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domingo, 5 de junho de 2011

AP do Palocci - Imobiliária também não existe no endereço anunciado, e um dos seus sócios foi o primeiro dono da empresa fantasma em nome de laranja. Parece confuso?


Por Reinaldo Azevedo

A história do apartamentão onde mora a família do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci vai ficando cada vez mais enrolada. Quanto mais se sabe a respeito, menos se esclarece. Vamos ver.
Reportagem da VEJA desta semana, em síntese (leia a íntegra da reportagem na revista), informa que:

1 - O apartamento pertence, desde setembro de 2008, a  uma empresa chamada Lion Franquia e Participações Ltda. Trata-se de uma empresa fantasma, de fachada. Ela não existe no endereço informado.

2 - Os donos da Lion seriam Dayvini Costa Nunes, com 99,5%, e Felipe Garcia dos Santos, com 0,5%. Felipe tem 17 anos e foi emancipado no ano passado.

3 - Dayvini é assumidamente um “laranja”. Tem 23 anos, mora numa casa de fundos em Mauá, no ABC paulista, e ganha R$ 700 por mês. O apartamento em que Palocci mora vale R$ 4 milhões.

4 - A Lion recebeu o apartamento, num rolo envolvendo hipoteca, de um certo Gesmo Siqueira dos Santos, tio de Dayvini, que responde a 35 processos, incluindo falsificação de documentos.

5 - Inicialmente, Dayvini disse à reportagem de VEJA que não sabia que o tinham colocado como laranja numa empresa. No dia seguinte, mudou a versão e afirmou que estava mentindo. Nas suas palavras: “Desde que você falou comigo, não consigo dormir, por causa dessas coisas que envolvem pessoas com quem não tenho como brigar, como o Palocci, entendeu? Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou laranja.”
Bem, a história já é confusa até aqui, certo? Certo! Ontem, o advogado de Palocci reagiu à reportagem de VEJA, e a assessoria do ministro emitiu nota. Escrevi a respeito.
Na nota, afirma a assessoria:
“1. O imóvel em que vive a família do ministro Antonio Palocci Filho em São Paulo foi alugado em 1º de setembro de 2007 por indicação da imobiliária Plaza Brasil, contatada para este fim;
2. O contrato foi firmado em bases regulares de mercado entre Antonio Palocci Filho e os proprietários Gesmo Siqueira dos Santos, sua mulher, Elisabeth Costa Garcia, e a Morumbi Administradora de Imóveis;

3. O contrato foi renovado em 1º de fevereiro de 2010 entre Antonio Palocci Filho e a Morumbi Administradora de Bens, sucessora da Morumbi Administradora de Imóveis”.
Certo! Desde setembro de 2008, o apartamento estava em nome da Lion, a tal empresa fantasma. Com quem foi acertada a renovação? Mas essa é ainda a estranheza menor.
Imobiliária também fantasma?

O Globo se interessou pela imobiliária que alugou o apartamento e descobriu algumas coisas interessantes:

1 - A Morumbi Administradora de Bens, que alugou o apartamento, deu endereço falso à Receita Federal e não funciona no prédio que informou no contrato de locação do ministro;

2 - Quem assina o contrato como sócio proprietário da imobiliária é Henrique Garcia Santos. Atenção: esse Henrique aparece como o primeiro dono da… Lion , justamente a empresa que se diz dona do imóvel e que está em nome de Dayvini, o laranja;

3 - É pouco? O endereço desse Henrique na Junta Comercial é o mesmo fornecido pelo tal Gesmo, tio de Dayvini.
Juro que estou sendo o mais claro que consigo.
Síntese da síntese

1 -
Dayvini Costa Nunes é laranja da Lion;

2 - a Lion é uma empresa fantasma;

3 - Gesmo Santos, tio de Dayvini, transferiu o imóvel para a Lion;

4 - a imobiliária que alugou o imóvel também deve ser fantasma;

5 - Henrique Garcia, sócio da imobiliária, era o primeiro dono da Lion;

6 - endereço de Henrique era o mesmo de Gesmo.
Pergunta final

Em que tipo de imobiliária alguém com a importância de Palocci aluga apartamento e com que tipo de gente assina contrato?

E olhem que não é coisa à-toa.

Segundo a assessoria, ele paga R$ 13,5 mil de aluguel, fora condomínio e IPTU.

A gente sabe que ele não tem problema de dinheiro. Quando menos, a imprensa zela pelas pessoas com as quais estabelece vínculos comerciais… 

Há imobiliárias no mercado especializadas em alugar apartamentos de alto padrão, dignos de Palocci.

Espero que ele tenha sido mais prudente ao escolher a que lhe vendeu aquele outro, nos Jardins, o de R$ 6,5 milhões.
05/06/2011