Ex-diretor da empreiteira Alexandrino Alencar contou que ex-primeira dama queria dar presente a petista
O Globo
O ex-presidente Lula e o empresário Marcelo Odebrecht
Foto: Montagem/ Arquivo O Globo
SÃO PAULO — Os ex-presidentes da Odebrecht , Marcelo e Emilio Odebrehct, confirmaram nesta quarta-feira, em depoimento à juíza federal Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, que a empresa bancou obras de sítio em Atibaia para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Marcelo disse que as intervenções realizadas na propriedade foram a primeira destinada à "pessoa física do Lula".
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- Seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para presidente Lula. Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula, não era pra pessoa física dele.
Marcelo e o seu pai, Emilio, fecharam acordo de delação premiada. Então presidente da empresa, Marcelo disse que só ficou sabendo da obra no sítio quando ela já estava em andamento. Ele inicialmente resistiu por causa dos riscos de que a obra fosse descoberta.
Depois de aceitar a obra, o então presidente da empreiteira acertou que os valores gastos para as intervenções seria descontados da planilha italiano, gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Essa propina reuniria dinheiro de propina destinado ao PT.
- Eu até combinei com o Palocci. Vamos fazer aqui um débito na planilha italiano de R$ 15 milhões, eu e você, que é para atender esses pedidos que nem eu e você ficamos sabendo que Lula e meu pai acertam.
Também prestou depoimento em audiência do processo no âmbito da Lava-Jato o ex-diretor da empreiteira Alexandrino Alencar. Ele disse que as obras no sítio foram feitas a pedido da ex-primeira dama Marisa Leticia, que teria manifestado interesse em presentear Lula quando ele deixasse o comando do país. As obras tiveram início em 2010.
Ao receber o pedido para realizar intervenções no sítio, Alexandrino, que também fez acordo de delação premiada, procurou Emílio, na época presidente do conselho da Odebrecht.
- Emílio disse: 'não, lógico'. Eu acho que nós temos uma retribuição a isso, a tudo que o presidente fez pela organização' - afirmou o ex-diretor.
Já Emilio confirmou que aprovou o pedido de realização da obra no sítio feito por Marisa Leticia para Alexandrino. Contou também que recomendou ao diretor que fosse o "mais discreto possível" na execução das intervenções.
O ex-presidente do conselho da empresa relatou ainda que autorizou a obra por causa das relações que mantinha com Lula, classificadas por ele com "ativo intangível que não tem preço".
- Os intangíveis que o presidente Lula sempre teve com a minha pessoa e naturalmente com a organização, de eu puder ter oportunidade de dialogar com ele, de influenciar sobre o que nós achávamos que era importante para o Brasil.
Emilio afirmou que Lula "pessoalmente" nunca lhe pediu nada.
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