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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Guerras 2036: o conflito carioca




Por Rodrigo Constantino

O ano é 2036. A disputa entre a Rocinha e a Zona Sul carioca continua. Faz apenas 5 anos que foi declarada a independência da Zona Sul, que luta pelo direito de existir e viver em paz, protegendo-se dos criminosos que têm na favela uma fortaleza do crime, especialmente depois que Garotinho, seguindo os passos de seu guru Brizola, vetou a entrada da polícia no local em 2017, logo após as Olimpíadas.

O presidente José Beltrame foi eleito com o discurso firme de lutar, custe o que custar, pela sobrevivência da Zona Sul. Os criminosos tomaram conta da favela e instalaram um regime de terror, mantendo a população refém de seu controle. Seus arsenais militares foram instalados em escolas e hospitais, para impedir o ataque dos policiais da Zona Sul.

As próprias crianças são usadas como escudo humano, e sempre que há uma incursão dos policiais no “caveirão”, sempre para reagir a algum ataque ou tentar encontrar e prender algum criminoso, imagens de inocentes mortos são lançadas na mídia internacional para colocar a opinião pública contra a Zona Sul, o que sempre surte o efeito desejado.

A Zona Sul tentou inúmeros acordos de paz, aceitou diversas exigências do outro lado, reconheceu o direito de a Rocinha ter um Estado independente. Nada bastou. A cada rodada de negociações, quando tudo parecia pronto para se chegar a um acordo, novas ondas de ataques começavam. A Zona Sul, sob uma chuva de bombas, reagia, para proteger seus cidadãos.

O discurso dos criminosos da favela era de ódio contra a “elite branca”, que simplesmente não poderia existir. A ideia era varrer essa gente do mapa, extirpar esse “câncer” da face da Terra. O próprio documento do Comando Vermelho deixava claro o objetivo: eliminar totalmente a “elite branca”.

Com medo de os bandidos se aproximarem cada vez mais, os soldados da Zona Sul avançaram no território, conquistando o Túnel Zuzu Angel, para impedir o poder de estrago do CV. Ainda assim, o governo da Zona Sul permitia que os civis da Rocinha utilizassem o túnel para trabalhar do outro lado, na própria Zona Sul, com muito mais prosperidade e oportunidades.

Mas os traficantes se aproveitaram disso para se infiltrar no túnel e chegar mais perto das casas da Zona Sul, colocando sob enorme risco de vida sua população. Isso o governo não poderia permitir! Enquanto o CV usava seu povo como escudo humano e tentava matar civis do outro lado, o governo da Zona Sul colocava como prioridade a vida de sua população, e tentava minimizar as perdas inocentes do lado de lá.

O que, infelizmente, nem sempre era possível. Quando o CV partiu para a ignorância, iniciando um ataque que culminou no sequestro e na morte de três adolescentes do Leblon, a revolta na Zona Sul foi gigantesca, e seus soldados tiveram de reagir. Uma guerra teve início, e como os criminosos mantinham suas armas escondidas em escolas e hospitais, muitos inocentes morreram na favela, gerando comoção mundial. Há suspeitas de que os próprios traficantes possam ter alvejado as escolas para colocar todos contra a Zona Sul.

Mas o que a Zona Sul poderia fazer? Abaixar suas armas, sabendo que o CV jamais faria o mesmo, pois seu objetivo é nada menos do que a destruição da “elite branca”? Não reagir, sabendo que isso seria um convite a novos ataques, cada vez mais ousados? Era um grande dilema.

E cada morte de um inocente na Rocinha ganhava as páginas de todos os jornais do mundo, com imagens chocantes, atraindo a crítica de todos que, antes, silenciavam-se em relação aos ataques bárbaros da própria Rocinha ou de outras favelas igualmente controladas pelos criminosos. Havia até o “fogo amigo”, pois artistas e “intelectuais” da Zona Sul chamavam sua própria polícia de “fascista”.

Muitos tomavam o partido dos criminosos, pois alegavam que a reação da Zona Sul era desproporcional e, de certa forma, também alimentavam um ódio patológico contra a “elite branca”, vista como responsável por quase todos os males da humanidade, o bode expiatório perfeito para os ressentidos. Era um conflito angustiante para os moradores da Zona Sul, cada vez mais isolados e jogados à própria sorte. Quem iria tomar o seu partido e defender seu direito básico de existir?
25/07/2014


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