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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Propina podia chegar a 5% dos contratos, diz Youssef



Doleiro revela à Justiça Federal que empresas se reuniam para combinar quem venceria contratos; propinas também abasteceram caixa dois de PP, PMDB e PT

Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo
e Mateus Coutinho

Estadão

O doleiro Alberto Youssef listou treze grandes construtoras do País como integrantes de um “cartel” montado para fraudar as licitações da Petrobrás por intermédio do ex-diretor da área de Abastecimento Paulo Roberta Costa e pagar propina a políticos do PT, PMDB e do PP. Afirmou ainda que diretores das empresas tinham comissionamento sobre o esquema que poderia chegar a 5% nos termos de aditivos de contratos.

“Era entregue uma lista que iam participar no certame (licitação) e já era dito quem ia ser o vencedor. Era uma lista repassada pelo Paulo Roberto Costa. Logo que iam existir os convites era passada a lista”, explicou o doleiro a um dos procuradores da Operação Lava Jato, ontem em depoimento à Justiça Federal.

As empresas citadas foram a: Camargo Corrêa, a OAS, a UTC, a Odebrecht, a Queiroz Galvão, a Toyo Setal, a Galvão Engenharia, a Andrade Gutierrez, a Mendes Júnior, a Engevix, a Tomé Engenharia, Jaraguá Equipamentos, Tomé Engenharia e Engesa.

Todas elas pagam 1% nos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento e de 2% a 5% nos termos aditivos de contratos.

“Era maior podia chegar de 2% a 5%, a proporção era a mesma dos repasses”. Ele explicou como era feita a partilha do caixa-2: “Eram 1% de todos contratos: 30% para doutor Paulo Roberto, 60% para agentes políticos, 5% para mim e 5% era para João Claudio Genu (ex-assessor do PP e do deputado José Janene, morto em 2010)”, detalhou Youssef. Antes de Genu, era Janene quem recebia a parte do PP. Ambos já tinham sido condenados no Mensalão.

Youssef acusou especificamente a Odebrecht e a Toyo por pagamentos de comissão feitos no exterior. Ele apontou ainda o vice-presidente da Camargo Correa e um diretor por receberem comissão também pelos contratos fraudados.

As empresas citadas já negaram anteriormente qualquer relação comercial com Youssef e negam irregularidades nos contratos.

Caixa dois.
O doleiro Alberto Youssef afirmou que a propina controlada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que era cota do PP, também serviu para pagar caixa-2 ao PMDB e ao PT. Em seu depoimento já sob os termos da delação premiada no processo da Lava Jato sobre fraudes em licitação, desvio de verba pública e lavagem de dinheiro nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ele detalhou como era o esquema operacionalizado por ele e repetido em outras diretoras.

“Paulo Roberto fatiava um pouco os recebimentos de obras porque também tinha que atender o PMDB ou o PT”, afirmou Youssef ao ser inquerido pelo juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba. Segundo ele, na área de Abastecimento, controlado por Costa e operacionalizada por ele, para desvios de recursos para o PP, as empresas tinham que pagar 1% do contrato. A Camargo Corrêa, citada por ele num consórcio que fez obras na refinaria, fechou contrato de R$ 3 bilhões.

Esse valor era divido: 60% para políticos, 30% para costa, 5% para Youssef e 5% para José Genu, do PP. Ele explicou desconhecer que na área de Serviços e Engenharia o percentual cobrado era de 2% a 3%, conforme revelou horas antes em depoimento, o ex-diretor da estatal. Costa afirmou que o esquema operacionalizado na área pelo tesoureiro do PT João Vaccari, era maior. “Desconhecia que percentual da propina em outras diretorias da Petrobras era maior que 1%”.

Segundo ele, havia pelo menos outros quatro operadores, que atuavam em outras áreas da Petrobras, como Internacional, Embarcações, em esquema igual de desvios, lavagem e pagamento de propina e caixa 2 de campanha.

Youssef confirmou que listas apreendidas em seu computador pela Polícia Federal são a contabilidade das propinas pagas pela construtora Camargo Corrêa, via fornecedora de tubos Sanko Sider e pelas firmas de fachada abertas por ele (MO Consultoria e GDF). Nela há os valores movimentados, e “as comissões” e os “repasses” pagos no esquema. Segundo ele, os diretores da Camargo Corrêa recebia valores pelos contratos alvos de fraude e ainda iam retiraram em moeda em seu escritório em São Paulo.

“Os valores são nominados repasses e comissionamento. O que é comissionamento é comissionamento de venda, o que é repasse foram para agentes públicos e para o Paulo Roberto Costa”, explicou Youssef.

09 outubro 2014


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