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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O ataque a Reinaldo Azevedo é a afirmação da intolerância


O Brasil nunca foi a casa do debate intelectual inteligente e honesto, é verdade...


Mas, de 2002 para cá, a coisa tem se deteriorado de forma alarmante. O ambiente ficou irrespirável. A imprensa não ficou de fora. Longe disso. O que se vê, o mais das vezes, é o governismo o mais tacanho. Pratica-se o exotismo tão risível quanto perigoso do oposicionismo a favor, como bem já caracterizou o jornalista Reinaldo Azevedo. E é justo sobre Reinaldo Azevedo que pretendo escrever.

Nunca tinha visto campanha mais sórdida contra um jornalista, e olha que tenho já 35 anos de jornalismo. E digo sórdida, não a pensar no subjornalismo a soldo, que desse não há como esperar coisa diferente. Digo com os olhos postos nos companheiros de profissão, alguns deles – pasmem! – também vítimas do subjornalismo.

Nunca tinha visto, por exemplo, jornalistas pedirem publicamente a demissão de outro jornalista. Muito menos da forma grotesca como vem se dando com Reinaldo Azevedo. Logo ele, capaz de gestos generosos em defesa do mais empedernido adversário de ideias, quando esse está certo e é injustiçado.

O que tem feito Azevedo, para merecer tamanha campanha?

Tem feito jornalismo. Sempre com textos irretocáveis e agarrado aos fatos. Desde os tempos de faculdade, digo: jornalista pode ter lado, não deve é distorcer os fatos em nome desse lado. A isso sempre chamei independência (imparcialidade é coisa de gente parcial sem tutano). E qual é o lado de Reinaldo Azevedo? A democracia. Sim, absurdamente simples assim.

Agora mesmo (e essa é a principal a razão deste texto), duas jornalistas o trataram a pontapés, da forma mais gratuita possível. São elas Suzana Singer, ombudsman da Folha de S. Paulo, e Miriam Leitão, jornalista da rede Globo e do jornal O Globo. Prova inabalável de que só os obtusos ou demagogos, em suma, aqueles que da alma humana não sabem nada, acreditam que o mundo seria melhor sob o comando das mulheres. Quando se trata de maldade e rancor, a única coisa que não conta é o sexo.

Logo após o primeiro texto de Reinaldo Azevedo como colunista da Folha de S. Paulo, Suzana Singer saiu-se com esta pérola:

“Na semana em que o assunto foram os simpáticos beagles, a Folha anunciou a contratação de um rottweiler. O feroz Reinaldo Azevedo estreou disparando contra os que protestam nas ruas, contra PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os defensores dos animais.”

Reparem bem, Suzana Singer elogia os beagles e chama Azevedo de rottweiler. Diz com todas as letras que a Folha contratou um cão feroz. Só num país de valores tão distorcidos quem insulta é delicado e quem é insultado é feroz.

Ficaram surpresos, ingênuos leitores? Então, vocês não sabem da missa um terço. A senhora Suzana Singer pode muito mais:

“No impresso, espera-se mais argumento e menos estridência. Mais substância, menos espuma. Do contrário, a Folha estará apenas fazendo barulho e importando a selvageria que impera no ambiente conflagrado da internet.”

Aí está a maior estupidez que já se disse sobre jornalismo. Por certo essa senhora não conhece a história do jornalismo, particularmente o brasileiro, ou não proclamaria tamanha barbaridade. No impresso, para falar com ela, desde quando o argumento se sobrepôs? Nem hoje, e Suzana Singer é a prova indiscutível dessa verdade, basta saber que ela se dirige a um colega de trabalho babando.

Mas não sejamos tolos, Suzana Singer é muito pior. Ela está a condenar a direção da Folha pela contratação de Reinaldo Azevedo. Contratá-lo é trazer a “selvageria” para o jornal. Confesso, nunca tinha visto tamanha baixaria em minha vida de jornalista. Aqui, dizê-la uma rottweiler equivaleria a um elogio. Ou um prova de tremendo desprezo pelos rottweilers.

Então a senhora Miriam Leitão, jornalista achincalhada dia sim e no outro também pelo subjornalismo, sentiu-se com coragem para denegrir quem jamais a denegriu. Escreveu:

“Tenho sido alvo dos dois lados e, em geral, eu os ignoro por dois motivos: o que dizem não é instigante o suficiente para merecer resposta e acho que jornalismo é aquilo que a gente faz para os leitores, ouvintes, telespectadores e não para o outro jornalista. Ou protojornalista. Desta vez, abrirei uma exceção, apenas para ilustrar nossa conversa. Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como “rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.”

Muito delicado e civilizado, não?

A minha pergunta, perdoem-me pela obviedade, é a seguinte: quando foi que Reinaldo Azevedo escreveu uma única e mísera palavra grotesca contra a senhora Miriam Leitão? Nunca. Se discordou de uma análise, reparem bem, o fez dentro da mais correta civilidade. E onde está escrito que discordar é apanágio de cachorros?

Fique claro: ninguém é obrigado a concordar com as ideias de Reinaldo Azevedo. Na verdade, ninguém é obrigado a concordar com pessoa alguma. O que estarrece é a forma como os que se querem justos e corretos tratam os que não lhe fazem par. Quando donos da verdade abrem as asas, bem, todo o resto está condenado a não voar.

O que mais incomoda, porém, é o silêncio sobre esse crime. Quando um jornalista honesto e correto é vilipendiado de forma grotesca e ninguém diz nada em sua defesa, bom, é porque a coisa está mais grave do que pensamos. É sinal de que a barbárie está levando vantagem sobre a civilização.


06.11.2013

1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns ao Kenard! Defesa irretocável da verdade e do eficiente Reinaldo Azevedo. Excelente texto. Margot Lima - Recife/PE