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segunda-feira, 9 de maio de 2011

A estupidez em estado bruto



Por Reinaldo Azevedo

Há muito tempo, na condição de paulista — isso é só geografia, mas, vocês verão, relevante neste caso —, sinto pelo senador Eduardo Suplicy (PT) a vergonha que ele se mostra incapaz de experimentar: quando fala, quando canta, quando — meu Jesus! — pensa!

Por que isso?

Bem, vá lá, ele é senador do Estado em que voto.  O pior é que este senhor sempre foi eleito com o apoio também dos bem-pensantes. No ano passado, os paulistas mandaram um Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) para o Senado, mas, por outro lado, elegeram também Marta Ex-Suplicy (PT). A alternativa era o pagodeiro Netinho (PC do B). Deixarei um pouco de lado certo desconsolo. Volto ao ponto.

Suplicy tomou hoje a palavra no Senado para censurar os EUA pela operação que resultou na morte de Osama Bin Laden. O senador paulista criticou os americanos por terem “violado” a soberania paquistanesa e matado o terrorista; em vez disso, considerou, ele deveria ter sido preso e julgado. Não saber o que diz, no caso de Suplicy, é mais do que uma condição natural; é um método. Se preso, Osama seria julgado onde? Nos EUA ou na Arábia Saudita? Nos dois países, seria certamente condenado à morte. Os sauditas não iriam querer esse peso; é controverso que Bin Laden pudesse ser julgado e executado nos EUA — nesse caso, o que fazer com o corpo?

Os EUA se negaram hoje a pedir desculpas ao Paquistão, no que fazem muito bem. É uma forma oblíqua — a  direta seria trágica — de censurar o país por dar proteção a Bin Laden. Convenham: foi isso o que aconteceu, certo? O terrorista estava abrigado quase numa fortaleza militar. Por mais incompetente que seja seu serviço secreto, é certo que não pode ser tão ruim assim. Mas que diferença isso tudo faz no mundo de Suplicy?

Encantadora mesmo foi a forma como ele resumiu o 11 de Setembro, segundo o Potal G1.

Leiam:

“Em 11 de setembro de 2001, aviões atingiram o edifício do World Trade Center. E ali mais de três mil pessoas perderam as suas vidas. Pessoas totalmente inocentes que, por uma razão totalmente não justificada em seus métodos, foram objeto de ações impensadas, não suficientemente refletidas, por parte dos responsáveis da al-Qaeda. E, dentre estes, estavam justamente um dos principais, senão o principal líder da al-Qaeda, Osama Bin Laden, que teve uma perseguição muito forte, realizada por forças de todos os países, principalmente do serviço de inteligência e das forças armadas norte-americanas que, finalmente, encontraram Osama Bin Laden”.

Vejam como Suplicy é cândido.
Um ataque terrorista naquelas dimensões foi “injustificado” nos “seus métodos” — o que faz supor que este gigante considere aceitável ao menos o mérito.  Teria sido uma ação “impensada”, “não suficiente refletida”; isso quer dizer que um terrorista, caso se dedique a uma reflexão mais detida, pode mudar de idéia e de prática, compreendem?

Suplicy levava consigo artigos de jornais que censuravam a ação dos EUA, como se aquele delinqüente, homicida compulsivo, não fosse um alvo militar.

Quanto à soberania do Paquistão, dizer o quê?

Todos conhecem o meu legalismo, mas sabem também que, em relação ao terrorismo, considero que o país que abriga um terrorista viola de tal sorte as regras que não pode evocá-las para se proteger da reação dos agredidos. Não fosse assim, as leis acabariam servindo para abrigar terroristas. É uma questão de lógica elementar. Vale para os EUA, quando “ignoram” a soberania paquistanesa para pegar Bin Laden; vale para a Colômbia, quando ignora a soberania equatoriana para pegar Raúl Reyes.

Vejam como sou aborrecidamente coerente. Aliás, já mostrei aqui, em janeiro de 2008, ainda candidato, Obama afirmou que, se eleito, pegaria os terroristas abrigados no Paquistão se o governo do país não o fizesse.

Mas qual é o compromisso de Suplicy com os fatos?

Nenhum!


Ele está há 20 anos no Senado como um contínuo das próprias idiossincrasias. Ficará ainda mais quatro e, depois, tentará o quarto mandato…
Suplicy teve o apoio de Lindbergh Farias (PT-RJ), seu colega de bancada e de Cristovam Buarque (PDT-DF), que afirmou:

“Todos passamos a odiar esse Bin Laden. Mas todos passamos a nos preocupar sobre como ocorreu a sua morte. A maior vitória do terrorismo é quando todos passamos a nos comportar como terroristas. Se Obama faz isso, imaginem os próximos presidentes dos EUA”.

É uma consideração estúpida de vários modos. Em primeiro lugar, porque iguala a ação americana à dos terroristas: só nos EUA, Bin Laden matou quase 3 mil pessoas — além de outras milhares mundo afora, o que fez dele um alvo militar. Em segundo lugar, seria preciso que o senador Cristovam caracterizasse o que fazia de Bin Laden um terrorista para que pudesse, então, explicar por que os americanos agiram de modo similar.

Em terceiro, notem que Cristovam é mesmo um idealista: na sua cabeça, há dois Obamas: o verdadeiro (que é o inventado…) não faria aquelas coisas feias; já o falso, que é o real, agiu — vejam vocês! — como se fosse Bush!

Tá bom! Serei mais amplo: ao ler essas coisas, eu me envergonho é como brasileiro mesmo!

09/05/2011

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