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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os conflitos nos países árabes, Israel e a estupidez da política externa brasileira.




Ou: Cuidado!

Alguns críticos acham que o Brasil só acerta quando atua contra Israel!


Escrevi na segunda-feira um post demonstrando por que considero irresponsável o discurso da presidente Dilma Rousseff na ONU no que respeita à questão israelo-palestina.

Não vou repisar argumentos.

Meu ponto neste post é outro.

É inacreditável que a política externa brasileira seja vítima de uma obsessão: contrapor-se aos EUA, pouco importa o que pretenda aquele país: o Brasil acerta e erra na sua intervenção internacional sempre por maus motivos.

Se os EUA estiverem certos, o Brasil atua de modo estúpido para demonstrar que é independente. Se os EUA estiverem errados, o Brasil age de modo prudente para demonstrar que é independente.


Aquele que tem a pretensão de demonstrar independência pouco importando o que queira o interlocutor, se o certo ou o errado, comporta-se como escravo de sua liberdade.

Ora, tenham paciência!

Como pode um país como o Brasil, que tem uma importância mediana no mundo e exerce considerável liderança na América Latina, endossar a reivindicação palestina na forma como vem? A representação oficial palestina abriga hoje o Hamas e sua postulação essencial, que ainda não mudou: destruir Israel. Está escrito. “Ah, mas não atuam nesse sentido…” Não? Atuam, sim, dentro do que lhes é possível fazer. Quando mais for possível, mais farão. É o que indica a história do lugar. Sem um acordo bilateral, acatar a reivindicação palestina corresponde a uma aposta na violência. Para se contrapor aos EUA, o governo brasileiro já mergulhou fundo na abjeção - veja-se o caso de Honduras: investiu-se numa guerra civil, que, felizmente, não aconteceu.

O mundo, como tenho afirmado aqui, não é plano. Em seu discurso, Dilma repudiou a violência com que as ditaduras árabes têm tratado os protestos, mas também censurou a intervenção externa nesses países. Vocês sabem muito bem o que penso a respeito. Não estou entre os “encantados” com a “Primavera Árabe”.

Uma das “flores” do Egito, por exemplo, é o incêndio de casas e de igrejas dos cristãos. Houve efetiva colaboração de egípcios com terroristas palestinos em recente atentado no sul de Israel. A embaixada israelense no Cairo foi destruída diante da passividade cúmplice do novo governo. Na Síria, as minorias religiosas não-islâmicas já perceberam que, se o sanguinário Bashar Al Assad cair, sobrevirá a perseguição. Na Líbia, um dos chefões do staff militar é um ex-jihadista.

Mais um pouco: a atuação de EUA, França e Grã-Bretanha na Líbia desrespeitou a resolução da ONU de maneira flagrante, escancarada, vergonhosa até. A Otan deu seqüência ao trabalho, rasgando a cada dia o texto aprovado. Comece-se pelo óbvio: as potências estrangeiras entenderam que “proteção a civis” significava proteção aos adversários de Kadafi, mas não aos aliados. Os insurgentes também massacraram seus adversários de modo impiedoso. Contra a resolução, forneceram-se armas aos ditos rebeldes, e houve, obviamente, a tentativa de matar Kadafi. Há dias, como num desses filmes B, Nicolas Sarkozy e David Cameron apareceram para posar de libertadores. Com a devida vênia aos analistas que acreditam que a democracia cai da árvore da vida, acho que as (im)potências estão é colaborando, no médio prazo, com o extremismo islâmico. Se eu estiver errado, ficarei feliz. Se eu estiver certo, o mundo ficará infeliz…

Prestem atenção: nesse particular, eu ficaria satisfeito em poder chamar de “prudente” a atuação do Brasil. Eu não tenho razões, digamos, filosóficas para preferir os carniceiros de Benghazi ao ex-carniceiro de Trípoli. Vista a coisa em perspectiva, não é do meu interesse filosófico que o extremismo islâmico ganhe uma face humana. Pois bem. E por que a minha insatisfação? Porque a escolha feita pelo Brasil nada tem a ver com essa mirada de mais longo prazo.

A abordagem do Itamaraty foi bronca, simplista, boçal:
“O que querem os EUA?

Estão atuando para derrubar aqueles regimes?

Estão!

Então a gente é contra.

Afinal, precisamos provar a nossa independência!”

E faço aqui uma nota à margem: a estupidez é de tal ordem que o Brasil houve por bem integrar um grupo para “dialogar” com Bashar Al Assad…

Que coisa!

É mais uma evidência de que o Itamaraty não escolhe a prudência.

Seu único norte é o antiamericanismo.


E é essa mesma postura que leva o país a se posicionar, mais uma vez, contra Israel. Trata-se de uma política externa que não distingue o erro do acerto. E é assim porque ela não é autônoma. Depende da escolha que faz o seu suposto adversário — como se houvesse mesmo essa polaridade. É o samba-do-nanico-doido.

E só para encerrar: é curioso que algumas vozes que censuram severamente o Brasil por não integrar, moralmente ao menos, os esforços de “democratização” da Líbia, da Síria ou do Egito se calem diante da postura de Dilma no caso do conflito israelo-palestino. Fica parecendo que o antimaericanismo brasileiro é ruim quando não coincide com o que eles pensam, mas é bom quando coincide.

Tudo bem pesado, tem-se a impressão de que o Itamaraty só acerta quando se posiciona contra Israel.

Talvez esses analistas devam investigar mais a fundo essa inclinação anti-israelense para saber se ela não deriva de algo que antecede em muito a própria existência de Israel…
21/09/2011

1 comentários:

José de Araújo Madeiro disse...

Amigos do Resistência,

A PresidentA Dilma, como estava previsto, defendeu na ONU a criação do Estado Palestino.

Onde? No Egito? Na Arábia Saudita? No Iran? E o Hamás? O Hesbollá? Os muçulmanos?

E Jerusalém?

A Dilma quer aparecer e arranjar encrencas, no meio de terroristas. Metendo-se com esses árabes e as FFAA do Brasil tem que ter cautelas e avaliar esta questão entre seus pares.

Assim transcrevemos no Blog Brasil Republicano:

Israel é o único país daquela região que permite a cidadãos de todas as crenças praticarem sua religião livre e publicamente.

Vinte por cento dos cidadãos israelenses não são judeus.
14. Enquanto os judeus não podem viver em muitos países árabes, em Israel os árabes têm garantida a cidadania israelense e o direito de votar.
15. Israel é muito pequeno [tem aproximadamente o tamanho de Sergipe] e está cercado de nações que se opõem à sua existência. Algumas propostas de paz – incluindo a que foi feita recentemente pela Arábia Saudita – exigem a retirada de toda a Margem Ocidental, o que deixaria o território israelense com menos de 15,5 km de largura em seu ponto mais vulnerável.

Att. Madeiro