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terça-feira, 14 de março de 2017

Em primeiro depoimento como réu, Lula se diz ‘vítima de massacre’


Ex-presidente depõe na Justiça Federal sobre acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato

Por Felipe Frazão, de Brasília
Veja.com
Veículo transportando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao prédio da Justiça Federal, em Brasília - 14/03/2017 (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)


Em seu primeiro depoimento como réu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou considerar um massacre a quantidade de acusações que vem sofrendo em todo o processo judicial da Operação Lava Jato. Apesar de se dizer disposto a todos os esclarecimentos necessários, ele tergiversou ao responder logo à primeira pergunta do juiz Ricardo Leite, na 10ª Vara Federal, em Brasília. Questionado sobre sua renda mensal líquida, não soube dizer quanto ganha exatamente. Afirmou que recebia cerca de 6 000 reais mensais de aposentadoria, mais rendimentos estimados por ele em cerca de 30 000 reais da sua empresa de palestras, a LILS, (cuja receita é alvo de investigação por suspeita de recebimento de propina) e ainda doações de seus filhos, também alvos de investigações.


“Depois o advogado manda para o senhor o total de rendimentos. Eu mando por escrito. Pode chegar a 50 000, estou chutando, eu não sei. Tem doações dos meus filhos”, disse Lula.

Lula afirmou que é “falsa” a denúncia contra ele, acusado pelo ex-senador petista de Delcídio do Amaral de interferir na Operação Lava Jato para calar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Ele disse que não conhecia o ex-diretor da Petrobras e que participava apenas de reuniões coletivas com ele.

O ex-presidente disse que aguardava a oportunidade de se defender “perante um juiz imparcial” e que a cada prisão na Lava Jato vive na expectativa de que será acusado de crimes. “Todo santo dia no café da manhã, no almoço e na janta, alguém insinua ‘agora vão prender fulano e vão pegar o Lula’, ‘prenderam a Odebrecht, vai delatar o Lula’, ‘prenderam a OAS, vai delatar o Lula’, ‘prenderam o Bumlai, vai delatar o Lula’, ‘prenderam o Delcídio, vai delatar o Lula’, ‘prenderam o papa, vai delatar o Lula’. E eu esperando pacientemente. O senhor sabe o que é levantar todo dia achando que a imprensa está na porta de casa porque vou ser preso?”, afirmou. “Os dados são falsos. Há mais ou menos três anos tenho sido vítima quase de um massacre. Me ofende profundamente a insinuação de que o PT é uma organização criminosa. Combater a corrupção é uma obrigação moral e ética e isso eu aprendi com uma mulher que nasceu e morreu analfabeta.”

Lula afirmou que nunca recebeu nem pediu dinheiro a políticos ou empresários: “Duvido que tenha um político ou empresário com coragem de dizer que me deu dez reais ou que o Lula pediu cinco centavos para ele. Quem chegou à Presidência da República como eu, depois de perder três eleições, não tinha o direito de errar”.

O ex-presidente confirmou que fez várias reuniões com Delcídio do Amaral, inclusive no Instituto Lula, – em uma delas o ex-senador afirma que Lula quis atrapalhar as investigações e calar Cerveró com dinheiro – e que atualmente se fala da Lava Jato o dia todo, “no café, no almoço, no jantar e depois da novela”. Lula afirmou, porém, que Delcídio “contou uma inverdade nesse processo”. “É um absurdo. Não sei o que o Delcídio esperou fazer com isso. Certamente depois de preso as pessoas começam a encontrar um jeito de sair da cadeia e resolve jogar a culpa em cima dos outros”, afirmou Lula.

Lula rebateu as acusações do ex-senador e negou ter citado nas conversas o nome de Cerveró ou de seu amigo, o pecuarista José Carlos Bumlai. Lula afirmou que “é bem possível” que Delcídio o tenha citado em seu acordo de colaboração premiada para conseguir firmar o acordo com os investigadores e que os réus têm sido estimulados a falar em seu nome nos depoimentos de colaboração. Ele também declarou que Delcídio se magoou com ele porque por ter sido chamado de imbecil por Lula quando foi preso – nos áudios, ele falava sobre conversas de processos com ministros do Supremo, o que não se deve fazer ‘nem na morte’, segundo Lula. “Eu tive uma reação que eu sei que ele não gostou. Eu disse ‘esse cara é um imbecil’. Ele ficou muito chateado porque eu disse que ele era um imbecil, que eu fiquei sabendo da boca de alguns advogados. Eu não quis ofendê-lo.”

“Fico orgulhoso de estar prestando esse depoimento e chateado com essa ilação do senador Delcídio. Se tem um brasileiro nesse momento que quer a verdade e deseja a verdade nesse país sou eu. Eu não tinha relação com Cerveró. Eu não tenho nenhum problema com depoimento de ex-diretor da Petrobras. Todo mundo sabia da relação muita antiga do Delcídio com o Cerveró, desde o governo passado. Eu vi uma entrevista dele que parecia que estava recebendo o prêmio Nobel da delação, a desfaçatez. Alguém que faz o que ele fez ele tinha que jogar nas costas de alguém. Minha relação com Delcídio sempre foi institucional e ele sabe disso.”

Lula afirmou que soube “apenas pela imprensa” que Bumlai teria intermediado um empréstimo irregular de 12 milhões de reais para o PT com o banco Schain. A Schain levaria um contrato da Petrobras, de operação do navio-sonda Vitória 10.000, para cobrir o empréstimo. Lula ainda falou que não participava diretamente da escolha de diretores da Petrobras e que Cerveró e Jorge Zelada, o substituto na Diretoria Internacional, eram nomes do PMDB.


 14 mar 2017

1 comentários:

Anônimo disse...

Quem sofreu massacre foi o povinho ignorante que esse ser desprezível enganou! Se os ignorantes soubessem um pouquinho de política econômica saberiam que LULADRÂO estaria fuzilado em qualquer país do mundo pelos danos que causou ao brasil e aos brasileiros, ele e o covarde Fidel Castro!"