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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Seria um presente de grego



A uma semana da votação, Fernando Haddad tenta esconder o que o PT nunca teve pudores em escancarar.

Por trás das cores, – agora verde e amarela da campanha –, encontra-se o exército de malfeitores petistas que levou o País à maior crise moral e político-econômica da história recente


Rudolfo Lago e Wilson Lima
IstoÉ
Ilustração: Lézio Júnior

Em um estudo de história que se tornou um clássico, Barbara W.Tuchman usa a lenda do Cavalo de Tróia, contada no poema Ilíada, de Homero, para comentar como muitas vezes os homens embarcam em apostas insensatas e sem sentido que deságuam em destinos trágicos. Como alguém poderia acreditar que um imenso cavalo de madeira recheado de soldados no seu interior fosse apenas um inocente presente para uma cidade? Barbara W.Tuchman batizou esses momentos de “A Marcha da Insensatez”. No Brasil dos nossos dias, o PT tenta apresentar à sociedade um ób vio Cavalo de Troia. Por trás das cores agora verde e amarelas da campanha de Fernando Haddad, apresentado como simpático ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, encontra-se o exército de petistas que, pela sequência de erros administrativos e envolvimento em escandalosos casos de corrupção, ajudou a levar o País à ruína – indubitavelmente a maior crise moral e econômica da história recente. Especialmente no segundo turno, a campanha de Haddad tenta esconder esse exército. Dourar a pílula de fortes tons rubros. Mas se trata de um aspecto inconteste, que o PT não teve pudores de ostentar quando a eleição parecia navegar em mares de águas menos turvas. “Na verdade, quem buscou transformar as eleições deste ano em plebiscito foi o próprio PT”, observa o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB). Agora, Haddad posa de democrata, apresentando-se como alguém capaz de aglutinar as esquerdas. Como o herói que desponta na relva sobre o cavalo alado a fim de pacificar a nação. Tarde demais. O cavalo, como sabemos, é outro. Há menos de um mês, a história também era outra.

Na estratégia inicialmente montada, o ex-presidente Lula, preso por corrupção na sede da Polícia Federal em Curitiba, imaginava que o eleitor lhe daria uma ampla votação que soaria como uma absolvição popular. Que coroaria a tese do PT de que tudo não passou de uma injustiça. De uma punição política. De carona, seguiriam pelo mesmo caminho da redenção pelas urnas todos os demais petistas enrolados. O eleitor negou a Lula seu plano. Aceitou o formato plebiscitário, mas para derrotar a tese do PT. Deu a vitória na primeira etapa das eleições a Jair Bolsonaro, do PSL, levando Haddad no segundo turno a tentar construir uma impossível e falsa guinada no formato da sua campanha. “O PT apostava que prevaleceria no conjunto da sociedade a memória dos tempos de bem estar e ascensão econômica dos primeiros anos do governo Lula. Mas o que prevaleceu foi a memória da confusão e da crise dos anos mais recentes, do governo Dilma Rousseff. Os casos de corrupção. E a falta de resposta para o crescimento da violência urbana”, analisa Leonardo Barreto. Ou seja: o que se pretendia escondido na barriga do Cavalo de Tróia, restou escancarado aos olhos do eleitor.


Montagem sobre foto: Gerson Nascimento; fotos: Gabriel Reis; Waldemir Barreto/AG. Senado; AFP PHOTO/Jefferson BERNARDES; AFP PHOTO/NELSON ALMEIDA; Adriano Machado/AG. ISTOé; Jefferson Rudy; Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press; ED FERREIRA/ESTADãO CONTEúDO/AE; Roberto Stuckert Filho/PR.

O exército oculto


A sequência de personagens ocultos começa pelo próprio Lula. O primeiro ato de Haddad no segundo turno foi ir à Curitiba receber do ex-presidente a ordem para que parasse de visitá-lo. Assim, a retirada de Lula da campanha já começou não sendo uma decisão de Haddad, mas uma determinação do próprio Lula. Na prática, porém, só o que mudou foi a ausência do contato pessoal entre o criador e a criatura. Emissários do PT têm ido a Curitiba e, na cela na sede da PF, colhem as orientações do ex-presidente para a campanha. Um desses emissários é o advogado Emídio Pereira de Souza, ex-prefeito de Osasco.

Velada ou explícita, a presença de Lula em um eventual governo Fernando Haddad é uma expectativa óbvia. Até porque Haddad foi colocado como candidato para exatamente ser um avatar de Lula. De forma ainda mais explícita do que aconteceu quando da escolha de Dilma Rousseff como sua substituta. Caso siga preso, será um conselheiro evidente, participando especialmente das articulações políticas e das negociações com aliados, sua especialidade. Se deixar a cadeia, Lula poderia vir a ter uma posição de destaque no Ministério de Haddad. A posição mais provável seria ministro das Relações Exteriores.

Dentro da linha inicialmente imaginada de transformar a eleição em plebiscito, o PT imaginava eleger Dilma Rousseff senadora por Minas Gerais. O plano de Dilma era obter um palanque no qual viesse a defender as realizações de seu governo e seguir reforçando ali a narrativa de que seu impeachment foi um golpe. Os votos mineiros lhe dariam a legitimidade para contar tal história. Dilma já era cotada no PT como provável presidente do Senado. Novamente, o plano fracassou. Dilma não foi eleita senadora. Mas segue no leque de opções de Haddad para algum posto técnico no governo. Como o Ministério das Minas e Energia, que ocupou no início do primeiro governo Lula.


Minas e Energia é a área que abriga a Petrobras, berço dos escândalos revelados pela Operação Lava Jato. E é da Petrobras que vem outro exemplo de quem se esconde na barriga do Cavalo de Tróia. O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli é hoje um dos coordenadores da campanha de Haddad. Gabrielli responde a duas ações de improbidade por mal feitos cometidos no período em que comandava a estatal. No Tribunal de Contas da União (TCU), Gabrielli foi responsabilizado por danos cometidos à Petrobras e condenado a pagar, junto com o ex-diretor Internacional e ex-diretor da BR Distribuidora Nestor Cerveró, R$ 320 milhões, frutos de prejuízos ocorridos nas negociações com a refinaria de Pasadena.

O núcleo mais radical do partido pode estar agora mais escanteado do comando central da campanha de Haddad. Mas segue no PT e segue influente. Caso do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), de Fernando Pimentel, ex-governador de Minas Gerais, de Guilherme Boulos (PSOL), derrotado no primeiro turno, mas sempre um soldado de primeira hora de Lula e, por óbvio, do onipresente ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. No primeiro turno, em um momento que parecia mais favorável à vitória de Haddad, Dirceu declarou que o projeto do PT não era ganhar a eleição, era “tomar o poder”. A frase infeliz – numa democracia, o poder é sempre do povo, ninguém deve se arvorar o direito de tomá-lo – foi desautorizada por Haddad e, desde então, Dirceu submergiu. Mas segue distribuindo as cartas nos bastidores da campanha. Outra que mantém ascendência, mas foi aconselhada, nos últimos dias, a ficar na muda foi a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), seguidora também da linha mais radical. “Quem vai acreditar que José Dirceu, Gleisi Hoffmann e outros não terão influência em um eventual novo governo do PT com Haddad?”, questiona o analista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa. “A certeza da volta de diversos desses personagens é um problema para Haddad. O antipetismo tornou-se a marca mais importante desta eleição”, emenda Leonardo Barreto.

Nos bastidores, alguns partidos do chamado grupo progressista que o PT tenta trazer para junto de si no segundo turno, como o PDT e o PSB, admitem que a existência das figuras que ficaram marcadas pelos escândalos de corrupção e pelos erros de condução da era petista complicaram as composições no segundo turno. Ao aliar-se publicamente com o PT e, de quebra, com integrantes do partido que já foram condenados ou estão respondendo a ações judiciais, existe um receio de que as outras siglas acabem sendo contaminadas pelo sentimento antipetista que tem dificultado a vida de Haddad no segundo turno. Leonardo Barreto simplifica o sentimento: “Ninguém aposta em cavalo perdedor”. Principalmente, se for de Tróia.


19/10/18

Urgente: PGR pede inquérito sobre disseminação de fakes por campanhas de Haddad e Bolsonaro

 Resultado de imagem para Urgente: PGR pede inquérito sobre disseminação de fakes por campanhas de Haddad e Bolsonaro

O Antagonista
Raquel Dodge acaba de requisitar à Polícia Federal a instauração de inquérito para apurar se empresas de tecnologia da informação têm disseminado, de forma estruturada, mensagens em redes sociais referentes a “ambos os candidatos”.

Dodge informa que os fatos mencionados em reportagens jornalísticas “já motivaram a abertura de procedimento apuratório pela Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE)”. O objetivo do inquérito da PF “é verificar a existência de eventual utilização de esquema profissional por parte das campanhas, com o propósito de propagar notícias falsas”.

Para a PGR, “o uso de recursos tecnológicos para propagar informações falsas ou ofensivas à honra e à imagem dos dois candidatos pode interferir na opinião de eleitores”.

“Esse fato afronta a integridade das eleições e é uma nova realidade mundial que exige investigação com a utilização de um corpo pericial altamente gabaritado e equipamentos adequados para se identificar a autoria e materializar a ocorrência desse novo formato de crime.”




   19.10.18


O QUE SERÁ SERÁ




O que será do nosso país?


Muita gente me pergunta isto, nas ruas e nos aeroportos. Respondo que penso no tema todos os dias e um bom pedaço das noites. Mas não cheguei a uma conclusão que pudesse ser transmitida num diálogo telegráfico. Tudo o que consigo dizer ainda não transcende a sabedoria de um escoteiro: estar alerta.

Não temo pela sobrevivência da democracia brasileira, mas pelos arranhões e pancadas que pode levar no caminho. É um perigo que ronda a democracia em quase todos os lugares onde ela existe.

Acabamos de sair do primeiro processo de eleições disputado principalmente no território virtual das redes. Talvez seja mais reveladora do Brasil que as outras, marcadas por comícios, propaganda na TV e reuniões domésticas. Muita gente participou, compartilhando opiniões.

O processo tem alguns perigos, que já rondaram as eleições presidenciais norte-americanas. O principal deles são as fake news, cada vez mais intensas.

Fake news sempre existiram. No passado as chamávamos de boatos. Na década dos 70 o escritor alemão Hans Magnus Enzensberger escreveu um livro de ensaios com o título Política e Crime. Um dos mais interessantes capítulos é dedicado aos boatos e sua capacidade destruidora em certos momentos políticos. A diferença essencial é que o boato hoje não só circula entre milhões de pessoas, mas o faz numa rapidez incomparável com outras fases históricas.

As fake news não seriam tão assustadoras para mim se houvesse uma vontade genuína de filtrá-las. O perigo apresenta-se no fato de que para muitas pessoas a distinção entre fake news e realidade não interessa mais. E essa indiferença diante de boatos espalhados por máquinas eficazes acaba sendo uma porta aberta para o totalitarismo.

Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, um presidente não escreve o destino do país como se estivesse diante de uma folha em branco. Há instituições, às vezes precárias, é verdade, mas representam um contraponto ao poder.

Conheço as posições de Bolsonaro e seus aliados em relação ao meio ambiente. Será um osso duro de roer. Mas, ainda assim, creio que há um horizonte para o movimento ambiental. Na minha opinião, ele terá de rever suas alianças preferenciais. Foi mais fácil buscar a esquerda, sempre aberta para absorver lutas contra o sistema.

No entanto, a ciência, a grande aliada estratégica, foi subestimada. O verdadeiro encontro a ser buscado é o da ecologia com a ciência. Não importa a resistência que as ideias encontrem. Apoiadas numa lógica científica têm chance maior de se expandir na sociedade.

Marina teve uma votação muito pequena. No dia seguinte à apuração, dois economistas ganharam o Nobel com trabalhos sobre o desenvolvimento sustentável. O tema continua importante, sobretudo no mundo. A votação de Marina não expressa a irrelevância ambiental na cabeça dos eleitores brasileiros.

O momento histórico, as circunstâncias tornaram a luta contra a corrupção sistemática e a insegurança nas cidades o que realmente importava agora. No campo da segurança pública, outro osso duro de roer. Não só Bolsonaro, mas também parte de seus eleitores, aposta na posse de armas. Vejo isso de uma forma diferente, mas não tão contraditória.

Jair Bolsonaro disse no Rio que gostaria de ver a segurança funcionando como há 50 anos. É compreensível a nostalgia das ruas tranquilas. No entanto, o esforço é fazê-lo olhar para a frente, se não 50, ao menos alguns anos adiante.

As experiências que fortalecem a minha tese estão aí: a tecnologia e a ciência também são aliadas da segurança pública. No Piauí, um aplicativo trouxe mais segurança às mulheres ameaçadas. No momento em que escrevo, estou partindo para a cidade de Guararema, no interior de São Paulo. Ali vou documentar o trabalho de uma verdadeira muralha de câmeras que protegem o lugar. São 96. Há 33 meses não há um homicídio.

Deve haver alguns problemas, como de privacidade. Mas isso vou analisar no local. De qualquer maneira, é um exemplo que fortalece a tese de usar o avanço tecnológico e científico como um grande aliado da segurança pública.

Enfim teremos um novo presidente, novo grupo no governo, mas há um caminho para contrabalançar o poder emergente. Uma instituição com a qual se conta sempre, apesar de sua degradação, é o Congresso. Houve uma renovação, cujos contornos qualitativos é difícil avaliar antes de fevereiro.

A base parlamentar do governo, no momento, são as bancadas do boi, da bala e da Bíblia. Não são monolíticas, nem necessariamente concordam em tudo.

Sempre escrevi que a chamada bancada da bala é formada, parcialmente, por policiais experientes, que têm muito a dizer. A repressão armada é a linguagem que melhor entendem. No entanto, uma investigação sofisticada, um método mais científico pode despertá-los também para outro caminho, ainda incipiente no Brasil.

Na bancada ruralista há gente com mais intimidade com a natureza do que muitos ecologistas. Sua diferença é que trabalha com os fatores sobrevivência e, sobretudo, lucro. Mas com a mediação da ciência é possível algum resultado, assim como com a bancada religiosa, em alguns temas, como meio ambiente e direitos humanos – não, porém, no sentido em que os conheceram nos anos de PT.

Enfim, teremos muito trabalho para tocar o barco. Mas não é impossível. Estamos diante de uma realidade, não adianta chorar o leite derramado. O Brasil é assim, temos de nos ajeitar com ele e dar graças a Deus, porque a alternativa do autoexílio é bastante dolorosa, creio eu.

Tenho visto algumas críticas de que esse raciocínio leva a normalizar o fascismo. Na verdade, o que consideram uma aberração é resultado do voto popular. É preciso um pouco de cuidado com a realidade.

Ainda bem que haverá muito trabalho para todos. E pouco tempo para patrulhar uns aos outros.

Artigo publicado no Estadão em 19/10/2018


Desespero



Editorial do Estadão


“Consciente de que será muito difícil reverter a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República, o PT decidiu partir para seu ‘plano B’: fazer campanha para deslegitimar a eventual vitória do oponente, qualificando-a como fraudulenta. É uma especialidade lulopetista.

A ofensiva da tigrada está assentada na acusação segundo a qual a candidatura de Bolsonaro está sendo impulsionada nas redes sociais por organizações que atuam no “subterrâneo da internet”, segundo denúncia feita anteontem na tribuna do Senado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que lançou o seu J’accuse de fancaria.

‘Eu acuso o senhor (Bolsonaro) de patrocinar fraude nas eleições brasileiras. O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de WhatsApp pagos de fora deste país’, afirmou Gleisi, que acrescentou: ‘O senhor está recebendo recursos ilegais, patrocínio estrangeiro ilegal, e terá que responder por isso. (…) Quer ser presidente do Brasil através desse tipo de prática, senhor deputado Jair Bolsonaro?’

Como tudo o que vem do PT, nada disso é casual. A narrativa da “fraude eleitoral” se junta ao esforço petista para que o partido se apresente ao eleitorado – e, mais do que isso, à História – como o único que defendeu a democracia e resistiu à escalada autoritária supostamente representada pela possível eleição de Bolsonaro.

Esse ‘plano B’ foi lançado a partir do momento em que ficou claro que a patranha lulopetista da tal ‘frente democrática’ contra Bolsonaro não enganou ninguém. Afinal, como é que uma frente política pode ser democrática tendo à testa o PT, partido que pretendia eternizar-se no poder por meio da corrupção e da demagogia? Como é que os petistas imaginavam ser possível atrair apoio de outros partidos uma vez que o PT jamais aceitou alianças nas quais Lula da Silva não ditasse os termos, submetendo os parceiros às pretensões hegemônicas do demiurgo que hoje cumpre pena em Curitiba por corrupção?

Assim, a própria ideia de formação de uma “frente democrática” é, em si, uma farsa lulopetista, destinada a dar ao partido a imagem de vanguarda da luta pela liberdade contra a “ditadura” – nada mais, nada menos – de Jair Bolsonaro. Tudo isso para tentar fazer os eleitores esquecerem que o PT foi o principal responsável pela brutal crise política, econômica e moral que o País ora atravessa – e da qual, nunca é demais dizer, a candidatura Bolsonaro é um dos frutos. Como os eleitores não esqueceram, conforme atestam as pesquisas de intenção de voto que expressam o profundo antipetismo por trás do apoio a Bolsonaro, o PT deflagrou as denúncias de fraude contra o adversário.

O preposto de Lula da Silva na campanha, o candidato Fernando Haddad, chegou até mesmo a mencionar a hipótese de ‘impugnação’ da chapa de Bolsonaro por, segundo ele, promover ‘essa campanha de difamação tentando fraudar a eleição’.

Mais uma vez, o PT pretende manter o País refém de suas manobras ao lançar dúvidas sobre o processo eleitoral, assim como já havia feito quando testou os limites legais e a paciência do eleitorado ao sustentar a candidatura de Lula da Silva. É bom lembrar que, até bem pouco tempo atrás, o partido denunciava, inclusive no exterior, que ‘eleição sem Lula é fraude’.

Tudo isso reafirma, como se ainda fosse necessário, a natureza profundamente autoritária de um partido que não admite oposição, pois se julga dono da verdade e exclusivo intérprete das demandas populares. O clima eleitoral já não é dos melhores, e o PT ainda quer aprofundar essa atmosfera de rancor e medo ao lançar dúvidas sobre a lisura do pleito e da possível vitória de seu oponente.

Nenhuma surpresa: afinal, o PT sempre se fortaleceu na discórdia, sem jamais reconhecer a legitimidade dos oponentes – prepotência que se manifesta agora na presunção de que milhões de eleitores incautos só votaram no adversário do PT porque, ora vejam, foram manipulados fraudulentamente pelo ‘subterrâneo da internet’.”

19 de outubro de 2018

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A prepotência petista



A título de arregimentar apoio fora do curral lulopetista, Haddad agora quer fazer o País acreditar que nada tem a ver nem com o PT nem com Lula
O Estado de S.Paulo


As análises estatísticas do primeiro turno da eleição presidencial mostram aquilo que todos já sabem: o PT continua a reinar soberano nos remotos grotões do País, onde eleitores sustentados pelo assistencialismo do Bolsa Família idolatram o chefão petista Lula da Silva. Foi basicamente esse clientelismo que impulsionou a transferência de votos de Lula para seu preposto na eleição, Fernando Haddad, levando o ex-prefeito paulistano para o segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL).

Superada a primeira etapa da campanha, e a título de arregimentar apoio fora do curral lulopetista, Haddad agora quer fazer o País acreditar que nada tem a ver nem com o PT nem com Lula. Mais do que isso: pretende identificar-se como um candidato sem partido, preocupado unicamente com a democracia brasileira, que, segundo seu discurso, estaria ameaçada pelo seu oponente – um ex-capitão que faz apologia da ditadura e da tortura.

Assim, a candidatura de Haddad seria nada menos que a salvação da democracia – condição que, se verdadeira fosse, tornaria praticamente obrigatório o voto no PT no segundo turno para aqueles que prezam as liberdades democráticas. Na narrativa elaborada pelos estrategistas do PT, aqueles que rejeitam esse axioma lulopetista, recusando-se a declarar voto em Haddad ainda que considerem Bolsonaro realmente uma ameaça à estabilidade do País, são desde logo qualificados como cúmplices do ex-capitão.

A isso se dá o nome de “coação moral”, como corretamente salientou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista ao Estado. FHC relatou que vem sendo pressionado a “tomar posições”, isto é, a declarar voto em Haddad para, desse modo, reafirmar sua defesa da democracia contra o avanço do autoritarismo. Não fazê-lo, depreende-se, seria renunciar a essa defesa, permitindo que Bolsonaro e sua agenda retrógrada e fortemente iliberal prevaleçam. O ex-presidente rejeita categoricamente essa associação. “Não preciso provar que sou democrático”, declarou, como se isso fosse necessário.

A artimanha eleitoreira petista está obrigando democratas acima de qualquer suspeita a vir a público para dizer que não votar em Haddad no segundo turno está longe de ser uma declaração de apoio a Bolsonaro, muito menos uma demonstração de desapreço pela democracia.

O PT talvez tivesse melhor sorte na colheita de votos fora de seu reduto se fosse honesto e reconhecesse que, sob sua gestão, o Brasil mergulhou na maior crise econômica, política e moral de sua história. Ganharia simpatia se admitisse que não deveria ter elevado ao panteão dos “guerreiros do povo brasileiro” um magote de criminosos. Teria alguma chance de sucesso se seu discurso em defesa da democracia não fosse seletivo, poupando ditaduras companheiras como a da Venezuela. Poderia se redimir caso passasse a respeitar a opinião daqueles que não são petistas e caso confessasse que errou ao nunca considerar legítimo nenhum governo que não fosse o seu.

Como se vê, apenas retirar o vermelho e apagar Lula da propaganda eleitoral não é o bastante para convencer os verdadeiros democratas de que vale a pena apoiar Haddad nessa suposta luta em defesa da democracia. Em seu desabafo, Fernando Henrique Cardoso – cujo legado ao País sempre foi tratado como “herança maldita” pelo mesmo PT que agora demanda seu apoio – deu voz a muitos dos que estão cansados da retórica malandra e arrogante do lulopetismo. “Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita? Cresçam e apareçam. (...) Agora é o momento de coação moral... Ah, vá para o inferno. Não preciso ser coagido moralmente por ninguém. Não estou vendendo a alma ao diabo”, disse o ex-presidente.

Por ter sistematicamente desrespeitado aqueles que não aceitaram sua busca por hegemonia, por ter jogado brasileiros contra brasileiros e por ter empobrecido a política por meio da corrupção e do populismo rasteiro, o PT colhe agora os frutos amargos – na forma de um repúdio generalizado ao partido em quase todo o País e da desmoralização de sua tentativa de vestir o figurino democrático, que nunca lhe caiu bem.


16 Outubro 2018


O fim do torpor

Imagem relacionada

Editorial do Estadão



O impeachment da presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final de um período iniciado com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, em que a consciência crítica da Nação ficou anestesiada.

A partir de agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia.

De alguém, enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos, elegendo o que ele mesmo chamava de “postes” – nulidades políticas e administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma.
Muito antes de Dilma ser apeada da Presidência já estava claro o mal que o lulopetismo causou ao País. Com exceção dos que ou perderam a capacidade de pensar ou tinham alguma boquinha estatal, os cidadãos reservaram ao PT e a Lula o mais profundo desprezo e indignação.

Mas o fato é que a maioria dos brasileiros passou uma década a acreditar nas lorotas que o ex-metalúrgico contou para os eleitores daqui. Fomos acompanhados por incautos no exterior.

Raros foram os que se deram conta de seus planos para sequestrar a democracia e desmoralizar o debate político, bem ao estilo do gangsterismo sindical que ele tão bem representa. Lula construiu meticulosamente a fraude segundo a qual seu partido tinha vindo à luz para moralizar os costumes políticos e liderar uma revolução social contra a miséria no País.
Quando o ex-retirante nordestino chegou ao poder, criou-se uma atmosfera de otimismo no País. Lá estava um autêntico representante da classe trabalhadora, um político capaz de falar e entender a linguagem popular e, portanto, de interpretar as verdadeiras aspirações da gente simples.

Lula alimentava a fábula de que era a encarnação do próprio povo, e sua vontade seria a vontade das massas.

O mundo estendeu um tapete vermelho para Lula. Era o homem que garantia ter encontrado a fórmula mágica para acabar com a fome no Brasil e, por que não?, no mundo: bastava, como ele mesmo dizia, ter “vontade política”.

Simples assim. Nem o fracasso de seu programa Fome Zero nem as óbvias limitações do Bolsa Família arranharam o mito. Em cada viagem ao exterior, o chefão petista foi recebido como grande líder do mundo emergente, mesmo que seus grandiosos projetos fossem apenas expressão de megalomania, mesmo que os sintomas da corrupção endêmica de seu governo já estivessem suficientemente claros, mesmo diante da retórica debochada que menosprezava qualquer manifestação de oposição.

Embalados pela onda de simpatia internacional, seus acólitos chegaram a lançar seu nome para o Nobel da Paz e para a Secretaria-Geral da ONU.

Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe. Quando tinha influência real e podia liderar a tão desejada mudança de paradigma na política e na administração pública, preferiu os truques populistas.

Enquanto isso, seus comparsas tentavam reduzir o Congresso a um mero puxadinho do gabinete presidencial, por meio da cooptação de parlamentares, convidados a participar do assalto aos cofres de estatais. A intenção era óbvia: deixar o caminho livre para a perpetuação do PT no poder.

O processo de destruição da democracia foi interrompido por um erro de Lula: julgando-se um kingmaker, escolheu a desconhecida Dilma Rousseff para suceder-lhe na Presidência e esquentar o lugar para sua volta triunfal quatro anos depois.

Pois Dilma não apenas contrariou seu criador, ao insistir em concorrer à reeleição, como o enterrou de vez, ao provar-se a maior incompetente que já passou pelo Palácio do Planalto.

Assim, embora a história já tenha reservado a Dilma um lugar de destaque por ser a responsável pela mais profunda crise econômica que este país já enfrentou, será justo lembrar dela no futuro porque, com seu fracasso retumbante, ajudou a desmascarar Lula e o PT.

Eis seu grande legado, pelo qual todo brasileiro de bem será eternamente grato.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Não vem da ideologia a força política de Bolsonaro


Não vem da ideologia a força política de Bolsonaro, escreve Xico Graziano


Generais participam da democracia

A essência não reside mais na ideologia
Sérgio Lima/Poder 360 - 05.set.2018.


Perdoem-me os tradicionais analistas políticos: vocês continuam errando. A essência não reside mais na ideologia. Jair Bolsonaro vencerá as eleições porque encarnou o reclamo popular pela decência na vida pública. Daí brota sua grande força.

Esse velho costume em dividir o mundo entre “esquerda” e “direita” perdeu certo sentido na sociedade contemporânea, plena era digital. Repito meu argumento: embora grupos organizados, politizados e elitistas, ainda orbitem naquela toada típica dos anos da Guerra Fria, novos dilemas movimentam hoje a opinião popular. No Brasil e no mundo.

O cientista político Fernando Limongi afirmou noutro dia, me puxando as orelhas, que “está em jogo a barbárie”. Juro, bom caipira que sou, que fico em dúvida sobre o conceito. Os gregos diziam que, fora eles próprios, civilizados, os demais povos eram “bárbaros”. Barbárie, para os romanos, vinha dos germânicos.

Quem acredita que Bolsonaro representa a barbárie se coloca no pedestal da sapiência. Lá no meu interior nós chamamos isso de pernóstico. Pessoas iluminadas, supostos intelectuais, se julgam superiores a nós, mortais comuns, e nos rebaixam pela nossa ignorância. Como pode alguém apoiar a “barbárie”?!

Desde as enormes, e espontâneas, manifestações de rua havidas em junho de 2013, sabíamos que fermentava no país uma insatisfação, difusa, contra o “sistema político”. Muitos quiseram compreender aqueles inusitados acontecimentos pelo crivo da “esquerda x direita”. Não conseguiram, até hoje, entender nada.

Foi nessa época que escutei Fernando Henrique Cardoso falar, pela primeira vez, em decência, referindo-se a um valor moral para capturar o momento político. As pessoas, jovens principalmente, estavam insatisfeitas, sem saber ao certo o porquê de suas angústias. Quebravam e queimavam à busca de respostas.

Vieram depois as eleições de 2014, protagonizadas por Aécio Neves e Dilma Roussef. Avança a Lava Jato, vem o impeachment. Com a queda da petista, troca-se o comando da quadrilha. Mudava a cabeça, mas o poder carcomido continuava ereto. E o câncer da corrupção destruía a credibilidade da democracia.

Aí surgiu Jair Bolsonaro. Moralista e militar, defensor da ordem, apareceu no cenário gritando: vamos acabar com essa putaria em Brasília! Pronunciado na hora certa, seu discurso ecoou longe, atingindo o âmago do “mecanismo” que alimenta a corrupção, e que a todos comandava e seduzia. O capitão caiu na graça do povo e ganhou notoriedade.

Dizer que Bolsonaro é “de direita” é uma obviedade que pouco explica sua força política. Parte do seu eleitorado, claro, vem dessa vertente. Outro tanto, certamente, se arregimenta pelo sentimento “anti-PT”. Boa maioria de seus apoiadores, porém, oriundos no fundão do interior e da periferia das cidades, se move por um desejo ético: querem eleger alguém para moralizar a vida pública do país.

A eleição de Bolsonaro poderá significar o início da reconstrução da democracia, e não sua derrocada. O fato de alguns militares participarem da campanha, preparando programas de governo e que tais, ao invés de temor, me causa satisfação: significa que os generais se expõem, aceitam as regras da democracia, dela participam. Fascismo zero.

Há riscos, sempre os há.
Quem poderia imaginar que Lula, o maior líder operário do país, organizasse tamanho assalto aos cofres públicos, locupletando-se ao destroçar o poder público
nacional?
Qual risco seria maior, à nossa democracia, que a volta da quadrilha vermelha ao poder?


Socorro-me do filósofo José Arthur Giannotti. Ao finalizar uma recente entrevista onde comenta a provável vitória de Bolsonaro, o professor utiliza a pura dialética: “Agora desarrumou tudo. Que bom!”.

Sensacional.

 
Xico Graziano

Xico Graziano, 65, é engenheiro agrônomo e doutor em Administração.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

PF indicia Michel Temer e filha Maristela por corrupção passiva e lavagem de dinheiro


Relatório final do inquérito que apura se emedebista recebeu propina do setor portuário foi enviado ao STF

Aguirre Talento,
Bela Megale
e Carolina Brígido
O Globo
O presidente Michel Temer, durante cerimônia no Palácio do Planalto
Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo/09-10-2018
 

BRASÍLIA — Após 13 meses de investigação, a Polícia Federal ( PF ) finalizou o inquérito que apurava se o presidente Michel Temer e seu grupo político receberam propina em troca de beneficiar indevidamente empresas do setor portuário. No relatório final, a PF indiciou o atual presidente e sua filha Maristela por corrupção passiva , lavagem de dinheiro e organização criminosa , além de outros acusados.


O relatório final afirma que Temer usou empresas do coronel reformado da PM João Baptista Lima, amigo do presidente de longa data, para receber propina da empresa Rodrimar por meio de uma complexa engenharia financeira envolvendo repasses a empresa de fachada ligada ao coronel. A PF aponta ainda crimes em pagamentos feitos pelo grupo Libra. Ambas as empresas são concessionárias de áreas do porto de Santos, reduto de influência política do emedebista.

O relatório final, assinado pelo delegado Cleyber Malta Lopes, foi enviado nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal — prazo máximo estabelecido pelo ministro Luís Roberto Barroso. Agora, o material será encaminhado à procuradora-geral da República Raquel Dodge, que deverá decidir se oferece denúncia contra o presidente com base nesses fatos.

Temer já havia sido denunciado duas vezes pelo antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, em casos envolvendo a delação do grupo J&F (dono da JBS), mas o Congresso Nacional barrou a abertura de ação penal contra o presidente. Caso Dodge ofereça nova denúncia, será a terceira contra o emedebista no exercício do cargo de presidente.

Além de Temer e Maristela, a PF apontou indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o coronel João Baptista Lima e sua mulher Maria Rita Fratezi, além do seu sócio Carlos Alberto Costa e o filho dele, Carlos Alberto Costa Filho. A PF também aponta corrupção ativa do empresário Antônio Celso Grecco e seu subordinado Ricardo Mesquita, da Rodrimar, e de Gonçalo Torrealba, do grupo Libra, citados como responsáveis por pagamentos de propina em troca de benefícios na administração pública. A PF pediu o bloqueio de bens de todos eles, inclusive Temer e sua filha.

A PF ainda solicitou a prisão preventiva do coronel Lima, seu sócio Carlos Alberto Costa, sua mulher Maria Rita e o contador Almir Martins Ferreira, que também foi indiciado — Almir é suspeito de operar a empresa de fachada que receberia propina para Temer. No despacho, Barroso proíbe os quatro de saírem do país e pede a manifestação da PGR sobre o pedido de prisão.
 
A investigação tem como base um decreto assinado por Temer no ano passado que prorrogou e estendeu os prazos de concessão de áreas públicas às empresas portuárias. A PF suspeita que Temer tenha recebido propina para favorecer as empresas nesse decreto.



6/10/2018

Cid Gomes: parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no 2º turno





O senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) disse nesta terça-feira, 16, ao Estadão/Broadcast, que parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no segundo turno das eleições 2018 e está “se lixando” para o presidenciável Fernando Haddad. Na visão do irmão de Ciro Gomes (PDT), a “companheirada” só está pensando em garantir a hegemonia na oposição a um futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL).

“Eles (petistas) querem ser hegemônicos inclusive na oposição. Boa parte da companheirada aí já deu por perdido (o segundo turno) e está pensando nisso, em ser hegemônico na oposição. Estão se lixando para o Haddad. São incapazes de um gesto de grandeza, mesmo que isso seja permitir uma oportunidade para o jovem, talentoso, inteligente, preparado que é o Fernando Haddad. Eu acho que isso (gesto de autocrítica) tem que partir de quem está no comando do PT”, afirmou.

Cid provocou polêmica em ato político realizado em Fortaleza (CE), na noite desta segunda-feira, 15, no qual conclamou que o PT fizesse uma autocrítica para não “perder feio” de Bolsonaro no pleito presidencial. O pedetista acabou vaiado pela plateia, que começou a gritar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba na Operação Lava Jato. Após a fala de Cid, o PT considera improvável criação de frente ampla contra Bolsonaro.


Nesta terça-feira, Cid Gomes reiterou à reportagem essas críticas e disse que é uma característica do PT não fazer gestos para reconhecer erros.

“Se tem uma possibilidade de reversão desse quadro (liderança de Bolsonaro), extremamente avesso ao Haddad, que eu considero o melhor candidato, é a gente ir no nó da questão, que é essa ânsia, essa raiva, essa vingança, que boa parte dos brasileiros tem em relação ao PT”, disse. “Penso que a única forma de se contrapor a esse sentimento é desvincular. É um pedido de desculpas, é o reconhecimento de erros. Ser humilde não faz mal a ninguém, nunca vi ninguém sofrer porque fez gesto de humildade, de reconhecimento de erros. Falta infelizmente (esse reconhecimento de erros), que pelo visto é característica do PT”, afirmou.

O senador eleito disse ainda que há um sentimento na sociedade brasileira de “dar uma lição” tanto em PT quanto no PSDB, mas os tucanos já tomaram a “porrada” no primeiro turno, quando o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, figurou como quarto colocado.


“(A rejeição da sociedade) não é só PT, não, ao PSDB também. Acho que há um sentimento de virar as duas páginas (PSDB e PT). O Alckmin levou a primeira porrada, o PSDB levou a primeira porrada no primeiro turno. É óbvio que o PT é um partido que tem mais máquina, acabou elegendo a maior bancada, que no final das contas é 10% do Congresso. Isso, para um partido que teve o presidente da República por quatro mandatos seguidos, é nada. Então há um sentimento de dar uma lição no PSDB e no PT e agora o Haddad será vítima disso”, disse.

Mais cedo, Cid usou seu perfil no Facebook para tentar contornar a repercussão de suas declarações. Ele escreveu na rede social que Haddad é “infinitamente melhor que o Bolsonaro”. “Eu não quero me vingar de ninguém. Para o Brasil o menos ruim é o Haddad. Por isso penso que seria melhor que ele ganhasse”, publicou.


16/10/18


Em evento pró-Haddad, Cid Gomes, irmão de Ciro, culpa PT por 'criar' Bolsonaro e chama militantes de 'babacas'


Senador eleito cobrou pedido de desculpas dos petistas pelas 'besteiras que fizeram' e chamou militantes de 'babacas'


Dimitrius Dantas
O Globo


Cid Gomes, ex-prefeito de Sobral, ex-governador do Ceará e ex-ministro da Educação
Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
 
SÃO PAULO - Um ato de apoio à campanha de Fernando Haddad (PT) no Ceará , no Marina Park, foi marcado pela discussão do senador eleito Cid Gomes (PDT) , irmão de Ciro Gomes (PDT), com militantes petistas. Escalado para ser o primeiro a discursar, Cid cobrou um pedido de desculpas do PT pelas "besteiras que fizeram". Cid disse, ainda, que o partido "criou" Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas para a Presidência. Ao ser vaiado, disse que o partido vai "perder feio" a eleição se não assumir seus erros, e lembrou que o ex-presidente Lula está preso.



Inicialmente aplaudido, o ex-governador do Ceará cobrou dos petistas presentes que o partido fizesse um "mea culpa" se quisesse vencer a eleição.

- Não cabe a mim cobrar mea culpa de ninguém. Eu conheço o Haddad, é uma boa pessoa, tenho zero problema de votar no Haddad - disse Cid, antes de continuar:

- Mas se quiser dar um exemplo pro país, tem que fazer um mea culpa, tem que pedir desculpas, tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira.

A frase gerou uma reação dividida na plateia. Um deles chamou a atenção de Cid e o senador eleito, apontando para o militante, iniciou uma série de críticas ao partido.



- É assim? É? Pois tu vai perder a eleição. Não admitir os erros que cometeram é pra perder a eleição. E é bem feito. Pois vão, vão, vão e vão perder feio. Vão perder feio! Porque fizeram muita besteira, porque aparelharam as repartições públicas, porque acharam que eram donos de um país e o Brasil não aceita ter dono - afirmou.

O irmão de Ciro ainda afirmou que "essas figuras que acham que são donos da verdade" criaram Bolsonaro.
 
- Não sei por que me pediram para falar. É para fazer faz de conta? Eu faço faz de conta - disse.

Nesse momento, parte da plateia começou a cantar gritos de ordem favoráveis ao ex-presidente Lula, gerando outra crítica de Cid.

- Lula o que? Lula está preso, babaca. O Lula está preso, o Lula está preso, e vai fazer o que? - afirmou. - Deixa de ser babaca, rapaz, tu já perdeu a eleição.


Após pedir o "silêncio dos babacas do PT", o pedetista diz que falará apenas aos eleitores de Ciro que estavam no local. Após relembrar o apoio dado a candidatos do PT em locais onde a família Ferreira Gomes exerce influência no estado, Cid lembrou que ele e Ciro apoiaram a eleição e reeleição de Camilo Santana, atual governador do Ceará, ao contrário do PT, que seria um partido que quer ser "hegemônico". Apesar disso, Cid pede para que os eleitores de Ciro façam "mais um sacrifício".
 
- Engulam, façam mais um sacrifício. Nunca mereceram. Nunca deram nada em troca. Agora, faltando quatro meses para a eleição, eu convidei a Dilma para ser candidata a senadora no Ceará e o Lula impediu que ela viesse porque queria que o Eunício fosse eleito aqui no Ceará. O Lula! O Lula! - diz, gerando novas críticas de parte da plateia.

A crítica a Lula gerou nova reação exaltada dos presentes, o que levou Cid a terminar seu discurso se negando a pedir diretamente voto em Haddad.

- Grita, que eu não peço. Não vou pedir não. Beijinho, beijinho, tchau, tchau - finalizou.





15/10/2018