Em depoimento, Erenice contraria versão da Casa Civil e admite encontro com consultor
A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra admitiu nesta segunda-feira à Polícia Federal que se encontrou com o consultor Rubnei Quícoli, que foi procurado pelo filho dela para viabilizar um empréstimo bilionário com o BNDES.
O depoimento contraria a própria versão de Erenice quando era ministra da Casa Civil e que o governo sustenta até hoje. À época, ela informou à Folha, por meio da assessoria, que houve um encontro de Quícoli apenas com um assessor dela.
Para a PF, a ex-ministra admitiu que participou da reunião na Casa Civil --o que corrobora a versão de Rubnei Quícoli sobre o caso.
"Houve um encontro oficial, marcado pela assessoria dela. Foi uma reunião de uma hora e quinze minutos, na qual ela participou por 30 minutos. Foi uma conversa rigorosamente técnica", disse o advogado de Erenice, Mário de Oliveira Filho.
O depoimento durou cerca de quatro horas e Erenice respondeu a mais de cem perguntas.
Segundo a defesa, ela respondeu a todas as perguntas na condição de testemunha. Os advogados de Erenice afirmam ainda que a ex-ministra nunca atuou para beneficiar qualquer parente no governo.
De acordo com a defesa, os amigos de Israel Guerra que trabalhavam no governo foram contratados por questões técnicas.
Ela foi intimada pela polícia para explicar a atuação do filho Israel como lobista dentro do governo e a suspeita de tráfico de influência. A seis dias da eleição, Erenice tentou duas vezes adiar o depoimento.
Braço direito da presidenciável petista Dilma Rousseff, Erenice era secretária-executiva da candidata quando recebeu no Planalto empresários que negociavam contrato com a empresa de lobby dos filhos dela e de assessores da Casa Civil. Após a Folha publicar a informação, ela pediu demissão.
O caso Erenice foi um dos motivos que levou a eleição para o segundo turno, segundo pesquisa Datafolha.
RECEITAGATE
Ribeiro Jr. admite ter pedido dados dessas pessoas, mas nega ter solicitado acesso a documentos sigilosos.
Todos os alvos do jornalista tiveram seus dados violados em duas agências da Receita Federal em São Paulo.
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia declarou à polícia que o jornalista o contratou para obter informações fiscais sigilosas de familiares e aliados de Serra. Essas informações foram parar num dossiê que circulou na pré-campanha petista.
Garcia afirma ter recebido de Ribeiro Jr. R$ 12 mil em dinheiro em outubro de 2009. No mês passado, alega ter recebido mais R$ 5.000.
No último depoimento que concedeu à PF, o jornalista não esclareceu se recebeu ou não orientação para investigar tucanos.
Ele apenas afirmou que iniciou a apuração porque soube que uma equipe liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra o ex-governador Aécio Neves.
Nessa época, Aécio e Serra disputavam a indicação do partido para concorrer à Presidência da República.
No último depoimento, Ribeiro Jr. atribuiu a uma ala do PT o vazamento do dados que coletou. Segundo ele, um setor do partido disputava o controle de contratos da área de comunicação.
O PT nega que a ordem para encomendar a quebra de sigilo tenha sido dada pela campanha, assim como refuta ter operado qualquer dossiê para atacar o adversário.
Embora o jornalista tenha negado que trabalhou para a campanha petista, ele participou de ao menos uma reunião da "equipe de inteligência" em 20 de abril deste ano, num restaurante de Brasília.
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