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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Garotinho pode ser indiciado por falsa comunicação de crime, diz delegado


Ex-governador registrou na delegacia agressão contra ele na prisão

'Por Carolina Heringer
O Globo

O ex- Governador Anthony Garotinho - Marcelo Theobald / Agência O Globo 24/11/2017

RIO — O ex-governador Anthony Garotinho poderá ser indiciado por falsa comunicação de crime, caso seja comprovado que ele não foi agredido em sua cela na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. O crime prevê de um a seis meses de detenção ou multa. O episódio está sendo investigado pela 21ª DP (Bonsucesso).

De acordo com o delegado titular da unidade, Wellington Oliveira, Garotinho chegou a ser advertido sobre o risco de ser indiciado se sua versão não fosse verdadeira. Ainda assim, ele manteve o seu relato sobre a agressão.

— Se ele não estiver falando a verdade, poder ser indiciado. Mas o caso ainda está sendo apurado. Vamos verificar a versão apresentada — esclareceu o delegado.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou à Vara de Execuções Penais (VEP) do Rio que Garotinho se autolesionou dentro de sua cela. O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal Do Rio, Gutembergue de Oliveira, afirmou que as imagens das câmeras de segurança desmentem a versão do ex-governador Anthony Garotinho de que alguém entrou na cela para agredi-lo. Oliveira disse que o que Garotinho alegou é delírio ou mentira.

- As câmeras dizem mais do que os servidores. Não existe a versão do Garotinho nas câmeras. O Garotinho teve um delírio. Ele está numa galeria sozinho, na cela sozinho. É impossível que alguém tenha entrado na galeria e feito o que ele falou. Ele está indo pro IML, que vai constatar que essas foram autolesões para justificar a intenção dele - afirmou Oliveira, que foi à 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso) acompanhar o depoimento do agente penitenciário que estava de plantão na galeria onde estava o ex-governador.

De acordo com o presidente do sindicato, o agente penitenciário foi alertado da suposta agressão pela gritaria na galeria.

— Garotinho quis criar um fato para dar nisso aqui: mídia. Te afirmo que ele faz como qualquer preso comum quando quer uma transferência: ele imputa um falso a um funcionário para conseguir seu intento — afirmou o presidente do sindicato.

Garotinho estava em uma galeria com seis celas, sozinho em uma delas. O ex-governador Sérgio Cabral e outros presos da Lava-Jato estão em outra galeria.

— A gente vê claramente que ele (Garotinho) está dopado e pode ter tido um delírio, sim.

Garotinho esteve na 21ª DP (Bonsucesso) para prestar depoimento sobre o caso. À polícia, ele contou que quando chegou à prisão foi encaminhado à cela A1, com outros detentos, no segundo andar, onde ficam os presos com nível superior. Mas que no dia seguinte, na quinta-feira, um funcionário da cadeia disse que, por ordem judicial que não foi apresentada, ele seria transferido para outra cela. Segundo o ex-governador, ele foi levado para uma cela vazia em um corredor com acomodações para detentos todas vazias.

Nesse local, ele contou que foi acordado de madrugada por um homem, "de aproximandamente 1,70, branco, cabelos alourados, sem baraba, trajando calça jeans, sapato, e camisa pólo azul portando um bastão, parecido com um taco de beisebol". E que o homem teria dito: "desce daí.Você gosta muito de falar, não é?", seguido de um golpe no joelho que teria feito ele se curvar de dor.


Garotinho deixa a delegacia, onde prestou depoimento sobre suposta agressão, e é encaminhando para o IML - Domingos Peixoto / Domingos Peixoto

Em seguida, ainda de acordo com o depoimento de Garotinho, o homem puxou uma pistola de cor prateada e disse: "Eu só não vou te matar para não sujar o pessoal daqui do lado", apontando em direção à galeria onde estão os presos da Lava-Jato.

Antes de sair, segundo o ex-governador, o homem disse ainda: "vou te dar uma lembrança" e pisou no pé ele. E antes de trancar a cela, teria ordenado para que o ex-governador parasse de falar.

Garotinho também contou que pediu para ser atendido pelo ex-secretário de Saúde do Rio Sergio Côrtes, que chegou logo em seguida e imobilizou o joelho do ex-governador e receitou um anti-inflamatório, segundo o depoimento. Côrtes é aliado do ex-governador Sérgio Cabral. Ele está preso sob a acusação de receber propina e trabalha na enfermaria da prisão de Benfica.

Ao ser perguntado a que atribui a agressão, o ex-governador disse que "sem querer ser leviano, pelas palavras ditas pelo agressor, há uma retaliação à alguma coisa que tenha dito". Ele contou à polícia que há pouco tempo conversou com o promotor Claúdio Calo e que teria feito várias denúncias sobre órgãos estaduais, incluindo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). E lembrou ao delegado que quando era secretário de Segurança "teve sério desentendimento com atual secretário de admnistração Penitenciária, quando este era comandante do 4º BPM, fato que ocasionou a demissão do comandante".

24/11/2017

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