatura política:
1. No segundo turno, Dilma Rousseff só conseguiu o
apoio individual de Luciana Genro, candidata à presidência pelo PSOL e
última colocada em todos os concursos promovidos nos anos 70 para a
escolha do Bebê Simpatia de Porto Alegre. Já na largada, juntaram-se à
coalizão liderada pelos tucanos o PSB, o PPS de Roberto Freire, o PV de
Eduardo Jorge e o PSC do Pastor Everaldo. Neste fim de semana, a aliança
foi notavelmente reforçada pelo apoio público da família de Eduardo
Campos, que mudou radicalmente a paisagem eleitoral em Pernambuco, e
pela chegada de Marina Silva ao palanque de Aécio.
2. Também no fim de semana, o bloco oposicionista
foi reforçado por campeões de voto filiados a partidos governistas. O
PDT, por exemplo, segue no time de Dilma, mas desfalcado dos senadores
Cristóvam Buarque (DF) e Pedro Taques, governador eleito de Mato Grosso,
além de Antonio Reguffe, que venceu a disputa pelo Senado no Distrito
Federal.
3. No Rio Grande do Sul, Aécio conseguiu o apoio de
José Sartori, do PMDB, que se prepara para confirmar no segundo turno a
derrota imposta a Tarso Genro no dia 5. Aos lado dos eleitores de
Sartori estão os que votaram na terceira colocada, senadora Ana Amélia
Lemos. Como em Santa Catarina e no Paraná, também no Rio Grande do Sul, o
candidato da oposição conseguirá mais de 50% dos votos válidos.
4. As dimensões da aliança em ação no Brasil
meridional só são inferiores às da portentosa frente paulista. Os 44% do
total de votos obtidos por Aécio no Estado que abriga um terço do
eleitorado brasileiro foram anabolizados pela migração de dois terços
dos que votaram em Marina Silva, pela decepção paralisante dos
companheiros surrados nas urnas, pelos estrondos da roubalheira na
Petrobras e pelo entusiasmo do governador Geraldo Alckmin e do senador
eleito José Serra, decididos a ampliar os 7 a 1 do primeiro turno que
transformaram São Paulo na Alemanha do lulopetismo.
5. No Rio, ressurgiu (bem mais encorpado) o grupo
que defende a chapa Aezão, formada por Aécio e pelo governador Luiz
Fernando Pezão, que disputa a segunda etapa contra o senador Marcelo
Crivella, ex-ministro de Dilma. O significado do movimento articulado
por prefeitos e parlamentares do PMDB ultrapassa as fronteiras do Rio.
Governistas incuráveis, os peemedebistas sempre adivinham quem vai
ganhar. A ressurreição do Aezão avisa que o azarão do começo da corrida
virou franco favorito.
6. Em Minas, Aécio já está à frente de Dilma.
7. A vantagem da presidente no Nordeste será
encurtada pela inversão do quadro em Pernambuco e pelo aumento da
votação de Aécio nos Estados em que candidatos da oposição disputam o
segundo turno.
8. No mesmo dia em que Dilma resolveu hasteá-la ao
lado de Fernando Collor, Renan Calheiros e Renan Filho, a bandeira do
combate à corrupção foi arriada pelas revelações feitas às Justiça
Federal do Paraná por dois protagonistas e testemunhas da roubalheira na
Petrobras. As denúncias vocalizadas pelo ex-diretor da estatal Paulo
Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Yousseff, conjugadas com a
discurseira moralista de Dilma, confirmaram que o Brasil é o país da
piada pronta.
As constatações resumidas nos oito tópicos permitem contemplar com
nitidez a posição dos candidatos e a distância que os separa. Dilma tem
45% dos votos válidos e pode ter batido no teto. Aécio já chegou a 55%. A
diferença é de 10 pontos percentuais. Por enquanto.
15/10/2014
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