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sábado, 8 de agosto de 2015

A crise atual é consequência do modo petista de fazer política


Má gestão, erros políticos e arrogância existem no PT desde os tempos de Lula e José dirceu



ÉPOCA
Existem cidades assentadas sobre falhas geológicas, o que aumenta a probabilidade de terremoto – casos de Tóquio, Los Angeles e Istambul. Seus habitantes têm de se acostumar a pequenos sismos cotidianos e preparar-se para a ocorrência de grandes tremores. Em sua relação com o mundo político, os brasileiros vivem como os habitantes dessas cidades. Ocorrem terremotos todas as semanas – e, depois deles, terrenos que pareciam firmes se tornam movediços.

Dois desses terremotos ocorreram neste início de agosto. O primeiro foi a prisão de José Dirceu, na segunda-feira, dia 3. O segundo foi a rebelião da base aliada do governo, na quarta-feira, dia 5, que se somou à divulgação de uma pesquisa em que a presidente Dilma Rousseff aparece com seus piores índices de popularidade.


A prisão de José Dirceu representou um grande baque para o Partido dos Trabalhadores. Primeiro, porque dirige os holofotes da Lava Jato para o primeiro mandato do ex-presidente Lula, onde foram montados os esquemas do mensalão e do petrolão. Revelações incômodas sobre a gênese da corrupção podem ferir gravemente uma candidatura de Lula à Presidência no futuro.

Segundo porque, em meio às provas abundantes contra Dirceu, há sinais de enriquecimento pessoal. Isso torna difícil defender Dirceu junto à militância. Quando foi preso no mensalão, Dirceu deixou-se fotografar erguendo o punho cerrado – no gesto que os Panteras Negras, militantes do movimento negro nos anos 1960, tornaram célebre.

Naquela ocasião, nas redes sociais, militantes petistas apresentaram Dirceu como vítima de um “julgamento político”. Desta vez, o partido abandonou Dirceu.

Revista ÉPOCA - capa da edição 896 - Como tudo começou (Foto: Revista ÉPOCA/Divulgação)


A semana atribulada de Dilma começou na quarta-feira, quando a Câmara, em sua estratégia irresponsável de explodir o Orçamento, aprovou um dos itens da “pauta-bomba”: a vinculação dos salários da Advocacia-Geral da União, delegados civis e federais a 90,25% da remuneração dos ministros do Supremo. Isso significa um gasto adicional de R$ 2,4 bilhões por ano, numa época em que qualquer gasto adicional pode representar uma piora sensível da situação econômica e dos cidadãos.

É aquela situação em que os eleitos pelo povo, por puro oportunismo, prejudicam os próprios eleitores. Na mesma quarta-feira, dois partidos da base aliada, o PDT e o PTB, romperam com o governo – que ficou, assim, ainda mais frágil. A semana de más notícias se completou com a divulgação, na quinta-feira, de uma pesquisa em que Dilma atingiu seu pior resultado: 71% dos brasileiros consideram seu governo “ruim” ou “péssimo”, em comparação a 65% da pesquisa anterior. É o pior resultado da série histórica de Dilma.


Existem muitas conexões entre os dois fatos, a prisão de Dirceu e a crise do governo Dilma. A mais importante – e talvez menos aparente – é que uma coisa é consequência da outra. Muitas das agruras do governo Dilma foram plantadas durante o governo Lula, especialmente na época em que José Dirceu era o todo-poderoso ministro da Casa Civil. Se o governo sofre hoje com as investigações da Lava Jato, isso se deve a uma decisão tomada no início da era Lula.

Em entrevista recente, o deputado Miro Teixeira disse que participou de uma reunião na qual estiveram quatro integrantes do governo. O tema da reunião era como formar uma base de apoio político. Alguns, como o ex-­ministro da Fazenda Antonio Palocci, defendiam que deveria ser via convencimento, negociando propostas com outros partidos – na mesma linha do que ocorrera com o PFL, fiel aliado do governo Fernando Henrique.

A proposta vencedora, no entanto, foi a via “orçamentária”: a base de apoio seria negociada caso a caso, com uso de dinheiro como argumento, de acordo com as “demandas” de cada partido ou parlamentar. O cinismo em relação à democracia levou aos esquemas de compra de apoio, mensalão e petrolão.

Se Dilma enfrenta problemas na economia, isso se deve a uma mentalidade estatizante que começou ainda no governo Lula. Que, num primeiro momento, ficou sob controle. Lula, pragmaticamente, adotou o arcabouço econômico do governo anterior, cujos fiadores eram o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

A partir da crise de 2008, no entanto, criou-se a “Nova Matriz Econômica”, política aprofundada no governo Dilma. A reboque da Nova Matriz, implantada na gestão de Guido Mantega, o mais longevo ministro da Fazenda da era democrática, o governo perdeu o controle dos gastos, tentou maquiar o deficit com as “pedaladas” e jogou o país na crise que vivemos.


Por fim, se Dilma enfrenta animosidade no Legislativo, e tem dificuldades para firmar um pacto nacional, isso se deve, em grande parte, à arrogância que se instaurou no governo desde os tempos de Lula e Dirceu. Como relembra o economista Ricardo Paes de Barros, Lula teve humildade, no início do mandato, para implantar várias políticas do governo anterior – além do já citado arcabouço econômico, Lula “importou” da era tucana o programa de combate à pobreza criado pela equipe de Paes de Barros no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Lula implantou o Bolsa Família com competência e convicção.

Os bons resultados desta e de outras políticas acertadas, aliados a uma conjuntura internacional favorável, levaram os petistas a achar que a política brasileira se dividia entre “antes” e “depois” deles – ideia expressa num dos bordões mais arrogantes de nossa história política, o “nunca antes neste país”. O crescimento brasileiro no período democrático, e a melhoria das condições de vida da população, se deve a uma sequência de fatos que começa na Constituição de 1988 e deve muito à estabilização econômica obtida no governo Fernando Henrique.

Dizer que tudo começou com o governo do PT equivale a alguém comprar uma casa térrea, transformá-la num sobrado e maldizer quem construiu os alicerces (Constituição) e a parte de baixo (governos anteriores) – como se fosse possível erguer um segundo andar sem a existência do primeiro.


Corrupção na base política, má gestão econômica e a arrogância que divide o país. Três erros do modo petista de governar que, hoje, têm influência decisiva na crise. Neste momento em que urge criar um pacto nacional, é hora de reconhecer tais erros – e aprender com eles.

Investigação sobre  Dirceu  (Foto: época )

O círculo  (Foto: época )

07/08/2015


A delação premiada veio para ficar


Com a adoção dessa ferramenta, a lei brasileira segue uma tendência mundial no combate ao crime, mas já há quem queira restringir a conquista

Por Mariana Barros
 VEJA.COM
SENTENÇA MAIOR - Léo Pinheiro, ex-OAS, ao ser preso, em 2014: ele calcula que aguentaria até dois anos em regime fechado. Acaba de ser condenado a mais que isso

SENTENÇA MAIOR - Léo Pinheiro, ex-OAS, ao ser preso, em 2014: ele calcula que aguentaria até dois anos em regime fechado. Acaba de ser condenado a mais que isso
(Vagner Rosário/VEJA)
Arte quebrando o silêncio
                            (VEJA.com/VEJA)
​No começo, era apenas um despiste. "Espalhamos que já tinha gente na fila para colaborar, mas a gente ainda não tinha nada." A confissão, divulgada meses atrás, é do procurador Carlos Fernando Lima, considerado o cérebro da força-tarefa de Curitiba, quando lembrava como ele e os colegas conseguiram atrair os primeiros suspeitos da Lava-Jato para inaugurar os hoje tão famosos, tão temidos e tão aguardados acordos de delação premiada.

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, abriu a fila. Seu acordo foi homologado pelo juiz Sergio Moro em 27 de agosto de 2014, uma quarta-feira. Daí em diante, um carrossel virtuoso começou a girar com uma delação puxando a outra, e alguns acusados apressando-se para assinar a delação antes que não houvesse mais novidades a revelar. Na semana passada, a Lava-Jato tinha 25 acordos homologados. Mas, como se tornou habitual nesse escândalo, as expectativas sempre se voltam para o próximo acordo.

Na mira dos procuradores está o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, preso há nove meses. Desde o primeiro contato com o Ministério Público, seus advogados estão negociando os termos de uma delação cujo potencial explosivo é medido em escala atômica. A princípio, o empreiteiro resistia à delação na esperança de pegar até dois anos de prisão em regime fechado, limite que dizia suportar.

Na semana passada, o juiz Sergio Moro condenou Pinheiro a dezesseis anos de prisão, dos quais pelo menos dois e meio terão de ser cumpridos em regime fechado. A condenação, um pouco maior do que o esperado, pode quebrar suas últimas resistências a abrir o bico. Outros dois, ambos ex-diretores da Petrobras, ainda não assinaram acordo, mas já estão em estágio avançado conversas para informar os procuradores sobre o que podem oferecer em troca de redução de pena. São eles: Renato Duque, homem do PT na direção da Petrobras, e Nestor Cerveró, o propineiro de Pasadena.

O volume de acordos de delação premiada na Lava-Jato é algo jamais visto em qualquer investigação criminal no país. Resulta da confluência de um acontecimento de 1990 com outro de 2004. Em 1990, o instituto da delação premiada apareceu pela primeira vez na legislação brasileira, na nova lei dos crimes hediondos. Foi ampliado nove anos depois para todos os demais crimes, deixando de se restringir aos hediondos.

Em 2004, quando trabalhava no caso Banestado, escândalo de remessa ilegal de dinheiro para o exterior, um jovem juiz homologou uma das primeiras delações feitas nos moldes atuais. Era Sergio Moro. O delator era o mesmo Alberto Youssef de agora, o doleiro que se tornou talvez o único brasileiro a ter feito não uma, mas duas delações premiadas. Juntando a lei de 1990, o juiz de 2004 e a megarroubalheira na Petrobras, produziram-se as condições para o recorde: 25 acordos de colaboração, e a conta ainda não terminou.

A delação premiada surgiu como um antídoto contra a globalização do crime. Com organizações criminosas transnacionais cada vez mais sofisticadas, os legisladores, sobretudo na Itália e nos Estados Unidos, passaram a pensar em instrumentos capazes de chegar aos chefes desses mamutes do crime: as máfias, os cartéis da droga, os grupos terroristas, as quadrilhas de corruptos.

A colaboração de um acusado em troca da redução da pena surgiu como o único meio de quebrar o código de silêncio dos criminosos e pôr as mãos no alto-comando. Nos últimos trinta anos, os Estados Unidos acumularam vasta experiência nesse campo. Desde a Operação Mãos Limpas, na década de 90, uma gigantesca ação contra políticos corruptos, a Itália também avançou.

O relativo sucesso da delação premiada no combate ao crime organizado levou a ONU a lançar uma convenção anticorrupção cujo texto sugere explicitamente que os países-membros adotem algum tipo de recompensa aos criminosos que denunciam comparsas.

Assim, a delação premiada começou a proliferar pelo mundo.

O Brasil assinou a convenção no ano do seu lançamento, em 2003, e promulgou-a três anos depois. A novidade, no entanto, está longe de ser consensual. Os advogados, em geral, e os criminalistas, em particular, consideram a delação premiada um instrumento antiético e imoral porque a negociação da pena corrompe o processo penal, cuja essência é comprovar, ou não, a culpa do réu, e não colocá-la numa barganha. Também lhes desagrada o fato de a delação premiada levar o acusado a renunciar a um direito fundamental - o direito a um processo justo -, pois a sentença é previamente acertada.

As reservas são mais fortes em países como o Brasil, cujo ordenamento jurídico vem da tradição romana, em contraposição ao de tradição inglesa. Em 2003, quando o governo da França propôs uma reforma jurídica que copiava parte do sistema dos Estados Unidos, houve uma gritaria geral.

Mesmo na pátria mundial da cidadania, os franceses acabaram se rendendo à dureza da realidade do crime. A Assembleia Nacional aprovou as mudanças, inclusive a delação premiada. Hoje, um francês pode ficar até quatro dias preso sem acusação formal, algo impensável até uma década atrás.


 07/08/2015




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Petistas inteligentes sabem que o sonho acabou, ‘game over’, zé fini, pelo baixo nível e alta voracidade dos seus quadros

  


Aos amigos petistas

Por Nelson Motta


Nunca perdi um amigo por causa de política. Tenho vários amigos petistas que merecem meu afeto e respeito, alguns até minha admiração, e convivemos bem porque quase nunca falamos de política, talvez por termos assuntos mais interessantes a conversar. Mas agora o assunto é inevitável. E eles estão mais decepcionados do que eu.

Também tenho amigos tucanos, comunistas, conservadores, não meço a qualidade das pessoas pelo seu time, religião ou suas crenças políticas, em que sonhos, idealismo e equívocos se misturam com ambição, desonestidade e incompetência para provocar monstruosas perdas de vidas, dignidade e dinheiro ao coitado do povo que todos eles dizem amar.

O PT está caindo aos pedaços, depois de 13 anos no poder, com grandes conquistas e imensos desastres, mas a perspectiva de ser governado pelo PMDB ou pelo PSDB não é animadora. Claro que há gente decente e competente nos dois partidos, mas a maioria de seus quadros e dirigentes não é melhor do que os piores petistas, e vice-versa.

Chegamos finalmente ao “nós contra eles” que Lula tanto queria ... quando era maioria ... e agora se volta contra ele, perseguido como os judeus pelos nazistas e os cristãos pelos romanos ... rsrs.

Se não fosse tão arrogante e autoritária, Dilma mereceria pena, porque não é desonesta, mas é mentirosa e sua incompetência nos dá mais prejuízos do que a corrupção. Suas falas tortuosas são a expressão da sua confusão mental.

E se Lula não fosse tão vaidoso e ambicioso, tão irresponsável e inescrupuloso, não teria jogado a sua história na lama por achar que está acima do bem e do mal e que nunca descobririam que ele sempre soube de tudo.

Petistas inteligentes e informados sabem que o sonho acabou, game over, zé fini, não por uma conspiração da CIA, dos coxinhas ou da imprensa golpista, mas pelos seus próprios erros, pelo baixo nível e alta voracidade dos seus quadros, pela ganância e incompetência que nos levaram ao lodaçal onde chafurdamos.

É triste, amigos petistas, o sonho virou pesadelo, mas não foi a direita que venceu, foi o partido que se perdeu. O medo está dando de 7 a 1 na esperança.


07/08/2015 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Brasil faz panelaço contra o partido dos escândalos e a presidente mais impopular da história


Partido dos Trabalhadores apresentou um programa de TV que só conversa com os 8% de brasileiros que aprovam Dilma Rousseff.

Os 71% que rejeitam a presidente protestaram
Veja.com

Moradores de edifício na avenida Nove de Julho, região central da capital paulista, fazem barulho batendo panelas e utilizando cornetas durante pronunciamento em rede nacional de televisão do PT - 06/08/2015
(Nelson Antoine/Frame/Folhapress)

No dia que começou com a notícia de que a presidente Dilma Rousseff é a mais impopular da história, segundo pesquisa Datafolha, em que o dólar rompeu a barreira de 3,50 reais e os partidos aliados do governo começaram a desembarcar da base, o programa do Partido dos Trabalhadores na televisão foi recebido por um sonoro panelaço nas ruas do Brasil. Também houve buzinaços de quem estava preso no trânsito das grandes cidades.

O protesto registrado em todas as regiões - com centenas de imagens publicadas nas redes sociais - intensificou-se quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surgiu afirmando que "nosso pior momento ainda é melhor do que o melhor momento deles". Na sequência, houve o ápice do panelaço: Dilma apareceu repetindo o discurso de que "estamos em uma travessia" e terminou sua fala dizendo que "sabe suportar pressões".

A peça partidária foi pontuada por ameaças veladas, pelos típicos discursos do "nós contra eles" e não fez nenhuma autocrítica pelo momento de crise política e econômica que o país vive.

Também exibiu imagens de políticos da oposição - os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e José Agripino Maia (DEM-RN), e os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Paulo Pereira da Silva (SD-SP) - enquanto o narrador afirmava: "Não se deixe enganar pelos que só pensam em si mesmos".



06/08/2015

É hoje!!







Programa do PT ameaça os brasileiros três vezes, reedita campanha eleitoral e hostiliza manifestantes do dia 16. É o esquenta da megamanifestação


Panelaço nos corruptos!


O programa do PT, que vai ao ar à noite — panelas à mão! — é um lixo político, moral e estético. Que seja José de Abreu a apresenta-lo até faz sentido. Ocorre que ele estava muito convincente como Nino, o rei do lixão em “Avenida Brasil”, e se mostra um canastrão constrangedor nessa peça que se desenvolve entre o delírio e a ameaça de caráter terrorista.

Sim, o programa do PT decidiu ameaçar os brasileiros, muito especialmente os 66% que querem o impeachment de Dilma, segundo o Datafolha, e os 71% que avaliam que seu governo é ruim ou péssimo.



Por Reinaldo Azevedo
João Santana é talentoso, mas escorregou feio. Admita-se: não dá para fazer milagre. O produto que ele tem de vender é ruim, está bichado, ninguém quer comprar. Começo pelo mais grave.

O programa tem uma tese central: a crise política é pior do que a crise econômica, e fica evidente que ela virá, segundo os companheiros, caso se insista no afastamento de Dilma. E aí o partido radicaliza: ameaça o país com um “final trágico”. É mesmo? Convenham: petistas na cadeia em razão da indústria de assalto ao estado que eles promoveram é um final ruim para os bandidos, mas feliz para o país.

Em três momentos, os petistas ameaçam explicitamente a população:
– entre 20s e 23s – José de Abreu mira o abismo e fala “no final trágico para todos”;
– entre 5min21s e 5min45s – um rapaz pergunta: “será que tumultuar a política traz solução para a economia?” Nesse trecho, o PT chega a falar em golpe militar (ainda que esteja fazendo uma comparação com 1964);
-entre 6min12s e 6min20s – o partido volta a afirmar que é preciso evitar que a crise política ameace a democracia, “pois, sem democracia, tudo iria ao chão”.

Pergunta-se: quem ameaça a democracia no Brasil?
Respondo: os ladrões!
Pergunta-se: quem ameaça a democracia no Brasil?
Respondo: os que pretendem chamar o cumprimento da lei de “golpe”.
Pergunta-se: quem ameaça a democracia no Brasil?
Respondo: quem entende o Brasil como a luta permanente “nós” e “eles”.

Eu sintetizo: hoje, a única força que molesta a democracia, porque não chega a ameaçá-la — e não chega porque não deixamos —, é o PT.

É estupefaciente que o partido que faz um programa que deveria, então, apelar à concórdia e à união nacional recorra, duas vezes, ente 1min02s e 1min06s e 5min46s e 5min51s, a imagens de líderes da oposição, com o carimbo: “Não se deixe enganar pelos que só pensam em si mesmos”. São contemplados, entre as personagens demonizadas, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Agripino Maia (DEM-RN), o deputado Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB, e Paulinho da Força (SD-SP). Atenção! Três deles são presidentes de partidos de oposição: Aécio, Agripino e Paulinho.

Nesta quarta, num apelo candente, tanto Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil, como Michel Temer, vice-presidente da República e coordenador político do governo, falaram que alguém precisa “unir e reunir” os brasileiros. Como? Ora, acusando os líderes oposicionistas de egoístas e enganadores.

O PT é uma piada grotesca.

Aos 6min23s, eis que aparece Lula: “Nosso pior momento ainda é melhor que o melhor momento dos governos passados; nosso maior ajuste ainda é menor do que o ajuste que ELES fizeram”.

Seria muito fácil demonstrar a mentira de tal afirmação, mas me dispenso disso. Pergunto apenas se essa é a retórica de quem investe na paz ou na guerra. Lula, que nasceu destituído do senso de ridículo, não tem autocrítica. Julgando-se ainda uma referência acima de qualquer questionamento, diz: “Eu mesmo fiz um ajuste na economia e depois o Brasil ficou muito melhor”. De fato, ele se considera a única referência positiva que pode ter um governante na face da Terra. O PT ainda não percebeu que esse tempo passou.

Aos 7min55s, aparece Dilma, de branco. Afirma: “Sei suportar pressões e até injustiças”. Ela disse rigorosamente isso na entrevista concedida a Jô Soares. Era João Santana lá, é João Santana cá. Não temos uma presidente, mas uma personagem protagonizando um roteiro ruim.

O resto, meus caros, é campanha eleitoral, com a ligeira diferença, desta feita, de que Dilma foi eleita há menos de 10 meses. No oitavo mês do segundo governo, os brasileiros já conhecem todas as mentiras contadas pela candidata Dilma — e isso explica, em boa parte, os 71% de rejeição e os 66% que querem o impeachment, segundo o Datafolha.

Quem achou que era uma boa ideia ridicularizar os panelaços, submetendo-os a uma ironia ufanista e autorreferente? O programa certamente via ajudar a pôr alguns milhares nas ruas no dia 16.

Finalmente, e não me estenderei a respeito, José de Abreu, um ator mediano, tem um desempenho patético. Fala escandindo as sílabas, mal escondendo a leitura de um texto no teleprompter. Havia, para ficar com referências da arte dramática, algo de distanciamento brechtiano no seu desempenho: ele não nos deixava esquecer, em nenhum momento, que aquilo era uma farsa, uma representação, um discurso sobre a realidade, remetendo-nos, o tempo todo, para a vida real, que hoje rejeita o PT.

Lula e seu partido, na década de 80, eram Stanislavski. Os atores realmente pareciam possuídos pelo papel que encarnavam, diziam coisas críveis, que soavam naturais. Conduziam muitos à emoção. Agora não! É evidente que nem eles acreditam naquela porcaria.

Para encerrar: a ruindade é tamanha que se estampa em letras garrafais, na tela, uma frase que flerta com o incompreensível. Deve ter sido redigida pessoalmente por Dilma. Está lá: “Não é melhor a gente não acertar em cheio tentando fazer o bem do que errar feio fazendo o mal?”.

Do ponto de vista da comunicação, é uma aberração porque:
– a interrogação é longa demais;
– os “nãos” estão muito próximos e tornam a mensagem obscura;
– há uma óbvia desconexão de sentido entre “errar feio” e “fazendo o mal” como relação de causa e consequência: afinal, quem faz o mal não acha que erra; faz uma opção;
– torna as pessoas reféns da melancolia. Não há boa saída: ou se erra tentando fazer o bem ou se erra tentando fazer o mal.

A boa notícia é que o programa é mais uma evidência de que o PT morreu. E ninguém aparece para acender uma vela e encomendar o corpo. Ele fica aí, recendendo a cadaverina, em praça pública.


06/08/2015

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Chegada do ex-ministro José Dirceu, na sede da Polícia Federal em Curitiba, PR, nesta terça-feira (04)Dirceu divide cela com contrabandistas em Curitiba


Também estão na ala da Polícia Federal com o petista os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada e o doleiro Alberto Youssef


Por: Laryssa Borges, de Brasília
Veja.com

Chegada do ex-ministro José Dirceu, na sede da Polícia Federal em Curitiba, PR, nesta terça-feira (04)
Chegada do ex-ministro José Dirceu, na sede da Polícia Federal em Curitiba, PR, nesta terça-feira (04)
(Félix R. /Futura Press/Folhapress)

O ex-ministro José Dirceu passou hoje a dividir uma cela na carceragem da Polícia Federal em Curitiba com dois contrabandistas. Preso na 17ª fase da Operação Lava Jato, Dirceu chegou por volta das 17 horas à capital paranaense e foi recebido por um grupo de manifestantes, em frente à Polícia Federal, com palavras hostis e provocação (Assista ao vídeo abaixo). Ao contrário dos demais detidos na Lava Jato, incluindo o empreiteiro Marcelo Odebrecht, Dirceu teve de abandonar a tradicional van da PF e entrar em outra viatura para evitar o protesto. Para o delegado Igor Romário de Paula, que atua na Lava Jato, havia uma concreta "preocupação de agressão" contra o petista.

Na tarde de hoje, o ex-chefe da Casa Civil foi levado para a área de custódia da Polícia e alojado na mesma ala em que também estão os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada e o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do petrolão. Nenhum deles, porém, compartilha a cela com outros suspeitos da Lava Jato para evitar a combinação de versões e atrapalhar o curso das investigações.

Por ora, a principal preocupação dos investigadores é analisar a farta documentação apreendida na casa do irmão de Dirceu, Luiz Eduardo, em Ribeirão Preto (SP). Entre o material apreendido há manuscritos de reuniões e documentos produzidos pelo próprio ex-ministro. A urgência na avaliação dos dados é importante porque Luiz Eduardo está em prisão temporária de cinco dias, e os policiais precisam decidir até sexta-feira, com base nas apreensões, se solicitam ou não a conversão da prisão em preventiva, quando não há prazo definido para a duração da detenção. Os documentos são cruciais também para embasar a provável denúncia a ser apresentada contra o petista nas próximas semanas.

Nesta quinta-feira, a defesa terá a primeira oportunidade de se encontrar com o ex-ministro na Polícia Federal. Para os policiais, apesar das negativas dos advogados, não há dúvidas de que José Dirceu atuou ativamente no escândalo do petrolão em benefício próprio, recolhendo propina para si e para a família.




04/08/2015

Cunha e aliados discutem manobra para votar impeachment de Dilma




O presidente da Camara, Eduardo Cunha, durante sessao deliberativa, no plenario da Casa

Estadão


Em reunião com aliados de PSDB, DEM e Solidariedade na noite de segunda-feira, 3, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), discutiu uma manobra para pautar pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff sem se comprometer diretamente.


Duas fontes que participaram da reunião disseram ao Estado que ficou acordada a possibilidade de que, após o Tribunal de Contas da União (TCU) encaminhar seu parecer a respeito das contas de governo de Dilma, Cunha rejeitaria o pedido de abertura de processo de impeachment, mas a oposição apresentaria um recurso, que seria votado e aprovado, garantindo a votação do impedimento da petista.


O TCU deve decidir se o governo fez as chamadas "pedaladas fiscais", irregularidade ao atrasar propositalmente o repasse de dinheiro a bancos e autarquias em 2014 e, com isso, teria omitido ao mercado financeiro e aos especialistas a real situação do saldo de suas contas. A análise das contas do governo Dilma estão sob análise da Corte.


Após o julgamento, o relatório será encaminhado ao Congresso, que toma a decisão final. Caso as contas do primeiro mandato sejam rejeitadas poderiam embasar eventual abertura de impeachment contra a presidente por crime de responsabilidade fiscal.


Eduardo Cunha ainda não se manifestou sobre a reunião de ontem. Ele realizaria um almoço na tarde desta terça-feira, 4, com líderes partidários, mas cancelou o compromisso, uma vez que já realizou a conversa que pretendia.Partidos da base como PSD, PR e PP também participaram do encontro, mas negaram ter discutido o assunto.

Vaccari usou dinheiro do Petrolão para comprar o vigarista fantasiado de blogueiro

Por Augusto Nunes


A volta de José Dirceu à prisão ofuscou o regresso ao noticiário político-policial de Leonardo Attuch, um comerciante disfarçado de jornalista que prospera com o site Brasil 274 (podem chamar de 171 que ele atende). O título da reportagem do site de VEJA sobre a reincidência do meliante sem cura faz o resumo da ópera: MORO: BRASIL 247 RECEBEU DINHEIRO DO PETROLÃO A PEDIDO DO PT. O texto informa que o intermediário da negociata foi o companheiro João Vaccari Neto.

Os leitores da coluna não têm o direito de surpreender-se. Em outubro passado, um post aqui publicado revelou as ligações mais que promíscuas entre Attuch e o doleiro Alberto Youssef. O blogueiro que caiu na vida murmurou que revidaria a denúncia com uma ação judicial que, passados 10 meses, ainda não deu as caras. Nem dará: réus vocacionais querem distância de tribunais.

O blogueiro extorsionário especializou na produção de textos abjetos sobre jornalistas independentes, aos quais se seguem “comentários” que difamam, caluniam e injuriam quem ousa criticar o governo lulopetista. “A prudência recomenda a Attuch suspender o serviço sujo e procurar a ajuda de um advogado excepcionalmente imaginoso”, sugeri em outubro. “Vai precisar de um álibi e tanto para escapar do enquadramento no Código Penal”.

A última frase exige reparos. Pelo que se soube hoje, pelo que ainda falta saber, Attuch vai precisar de um balaio de álibis e de uma junta de advogados especialistas na absolvição de culpados. Mesmo assim, é improvável que se livre de dividir com o comparsa Vaccari uma cela na cadeia em Curitiba.

03/08/2015


O que espera Lula






(Arte: Antonio Lucena)



Por Ricardo Noblat

Somente Deus, para os que acreditam nele (eu acredito), e o juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, saberão dizer com segurança se está próxima ou distante a prisão de Lula por suspeita de envolvimento na roubalheira na Petrobras. E também na Nuclebras. E também na Eletrobrás. E sei lá mais onde.

O que parece cada vez mais provável é que um dia acordaremos ou iremos dormir com a notícia de que Lula foi chamado a depor. Por deferência ao cargo que ocupou duas vezes, talvez lhe seja concedido o direito de escolher dia e hora para ser ouvido. Desde que não demore. O juiz tem pressa.

A faxineira da minha casa comentou, sem nenhum assombro, tão logo ficou sabendo, ontem, da nova prisão do ex-ministro José Dirceu:

- Já, já vão chegar no Lula.

E continuou a faxina. Ela votou em Lula duas vezes, e em Dilma uma. Votou em Marina no primeiro turno da eleição passada. E em Aécio Neves no segundo turno. É maranhense, casada, mãe de três filhos e mora em uma cidade-satélite de Brasília. Garante que nunca mais votará no PT. Não perdoa as mentiras de Dilma.

Antes de se eleger presidente, Lula chamou Sarney de ladrão. Uma vez eleito, saiu em defesa dele classificando-o de “homem incomum”. Como tal, não mereceria ser acusado de nada. Se um dia, e por merecimento, Lula pode ser chamado igualmente de “homem incomum”, hoje não pode mais. E não é.

Um jornalista perguntou a um dos procuradores da Lava Jato se Lula estava sendo investigado. E se poderia ser preso. O procurador driblou com jeito as duas perguntas. Mas fez questão de dizer que qualquer cidadão pode ser investigado, seja pela Justiça comum ou pela Justiça superior. E que a comum pode investigar Lula, sim.

No churrasco servido, ontem à noite, por Dilma no Palácio da Alvorada a líderes dos partidos que supostamente a apoiam, a conversa era uma só: a prisão de Dirceu. E o que ela significa – que o objetivo da Lava Jato é alcançar Lula. Não acho correto que se diga que o objetivo da operação é esse.

Dá-se, assim, a impressão de que a operação foi armada ou está sendo conduzida com a intenção de pegar Lula. Os fatos apurados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público é que ditam os rumos da investigação. Se eles apontam na direção de Lula como o poderoso chefão, fazer o quê?

Justiça, oposição e os chamados movimentos sociais decidiram na época do mensalão que o processo de investigação não deveria ir além de José Dirceu. Como se Dirceu pudesse ter montado um esquema de compra de partidos e de políticos à revelia de Lula ou até contra sua vontade.

Governador de Minas Gerais, Aécio foi o cacique da oposição que mais se empenhou para livrar Lula de qualquer maior incômodo. Agora, ele repete que nem comemora prisões nem as lamenta. A declaração não deverá se aplicar somente à prisão de Dirceu. Aécio, mas não só ele, não verterá uma lágrima se Lula for preso.

Os demais caciques da oposição ou querem ver o fim de Lula ou não mais se recusam a ver. A Justiça se comporta com mais coragem. E os movimentos sociais... Bem, os movimentos sociais estão rompidos com Dilma. E decepcionado com Lula. De resto, estão intimidados pelo ronco das ruas. Por falar em ruas...

E assim caminha a humanidade. O que antes causaria espanto, agora se torna digerível. É mais uma evidência da robustez das principais instituições do país. Vida que segue.


04/08/2015

Governo teme acirramento da crise após prisão de Dirceu





Estadão

O governo avalia que a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acirra mais os ânimos contra o PT e a presidente Dilma Rousseff e aumenta o clima de beligerância no País num momento crucial, em que ela precisa de apoio para enfrentar a pressão dos que querem o impeachment. Auxiliares de Dilma temem que a investigação atinja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem provas concretas.


O assunto foi tratado em conversas reservadas entre ministros, ontem, antes da reunião de coordenação política. A ordem no Planalto é proteger Dilma do novo escândalo, que tem potencial para dar munição aos protestos marcados para o dia 16, em todo o País, contra o governo e a corrupção.


A prisão de Dirceu na 17.ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, também provocou preocupação na cúpula do PT. Dirigentes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, de Lula e Dirceu, discutiram os desdobramentos da crise ontem, em Brasília, e hoje haverá reunião da Executiva Nacional. Petistas receberam informações de que integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público estariam dizendo aos presos: “Se você entregar o Lula, sairá rapidinho.”


Um ano depois de participar ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu assume o cargo de secretário de Formação Política da legenda, posto que ocupa até 1983. No partido ainda comanda a Secretaria-Geral do Diretório Regional de São Paulo (1983-1987) e a Secretaria-Geral do Diretório Nacional (1987-1993).


Um ano depois de participar ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu assume o cargo de secretário de Formação Política da legenda, posto que ocupa até 1983. No partido ainda comanda a Secretaria-Geral do Diretório Regional de São Paulo (1983-1987) e a Secretaria-Geral do Diretório Nacional (1987-1993).


Dirceu candidata-se ao governo do Estado de São Paulo - termina em terceiro lugar - depois de ser eleito deputado estadual (1986) e deputado federal (1990). Ele voltaria a ser eleito para a Câmara dos Deputados em 1998 e 2002.


Assume a presidência nacional do PT, cargo para o qual é reeleito por três vezes. Na última delas, em 2001, Dirceu é escolhido diretamente pelos filiados da legenda em um processo inédito de eleições diretas para todos os postos de comando de um partido político.


Um dos responsáveis pelo pragmatismo político que levou à vitória de Lula na campanha à Presidência em 2002, Dirceu deixa o comando do PT e se torna coordenador político da equipe de transição. “Dirceu é dono do espaço que quiser ocupar”, dizia Lula na época.

O “homem forte do governo” licencia-se da Câmara dos Deputados para assumir a função de ministro-chefe da Casa Civil. No cargo, tenta fechar um acordo entre o governo e o PMDB sem sucesso. O Planalto, então, reorienta a formação da maioria no Congresso a partir de acordos com partidos mais fisiológicos


Denúncia de propina derruba Waldomiro Diniz, subchefe de Assuntos Parlamentares, homem de confiança de Dirceu. O assessor foi exonerado após suspeita de ter recebido propina de bicheiros para a campanha do PT, em 2002. Foi o primeiro caso de corrupção envolvendo um integrante da gestão.


Dirceu deixa a Casa Civil após o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o pagamento no governo Lula de “mesada” por parte do PT a parlamentares em troca de apoio. Ele retorna à Câmara, mas no fim do ano tem o mandato cassado. Um ano depois, Dirceu é denunciado pelo Ministério Público, que o aponta como “chefe de quadrilha”.


Um ano depois de ser condenado pelo Supremo pelos crimes de corrupção e formação de quadrilha, cuja pena é de 10 anos e 10 meses de detenção, Dirceu é preso em São Paulo. Ele começa a cumprir parte da pena no regime semiaberto, já que para o crime de quadrilha ainda resta um recurso pendente. Três meses depois, o Supremo o absolve pelo crime de quadrilha, e Dirceu consegue permanecer no semiaberto.


Supremo autoriza progressão de regime e Dirceu é liberado para cumprir em casa o restante da pena imposta por corrupção no mensalão. Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão, Dirceu teve 142 dias da pena original descontados, por ter trabalhado enquanto esteve no regime semiaberto.


Surgem as primeiras denúncias sobre a ligação da consultoria de Dirceu, a JD Assessoria, com as empresas envolvidas na Lava Jato. A suspeita era que a consultoria prestava serviço semelhante ao de Youseff: elas emitiam notas fiscais para as maiores empreiteiras do País por assessorias e outros serviços fictícios.

A justiça apura o recebimento de R$ 29 milhões entre 2006 e 2013 da JD. Desse montante, R$ 8 milhões de empreiteiras acusadas operação por pagarem propinas dos contratos com a Petrobrás. Os documentos foram pedidos para a investigação.


Milton Pascowitch, da Jamp Engenheiros Associados, detalha em delação premiada o envolvimento com JD de Dirceu. Ele falou muito sobre Dirceu, passou muitos detalhes, situações. Em troca, conquistou pouco tempo depois um primeiro benefício, a prisão domiciliar. Dirceu, por sua assessoria, negou taxativamente irregularidades no negócio.


Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, apresentou à Procuradoria-Geral da República um documento que descrevia três pagamentos, no total de R$ 3,2 milhões, à JD Assessoria e Consultoria. O documento também citava Aloizio Mercadante e Edinho Silva (PT).


Durante o interrogatório, o lobista Julio Camargo afirmou que o ex-ministro teria recebido propina de R$ 4 milhões do diretor da Petrobrás Pedro Barusco, fato também negado pela defesa. Pedro Barusco depõe e reforça o envolvimento do ex-ministro da Casa Civíl. 'O nome dele (Dirceu) aparecia nas conversas. Agora, se ele efetivamente recebeu, não era papel meu. Eu cuidava da parte da Casa e já era difícil. Eu não me envolvia com esse negócio do partido'


Acuado pela Lava Jato, José Dirceu pede habeas preventivo. O pedido foi negado duas vezes pelo TRF da 4ª Região, e depois, pela 3ª vez, em caráter definitivo. Condenado no mensalão, ex-ministro está sob investigação por suposto recebimento de propinas disfarçadas na forma de consultorias, por meio de sua empresa JD assessoria, já desativada; irmão e ex-assessor também foram presos.


Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a investigação revela que o ex-ministro teve papel crucial na instalação do modelo que abriu caminho para o cartel de empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários na estatal mediante pagamento de propinas para políticos e ex-diretores da Petrobrás.


A nova fase da Lava Jato foi batizada de Operação ‘Pixuleco’. O termo era usado pelo tesoureiro do PT João Vaccari Neto para tratar do dinheiro, segundo afirmou o empreiteiro Ricardo Pessoa, em sua delação premiada


Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, refutou as acusações de que o partido teria realizado operações financeiras ilegais ou participado do esquema de corrupção na Petrobrás, conforme relato no acordo de delação premiada feito pelo lobista Milton Pascowitch. A nota não cita Dirceu. Pascowitch acusou o ex-ministro de comandar o desvio de recursos na estatal e disse ter entregue R$ 10,5 milhões na sede do PT, em São Paulo.


Berlinda. A investigação da PF joga novamente os holofotes sobre o PT, dez anos depois do escândalo do mensalão. Agora, o receio do Planalto e do partido é de que novas delações compliquem mais o cenário político. Dirceu foi homem forte do PT e do governo Lula e ainda tem influência sobre a legenda. “A Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro não deixam a gente entrar na agenda positiva”, disse um ministro ao Estado.


Na semana passada, o governo achava que o reinício dos trabalhos do Congresso seria difícil, principalmente por causa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com Dilma e tem o nome envolvido na Lava Jato. Assessores da presidente acreditavam, porém, que a denúncia contra Cunha – acusado pelo lobista Júlio Camargo de cobrar propina de US$ 5 milhões – poderia desviar o foco da pressão sobre Dilma.


Agora, o diagnóstico é de que tudo vai piorar. Amigos de Dirceu disseram ao Estado que ele esperava a prisão e, por isso, está “tranquilo”. Apesar de magoado com Dilma e com Lula, sob alegação de que não o teriam defendido, o ex-ministro não pretende apontar o dedo para ninguém.


O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o esforço do governo é evitar que os problemas na política contaminem a economia. “A gente dorme e acorda com uma notícia dessas. Do ponto de vista do ambiente de negócios, essa é a preocupação, porque precisamos ter estabilidade. As investigações seguem e o País também segue, com suas empresas e a economia funcionando.”


Irritado com acusações da oposição, que tentaram associar Dirceu a Lula e Dilma, o senador Jorge Viana (PT-AC) partiu para o ataque. “A oposição está num papel muito apequenado e não aguenta nem meia Lava Jato”, reagiu. “Por que se apura a ação de algumas figuras e de alguns partidos e não se apura de outros? É um jogo de cartas marcadas?”
04 de agosto de 2015