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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Dona Marisa fez pedidos durante obra no sítio de Atibaia, diz funcionário da OAS


Em audiência, Moro acusa defesa de Lula de ser hostil com testemunhas


Por Cleide Carvalho
O Globo


O sítio de Atibaia que seria do ex-presidente Lula - Edilson Dantas / Agência O Globo


SÃO PAULO — Um encarregado de obras da OAS Empreendimentos afirmou ter recebido pedidos para reformas no sítio de Atibaia diretamente da ex-primeira dama Marisa Letícia. Misael de Jesus Oliveira, que depôs nesta segunda-feira como testemunha de defesa do empresário Léo Pinheiro, do grupo OAS, afirmou também ter recebido recado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio do caseiro do sítio, conhecido como Maradona.

Ele afirmou que trabalhou no sítio entre março e setembro de 2014, fez obras na cozinha e de impermeabilização no lago do sítio, e comprou material de construção em três lojas de Atibaia, todas pagas em espécie. Misael afirmou que, na empresa, disseram a ele e a outros três funcionários que eles trabalhariam no "sítio do presidente", mas que era para ninguém ficar sabendo – dentro ou fora da empresa.

Misael contou que foi orientado a não usar o uniforme ou o crachá, e nem mencionar que era funcionário da OAS. O encarregado afirmou que dona Marisa Letícia, já falecida, ia ao sítio às quartas-feiras e nos fins de semana, e que viu Lula na propriedade por duas vezes. Segundo o encarregado, quando a família ia para o sítio, ele e os outros três integrantes da equipe de reforma viajavam para a capital paulista e voltavam na segunda-feira.

Misael foi perguntado se recebeu pedidos de dona Marisa durante a fase de obras.

— A primeira dama me pediu diretamente, o ex-presidente não — afirmou, acrescentando que dona Marisa pediu, por exemplo, orientações sobre como deveria ser feito o forro de uma churrasqueira.

Lula teria perguntado, por meio de Maradona, se eles iriam fazer a obra para estancar o vazamento do lago. Misael estimou em R$ 500 mil os valores gastos na obra do sítio, incluindo a mão de obra, e contou que chegou também a ser projetada a construção de uma capela para 12 pessoas, que ficou condicionada à eleição daquele ano (2014).

— Pediram para deixar para depois da eleição, para ver se a presidente Dilma (Rousseff) ia ser reeleita — afirmou.

Embora Dilma tenha sido reeleita, o projeto da capela não foi feito. O empregado da OAS disse que foi orientado a colocar na folha de pontos "sítio zp" durante parte do período em que estava trabalhando na propriedade de Atibaia. Foi a primeira vez que Misael falou sobre as obras no sítio de Atibaia, e a defesa de Lula fez várias perguntas.

Entre elas, se ele sabia o sobrenome dos outros três funcionários que trabalharam no sítio e se o sobrenome constava no crachá. Moro interferiu e acusou a defesa do ex-presidente de ser hostil à testemunha.

— É hostil sempre que tem uma testemunha que é contrária à tese da defesa — disse Moro, que considerou a pergunta impertinente e a indeferiu.

Misael disse que a obra do sítio de Atibaia foi a única onde a compra de material foi feita com dinheiro em espécie. Nas demais obras que fez, o departamento de compras da OAS que fazia as aquisições de material.

Ele afirmou que não conheceu Fernando Bittar, que aparece como um dos donos do sítio de Atibaia, e que o nome de Bittar foi mencionado uma única vez pelo caseiro Maradona. Misael contou que um carro entrou no sítio, ficou cerca de dois minutos e saiu. Ele perguntou a Maradona quem estava no veículo, e o caseiro teria dito que era Fernando Bittar, sem mais detalhes.

Lula é acusado de ter recebido propina da OAS e da Odebrecht na forma de obras no sítio de Atibaia. A defesa alega que o sítio pertencia à família Bittar, e que lhe foi emprestado. Nos depoimentos, as testemunhas de Lula têm afirmado que ele pretendia comprar a propriedade e que o sítio foi oferecido para uso da família. O ex-presidente não saberia das obras, que teriam sido feitas a pedido de dona Marina Letícia, já falecida.


18/06/2018


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