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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uribe deixa Colômbia mais segura e com maior dívida social

Uribe deixa Colômbia mais segura e com maior dívida social

Por Claudia Jardim
Enviada especial da
BBC Brasil à Bogotá

Uribe termina o mandato com alto grau de aprovação

O conflito armado e o combate às guerrilhas na Colômbia ainda preocupam, mas deixaram de ser as prioridades dos eleitores que vão às urnas no próximo domingo escolher o novo presidente do país.

A opinião é de analistas e eleitores ouvidos pela BBC Brasil.

Segundo especialistas, políticas públicas direcionadas exclusivamente à segurança - em detrimento de problemas relacionados a trabalho, saúde e educação - estão desgastadas. Os eleitores colombianos, afirmam analistas, hoje se preocupam muito mais com a resolução de problemas sociais.

"Pela primeira vez as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) já não colocam nem derrubam presidentes", afirmou à BBC Brasil Ariel Ávila, do Movimento de Observação Eleitoral (MOE) da Colômbia.

Nas eleições presidenciais de 1998, quando se discutia a possibilidade de um acordo de paz no país, o candidato eleito foi Andrés Pastrana. As negociações fracassaram, e as Farc terminaram ampliando seu poder militar.

Depois de fracassadas as negociações, os colombianos passaram a exigir pulso firme contra a guerrilha, fator decisivo para alavancar a vitória de Álvaro Uribe nas eleições em 2002 e 2006. Uribe foi eleito em grande parte por sua promessa de derrotar a guerrilha militarmente.

"Hoje o desemprego e a precarização do acesso à saúde são tão graves que é o que realmente estimula essas eleições", acrescentou Ávila.

Desemprego

A taxa oficial de desemprego registrada na Colômbia em maio foi de 12%, e o índice de informalidade chegou a 51,6% dos trabalhadores, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE).

Os dados, no entanto, são questionados por organizações sociais que consideram que o número de desempregados alcance 14,6% dos trabalhadores colombianos. A falta de empregos se tornou uma das principais preocupações do recepcionista Marco Paez.

"Era necessário combater a guerra, mas muitas coisas importantes foram ficando de lado por causa da nossa 'guerrilhafobia'. Há muito desemprego, a saúde está precária, já é hora de cuidar disso também", disse à BBC .

Segundo pesquisa realizada em maio pela empresa Invamer Gallup e publicada pela revista colombiana Semana, 76% dos colombianos entrevistados desaprovam as políticas do governo para combater o desemprego, e 62% não estão contentes com a qualidade da saúde pública.

A pesquisa revela também que 52% dos colombianos desaprovam a maneira com a qual o governo combate a corrupção, enquanto 65% dos entrevistados acreditam que este problema está aumentando.

Para o analista político e ex-ministro de Justiça Rafael Nieto, os colombianos hoje podem se preocupar com outros problemas justamente porque a política de segurança de Álvaro Uribe "deu resultados".

"As pessoas entendem que o conflito não está resolvido, que as Farc continuam vivas e com capacidade de ação, mas já não são um ator político relevante", afirmou Nieto à BBCBrasil. " As guerrilhas já não têm capacidade de invadir os grandes centros urbanos. Isso é o que realmente altera a percepção das pessoas em relação à segurança", acrescentou.

Atentados
De acordo com o MOE, as Farc e o Exército de LIbertação Nacional (ELN) - segunda maior guerrilha do país - incrementaram suas ações em 112% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

As autoridades colombianas anunciaram a mobilização de ao menos 151 mil homens da Polícia Nacional para vigiar os mais de 10 mil centros de votação no país. De acordo com o diretor da polícia, general Oscar Naranjo, os policiais darão prioridade à segurança nos departamentos (Estados) de Cauca, Nariño, Arauca, Tolima, Caquetá e Putumayo, considerados sob maior risco de sofrer atentados.

Na última segunda-feira, nove fuzileiros navais colombianos morreram durante enfrentamento com as Farc, em Caquetá, no sul do país. Dias depois, uma bomba explodiu próximo ao comitê eleitoral do candidato oficialista Juan Manuel Santos, no interior do país, deixando ao menos nove pessoas feridas.

Para Ariel Ávila, com a atual polarização na disputa eleitoral entre o candidato conservador Juan Manuel Santos, considerado o herdeiro de Uribe, e o candidato do partido Verde, Antanas Mockus, "difícilmente" atos de desestabilização menores poderão influenciar o voto do eleitor neste domingo.

"A não ser que ocorra um fato extraordinário em relação à segurança. Neste caso, Santos sairia favorecido porque (é o candidato que) continuará justificando a política de segurança democrática e a linha dura, acompanhada de certa arbitrariedade, que caracterizou o governo Uribe", afirmou.

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