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quinta-feira, 21 de março de 2019

Michel Temer ficará preso na Superintendência da PF no Rio Ex-ministro Moreira Franco será encaminhado para batalhão da PM, em Niterói





Ex-presidente Michel Temer preso pela Lava Jato em São Paulo.
Foto: Reprodução / GloboNews Foto: Agência O Globo

Juliana Castro , Bruno Abbud
e Rayanderson Guerra
O Globo

RIO — O ex-presidente Michel Temer , preso nesta quinta-feira , vai ser levado para a Superintendência da Polícia Federal no Rio. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal d o Rio de Janeiro, aceitou um pedido da defesa de Temer. Inicialmente, Temer iria ser levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, onde também está preso o ex-governador Luiz Fernando Pezão.



"Entendo que o tratamento dado aos ex-presidentes deve ser isonômico, uma vez que o ex-Presidente Lula está custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba", diz Bretas na decisão.

O ex-presidente chegou ao Rio por volta das 17h20 desta quinta-feira no terminal 2 do aeroporto do Galeão. Na sequência, Temer saiu da pista, perto de onde pousam voos internacionais, a bordo de um comboio. O emedebista passou por um segundo exame de corpo de delito no aeroporto, segundo informou um agente da PF. Às 18 horas, três carros da PF deixaram o aeroporto e seguiram para escoltar o ex-presidente até a superintendência da PF.

O ex-ministro de Temer, Moreira Franco, será levado para a Unidade Prisional da Polícia Militar, no bairro do Fonseca, em Niterói. Decisão de Bretas autoriza que ex-presidente Michel Temer seja levado para a Superintendência da PF no Rio Foto: Reprodução

O diretor da Polícia Federal no Rio, Ricardo Saadi, afirmou que o ex-presidente Michel Temer não vai prestar depoimento nesta quinta-feira e que será ouvido em outra oportunidade.

Logo após a prisão de Temer, do ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) e do coronel reformado João Baptista Lima Filho, Bretas atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinando que os três fossem levados para o BEP de Niterói. Posteriormente, após receber pedido da defesa de Temer para que ele seja transferido à superintendência da PF, o magistrado oficiou a polícia para saber se há condições de o ex-presidente ficar detido na superintendência.



A expectativa inicial era de que o tratamento dado a Temer seria o mesmo dado a Pezão até o momento. O ex-governador está preso numa cela especial da Unidade Prisional da Polícia Militar, no bairro do Fonseca, em Niterói. Com 3 x 4 metros, a Sala do Estado Maior conta com uma cama, prateleira e mesa, além de banheiro com vaso sanitário, chuveiro e pia. Ele tem direito por lei de ficar na área especial por ter sido detido no exercício do cargo.

O ex-governador Sérgio Cabral chegou a pleitear que o mesmo direito lhe fosse concedido, mas a solicitação foi negada pela Justiça.




Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP)



Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo


O ex-presidente Lula foi preso em abril do ano passado depois de ter sido condenado no âmbito da Operação Lava-Jato pelo então juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele foi sentenciado no caso do triplex em Guarujá (SP) a uma pena de 12 anos e 1 mês de prisão, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em fevereiro deste ano, a juíza substituta Gabriela Hardt condenou o petista a 12 anos e 11 meses no caso do sítio de Atibaia.


Eduardo Cunha (MDB-RJ)



Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo


O ex-presidente da Câmara foi preso em 2016. Em março do ano seguinte, ele foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por lavagem, corrupção passiva e evasão de divisas. Em 2018, Cunha ainda foi condenado a 24 anos e dez meses de prisão em processo sobre desvios na Caixa. Ele está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais (PR).


Henrique Alves (MDB-RN)


O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves Foto: Jorge William / Agência O Globo

Foto: Jorge William / Agência O Globo


O ex-ministro foi preso em junho de 2017 por suspeita de desvios na construção da Arena das Dunas, em Natal. Ele foi denunciado, mas o caso ainda não foi julgado. No ano passado, ele foi condenado junto com Eduardo Cunha por desvios da Caixa Econômica. Alves foi condenado a oito anos e oito meses de prisão por lavagem de dinheiro.


Geddel Vieira Lima (MDB-BA)

O ex-ministro Geddel Vieira Lima Foto: Jorge William / Agência O Globo

Foto: Jorge William / Agência O Globo


Em 2017, o ex-ministro foi preso em Salvador. A operação foi feita três dias depois da apreensão de R$ 51 milhões em apartamento ligado à Geddel. A prisão ocorreu na Operação Cui Bono que investiga desvios de recursos na Caixa. Em janeiro, a PGR pediu a condenação de Geddel a 80 anos de prisão por lavagem e associação criminosa.


Sérgio Cabral (MDB-RJ)
Ex-governador Sérgio Cabral sendo encaminhado para Penitenciária em Bangu, no Rio Foto: Geraldo Bubniak / Geraldo Bubniak

Foto: Geraldo Bubniak / Geraldo Bubniak



O ex-governador do Rio foi preso em novembro de 2016 durante a Operação Calicute. Ele foi apontado como chefe do maior esquema de corrupção no estado. Cabral já foi condenado a mais de 180 anos de prisão e cumpre pena em Bangu. A mulher dele, Adriana Ancelmo, cumpre prisão domiciliar.



Luiz Fernando Pezão (MDB-RJ)
Pezão está preso desde o ano passado Foto: Fabiano Rocha

Foto: Fabiano Rocha


O ex-governador foi preso em 2018 na Operação Boca de Lobo, baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral, de quem Pezão foi vice-governador entre 2010 e 2014. Miranda disse que pagou uma mesada de R$ 150 mil para Pezão na época em que ele era vice-governador. Pezão está preso na unidade prisional da Polícia Militar em Niterói.


Jorge Picciani (MDB-RJ)
O deputado estadual Jorge Picciani, ao se entregar à Polícia Federal Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo/14-11-17

Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo/14-11-17



Ex-presidente da Alerj, ele foi preso em 2017 na operação Cadeia Velha, que investiga o pagamento de propinas a deputados estaduais do Rio por empresários do setor de transporte. Desde março de 2018, cumpre prisão domiciliar devido a motivos de saúde. Picciani foi acusado de receber de Cabral uma mesada de R$ 400 mil entre 2011 e 2014.


Paulo Melo (MDB-RJ)

Paulo Melo: ex-presidente da Alerj
Foto: Márcio Alves/31-05-2016

Foto: Márcio Alves/31-05-2016


O ex-presidente da Alerj foi mais um dos alvos da Operação Cadeia Velha, em 2017. Ele segue preso por sua participação no esquema de pagamento de propinas a deputados estaduais do Rio por empresários do setor de transporte. Ele foi denunciado pelo caso, mas o processo ainda não teve sentença. Ele ainda foi denunciado na Operação Furna da Onça.


José Dirceu (PT)
O ex-ministro José Dirceu na saída da Vara de Execuções Penais Foto: Jorge William / Jorge William

Foto: Jorge William / Jorge William



O ex-ministro foi preso em 2015 quando cumpria pena do caso do Mensalão. Ele ficou no Complexo Médico-Penal em Pinhais (PR) até 2017 quando obteve habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade. Mais tarde, foi condenado a 30 anos e 9 meses de prisão. Ele aguarda julgamento no STJ em liberdade, com tornozeleira eletrônica.


Antonio Palocci (sem partido)


O ex-ministro Antonio Palocci, durante depoimento ao ex- juiz Sergio Moro Foto: Reprodução

Foto: Reprodução



O ex-ministro de Dilma e de Lula foi preso em 2016. Ele foi condenado a 9 anos e dez meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por recebimento de propina da Odebrecht. Desde novembro, ele passou a cumprir pena em regime semiaberto domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Pedido de liberdade

A defesa do ex-presidente também entrou com um pedido de liberdade no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) na tarde desta quinta-feira, após o emedebista ser preso por policiais federais. A prisão de Temer foi ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro , responsável pela Lava-Jato no Rio.

O recurso foi protocolado às 16h11 e distribuído para o desembargador federal Antônio Ivan Athié, que é o relator da Operação Prypiat, uma das que originou a operação de hoje.


21/03/2019



Michel Temer e Moreira Franco são presos pela Lava Jato do RJ


Mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Temer é suspeito de liderar uma organização criminosa para desvios de dinheiro público.

Defesa dele disse que ainda está estudando o caso.

Por Arthur Guimarães, Paulo Renato Soares
e Marco Antônio Martins, TV Globo e G1 Rio

Ex-presidente Michel Temer é preso pela Lava Jato

O ex-presidente Michel Temer foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Os agentes também prenderam o ex-ministro Moreira Franco no Rio e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer. A PF cumpre, ao todo, 10 mandados de prisão.


Temer falou por telefone ao jornalista Kennedy Alencar, da CBN, no momento em que havia sido preso. O ex-presidente afirmou que a prisão "é uma barbaridade".
Momento em que o ex-presidente Michel Temer é abordado pela Polícia Federal — Foto: Reprodução/TV Globo
Momento em que o ex-presidente Michel Temer é abordado pela Polícia Federal
Foto: Reprodução/TV Globo



Resumo

O juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, ordenou a prisão de Michel Temer e mais 9 pessoas
Temer foi preso em São Paulo e será levado ao Rio
A investigação está relacionada às obras da usina nuclear de Angra 3
O MPF diz que o consórcio responsável pela obra pagou propina ao grupo de Temer
Uma reforma no imóvel da filha de Temer, Maristela, teria sido usada para disfarçar o pagamento de propina
No pedido de prisão, o juiz Marcelo Bretas argumenta que Temer é "líder da organização criminosa" e "responsável por atos de corrupção"
São apurados os crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro

Veja momento em que Temer é abordado pela Polícia Federal em SP

Prisão de Temer

Temer foi abordado por policiais federais na rua, em São Paulo. Desde quarta-feira (20), a PF tentava rastrear e confirmar a localização de Temer, sem ter sucesso. Por isso, a operação prevista para as primeiras horas da manhã desta quinta-feira atrasou. Agentes estavam na porta da casa de Temer e, ao perceberem a saída de um carro do local, o seguiram e realizaram a prisão.


Temer foi levado para o Aeroporto de Guarulhos, onde vai embarcar em um voo e será levado ao Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. Ele deve ficar na unidade da Polícia Militar de Niterói, na região metropolitana do Rio. A prisão de Temer é preventiva, ou seja, sem prazo determinado.


Por telefone, o advogado de Temer, Brian Prado afirmou que ainda está estudando a decisão e não tem como fazer nenhuma avaliação sobre o caso.


Quem Bretas mandou prender

Michel Miguel Elias Temer Lulia, ex-presidente - preso

João Batista Lima Filho (coronel Lima), amigo de Temer e dono da Argeplan - preso
Wellington Moreira Franco, ex-ministro do governo Temer - preso

Maria Rita Fratezi, arquiteta e mulher do coronel Lima - presa

Carlos Alberto Costa, sócio do coronel Lima na Argeplan - preso

Carlos Alberto Costa Filho, diretor da Argeplan e filho de Carlos Alberto Costa
Vanderlei de Natale, sócio da Construbase

Carlos Alberto Montenegro Gallo, administrador da empresa CG IMPEX

Rodrigo Castro Alves Neves, responsável pela Alumi Publicidades

Carlos Jorge Zimmermann, representante da empresa finlandesa-sueca AF Consult - preso



A maioria das prisões são preventivas (sem data para liberação). Apenas os mandados contra Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann são de prisão temporária, com duração de cinco dias, que pode ser prorrogada.

Na sentença, o juiz Marcelo Bretas disse que as prisões preventivas são necessárias para garantir a ordem pública. Segundo ele, "uma simples ligação telefônica ou uma mensagem instantânea pela internet são suficientes para permitir a ocultação de grandes somas de dinheiro, como parece ter sido o caso".

Agentes também cumprem 26 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e no Distrito Federal.
O ex-ministro Moreira Franco ao ser preso — Foto: Reprodução/TV Globo
O ex-ministro Moreira Franco ao ser preso Foto: Reprodução/TV Globo

Temer deixa carro no aeroporto de Guarulhos — Foto: Reprodução/TV Globo
Temer deixa carro no aeroporto de Guarulhos
Foto: Reprodução/TV Globo

O que dizem os alvos


Cristiano Benzota, advogado de defesa do coronel Lima, disse por telefone que não vai falar nada por enquanto.


A defesa de Wellington Moreira Franco divulgou uma nota manifestando "inconformidade com o decreto de prisão cautelar". "Afinal, ele encontra-se em lugar sabido, manifestou estar à disposição nas investigações em curso, prestou depoimentos e se defendeu por escrito quando necessário. Causa estranheza o decreto de prisão vir de juiz de direito cuja competência não se encontra ainda firmada, em procedimento desconhecido até aqui”, diz o texto.


O MDB, partido do ex-presidente, divulgou uma nota. "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer, e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa", diz o texto.
Michel Temer e Moreira Franco são vistos durante cerimônia em Brasília em maio de 2018 — Foto: Mateus Bonomi/AGIF/AFP
Michel Temer e Moreira Franco são vistos durante cerimônia em Brasília em maio de 2018
Foto: Mateus Bonomi/AGIF/AFP

Propina em Angra 3


Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. A prisão teve como base a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3.


Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Engevix foi subcontratada porque as empresas que haviam vencido a licitação não tinham "pessoal e expertise suficientes para a realização dos serviços". Os vencedores eram a AF Consult do Brasil e a Argeplan, empresa do coronel Lima. "No curso do contrato, conforme apurado, o coronel Lima solicitou ao sócio da empresa Engevix o pagamento de propina, em benefício de Michel Temer", diz nota do MPF.


A força-tarefa da Lava Jato diz que a propina foi paga no final de 2014 com transferências totalizando R$ 1,09 milhão da empresa Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, controlada pelo coronel Lima. As empresas fizeram contratos fictícios para justificar as operações financeiras.


As investigações apontam que os pagamentos feitos à empresa AF Consult do Brasil causaram o desvio de R$ 10,8 milhões, ao se levar em conta que a empresa não tinha capacidade técnica para cumprir o contrato.


A ação desta terça é um desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade.


Outros inquéritos


Além desta investigação, Michel Temer responde a nove inquéritos. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), pois foram abertos à época em que o emedebista era presidente da República e foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os outros cinco foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando Temer já não tinha mais foro privilegiado, e também foram enviados à primeira instância.

Carreira política


Michel Temer (MDB) foi o 37º presidente da República do Brasil. Ele assumiu o cargo em 12 de maio de 2016, em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, e ficou até o final do mandato, encerrado em dezembro do ano passado. Temer é o segundo ex-presidente do Brasil preso por crime comum.


Eleito vice-presidente na chapa de Dilma duas vezes consecutivas, Temer chegou a ser o coordenador político da presidente, mas os dois se distanciaram logo no começo do segundo mandato.

Formado em direito, Temer começou a carreira pública nos anos 1960, quando assumiu cargos no governo estadual de São Paulo. Ao final da ditadura, na década de 1980, foi deputado constituinte e, alguns anos depois, foi eleito deputado federal quatro vezes seguidas. Chegou a ser presidente do PMDB por 15 anos.

21/03/2019

terça-feira, 19 de março de 2019

Trump e Bolsonaro celebram 'o ocaso do socialismo' nas Américas


Americano afirma que cogita até entrada do Brasil na Otan; questionado se apoiaria uma intervenção militar na Venezuela, brasileiro diz que não revelaria questões estratégicas


Jussara Soares, enviada especial , Paola de Orte, especial para O Globo e Daniel Ritner, do Valor Econômico

Jair Bolsonaro e Donald Trump chegam para entrevista coletiva após encontro bilateral
Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS


WASHINGTON — Em uma entrevista conjunta nos jardins da Casa Branca, os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro mostraram o tom amistoso que deu o tom no encontro no Salão Oval, a portas fechadas, nesta terça-feira. Elogiando a campanha do presidente brasileiro, Trump disse que "o ocaso do socialismo chegou no nosso Hemisfério Ocidental", elogiou a ajuda do Brasil em relação à crise na Venezuela, afirmou que os dois países estão comprometidos em reduzir barreiras comerciais e disse que irá designar o Brasil como aliado extra da Organização do Tratado do Atlântico Norte ou "até mesmo da Otan".

— Hoje, eu e Bolsonaro falamos sobre Venezuela. O Brasil tem sido líder no retorno da Venezuela à democracia. Foi uma das primeiras nações a reconhecer o presidente legítimo (Juan) Guaidó (que se autoproclamou presidente interino em janeiro). Temos que parabenizar o povo brasileiro pela ajuda humanitária — afirmou o americano, aproveitando para fazer campanha numa referência velada aos democratas, que chama de socialistas. — Pedimos aos militares da Venezuela que parem de apoiar Maduro, que não é mais do que uma marionete de Cuba. O ocaso do socialismo chegou no nosso Hemisfério Ocidental e no nosso país também.


No mesmo tom ideológico, Bolsonaro citou o Foro de São Paulo, que segundo ele, "esteve próximo de conquistar o poder em toda a América Latina".

— Estados Unidos e Brasil estão irmanados na fé em Deus, contra a ideologia de gênero, o politicamente correto e as fake news. Queremos uma América grande e um Brasil grande também. Selamos uma aliança promissora entre as duas maiores democracias das Américas — disse o brasileiro, comentando ainda a relação comercial do Brasil com a China. — O Brasil vai fazer negócios com o maior número de países do mundo, mas sem viés ideológico.

Questionado por uma repórter americana sobre como ficarão as relações entre Brasil e Estados Unidos caso um adversário de Trump vença as eleições de 2020, Bolsonaro afirmou acreditar na reeleição do atual presidente:

 — É um assunto interno e respeitaremos o resultado das urnas em 2020. Mas eu acredito piamente na reeleição do presidente Trump.

— Obrigada, eu concordo — prontamente afirmou o americano.

Sobre a questão política na Venezuela, Bolsonaro afirmou que o "combate ao terrorismo e crime organizado são questões de urgência para os nossos povos":

— O restabelecimento da democracia na Venezuela é de interesse de nossos governos. No momento, estamos neste ponto: faremos o que for possível, juntos, para acabar com a ditadura venezuelana.

Ao ser perguntado sobre uma possível intervenção militar, no entanto, o presidente brasileiro foi mais cauteloso:

— Tem certas questões que se você divulgar deixam de ser estatégicas. Essas questões não podem se tornar públicas. Certas informações, se vierem à mesa, não podem ser debatidas de forma pública. É uma questão de estratégia e tudo o que tratarmos aqui será honrado.

Trump, por sua vez, voltou a dizer que os Estados Unidos estão "abertos a todas as possibilidades e opções". E disse que até cogita entrada do Brasil na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan):

— Pretendo designar o Brasil como um grande aliado não integrante da Otan ou mesmo possivelmente, se começarmos a pensar nisso, talvez um aliado da Otan — afirmou Trump. — Tenho que conversar com muita gente, mas talvez um aliado da Otan, o que seria um grande avanço na segurança e cooperação entre nossos países.

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Em relação ao comércio bilateral, Trump elogiou Bolsonaro por abrir a economia:

— Teremos uma relação de trabalho muito boa, temos ideias muito parecidas. Pensamos a mesma coisa em relação ao comércio. Bolsonaro tem uma visão de liberar o setor privado e abrir a economia. Esse é o caminho para o crescimento econômico — afirmou, comentando o pedido do Brasil para fazer parte da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. — Damos as boas vindas às aspirações do Brasil de entrar na OCDE.


Bolsonaro agradeceu:

— O apoio americano ao ingresso na OCDE será entendido como um gesto de reconhecimento. Esta é a hora de superar toda a resistência e explorar o vasto potencial entre Brasil e EUA.

Trump ainda elogiou a campanha de Bolsonaro:

— Quero lhe parabenizar por sua incrível vitória nas eleições de outubro. Foi incrível, um desafio muito grande. Parabenizo por sua recuperação do episódio terrível que sofreu.

Bolsonaro chegou de carro à Casa Branca e foi recebido na entrada da Ala Oeste por Trump, que o esperava. No Salão Oval, os dois presidentes trocaram camisas de futebol e saudações. Trump entregou uma camiseta de um time local a Bolsonaro. O presidente brasileiro retribuiu com uma camiseta da seleção com a número 10, usado por Pelé. Como havia feito na véspera, Bolsonaro ignorou as seguidas visitas de seus antecessores aos Estados Unidos, e disse que o Brasil mudou "após algumas décadas de presidentes antiamericanos".
 
O encontro com Trump foi o ponto alto da viagem do presidente brasileiro aos Estados Unidos. Bolsonaro chegou a Washington no domingo e na segunda discursou na Câmara de Comércio dos EUA. Esta é a primeira viagem bilateral do brasileiro.



19/03/2019


Bolsonaro e Trump estão reunidos na Casa Branca




Reuters/Carlos Barria/Direitos Reservados

Internacional
Por Agência Brasil Brasília

O presidente Jair Bolsonaro está hoje (19) na Casa Branca, em Washington (Estados Unidos), para o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O norte-americano recebeu Bolsonaro na porta da residência. Eles se cumprimentaram e posaram para fotografias.

Bolsonaro terá uma conversa reservada, de cerca de 20 minutos, com Trump, da qual participarão apenas os dois e os intérpretes. Em seguida, haverá um encontro ampliado com as comitivas brasileira e norte-americana, no Salão Oval.

Ao final, nos jardins da Casa Branca, Bolsonaro e Trump farão uma declaração à imprensa. Há a previsão de entrevista coletiva com direito a quatro perguntas, das quais duas feitas por jornalistas americanos.

A viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos é a primeira com caráter bilateral. Mas a segunda internacional, pois a primeira foi a Davos, na Suíça, para o Fórum Mundial.

19/03/2019