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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Cunha negocia termos para delação que pode atingir Temer

 
Tratativas estão mais avançadas do que as do doleiro Lúcio Funaro

Por O Globo

O ex-deputado Eduardo Cunha
André Coelho / Agência O Globo


RIO - O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenta negociar acordo de colaboração premiada com os investigadores da Operação Lava-Jato, conforme informou o colunista do GLOBO Lauro Jardim. As tratativas estão mais avançadas do que as do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, antigo parceiro de Cunha, que foi transferido ontem do presídio da Papuda para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro, Cunha permanece preso no Complexo Médico-Penal, no Paraná.

Ambas as propostas de delações provocam temor no Palácio do Planalto, porque podem comprometer o presidente Michel Temer, já atingido pelas revelações dos donos e executivos do Grupo J&F, que controla da JBS. Funaro já admitiu ter atuado como o operador financeiro para o PMDB. E Temer manifestou desconforto com uma suposta pressão feita por Cunha da prisão.

Em março, a Justiça do Distrito Federal encaminhou ao presidente 19 perguntas feitas por Eduardo Cunha. Cinco dias depois, Temer disse ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, em encontro no Palácio do Jaburu no qual foi gravado pelo empresário, que estava sendo “fustigado” por Cunha.

Na conversa no Jaburu, Joesley diz que está “de bem” com o ex-deputado, e ouve de Temer: “Tem que manter isso, viu?”. Segundo investigadores, a resposta de Temer configuraria um aval para a compra do silêncio de Cunha. O presidente é investigado no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de obstrução à Justiça.

Desde que foi preso, em outubro do ano passado, Cunha nega por meio de cartas e de seus advogados a intenção de firmar acordo de delação. Porém, nos bastidores, conseguiu driblar a resistência de procuradores e negocia termos para um acordo.


06/07/2017


Polícia Federal encerra grupo exclusivo da Lava Jato em Curitiba


Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
Membros da Lava Jato em coletiva na 39ª fase da operação, na superintendência da Polícia Federal em Curitiba


ESTELITA HASS CARAZZAI
FSP DE CURITIBA

A Polícia Federal encerrou, nesta semana, a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba —ou seja, o grupo de delegados e agentes dedicados exclusivamente à operação.

Em nota, a instituição informou que os policiais passarão a integrar a Delecor (Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas), dentro da própria superintendência da PF. Eram quatro delegados e mais um grupo de agentes, num total de 40 pessoas dedicadas exclusivamente à Lava Jato em Curitiba.

"Não há motivo orçamentário, nem político", disse o delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato em Curitiba, em entrevista nesta quinta (6). "É uma decisão operacional."

Segundo a PF, a medida "prioriza ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário", e aumenta o efetivo dedicado ao combate à corrupção e lavagem de dinheiro.

Cada um dos delegados da Lava Jato possuía cerca de 20 inquéritos, segundo a PF —um número bastante elevado em comparação com o auge da força-tarefa, que chegou a reunir 11 delegados.

Havia relatos de sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções.

Com a mudança, informa a nota, a carga de trabalho será reduzida e distribuída entre outros policiais da Delecor, que vai reunir cerca de 80 pessoas, sendo 16 delegados. "Nenhum dos delegados atuantes na Lava Jato terá aumento de carga de trabalho, mas, ao contrário, ela será reduzida", informou a PF.

A ideia, segundo Paula, é criar um núcleo de "investigação permanente contra crimes de alta corrupção" –ao contrário da força-tarefa, que era instituída por portaria e poderia ser revogada a qualquer momento.

Para a instituição, o número de policiais na sede do Paraná "está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade".

REPERCUSSÃO

Integrantes da Lava Jato na PF afirmaram à Folha que a mudança foi "administrativa", a fim de compensar a redução no efetivo de policiais cedidos à força-tarefa.

O problema vem ocorrendo há alguns meses, especialmente pela demanda maior em outros Estados, como Rio de Janeiro e Brasília.

"São várias as prioridades agora", comentou Paula, que relatou que havia dificuldade em levar gente especializada a Curitiba. "Os policiais do Rio não vêm mais. Brasília, nem se fala. Não tem condições."

A força-tarefa da PF já vinha sofrendo um corte progressivo de pessoal: em maio, o número de delegados dedicados à Lava Jato na PF de Curitiba caiu de nove para quatro. O argumento, na época, foi a queda da demanda da operação, e a criação de grupos em outros Estados.

A expectativa agora é que as investigações sejam, de fato, otimizadas, com o apoio do restante da equipe da Delecor.

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, em redes sociais, chegou a associar o fim da força-tarefa a problemas orçamentários.

"A força-tarefa da Polícia Federal na Operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados. Mas, para salvar o seu mandato, Temer libera verbas à vontade", afirmou Lima, ao comentar a notícia da liberação de emendas parlamentares pelo governo federal.

Mas Paula negou problemas de verbas: disse que os recursos para a Lava Jato estão reservados em orçamento desde o início do ano, e que não houve cortes.

"Pode ser até que sobre recurso", comentou, em função da dificuldade de remover policiais especializados a Curitiba.

Para o delegado, a mudança é uma "adequação à realidade".

A extinção da força-tarefa será publicada nesta sexta (7), no boletim interno da Polícia Federal.
06/07/2017


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Funaro é transferido da Papuda para carceragem da PF


Doleiro e operador do PMDB, Lúcio Funaro promete entregar em delação premiada o presidente Michel Temer e bancada do partido, além de ministros

Por Felipe Frazão
Veja.com

AMEAÇA - O doleiro Lúcio Funaro: seu depoimento é uma amostra do estrago que ele pode causar
(Alexandre Schneider/VEJA)



A pedido do Ministério Público Federal, com quem negocia um acordo de colaboração premiada, o doleiro Lúcio Funaro, operador de propinas do PMDB, foi transferido nesta quarta-feira do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Polícia Federal, em Brasília. Funaro vai passar uma temporada de dez dias na sede da PF, até o dia 14 de julho.


A decisão foi do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que mandou prender Funaro provisoriamente na Operação Sépsis, há um ano. A diretoria do Centro de Detenção Provisória da Papuda recebeu comunicado eletrônico da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para transferir Funaro imediatamente, com escolta da PF.

A delação de Funaro, caso se concretize, é tida por aliados do presidente Michel Temer como um dos fatores que agravaria a crise e poderia levar à queda do peemedebista. Em conversas com advogados, o doleiro demonstrou irritação com o fato de sua irmã ter sido presa em maio (ela foi solta no mês passado). Conforme VEJA noticiou, ele também revelou que sua mulher vinha sendo pressionada por mensagens pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo fraterno de Temer, que queria saber se Funaro fecharia uma delação premiada. Geddel foi preso na segunda-feira passada – o juiz cita na decisão as “pressões” que o ex-ministro exercia.

Funaro prometeu nas tratativas para a delação contar sobre fraudes que desfalcaram o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS, administrado pela Caixa Econômica Federal. Funaro diz que Temer teria solicitado cerca de 20 milhões de reais como comissão de operações do FI-FGTS para bancar campanhas em 2012 e 2014.

Ele também deve falar sobre os termos da delação da JBS. Em seus depoimentos, o empresário Joesley Batista afirmou que pagou propina para que o doleiro e o ex-deputado Eduardo Cunha, para quem o doleiro operou, se mantivessem calados na prisão, supostamente com aval de Temer – o que o presidente nega.

Chamado a falar sobre Temer no inquérito contra o presidente, Funaro afirmou que o presidente da República tinha pleno conhecimento de como funcionavam os esquemas de corrupção que abasteciam o cofre do PMDB e que chegou a se encontrar pessoalmente com ele.


5 jul 2017


terça-feira, 4 de julho de 2017

Aécio diz que viveu dias tormentosos e reitera: não cometi crime

Em discurso na volta ao Senado, tucano diz que nunca perdeu serenidade, reafirma que foi vítima de armação e anuncia que seguirá apoiando reformas de Temer
Por Da Redação
Veja.com
 
Aécio Neves (PSDB-MG) se prepara para discursar ao retornar ao Senado
(Jefferson Rudy/Agência Senado)


O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, no primeiro discurso na tribuna do Senado após reassumir o seu mandato, que não viveu “dias tormentosos”, mas que nunca perdeu a serenidade e o equilíbrio e reafirmou que não cometeu “crime algum” – ele é investigado em dois inquéritos pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva e obstrução de Justiça em razão das delações da JBS.


“Nesses dias tormentosos, em nenhum instante, absolutamente em nenhum instante, perdi a serenidade e o equilíbrio próprio daqueles que sabem exatamente a condução de seus atos”, afirmou. “Não me furtarei de reiterar aqui aquilo que venho afirmando ao longo dessas últimas semanas: não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagem indevida a quem quer que fosse, tampouco atuei para a obstrução de justiça como afirmaram”, disse.

Aécio foi flagrado pela Polícia Federal em conversa telefônica com várias pessoas, entre elas o empresário Joesley Batista, dono da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões. Ele voltou a dizer que o dinheiro era referente à venda de um apartamento no Rio e acrescentou que esse mesmo imóvel foi oferecido a outros quatro empresários.

“Fui vítima de armação. Procurei sim esse cidadão [Joesley], cuja face delinquente o Brasil não conhecia (…)”, disse, para em seguida voltar a atacar os termos da delação fechada com o Ministério Público Federal pelo empresário, “cujos benefícios assombram e enchem de indignação a maior parte dos brasileiros”.

Ele voltou a dizer que precisou vender o apartamento para pagar a sua defesa nos inquéritos de que é alvo na Operação Lava Jato. “Isso porque não obtive jamais, em tempo algum, vantagem financeira em razão da política”, disse.

Ele negou que o caso fosse de corrupção. “Como alguém [Joesley] pode ter pago propina se não recebeu qualquer benefício ou teve a expectativa de recebê-lo? Mas isso passou a ser irrelevante”, disse. “Não houve envolvimento de dinheiro público e qualquer outra contrapartida, o que ficará cabalmente comprovado perante a Justiça”, afirmou.


Nesses dias tormentosos, em nenhum instante, absolutamente em nenhum instante, perdi a serenidade e o equilíbrio próprio daqueles que sabem exatamente a condução de seus atos (…). Não cometi crime algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagem indevida a quem quer que fosse, tampouco atuei para a obstrução de justiça como afirmaram” Aécio Neves (PSDB-MG), senador


Ele também questionou a suspeita de obstrução de justiça investigada em inquérito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Citou três pontos levantados na investigação: sua atuação pela aprovação da lei de abuso de autoridade, seu apoio ao fim da criminalização do caixa dois e as críticas que fez a determinadas áreas do governo – não citou, mas se referia à PF e ao MPF.

“Esse conjunto de manifestações foi interpretado como tentativa de obstrução da justiça. Nada mais distante da realidade”, disse, para ressaltar que sempre defendeu a Lava Jato, “apesar de reparos a serem feitos à atuação de alguns de seus membros”. Em nenhum momento, ele citou Janot, que chegou a pedir a sua prisão. Ele também lembrou do artigo 53 da Constituição, que “assegura imunidade por palavras, opiniões e votos”.
Nostalgia

Antes de entrar na defesa dos pontos centrais da acusação, Aécio disse que iria “se deixar embalar por uma certa nostalgia” e listou o que considera alguns pontos altos de sua carreira política, como a participação, ainda jovem, na campanha das Diretas Já, sua atuação na Constituinte de 1988 e sua gestão à frente da Presidência da Câmara.

No fim, voltou a dizer o que já havia dito em vídeo divulgado logo após as suspeitas sobre ele virem à tona: que errou ao se “deixar envolver nessa trama ardilosa”, ao envolver familiares nas acusações (sua irmã, a jornalista Andrea Neves, chegou a ser presa) e por utilizar “mesmo em conversa privada, vocabulário que não lhe é comum.”

E depois falou sobre o futuro. “Não carrego mágoas, não carrego ressentimentos, olho para a frente (…). O país vive, sim, importante e inédito acerto de contas com a sociedade e com o mundo político. Temos de estar preparados para isso, mas separar o que é crime do que é atividade política”, disse.

Por fim, voltou a defender as reformas e o apoio do PSDB ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Vamos continuar avançando em uma ousada agenda de reformas, razão do apoio do PSDB ao governo. Agenda que, apesar de todas as adversidades, continua sendo liderada pelo presidente”, afirmou.
  4 jul 2017