Por Leonardo Bruno
             
Os palpites que escutei de Brasília revelavam um  lugar à parte, que não existe. Uma burocracia maravilhada com suas  regalias, alienada e envolvida com as propagandas do governo Lula ou  mesmo prócer ou partidária das mentiras governamentais.
Se alguém com visão isenta e descompromissada tiver a  oportunidade de ir à Brasília, perceberá um universo à parte do país.  Não é por acaso que dizem que aquilo lá é a ilha da fantasia, dos  políticos, dos funcionários públicos, dos áulicos, dos cortesãos, enfim,  dos mandatários da nossa república.
Seria mais ousado dizer que é um  país usurpador que governa outro país. 
Nada do que escutei ou ouvi dos  cidadãos de lá reflete realmente o que seja o Brasil.
Paradoxo curioso,  já que a cidade é feita de vários tipos regionais de toda a nação. Pelo  contrário, eles são otimistas: qualquer governo para eles serve,  contanto que ninguém mexa nos interesses sacrossantos do funcionalismo  público.
    Até a visão da cidade é burocrática: monótona, uniformizada,  padronizada, enfadonha, para não dizer feia. 
Há quem idolatre Oscar Niemeyer e Lúcio Costa e sua mais famosa produção, por assim dizer, "soviética". 
Brasília cheira a "realismo socialista",  que de realismo não tem nada. Sobra à população o socialismo das  mamatas privadas e dos riscos públicos. 
Se a cidade planejada queria ser  democrática, Brasília consegue ser uma cidade completamente excludente:  os pobres na periferia e, no centro, os donos do poder. 
E o transporte  público, decadente e infernal. 
É um protótipo perfeito da nomenklatura dos países socialistas.
Além de enfadonha, Brasília costuma ser uma cidade muito  cara pra se viver. Se não bastasse isso, como se explicaria que esta  capital tenha o segundo maior PIB per capita do país, além de ser uma  cidade que representa mais de 3% do PIB nacional?
Brasília possui  indústria, agricultura ou comércio pujante? 
Nada disso. É a capital do  funcionalismo público, ou melhor, do déficit público. Como dizia o  economista e ministro do planejamento Roberto Campos, Brasília é uma  usina de déficits e bazar de ilusões. Malgrado ter dados estatísticos de  cidade rica, é uma ilha cercada por cidades-satélites paupérrimas, tão  feias quando a metrópole-mãe.
Sem contar que a política do Distrito  Federal não deixa a dever a nenhuma cidade do interior do nordeste, em  matéria de escândalos, roubalheiras e clientelismo dos mais xucros.  Cultura de dependência estatal é regra. 
Se o governo federal comprou  milhões de almas com o bolsa-família, em particular, ganhando muitos  votos no nordeste, não foi diferente a política do governador destronado  do Distrito Federal, o Sr. José Roberto Arruda, do DEM. Ele também  tinha sua dose de compra legal de votos, através de um bolsa-família  distrital.
Apesar disso, os palpites que escutei de Brasília  revelavam um lugar à parte, que não existe. Uma burocracia maravilhada  com suas regalias, alienada e envolvida com as propagandas do governo  Lula ou mesmo prócer ou partidária das mentiras governamentais. 
E  crédula na sua autoridade sacrossanta de entidade estatal, como se os  donos da papelada e da mesa do "bureau", no  seu estreito mundinho da Esplanada dos Ministérios, do Congresso, do  STF, STJ ou do Planalto, pudessem comandar e administrar os complexos  problemas de uma nação continental, através de fórmulas prontas de  portarias administrativas.
Há funcionários públicos em Brasília que  acreditam piamente nisso. Tal como o viés da cidade stalinista, eles  acham que podem gerenciar a nação como se fossem segmentos de uma grande  repartição pública da União ou de uma Gosplan soviética. 
Claro  que o problema do centralismo governamental é bem antigo. Porém, o  governo Lula aumentou essa crença demiúrgica da burocracia onipotente  sabe-tudo. Não foi por acaso que o governo criou mais de trinta  ministérios, cada um mais inúteis do que outros. E como agora o Estado  catou os louros da glória do crescimento econômico, o público de  Brasília, que é feito de burocratas, acha que foi causador do aumento  das vendas, do consumo e do boom do comércio internacional. E o pior é  que muita gente acredita! Vai entender esses umbigos falantes!
Enquanto isso, eu me sentava à mesa com um amigo, que  trabalhava para o Itamaraty: o sujeito elogiava a política externa do  governo Lula, com relação ao Irã e à Coréia do Norte. Supostamente, em  nome do livre comércio e da aliança do Brasil na Liga árabe (se bem que o Irã não seja necessariamente um país árabe, mas persa). 
Ainda  que para isso o Brasil se transforme em inimigo político de quase todas  as democracias ocidentais e bajule as piores ditaduras genocidas e  terroristas, o meu querido amigo votou em Dilma Roussef porque ela  criaria novas embaixadas nos países de terceiro mundo. 
O segundo turno  das eleições presidenciais causou-lhe um pavor horroroso. Se José Serra  se elegesse presidente, nas palavras dele, não haveria concurso público  para a diplomacia. Pelo jeito que ele falou, seria capaz de se  deslumbrar facilmente por conta de um carguinho diplomático na embaixada  do Sudão!
Confesso que fiquei decepcionado com essas opiniões.  
Como alguém pode se dar ao luxo de falar tantas tolices? 
No entanto,  talvez seja porque os neófitos da diplomacia queiram adquirir a  linguagem petista e bajular os "barbudinhos",  os diplomatas esquerdistas engravatados do Instituto Rio Branco. Vale  tudo pra concurso público, inclusive, imitar as idéias patéticas dessa  fauna caricatural. A diplomacia brasileira chegou ao seu pior momento no  governo Lula. Meu amigo dizia que o Brasil ganhou respeito  internacional. Onde? Quando? Como? A Bolívia confiscou o gasoduto da  Petrobrás, aumentou a tarifa do gás e o país ficou caladinho, com um  pontapé na bunda. O Paraguai aumentou artificialmente o preço da energia  elétrica de Itaipu, rompeu contratos, como a Bolívia, e o Brasil  arregaçou o traseiro. Inclusive, houve esquerdistas idiotas que diziam  que nós éramos "exploradores" desses países.
A China gerou um boicote na soja brasileira, que gerou  uma queda artificial no preço do produto, gerando um prejuízo de milhões  de dólares às nossas exportações. Sem contar em nosso envolvimento  patético nas relações Irã e Israel, ocasião em que o país serviu de  chacota, tanto para os islâmicos, como para os judeus e os Estados  Unidos. E, ainda, o Brasil se presta a usar de sua embaixada, para as  políticas megalomaníacas de Hugo Chavez em Honduras. 
O país coleciona a  cada ação diplomática, fracasso sobre fracasso. Mas isso não existe em  Brasília. Levar chute na bunda é um caso curioso de vitória do país. Se  um dia Evo Morales e os narcotraficantes da fronteira tomarem o Acre, é  capaz de o governo Lula elogiar a invasão de suas fronteiras, porque  supostamente os brasileiros roubaram o espaço boliviano, em troca de um  cavalo.
Alguém teve razão em dizer que o governo Lula é o auge do  entreguismo, do rebaixamento moral e ético do povo a qualquer  republiqueta hispânica. 
Isso não me espanta: a esquerda sempre odiou o país. Se  a Ex-União Soviética, Cuba, China, Coréia do Norte, Irã ou mesmo a  Venezuela de Hugo Chavez tomassem o poder neste país, a esquerda  agradeceria, contrita, tal como a vadia da zona que apanha de malandro e  gosta.
Brasília me causou um asco profundo.
Ainda me pergunto  como esse outro "país" nos governa? 
Captando alguns comentários e  algumas idéias, agora dá pra entender, em parte, por que este país não  vai pra frente.
A estreiteza mental de uma cidade contamina todo um país  continental.
 28 Dezembro 2010                            
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