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quinta-feira, 11 de junho de 2015

PT tentará disfarçar a crise






EDITORIAL O ESTADÃO


O Partido dos Trabalhadores (PT) abre hoje em Salvador seu 5.º Congresso, mergulhado em conflitos e contradições que são o resultado dos 12 anos em que, a partir de avanços sociais importantes ameaçados agora de se perderem, fingiu reinventar o Brasil, na verdade dedicando-se prioritariamente ao desfrute do poder e ao projeto de nele se perpetuar. Até sábado, haverá muita discussão na tribuna e nos bastidores do encontro, mas, ao final, prevalecerá a vontade do mandachuva Lula, com a aprovação de um documento com o sugestivo título de Carta de Salvador. Essa proclamação deverá sinalizar discretamente uma guinada à esquerda, usando as palavras mais para salvar as aparências – como a de que todo o partido apoia o governo – e tentar manter o PT vivo, do que para apontar caminhos para salvar o País do buraco em que o afundou sob o desastrado comando de Dilma Rousseff. Será mais uma peça de retórica.

Na verdade, embora os petistas não se permitam colocar a questão nesses termos, o grande tema com que este 5.º Congresso terá que se haver é o exaurimento de um projeto de poder fundado no delírio populista de político profissional cujo carisma – agora decadente – só não era maior do que o oportunismo com que alavancou sua ascensão política e social. Lula jamais foi um político de esquerda. Sua “metamorfose ambulante”, como ele próprio definiu sua trajetória de sindicalista “autêntico” a cacique de partido, revela um político sagaz, pragmático, sempre pronto a mudar de atitude e de opinião ao sabor das conveniências.

Quando se projetou nacionalmente como líder dos metalúrgicos do ABC paulista, Lula encantou os intelectuais e acadêmicos de esquerda pelo radicalismo com que repudiava a política e os políticos, proclamando lutar exclusivamente pelos direitos trabalhistas dos operários fabris que representava – trabalhadores que, diga-se de passagem, integravam a elite da massa operária no País. Lula se tornou político, mas seu esquema mental permaneceu o mesmo, apenas trocando a ideia de “operários vs. patrões” pela de “povo vs. elite”, ou “nós vs. eles”. Como todo ilusionismo, o esquema lulopetista foi-se tornando, pela repetição, um truque barato.

Agora, no desespero de ver sua nau fazendo água, os petistas preparam-se novamente – porque não sabem fazer diferente – para empurrar o problema com a barriga com uma proclamação tão conciliadora quanto possível, na esperança de que venham dias melhores. Mas o “centralismo democrático” que impera no comando do partido não parece suficiente para impedir que lideranças mais radicais voltem a aflorar com propostas esquerdizantes – afinal, para todos os efeitos, o PT é um partido “de esquerda”. Além da ideia de uma “nova política de alianças” que conta com as simpatias também de Lula, mas é mais difícil de fazer do que de falar, não poderia faltar no elenco de temas capazes de incendiar as discussões no congresso o da “democratização dos meios de comunicação”.

Desde sempre o PT considera os grandes veículos de comunicação – a quintessência das “elites” – os principais culpados por tudo o que não dá certo para ele. A maior parte das lideranças petistas mais radicais não chega a propor abertamente a censura à Imprensa, mas essa intenção transparece claramente numa versão preliminar da Carta de Salvador que trata da questão dos “instrumentos de poder” e será discutida no encontro na capital baiana: “Em contraposição a outras nações latino-americanas sob governos progressistas, o PT e suas administrações deixaram de alterar instituições e instrumentos de poder da velha oligarquia”.

Quer dizer: ao contrário dos “governos progressistas” dos quais os petistas morrem de inveja – Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina –, os governos do PT cometeram o erro imperdoável de não impor restrições de conteúdo – eufemismo para censura – ou de natureza econômica para os veículos de comunicação independentes.

Os petistas acham que, além de “alterar instituições e instrumentos de poder”, é preciso que o partido invista em veículos de comunicação de massa próprios, como jornais de circulação gratuita, e em uma TV via internet. O capital necessário se arranja – é o que deve imaginar a companheirada.


11/06/2015


HISTÓRIA DA DECADÊNCIA BRASILEIRA



Maria Lucia Victor Barbosa



Na sua obra Espanha Invertebrada escreveu José Ortega y Gasset: “A história de uma nação não é somente a do seu período formativo e ascendente, mas também a história de sua decadência”. Tudo indica que entramos na história de nossa decadência desde que o governo petista assumiu o cargo mais alto da República.

Lula da Silva reinou em seu primeiro mandato sobre as águas mansas do Plano Real, das políticas públicas do governo anterior. Viajou muito, tornou-se amigo dos piores ditadores mundiais, gozou como nenhum outro presidente das delícias do poder. Delícias, aliás, compartilhadas com os companheiros cortesãos.

No segundo mandato se iniciará a decadência, desenhando-se o que viria em termos econômicos enquanto escândalos de corrupção aumentavam de volume e velocidade. Entretanto, o endeusamento de Lula da Silva, o inocente que nada via, de nada sabia, se mantinha pela força de sua lábia e ele emplacou o “terceiro mandato” através da eleição de Dilma Rousseff.

Os quatro anos desta senhora podem ser descritos como descalabro total. Sob as ordens de Lula ela quebrou a Petrobras e outras estatais, destruiu a indústria, arrebentou o país como um todo. Mesmo assim, com pequena diferença sobre seu adversário Rousseff foi reeleita pregando que Aécio Neves seria o exterminador do futuro brasileiro.

Logo no início do segundo mandato de Rousseff emerge, porém, o inevitável resultado da incompetência governamental, dos truques contábeis, da distorção dos dados: aumento da inflação, do desemprego, da inadimplência, das contas públicas, dos juros, dos impostos. Situação que Joaquim Levy tenta consertar preparando a volta de Lula, mas jogando o peso dos erros do governo sobre as costas do povo. São tempos duríssimos que não acabarão tão cedo, em que pesem as otimistas e sempre erradas previsões dos economistas.

Mas não é apenas econômica a decadência em que o governo de Lula da Silva nos mergulhou. Houve perda de valores e uma crescente amoralidade.

Aqui darei apenas um exemplo dos muitos que poderiam ser apresentados nesse aspecto. Como atinge a formação de crianças desde a mais tenra idade considero criminosas as tentativas que vem sendo feitas pelo governo de se impor como manipulador educacional sexual. No momento ressurge a ideologia de gênero, elaborada através de documento que servirá para formulação de planos municipais, pelo Fórum Nacional de Educação. Nesta construção arbitrária não existe diferença entre menino ou menina, não são levados em conta dados biológicos e psicológicos da identidade humana. O ser humano é considerado como assexuado e deverá escolher se quer ser masculino ou feminino. Seria como revogar a lei da gravidade.

Em magistral artigo, Educação Sexual Compulsória, publicado no Estado de S. Paulo em 08/06/2015, analisa Carlos Alberto di Franco as distorções dessa, diria eu, deseducação:

1) “A confusão causada nas crianças no processo de formação de sua identidade, fazendo-a perder referências; 2) a sexualização precoce, na medida em que a ideologia de gênero promove a necessidade de uma diversidade de experiências sexuais para a formação do próprio gênero; 3) a abertura de um perigoso caminho para a legitimação da pedofilia, uma vez que a ‘orientação’ pedófila é considerada também um tipo de gênero; 4) a banalização da sexualidade humana, dando ensejo ao aumento da violência sexual, sobretudo contra mulheres e homossexuais; 5) a usurpação da autoridade dos pais em matéria de educação dos filhos, principalmente em temas de moral e sexualidade, já que todas as crianças serão submetidas à influência dessa ideologia, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos pais”.

Ao tratar desse grave tema que toda sociedade devia tomar conhecimento fatalmente serei tachada de conservadora, o mais novo xingamento utilizado pelo neoesquerda para desqualificar os que não rezam por sua cartilha. Quero lembrar que a tese conservadora, assim como a progressista evoluiu ao longo do tempo em seu significado, mas, em essência, o conservadorismo se refere à natureza humana não modificável pela ação prática, porquanto mergulha suas raízes em uma realidade sobre-humana, a vontade divina. Em outras palavras, somos dotados de uma consciência e sabemos distinguir o bem do mal, em que pesem as várias noções de moral de cada sociedade.

Ao mesmo tempo, o conservadorismo indica que o poder político confiado ao homem é intrinsecamente tirânico se não for controlado. Daí a constante preocupação dos conservadores com a existência de mecanismos de limitação do poder e, principalmente, pela supremacia da lei.

Nesse sentido assumo ser conservadora, sendo ao mesmo tempo uma entusiasta de todo progresso que traga benefícios à humanidade. Lamentável é a decadência em que os autodenominados progressistas da neoesquerda impingiram à nação brasileira.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com.br



09/06/2015


CPI convoca presidente do Instituto Lula, quebra sigilo de Dirceu e aprova acareações de Vaccari
Petistas protestaram contra condução da comissão que investiga a Petrobras e acusaram tentativa de constranger PT

Por Eduardo Bresciani
O Globo


Deputados do PT protestam durante sessão, enquanto oposição aplaude André Coelho / Agência O Globo

BRASÍLIA - A CPI da Petrobras aprovou, nesta quarta-feira, requerimentos convocando o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José de Filippi, além de acareações do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto com os delatores Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal. Foram aprovadas ainda quebras de sigilo fiscal, telefônico e bancário, entre elas do ex-ministro José Dirceu, de janeiro de 2005 a janeiro de 2015.

Entre as quebras de sigilo aprovadas, estão também do lobista da SBM Offshore Júlio Faerman, de seus sócios e de familiares. Faerman fez acordo de delação premiada com o Ministério Público do Rio de Janeiro e não respondeu perguntas em depoimento prestado na comissão nesta semana.

No caso das acareações, além de Vaccari, Barusco e Paulo Roberto, estão na lista ainda o ex-diretor de Engenharia Renato Duque e o ex-presidente da companhia José Sérgio Gabrielli. Entre os convocados estão Marici da Silva Azevedo Costa, esposa do Paulo Roberto Costa, e Milton Pascowitch, acusado de operar o pagamento de propinas pela Engevix a José Dirceu.

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A sessão foi conduzida pelo presidente Hugo Motta (PMDB-PB) sob protestos de parlamentares do PT, que viram na montagem da pauta uma tentativa de constranger o partido no dia da abertura do Congresso da legenda, em Salvador (BA). Na hora da votação, Motta deixou a sessão e o vice-presidente, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), concluiu a aprovação.

A pauta montada por Hugo Motta trouxe 140 requerimentos. Em uma manobra que isolou o PT, foi aprovado que seria feita apenas uma votação. Foram 17 votos a favor e os parlamentares do PT só manifestaram posição contrária após o anúncio do resultado.

— Não aceitamos esse circo de expor o PT no dia da abertura do congresso do PT. Está havendo uma manipulação da comissão para expor apenas o PT e nós vamos denunciar — protestou Afonso Florence (PT-BA).

O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), afirmou que o PT virou alvo devido a “bandidos” estarem dentro do partido e terem sido presos.

— O PT se autodesgastou com condutas criminosas, ação de bandidos de quinta categoria que assaltaram a Petrobras e agora quer nos culpar. Bandidos do PT estão presos — afirmou Sampaio.

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), reclamou por terem ficado fora da pauta requerimentos de personagens do escândalo que poderiam implicar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aliado de Motta. Entre os que se desejava convocar, estava o policial Jaime de Oliveira, o Careca. Ele deu um depoimento inicial à Polícia Federal, em que afirmou ter entregue dinheiro em uma casa que teria Cunha como destinatário e depois recuou. Também se desejava chamar a prefeita de Rio Bonito, Solange Almeida (PMDB), autora de requerimentos que pediam informações sobre atuações do consultor Júlio Camargo, um dos delatores do esquema. O doleiro Alberto Yousseff afirmou que o requerimento teria sido encomendado por Cunha para chantagear Camargo.

— É a terceira ou quarta vez que isso ocorre. Aqui existe um grande acordo para não votar e para excluir. É evidente que tem uma blindagem escancarada — disse Valente.

Na lista de requerimentos aprovados, está a quebra de sigilo e a convocação de familiares do doleiro. Foram apresentados por Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha. Estão na lista duas filhas, uma irmã e a esposa de Youssef.

O presidente da CPI justificou a saída antes do fim da sessão por ter de pegar um voo. Motta afirmou que montou a pauta de acordo com a necessidade de investigação da comissão e que não haverá problema em se aprovar posteriormente como a convocação de Camargo.

– Não temos nenhum problema em convocar. A pauta foi montada tendo como prioridade a cobrança daqueles que entendem da investigação – disse.


11/06/2015

 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Em peso, ministros do STF derrubam a mordaça às biografias


Decisão foi unânime: os nove ministros presentes votaram pelo fim da autorização prévia para o lançamento de obras de cunho biográfico.

Não houve um que concordasse com Roberto Carlos


Por: Com Laryssa Borges, de Brasília

A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso das biografias não autorizadas no STF durante sessão que decide o assunto - 10/06/2015
(Pedro Ladeira/Folhapress)

O Supremo Tribunal Federal (STF) fez história mais uma vez nesta quarta-feira, ao derrubar por unanimidade a exigência de autorização prévia para o lançamento de obras de cunho biógrafico no Brasil. O voto que deu maioria à causa da Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros), autora da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) julgada nesta quarta em plenário, foi dado por Gilmar Mendes, sexto ministro do STF a votar -- e acompanhar a disposição da ministra Cármen Lúcia, relatora da ADI, que questionava os artigos 20 e 21 do Código Civil, que pressupunham aval do biografado ou de seus herdeiros para obras biográficas (leia mais abaixo). Mas os ministros que votaram a seguir não contrariaram a disposição do Supremo, que decidiu por unanimidade a extinção da necessidade de autorização.

A votação teve início depois das 15h, com a ministra Cármen Lúcia. "Liberdade não é direito acabado. É uma peleja sem fim. Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição", resumiu a relatora do caso. A ministra foi seguida por Luis Roberto Barroso, que destacou a importância da liberdade de expressão e da produção de conhecimento para a memória do país. "A liberdade de expressão é essencial para o conhecimento da história, para o aprendizado da história, para o avanço social e para a conservação da memória nacional. A liberdade de expressão deve ser tratada constitucionalmente como uma liberdade preferencial", disse o ministro. Depois dele, votaram Rosa Weber, Luiz Fux e José Antonio Dias Toffoli, que passou a palavra a Gilmar Mendes, seguido por Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, presidente da corte.

Em seus votos, além de defesas veementes da liberdade de expressão, os ministros destacaram que a publicação de biografias de pessoas públicas é importante para a própria construção da história brasileira e para a pesquisa científica e qualquer licença prévia para a publicação de textos desta natureza é inconstitucional porque também viola direitos à liberdade de pensamento, de informação, de pensamento, de criação artística, de produção cinematográfica, e da proibição de censura. "Na medida em que cresce a notoriedade de uma pessoa, diminui sua reserva de privacidade", disse Luiz Fux.

Com a sessão desta quarta-feira, o STF pôs fim a uma controvérsia que ganhou dimensão de debate nacional em 2013, quando medalhões da MPB, como o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Roberto Carlos, reunidos no grupo Procure Saber, vieram a público defender que a preservação do direito à intimidade justificaria a necessidade de aval preliminar para a publicação de obras biográficas. A ADI votada nesta quarta foi criada pela Anel um ano antes, em 2012.

A decisão do STF liberou as biografias de autorização prévia e manteve a redação dos artigos 20 e 21 do Código Civil. Embora o texto continue igual, eles não poderão mais ser usados para restringir a circulação de obras biográficas -- livros ou filmes --, pois essa interpretação foi afastada.

Conheça os artigos 20 e 21

Ambos foram criados com o Código Civil, em 10 de janeiro de 2002:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma

10/06/2015


Tendências do PT criticam ajuste do governo e abrem dissidência interna







CATIA SEABRA
BELA MEGALE
FOLHA DE SÃO PAULO


Unidos, integrantes de duas tendências petistas —a principal delas vinculada à chapa O Partido que Muda o Brasil, a mais forte no congresso do PT que começa nesta quinta (11)— abriram uma dissidência interna, ao criticar o ajuste fiscal promovido pelo governo federal.


Representantes das correntes Novo Rumo e EPS (Esquerda Popular e Socialista) escreveram um documento em que criticam a condução da política econômica do governo Dilma Rousseff e afirmam que as denúncias de corrupção abalam a imagem do partido.

Um dos membro da Novo Rumo é o presidente do partido, Rui Falcão, que, no entanto, é coautor da tese da chapa majoritária. Outro é o secretário nacional de Comunicação da sigla, o deputado estadual José Américo (SP).

O texto dos dissidentes, que será apresentado ao congresso da sigla, em Salvador, diz que a aprovação do governo Dilma "desabou" e que as medidas do ajuste fiscal criaram, "para dizer o mínimo, um clima de desconfiança" na base petista.

Segundo o texto, as medidas "estão voltadas principalmente para acalmar os mercados e seus representantes".


Jorge Araujo - 17.abr.2015/Folhapress

O secretário de Comunicação do PT, José Américo, que apóia dissidência interna da corrente que integra

O secretário de Comunicação do PT, José Américo, que apóia dissidência interna contra o ajuste fiscal

"Os efeitos inevitáveis da crise junto à maioria do povo —desemprego, inflação e alta de juros— têm um efeito devastador na imagem do governo e do PT, principalmente quando se combinam com as sucessivas denúncias de corrupção direcionadas contra ambos por parte da grande imprensa", diz. "Nas pesquisas de opinião mais recentes, a aprovação do governo desabou. E a do PT, também."

Coordenador do grupo, José Américo explica que seus delegados deverão apoiar a tese-guia apresentada pela maior força partidária.

Ele diz, no entanto, que o documento alternativo nasce da necessidade de apontar saídas para o momento político, com medidas voltadas para as classes baixas. O documento será submetido à votação.

"É preciso sinalizar para camadas mais populares" , justifica.

Em outro trecho, o documento diz que o projeto de ajuste fiscal "não veio acompanhado dede nenhuma sinalização para as camadas populares de que os ricos também ajudariam a financiar a crise". Critica ainda a "ausência de uma negociação prévia [do governo] com a base parlamentar e o movimento sindical".

OPERAÇÃO LAVA JATO

O documento também faz uma defesa direta ao ex-tesoureiro nacional da sigla, João Vaccari Neto, afirmando que ele foi preso sem provas.

A Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção e desvio de dinheiro envolvendo Petrobras, é criticada. Segundo a carta, ela "tem se afastado em vários momentos de seus propósitos originais de combater a corrupção na Petrobras, direcionando as investigações contra o governo e o PT".

Mesmo assim, o texto ressalva que "muitos erros foram cometidos, inclusive no plano moral, por agentes políticos e agentes públicos, seduzidos por empresas corruptoras que disputam verbas públicas em obras e serviços".

REAÇÃO

O secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza, se disse surpreso com o texto da corrente Novo Rumo, que é braço da PMB no controle do partido. Um dos coordenadores da maior força do partido (a CNB), Florisvaldo diz que a tendência não foi informada da decisão do aliado de escrever um documento à parte.

"Foi como sair de casa e não avisar para ninguém. Esse documento vai na contramão do clima que tentamos estabelecer no congresso", reagiu Florisvaldo.



10/06/2015

Charge








Sponholz


Com a assinatura de Dilma



Documentos e testemunha mostram que a presidente Dilma avalizou o contrato de montagem do Estaleiro Rio Grande, envolvido desde a sua origem em esquemas fraudulentos e por onde escoaram mais de R$ 100 milhões em propinas para os cofres do PT e aliados

Claudio Dantas Sequeira
Com reportagem de Josie Jeronimo
IstoÉ Independente


A Operação Lava Jato já concluiu que, a partir de 2010, pelo Estaleiro Rio Grande, escoaram propinas de cerca de R$ 100 milhões para os cofres do PT e aliados. A constatação foi extraída a partir de delações premiadas, dentre elas a do ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, e de Gerson Almada, vice-presidente da Engevix. A partir das próximas semanas, o Ministério Público terá acesso a um outro capítulo sobre as falcatruas que envolvem o estaleiro e, pela primeira vez, um documento com a assinatura da presidente Dilma Rousseff será apresentado aos procuradores que investigam o Petrolão. Trata-se do contrato que deu início a implementação do Estaleiro Rio Grande, em 2006. Dilma, na época ministra da Casa Civil, assina como testemunha. Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras e hoje na cadeia, assina como interveniente, uma espécie de avalista do negócio.


O documento será entregue aos procuradores por um ex-funcionário da Petrobras que resolveu colaborar com as investigações, desde que sua identidade seja preservada. Ele atua há 30 anos no setor de petróleo e durante 20 anos trabalhou na Petrobras. Além do contrato, essa nova testemunha vai revelar aos procuradores que desde a sua implementação o Estaleiro vem sendo usado para desviar recursos púbicos e favorecer empresas privadas a pedido do PT. Na semana passada, a testemunha antecipou à ISTOÉ tudo o que pretende contar ao Ministério Público. Disse que o contrato para a implementação do Estaleiro é fruto de uma “licitação fraudulenta, direcionada a pedido da cúpula do PT para favorecer a WTorre Engenharia”. Afirmou que, depois de assinado o contrato, servidores da Petrobras “foram pressionados a aprovar uma sucessão de aditivos irregulares e a endossarem prestações de contas sem nenhuma comprovação ou visivelmente superfaturadas”. Um mecanismo que teria lesado a estatal em mais de R$ 500 milhões.


O contrato que os procuradores irão receber foi assinado em 17 de agosto de 2006. O documento tem 43 páginas e trata sobre a construção física do estaleiro. De acordo com as revelações feitas pelo ex-funcionário da Petrobras, para escapar do rigor da lei das licitações, a estatal incumbiu a Rio Bravo Investimentos DTVM de conduzir a concorrência. O processo licitatório, segundo a testemunha, foi dirigido de modo que a WTorre superasse outras gigantes do setor e fechasse um negócio de R$ 222,9 milhões para erguer a infraestrutura física do estaleiro adequado à construção de plataformas semi-submersíveis. “A Camargo Corrêa chegou a oferecer uma proposta melhor do que a da WTorre, mas depois a retirou e apresentou outra com valor muito maior”, lembra o ex-funcionário da estatal. “A gente ouvia que a WTorre estava ajudando o PT em São Paulo e deveria ficar com a obra. Havia uma forte pressão da cúpula do PT”. O ex-funcionário da Petrobras não diz nomes, mas os procuradores da Lava Jato têm informações de que o ex-ministro Antônio Palocci seria o consultor da WTorre nessa operação. Tanto Palocci como a empreiteira negam. A WTorre afirma que participou de uma concorrência absolutamente regular, cumpriu com sua parte no contrato e posteriormente vendeu os direitos de exploração do estaleiro.


Finalizada a concorrência para a montagem do Estaleiro, a Rio Bravo voltou à cena, segundo a testemunha, tornando-se gestora do negócio e adquirindo os direitos decorrentes da construção e do contrato de locação por dez anos. “A Rio Bravo converteu esses direitos em quotas do fundo imobiliário que foram adquiridos pela Petrobras (99%). Deu-se então outra operação heterodoxa: uma emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), gerando assim uma receita antecipada para os envolvidos na negociação. Em contratos públicos, normalmente a empreiteira só recebe após a comprovação de que realizou determinada etapa de uma obra. Nesse caso, o dinheiro caiu antes na conta”, afirma a testemunha. De acordo com o ex-funcionário, “a Petrobras assumiu todo o risco e bancou 80% do empreendimento”. Para o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, toda a operação precisa ser apurada. “A presidente Dilma referendou um contrato repleto de suspeição, fruto de uma operação extremamente nebulosa, ao lado de um ex-diretor da Petrobras que foi preso pela Operação Lava-Jato. Caberá à CPI e à força-tarefa da Lava-Jato se debruçar sobre esse fato”, disse o parlamentar. Mendonça Filho ressalta que o contrato entre a Rio Bravo e o Estaleiro Rio Grande “é o primeiro documento nas investigações da Petrobras com a assinatura da então ministra e hoje presidente Dilma”. Para o líder parlamentar, a Petrobras foi “irresponsável”. “Tudo isso mostra uma relação absolutamente promíscua, que claramente lesa o interesse da própria empresa e repete a conexão de alimentação ilegal do sistema político”, afirmou.


Ao revelar o que sabe para os procuradores da Lava Jato, a nova testemunha vai complicar a situação de Renato Duque e de Pedro Barusco. Segundo o ex-funcionário da estatal, em sua delação premiada Barusco omitiu o que ocorrera antes da venda do Estaleiro pela WTorre a Engevix, que conduziu as negociações para a compra dos navios-sonda, que renderam propinas de R$ 40 milhões ao PT. “A delação do Barusco se refere a algo posterior, depois que o estaleiro foi vendido pela WTorre para a Engevix e o Funcef. Mas, não sei por que razão, ele preferiu não dizer o que aconteceu antes disso”, disse o funcionário. Barusco, segundo a testemunha, acompanhou a obra do estaleiro desde a assinatura do contrato de 2006. “Tivemos algumas reuniões com ele. Era muito gentil e objetivo. Fazia perguntas técnicas sobre o projeto”, lembra. Para o trabalho “político”, o sub de Renato Duque também tinha um sub, o gerente de Implementação de Projetos, Antonio Carlos Alvarez Justi, apelidado de Barusco do Barusco.


Outra fraude, revelada pelo ex-funcionário da Petrobras se refere a aditamentos milionários. De agosto de 2006 a setembro de 2010, segundo a testemunha, foram assinados 12 aditivos, tanto para reajuste do valor do contrato como para o alargamento de prazos. Alguns desses aditivos, de acordo com a testemunha, foram justificáveis, outros não. “Sempre a decisão política prevaleceu sobre a técnica”, diz. Em 2007, a Petrobras anunciou que encomendaria ao estaleiro, além das plataformas submersíveis, cascos de navios-sonda. Com isso, o projeto precisou ser ampliado. Foi firmado um novo contrato de R$ 216,8 milhões, totalizando R$ 440 milhões. Em 2008, a WTorre entrou com pedido de um aditivo de R$ 365 milhões. “Criou-se uma comissão de negociação para avaliar o pleito e o Justi cobrou uma solução rápida. Ele estipulou o prazo de 30 dias para a comissão analisar o pleito e elaborar a minuta do contrato, algo humanamente impossível”, revelou a testemunha. Justi, de acordo com o funcionário, resistia a que o tema fosse levado ao Departamento Jurídico da Petrobras por não querer questionamentos. Nesse caso, porém, uma comissão interna da estatal reagiu. Providenciou uma auditoria nas planilhas de custos apresentadas pela WTorre revelando que pelo menos R$ 150 milhões do total do aditivo solicitado eram injustificáveis. “Eram valores sem comprovação. Custos forjados para superfaturar o valor do contrato”, afirmou o ex-funcionário. Mas o alerta feito pela comissão interna da Petrobras não surtiu o efeito desejado. Dois anos depois, conforme planilhas da Rio Bravo, o valor da obra alcançou R$ 711,6 milhões. E, graças a uma nova suplementação de recursos, ao final, a obra foi orçada em R$ 840 milhões.


Em 2010, foi anunciada a venda do Estaleiro Rio Grande para a Ecovix, uma companhia criada pela Engevix em parceria com o Funcef. Embora o negócio só tenha sido oficializado em junho, há indícios de que a transação já estava acertada nos bastidores desde o início do ano. A testemunha conta que Gerson Almada, vice-presidente da Engevix atualmente preso pela PF, foi comemorar o acerto num bar bastante reservado, localizado no interior de uma loja de bebidas no Centro do Rio. “Ele estava muito animado. Todos que estavam na mesa riam muito”, lembra. Para formalizar o negócio da Engevix com a Funcef, segundo a testemunha, Almada teria recorrido novamente aos préstimos de “um cacique do PT”. “O Almada nunca escondeu que contava com o apoio da cúpula do partido”, afirma a testemunha. À imprensa, a Engevix anunciou que todo o negócio envolvendo a compra do Estaleiro custou R$ 410 milhões. Para o ex-funcionário da estatal, “o valor real foi pelo menos o dobro.”

Com as revelações dessa nova testemunha, o Ministério Público deverá aprofundar a investigação em torno dos negócios envolvendo o Estaleiro Rio Grande. Os procuradores, no entanto, não poderão dar maior atenção ao fato de Dilma ter assinado o contrato. Caso encontrem indícios de crime no documento, todas as provas serão submetidas ao STF, dado ao foro privilegiado da presidente, que não pode ser investigado em primeira instância. No universo político a reação é outra. O deputado Mendonça Filho já adiantou que pedirá que a CPI entre no caso. A construção do Estaleiro Rio Grande já havia motivado requerimentos dos deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Eliziane Gama (PPS-MA). Valente pedirá prioridade na convocação do ex-ministro Antonio Palocci, depois que reportagem publicada na semana passara por ISTOÉ revelou que ele teria intermediado repasses ao PT a partir de consultorias para a WTorre.


O fato de assinar o contrato não implica nenhum malfeito ou crime à presidente Dilma Rousseff. No entanto, especialistas ouvidos por ISTOÉ criticam o modelo de contratação do negócio e a participação da Petrobras como interveniente no contrato assinado por Dilma. O advogado Roberto Schultz, especialista em contratações públicas, acha que é importante analisar, no conteúdo do contrato, em que base se deu a participação da Petrobras. Segundo ele, é incomum ver uma empresa estatal ou de economia mista entrando como um terceiro num contrato entre empresas privadas. Esse interveniente geralmente é um “avalista” do acordo para casos de descumprimento de obrigações contratuais. “É muito raro. É difícil imaginar que alguém de uma empresa do porte da Petrobras colocaria seu carimbo em um contrato. Quando algo é muito feio você não diz que é feio, você diz que é diferente. Acho que é o caso”, afirma. A presença de Dilma e da Petrobras no contrato, segundo ele, espelharia o nível de envolvimento desses agentes com o projeto. “Mostra que as empresas envolvidas têm muita força, muita influência política”, diz. Schultz ressalta que “não faz sentido Dilma subscrever o contrato nem como ministra da Casa Civil nem como presidente do Conselho de Administração da Petrobras”. “Conselheiro não é um cargo de administração.”

Também atuante na área de contratos empresariais, a advogada Suelen Santos avalia como “atípica” a participação de autoridades públicas como “testemunhas” no contrato. No caso, apenas “sócios” ou administradores legitimamente constituídos deveriam avalizar o negócio. Ela lembra que a presença de testemunhas é um requisito para casos de litígio. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou através de nota que a “instalação do Estaleiro Rio Grande é parte do programa de desenvolvimento da indústria naval brasileira. A produção no Brasil de equipamentos e bens para a exploração do pré-sal constitui uma grande ação de governo, gerando emprego e renda, ampliando as condições de crescimento da economia”.



10.Jun.15


Inflação atinge 8,47% em 12 meses, o maior índice desde 2003


Conta de luz voltou a puxar o resultado para cima; preço dos alimentos e bebidas foram os que mais subiram em maio
IBGE verificou que os gastos com alimentos e bebidas e com habitação foram o que mais subiram em maio
(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu a marca de 8,47% no acumulado de doze meses até maio, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Trata-se do pior resultado para esta base de comparação desde dezembro de 2003, quando fechou o ano em 9,3%.

Depois de perder força em abril, quando teve a menor taxa do ano (0,71%), o índice voltou a acelerar em maio, subindo a 0,74% - nos primeiros três meses de 2015, o IPCA oscilou acima de 1%. No acumulado do ano, a inflação alcançou a marca de 5,34%, novamente o pior desempenho em doze anos - o IPCA variou 6,8% de janeiro a maio de 2003. No mesmo período de 2014, o porcentual era de 3,33%.

Para os parâmetros definidos pelo governo, a inflação está muito acima do esperado. Já estourou o centro da meta para o ano todo, de 4,5%, e caminha para superar o teto dela, de 6,5%. Na tentativa de conter a alta dos preços, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (a Selic) pela sexta vez seguida em junho - de 13,25% para 13,75% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2009.

Segundo a pesquisa, a conta de luz voltou a puxar o indicador para cima. "Com alta de 2,77%, a energia elétrica voltou a figurar como a maior contribuição individual, responsável por 0,11 ponto percentual do índice do mês. A energia constitui-se num dos principais itens na despesa das famílias, com participação de 3,89% na estrutura de pesos do IPCA", informou, em nota, o IBGE.

O levantamento ainda aponta que o brasileiro está pagando 41,94% a mais, em média, pelo uso de energia elétrica neste ano. Das treze regiões pesquisadas, apenas duas não tiveram alta na conta de luz - Belém e Goiânia. Em compensação, Recife, Salvador e Vitória tiveram um aumento superior a 10%.

De acordo com o instituto, a categoria que teve o maior reajuste de preços foi a de alimentos e bebidas, que subiu 1,37% em maio. Em seguida, aparece habitação, com alta de 1,22%, que inclui os gastos com energia, condomínio, taxa de água e esgoto, aluguel e artigos de limpeza. A categoria de transportes foi a única a ter baixa nos preços, influenciada pelo barateamento das passagens aéreas.

Dentre os alimentos, o que ficou mais caro foi a cebola, cujo preço subiu 35,59% em maio e 100,45% no acumulado do ano. Depois, aparece o tomate e a cenoura, que tiveram reajuste de 21,3% e 15,9% no mês passado. Por outro lado, ficaram mais baratos a mandioca, o feijão e o ovo.

O IPCA é considerado a inflação oficial do Brasil por ser o indicador utilizado pelo governo para definir as suas metas de inflação. Calculado desde 1979, o indicador mede os gastos de famílias com rendimentos mensais de 1 a 5 salários mínimos, abrangendo os treze maiores centro urbanos do país.


10/06/2015

Lula embolsou R$ 3 milhões de empreiteira da Lava Jato. Por "bônus eleitoral"






Estadão

Por Blog do Coronel


A Camargo Corrêa pagou R$ 3 milhões para o Instituto Lula e mais R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, de Luiz Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2011 e 2013. É a primeira vez que os negócios do ex-presidente aparecem nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de cartel e corrupção na Petrobrás com prejuízo de R$ 6 bilhões já reconhecidos pela estatal.

São três pagamentos de R$ 1 milhão cada registrados como “Contribuições e Doações” e “Bônus Eleitoral” para o Instituto, aberto por Lula após ele deixar a Presidência da República, em 2011. A revelação sobre o elo da empreiteira – uma das líderes do cartel alvo da Lava Jato – com Lula consta do laudo 1047/2015, da Polícia Federal, anexado nesta terça-feira, 9, nos autos da investigação.

O laudo tem 66 páginas e é subscrito pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto . A perícia foi realizada na contabilidade da Camargo Corrêa de 2008 a 2013, período em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilhões da Petrobrás. O documento mostra que a construtora repassou R$ 183 milhões em “doações de cunho político” – destinadas a candidaturas e partidos da situação e da oposição.

No caso dos pagamentos ao Instituto Lula e à LILS eles foram feitos nos mesmos anos: 2011, 2012 e 2013 – em meses distintos. Para o Instituto, dos três pagamentos, dois são registrados como “Doações e Contribuições”: 2 de dezembro de 2011 e 11 de dezembro de 2013. O que chamou a atenção dos investigadores foi o lançamento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica “Bônus Eleitoral”.

Para o LILS, cujo endereço declarado é na própria residência de Lula, em São Bernardo do Campos, a empreiteira depositou em conta corrente: R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil em 17 de dezembro de 2012 e R$ 375,4 mil em 26 de julho de 2013.

Dois executivos da empreiteira, Dalton dos Santos Avancini e Eduardo Hermelino Leite, confessaram em acordo de delação premiada que foram feitas doações eleitorais ao PT após pedido do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto – preso, em Curitiba, pela Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef – peça central da Lava Jato – também citou o nome de Lula ao afirmar em delação à Procuradoria, no dia 4 de outubro de 2014, que “tinham conhecimento” do esquema de corrupção na estatal “o Palácio do Planalto” e “a presidência da Petrobrás”. Em seguida ele citou nominalmente o ex-presidente.

Lula não é alvo de investigação da Lava Jato. Recentemente, o ex-presidente atacou publicamente o que chamou de “insinuações” envolvendo seu nome na operação. “Eu não ia dizer isso aqui, mas estou notando todo santo dia insinuações. ‘Lá na Lava Jato vão citar o nome do Lula’. ‘Querem que empresários citem meu nome’. ‘O objetivo é pegar o Lula’.”, desabafou no ato de 1º de Maio, em São Paulo. Na ocasião, ele disse que “é bom de briga”.

Dirceu.
No mesmo documento pericial, constam os pagamentos da Camargo Corrêa para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), do governo Lula. Ele é investigado por suposto uso das consultorias para empresas do cartel como forma de ocultar propina para o PT. O laudo pericial aponta que foram lançados como pagamentos entre 2010 e 2011 o valor total de R$ 900 mil, por meio de 10 depósitos bancários.

COM A PALAVRA, O INSTITUTO LULA.

O Instituto Lula informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os valores registrados na contabilidade da Camargo Corrêa foram doados legalmente e que não existe relação entre a entidade e questões eleitorais.

“O Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus eleitorais, o que é uma prerrogativa de partidos políticos, portanto deve ser algum equívoco.” Segundo a assessoria do Instituto, “os valores citados no seu contato foram doados para o Instituto Lula para a manutenção e desenvolvimentos de atividades institucionais, conforme objeto social do seu estatuto, que estabelece, entre outras finalidades, o estudo e compartilhamento de políticas públicas dedicadas à erradicação da pobreza e da fome no mundo”.

Quanto aos valores para a empresa do ex-presidente a assessoria informou que “os três pagamentos para a LILS são referentes a quatro palestras feitas pelo ex-presidente, todas elas eventos públicos e com seus respectivos contratos”. “Essas doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados e recolhidos os impostos devidos. A nota informa ainda que “as doações ao Instituto Lula e as palestras do ex-presidente não tem nenhuma relação com contratos da Petrobrás”.

9 de junho de 2015


A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO: Dois entes ligados a Lula receberam R$ 4,527 milhões de uma única empreiteira. Ele passará ou não a ser oficialmente um investigado? Ou ainda: Volte, Lula!



Por Reinaldo Azevedo


Na próxima quinta, na Bahia, começa o 5º Congresso do PT, que se estende até sábado. Os companheiros queriam a presidente Dilma Rousseff logo na abertura, para que ela pudesse ouvir palavras de ordem contra Joaquim Levy, ministro da Fazenda. A mandatária houve por bem incluir-se fora dessa. Vai dar uma passadinha lá na sexta ou no sábado. É o previsto. Com um pouco mais de prudência, fica no Palácio da Alvorada, lendo Gilberto Freyre e Sílvio Romero. A grande estrela do evento será mesmo Luiz Inácio Lula da Silva. Como sempre. E mal se pode esperar para ouvir as suas explicações.

Laudo da Polícia Federal demonstra que, entre 2011 e 2013, a Camargo Corrêa, uma das principais investigadas do caso Lava Jato, repassou para o Instituto Lula nada menos de R$ 3 milhões. A mesma empresa depositou na conta da LILS Palestras, Eventos e Publicidade, que também pertence ao Poderoso Chefão petista, mais R$ 1,527 milhão. Ao todo, sabe o leitor fazer a conta, foram R$ 4,527 milhões.

Muito bem! Digamos que Lula realmente fosse o palestrante mais caro do mundo, e a bolada em sua empresa privada tivesse decorrido de sua cascata metafórica, de seu otimismo bronco e de sua disposição para oferecer, em palestras, respostas simples e erradas para problemas difíceis, parafraseando o jornalista americano H. L. Mencken. Como explicar, no entanto, os R$ 3 milhões ao Instituto Lula?

No encontro da Bahia, é bem provável que o PT tenha a cara de pau adicional de vituperar contra o financiamento privado de campanha, em defesa do financiamento público. A tese esdrúxula, como sabem, é hoje majoritária no STF — caso os ministros não mudem de ideia. Eis aí o que se esconde por baixo da inocência dos magistrados — inocência da maioria ao menos: o PT, como já escrevi aqui tantas vezes, adoraria que a lei proibisse as doações privadas porque ele próprio dispõe de muitos outros instrumentos para, como dizer?, captar dinheiro no mercado. Suponhamos ainda que a Camargo Corrêa tenha feito uma doação ao instituto. Por quê? Afinidade de propósitos? A empreiteira também aposta no socialismo, como os companheiros dizem apostar?

Que explicação Lula tem a dar no 5º Congresso do PT? E que se note: a Camargo Corrêa é apenas uma das investigadas. Dalton Avancini e Eduardo Leite, dois executivos da empreiteira, já fizeram acordo de delação premiada e confirmaram que, ao longo de seis anos, a empresa pagou R$ 110 milhões em propina: R$ 63 milhões para a Diretoria de Serviços, que era comandada pelo petista Renato Duque, e R$ 40 milhões para a de Abastecimento, de Paulo Roberto Costa, que pertencia à cota do PP.

Segundo a PF, entre 2008 e 2013, a empresa doou para campanhas eleitorais R$ 183,79 milhões, distribuídos em diversas legendas, e outros R$ 67 milhões para o lobista Júlio Camargo, que, também em delação, afirmou ter repassado R$ 40 milhões para Fernando Baiano, operador do PMDB.

Os números sempre despertam a tentação de dar um murro na mesa: “Proíbam-se as doações privadas…”. É mesmo? E quem vai impedir uma empresa de transferir alguns milhões para coisas como a LILS e o Instituto Lula, ambos controlados pelo Babalorixá de Banânia?

Volto a um ponto no qual tenho insistido, ainda que alguns bobos não entendam — ou finjam não entender: é a existência de um cartel que permite que Lula se mova com tanta desenvoltura, seja por meio do instituto que leva seu nome, seja por meio da sua empresa de palestras? Tenham a santa paciência, não é? Eu jamais afirmei ou sugeri que as empresas são vítimas nessa história toda. Eu sustento, isto sim, é que elas se organizaram para conviver organicamente com um sistema apto a extorquir o empresariado que presta serviços ao estado. E este se deixou levar gostosamente porque a maquinaria também lhe era vantajosa. Uma coisa é certa: quem não aderisse às práticas consagradas estava fora do negócio. Isso não absolve ninguém. Apenas põe as coisas nos seus devidos termos.

Sim, claro!, Lula também poderá alegar que dava, sei lá, consultoria, palestras e que seu instituto arrecadava dinheiro para distribuir às criancinhas pobres ou pensar os caminhos do socialismo na América Latina. O que não se explica é por que as empresas mais generosas nessas ofertas eram justamente aquelas que dependiam da boa vontade dos companheiros para exercer as suas funções.

Bem, agora perguntas que gritam: não se vai nem mesmo pedir a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias dessas doações? A propósito: José Dirceu, por acaso, está na mira por algo muito diferente? Se ele é um investigado, por que não Lula?

Ah, sim: os trouxas que não receberam R$ 4,527 milhões começarão a gritar nas redes sociais o famoso: “Lula é meu amigo/ mexeu com ele,/ mexeu comigo?”.

Eis o homem que, de vez em quando, resolve ameaçar o processo político:

“Olhem que eu volto a disputar…”.

Volte, sim, Lula! Volte mesmo!



10/06/2015

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O escândalo é um só






O mensalão é apenas uma parte - e uma das menores, hoje se sabe - do plano de assalto ao Estado protagonizado pelo condomínio que o lulopetismo instalou no poder em 2003. Assim, dez anos passados daquele famigerado escândalo, que mobilizou o País por vários meses e terminou com a prisão de um punhado de réus poderosos, fica muito claro que o episódio não passou de um esquema marginal dentro de uma sofisticada estrutura montada para rapinar bens públicos, em escala nunca vista na história brasileira.



Portanto, pouco há a comemorar, pois, com o mensalão, se foi rompida parcialmente a lógica da impunidade, nenhuma página foi, de fato, virada. A cada nova descoberta das autoridades policiais e judiciais no caso do petrolão e de outros esquemas comprova-se que nada, nessas investigações, pode ser tomado de forma isolada. Todos esses escândalos são, na verdade, um só - o escândalo de uma quadrilha que transformou partidos políticos em máquinas para exaurir os recursos do Estado de diversas maneiras, em favor de projetos pessoais e de poder de seus dirigentes.


O mensalão chegou ao conhecimento público com esse nome em junho de 2005, graças a acusações feitas na ocasião pelo então deputado petebista Roberto Jefferson. Segundo o parlamentar, o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava mesadas de R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de apoio no Congresso.


Como costumam fazer sempre que são acuados por denúncias, os petistas reagiram insultando a inteligência dos brasileiros. Em nota oficial, garantiram que o relacionamento do PT com os demais partidos da base aliada se assentava “em pressupostos políticos e programáticos”, descartando qualquer forma de corrupção.


Com o passar do tempo e o surgimento de evidências de um crime muito maior do que o denunciado por Jefferson, a narrativa petista foi mudando. Primeiro, quando sua reeleição parecia sob ameaça, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, se disse “indignado” e afirmou que o PT precisava “pedir desculpas”. Nessa mesma toada, Delúbio admitiu que as campanhas eleitorais do partido usaram “recursos não contabilizados”, mas os petistas, Lula inclusive, atribuíram essa prática a um mero esquema de caixa 2, do qual, segundo essa versão, todos os partidos lançam mão.


Quando ficou evidente que o Brasil estava diante de “um dos episódios mais vergonhosos da história política de nosso país”, como o qualificou o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, em seu histórico voto pela condenação desse “grupo de delinquentes que degradou a atividade política”, os petistas passaram a se dizer vítimas de um “julgamento de exceção”.


Desde então, os documentos produzidos pelo partido para reagir às seguidas denúncias de malfeitos - como os petistas apelidaram crimes capitulados em lei - respeitaram a gramática da vitimização. A palavra “golpe” passou a ser usada profusamente pelos dirigentes petistas, inclusive, e em mais de uma ocasião, pela presidente da República, Dilma Rousseff. Junte-se a isso a cantilena de que os escândalos só vêm à luz porque o governo petista permite que sejam investigados, como “nunca antes na história deste país”, e tem-se uma impostura completa.


Digam o que disserem os líderes petistas, porém, vale o que está nos autos do mensalão - e lá está claro que o PT transformou os ganhos oriundos da corrupção na própria razão de ser de sua prática política. Os escândalos depois desvendados são consequência dessa opção.


Nos dez anos do mensalão, e atordoado diante da constatação de que ainda estamos longe de conhecer a totalidade dos malfeitos cometidos nesse período, o País já percebeu que os governos lulopetistas são verdadeiras caixas-pretas, a guardar sombrios segredos, escondidos pela blindagem do populismo e da demagogia, que transforma os críticos do modus operandi petista em inimigos dos pobres. Nem o mensalão nem o petrolão são capazes de resumir essa história de corrupção e desfaçatez da qual, infelizmente, temos apenas um pálido vislumbre.