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sábado, 5 de março de 2016

Um recado do MPF a Marco Aurélio Mello



O MPF divulgou nota de esclarecimento sobre a adoção da condução coercitiva de Lula. É um recado ao próprio Lula e, especialmente, a Marco Aurélio Mello, que ironizou o argumento usado pela Lava Jato para a deflagração da Operação Alethea.


Na nota, os procuradores de Curitiba lembram que já foram executados 117 mandados de condução coercitiva em 24 fases da Lava Jato, mas só agora surgiram críticas.

"Considerando que em outros 116 mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um ex-presidente da República"


"Assim, apesar de todo respeito que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva merece, esse respeito é-lhe devido na exata medida do respeito que se deve a qualquer outro cidadão brasileiro, pois hoje não é ele titular de nenhuma prerrogativa que o torne imune a ser investigado na operação Lava Jato."

O MPF lembra que a legalidade da decisão adotada ontem já foi reconhecida pelo próprio STF e que, diferentemente do que Lula apregoa, não bastaria convidá-lo. Isso ficou claro no episódio envolvendo o MP de São Paulo.

"Após ser intimado e ter tentado diversas medidas para protelar esse depoimento, incluindo inclusive um habeas corpus perante o TJSP, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua recusa em comparecer."

E finaliza:

"Por fim, tal discussão nada mais é que uma cortina de fumaça sobre os fatos investigados. É preciso, isto sim, que sejam investigados os fatos indicativos de enriquecimento do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, por despesas pessoais e vantagens patrimoniais de grande vulto pagas pelas mesmas empreiteiras que foram beneficiadas com o esquema de formação de cartel e corrupção na Petrobras, durante os governos presididos por ele e por seu partido, conforme provas exaustivamente indicadas na representação do Ministério Público Federal."

05.03.16


sexta-feira, 4 de março de 2016

O tríplex, o sítio e a fortuna

A sociedade secreta de Lula com as empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras rendeu favores, mordomias e mais de 40 milhões de reais ao ex-presidente


Durante anos, o ex-presidente Lula esforçou-se para manter viva a imagem do homem comum, do político honesto que exerceu o poder em sua plenitude e permaneceu impermeável às tentações. Para os incautos, ele morava até hoje no mesmo apartamento modesto em São Bernardo do Campo (SP) e conservava hábitos simples, como carregar na cabeça uma caixa de isopor cheia de cerveja.

Longe dos holofotes, Lula se acostumou com a vida faustosa. Longe dos holofotes, o petista cultivava hábitos sofisticados. Longe dos holofotes, o petista se tornou milionário. E a origem do dinheiro que ele acumulou, em boa parte, está nas empreiteiras acusadas de participar do bilionário esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, criado em seu governo.

O mito começou a desabar quando as investigações da Lava-Jato revelaram os primeiros sinais de que o ex-presidente, seus filhos, parentes, amigos e aliados estavam todos esparramados de alguma forma na gigantesca bacia da corrupção.

Para além do apartamento de São Bernardo, o Lula mais próximo da realidade havia comprado um apartamento tríplex de frente para o mar do Guarujá, no litoral paulista, e um sítio nas montanhas de Atibaia, no interior do estado. As duas propriedades, porém, nunca estiveram em nome dele. Ambas foram reformadas e equipadas por empreiteiras do petrolão.

O sítio, para o qual Lula enviou parte de sua mudança logo após deixar o Planalto, está até hoje em nome de dois sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, o filho mais velho do ex-presidente. E o tríplex nunca saiu do nome da OAS, uma das maiores companhias acusadas de distribuir propinas a partidos e políticos em troca de contratos na Petrobras.

Em 2015, reportagens de VEJA abriram caminho para o que resultaria na mais constrangedora cena da vida de um político.


A MENTIRA COMO MÉTODO
Até a semana passada, o ex-presidente continuava negando peremptoriamente ser o dono do sítio e do tríplex. Os policiais e procuradores, porém, não têm dúvidas de que saiu dos cofres das empreiteiras do petrolão o dinheiro usado para comprar o sítio em 2010, meses antes de Lula deixar o Planalto.

Um presente que, suspeitam os investigadores, Lula teria recebido quando ainda era presidente, o que configuraria crime de corrupção e improbidade administrativa.

As empreiteiras também cuidaram dos detalhes para que a propriedade ficasse ao gosto de Lula e de sua família. Bancaram as obras no sítio, como a construção de uma nova sede com quatro confortáveis suítes e de um tanque para pescaria. Pagaram até a mobília. Os móveis da cozinha foram encomendados pela OAS em uma loja de luxo.

A história do tríplex enreda Lula ainda mais nas tramoias das empreiteiras do petrolão. Como VEJA revelou, foi o ex-presidente quem convenceu a OAS a assumir as obras deixadas para trás pela Bancoop, cooperativa que foi à bancarrota após desviar o dinheiro de milhares de associados para os cofres do PT. Pedido de Lula, sabe-se agora, era ordem, e a OAS topou.

Um dos projetos assumidos pela empreiteira foi justamente o do Edifício Solaris, no Guarujá, onde o ex-presidente teria uma unidade. A OAS não só evitou o prejuízo a Lula, tirando o projeto do prédio do papel, como aproveitou a oportunidade para afagar o petista. Reservou para ele um tríplex, na cobertura do edifício - e cuidou para que, a exemplo do sítio, o apartamento ficasse ao gosto da família.

A empreiteira investiu quase 800 000 reais apenas numa reforma, que deixou o imóvel com um elevador privativo e equipamentos de lazer de primeiríssima qualidade. Sem constrangimento, Lula e a ex-primeira-dama Marisa visitaram as obras na companhia de Léo Pinheiro, o ex-­presidente da OAS.

Tudo estava ajustado para que a família logo começasse a desfrutar o apartamento. Mas veio a Lava-Jato e os planos mudaram. Lula, então, passou a dizer que tinha apenas uma opção de compra do apartamento - e que desistira do negócio. O argumento não convenceu a polícia.

USOU ESFOMEADOS PARA ENRIQUECER

Paralelamente, a Lava-Jato também mapeou as transações financeiras do ex-­presidente. No ano passado, VEJA revelou que a LILS, empresa de palestras aberta por Lula logo após deixar o Planalto, recebera 10 milhões de reais só das empreiteiras do petrolão.

Agora, as transações foram anexadas à investigação como indício de que os pagamentos, na verdade, serviram para maquiar vantagens indevidas que o presidente recebeu por "serviços" prestados às empreiteiras.

Executivos da OAS ouvidos pela Lava-Jato, por exemplo, disseram à polícia que não se recordavam de palestras do ex-presidente na empreiteira - no papel, a OAS pagou 1,2 milhão de reais à LILS.

A empresa de palestras não era a única fonte dos repasses milionários a Lula, que teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados pelo juiz Sergio Moro. O Instituto Lula, entidade sem fins lucrativos criada pelo petista com o propósito altruísta de acabar com a fome na África e desenvolver a América Latina, também era destinatário de repasses milionários das companhias que fraudaram a Petrobras.

Dos 34,9 milhões de reais recebidos pelo instituto entre 2011 e 2014 a título de doações, 20,7 milhões foram repassados pela Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez, todas investigadas.

A farra acabou. Disse o Ministério Público Federal no pedido que resultou na condução coercitiva do ex-­presidente: "Há elementos de prova de que Lula tinha ciência do esquema criminoso engendrado em desfavor da Petrobras, e também de que recebeu, direta e indiretamente, vantagens indevidas decorrentes dessa estrutura delituosa".

  04.03.2016

Juíza derruba nomeação de ministro da Justiça

César: Ou o MP ou o ministério


Por Severino Motta
Radar On-Line


A juíza federal do Distrito Federal Solange Salgado acatou pedido feito pelo deputado Mendonça Filho (DEM) e derrubou a nomeação do novo ministro da Justiça, Wellington César.

Ao conceder a liminar, ela considerou ser incompatível o exercício do cargo no Executivo para um integrante do Ministério Público.

Segundo a juíza, nada impede que caso ele faça a exoneração ou se aposente no MP, seja novamente nomeado ministro.
04 de março de 2016

UM DIA HISTÓRICO!






Sponholz



Lula é alvo de nova fase da operação Lava-Jato e será levado a depor pela Polícia Federal


PF faz buscas na casa de Lula e leva ex-presidente para depor


Braço-direito do petista e atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto também é alvo de outro mandado de condução coercitiva

Agentes fazem buscas na casa do ex-presidente e ele será levado em condução coercitiva após ordem expedida pelo juiz Sérgio Moro. Nova fase da Operação, batizada de 'Aletheia', é realizada em SP, RJ e BA. Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais

Por Thiago Herdy, enviado especial,
e Renato Onofre
O Globo

PA São Paulo (SP) 04/03/2016. Operação Lava Jato. Ex presidente lula alvo da nova fase da operação. Na foto Agentes da policia federal em frente a sede do Instituto Lula.
Foto Marcos Alves / Agencia O Globo. - Marcos Alves / Agência O Globo



CURITIBA E SÃO PAULO - A Polícia Federal realiza mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente Lula na 24ª fase da Operação Lava-Jato, realizada desde o fim da madrugada desta sexta-feira. O ex-presidente Lula é alvo de um mandado de condução coercitiva e será obrigado a prestar esclarecimentos, segundo a Polícia Federal. Braço-direito de Lula e atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto também é alvo de outro mandado de condução coercitiva na manhã desta sexta-feira.

Mandados de busca são cumpridos também em endereços usados pelos filhos do ex-presidente, e dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna

A operação foi denominada "Aletheia", em referência à expressão grega que significa "busca da verdade", segundo informe divulgado pela PF. São investigados cimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, praticados, segundo a PF, "por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso e relacionado à Petrobras S/A".

Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento, caso do ex-presidente Lula.

Cerca de 200 policiais federais e 300 auditores cumprem cinco mandados de busca e apreensão em São Bernardo do Campo, cidade onde está o apartamento do ex-presidente; dois em Atibaia, onde Lula frequenta um sítio; um no Guarujá, onde seria beneficiário de um apartamento; e mandados nas cidades paulistas de Diadema, Santo André e Manduri.

A PF também cumpre um mandado de condução coercitiva em Salvador e mandados de busca na capital baiana e Rio de Janeiro. As cidades alvo da ação são: Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, São Bernardo do Campo, Atibaia, Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri.

De acordo com a PF, entre os crimes investigados nesta etapa estão corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso revelado e relacionado à Petrobrás.

04 de março de 2016


quinta-feira, 3 de março de 2016

Decretada prisão preventiva de João Santana


O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em 1ª instância, decretou a prisão preventiva do marqueteiro do PT João Santana e da mulher dele, Mônica Moura, na tarde desta quinta-feira (03).


Foto: Douglas Santucci/ Band Curitiba



Santana é suspeito de receber US$ 7,5 milhões desviados da Petrobras em uma conta não declarada fora do Brasil. Novos documentos mostram ainda que o publicitário teria recebido R$ 21,5 milhões da Odebrecht entre outubro de 2014 e julho de 2015. O marqueteiro foi responsável pela propaganda das campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. A suspeita é que o dinheiro tenha sido usado para financiar a campanha de reeleição de Dilma.


No despacho, Moro considera suspeito o fato de Santana ter citado um álibi (campanhas que teriam sido feitas no Panamá, Venezuela e Angola) para justificar o pagamento dos valores.

“A apresentação de um álibi, em cognição sumária, inconsistente é um indício de agir doloso, pois quem recebe valores de origem e natureza criminosa de boa-fé, desde logo admite o fato com todas as suas circunstâncias”, argumentou Moro.

O juiz ainda cita a probabilidade dos recursos terem sido usados como “Caixa Dois” em campanhas do PT.

“Agrava o quadro a probabilidade de que esses pagamentos tenham servido para remunerar os serviços prestados por João Santana e Monica Moura em campanhas do Partido dos Trabalhadores, com afetação do processo político democrático. A destinação de recursos de origem criminosa ou mesmo recursos não-contabilizados para campanhas política é algo muito grave e nada tem de banal”, considerou.

No pedido de conversão da prisão temporária em preventiva, os procuradores do MPF argumentaram que a liberdade de João Santana e Mônica Moura “coloca em risco a instrução criminal, uma vez que já foram revelados concretamente fatos que indicam o intuito de ambos em destruir as provas que possam ainda existir contra eles”. Entre as atitudes suspeitas citadas pelos procuradores esta “o fato de João Santana ter excluído sua conta no Dropbox exatamente no dia em que deflagrada a operação”.

A intenção, segundo os procuradores, teria sido esconder outros supostos depósitos ilegais anotados na planilha apreendida na casa da funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares, que totalizam R$ 21.500.000,00 entre outubro de 2014 e maio de 2015.

Na defesa o advogado Fábio Tofic alega que a acusação é inconsistente, nega a suposta tentativa de esconder provas e chega a questionar a seriedade das investigações: “Ou é má-fé, ou muita desatenção. Os peticionários já não mantém ocultos estes valores, pois não só admitiram a existência e a titularidade da conta, como mais do que isto, autorizaram em documento específico para este fim que as autoridades tenham acesso integral à conta mantida na Suíça”, além de não movimentar “um único centavo desta conta”, argumentou.
3 de março de 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

Léo Pinheiro, da OAS, pode falar. Lula, Dilma e Wagner tremem nas bases

As delações dos diretores da OAS só não são mais aguardadas do que as dos diretores da Odebrecht.
Também estes, circulam boatos, estariam propensos a falar, exceção feita, por enquanto, a Marcelo


Ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro. FOTO: Luis Macedo/Câmara dos Deputados


Por Reinaldo Azevedo

Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, está no faz-não-faz-delação premiada há muito tempo. Chegou a tomar as primeiras providências nesse sentido, mas depois recuou. Agora, tudo indica, o tríplex de Lula vai cair. Mesmo condenado a 16 anos de prisão, parecia uma rocha. Entre todos os empreiteiros, era o mais próximo de Lula, amigão mesmo.

A decisão tomada pelo Supremo, autorizando o cumprimento de pena em regime fechado já a partir da condenação em segunda instância, mudou muitos ânimos, inclusive o de Léo. Não deixou de ser um troço um tanto exótico, que entra em choque com a letra explícita da carta. Se ninguém é culpado até o trânsito em julgado, como está lá, como é que se prende quem ainda não é culpado? Sim, eu sou favorável à prisão já a partir da segunda instância, mas, então, é preciso mudar a Constituição.

Questão jurídica à parte, o fato é que muitos condenados contavam com a possibilidade de recorrer em liberdade quando a questão saltasse para terceira instância. Uma infinidade de recursos poderia levar a coisa bem longe.

Agora não mais. Bastará que um colegiado referende a condenação da primeira instância, e o resto é cana! Léo Pinheiro sabe que vai voltar logo para a cadeia. Em regime fechado. A menos que…

A menos que colabore. E consta que é isso que decidiu fazer. No seu cardápio de revelações, estariam o tríplex de Guarujá; o sítio de Atibaia; o pagamento, por fora, de dívidas de campanha de Dilma em 2010; o pagamento de propina a políticos etc.

Como as revelações envolvem políticos com foro especial por prerrogativa de função, a negociação estaria sendo feita com a Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivo da empresa, também estaria no acordo.

As delações dos diretores da OAS só não são mais aguardadas do que as dos diretores da Odebrecht. Também estes, circulam boatos, estariam propensos a falar, exceção feita, por enquanto, a Marcelo.

Jaques Wagner

Quem tem de tomar cuidado, caso Léo Pinheiro resolva mesmo contar tudo o que sabe e viveu é Jaques Wagner, hoje o homem forte de Dilma e de… Lula!

Trocas de mensagem de Léo com seu subordinados, pelo WhatsApp, indicam a proximidade da empreiteira com o então governador da Bahia. Se o empreiteiro realmente disser tudo o que sabe, a chance de Wagner ter de deixar a Casa Civil é gigantesca.

Coragem, Léo Pinheiro! Conte tudo!


02/03/2016

terça-feira, 1 de março de 2016

Andrade diz ter pagado ilegalmente dívida de campanha de Dilma em 2010




Dilma Rousseff durante campanha à Presidência, em 2010, em Fortaleza
Daniel Marenco - Folhapress
MÁRCIO FALCÃO
FSP DE BRASÍLIA


A Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do país, afirma ter pago despesas com fornecedores da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010. O pagamento, ilícito, foi feito por meio de contrato fictício de prestação de serviço.

A revelação foi feita no acordo para a delação premiada de 11 executivos da Andrade, segundo a Folha apurou, e é a primeira citação direta de irregularidade apurada pela Lava Jato que envolve uma campanha da presidente da República.

O fornecedor conhecido até aqui, segundo pessoas que tiveram acesso aos detalhes do acordo no Ministério Público Federal, é a agência de comunicação Pepper –que trabalhou para Dilma em 2010.

O pagamento foi feito, segundo delatores, a pedido direto de um dos coordenadores da campanha do PT.

Para dar um aspecto de regularidade ao pagamento em sua contabilidade, a Andrade produziu um contrato fictício com a Pepper, segundo o relato. O valor, segundo o mesmo relato, superava os R$ 5 milhões à época.

Em 2010, a Andrade Gutierrez fez três doações oficiais para o comitê financeiro da campanha de Dilma, entre agosto e outubro, que somam R$ 5,1 milhões. Já a campanha de Dilma declarou gastos de R$ 6,5 milhões especificamente com a agência Pepper.

De acordo com ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), esse tipo de triangulação representa caixa dois. Como se trata da campanha de 2010, na Justiça Eleitoral não haverá implicações diretas em caso de comprovação do crime, como perda do mandato, porque o governo se encerrou em 2014.

Cabem, contudo, ainda ações criminais sobre o episódio.

Procurado pela Folha, o tesoureiro da campanha presidencial de 2010, José de Filippi Júnior, negou irregularidades apontadas pela Andrade Gutierrez. Segundo ele, "tudo foi feito de maneira legal, legítima e não houve fraude".

A Pepper informou que não tem conhecimento da delação da Andrade e que só vai se manifestar no momento e no foro apropriados. A empresa afirmou ainda que fechou contrato com a empreiteira e que entre os serviços prestados estavam o monitoramento de redes sociais e apresentação sobre as ferramentas para diretores da empresa.

MAIS REVELAÇÕES

Além de informações sobre a campanha de 2010, o roteiro acertado com os procuradores inclui ainda revelações sobre irregularidades cometidas nas obras da usina nuclear de Angra 3, da hidrelétrica de Belo Monte, na Petrobras e em três estádios da Copa do Mundo (Arena Amazonas, Maracanã e Mané Garrincha, em Brasília).

Segundo o que os delatores acertaram com o Ministério Público, a propina nesses casos iria para o PT e para o PMDB na forma clássica apurada pela Lava Jato: doações eleitorais legais, mas com a origem dos recursos em acordos irregulares em obras públicas.

O acordo entre a Andrade Gutierrez e o Ministério Público envolve o pagamento, pela construtora, de uma multa de R$ 1 bilhão e determina que 11 executivos que trabalham ou trabalharam na empreiteira contem o que sabiam sobre o pagamento de propina pela empresa.

REAÇÃO NO PLANALTO

As acusações dos executivos da Andrade Gutierrez foram recebidas com preocupação pelo Palácio do Planalto, que considerou mais um fator de desgaste à imagem da presidente e que empurra novamente o governo federal para o centro das investigações da Polícia Federal.

Os auxiliares e assessores da petista reconhecem que as suspeitas serão exploradas pelos partidos de oposição para defender o impeachment da petista, mas avaliam que não terão impacto direto no processo de cassação da chapa presidencial na Justiça Eleitoral, uma vez que ele analisa supostas irregularidades na campanha de 2014, não de 2010.

Do ponto de vista político, a informação emerge em momento de grande fragilidade do governo, que acaba de anunciar a troca do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), um dos coordenadores da campanha de Dilma em 2010, por pressão do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quem assume a pasta é Wellington César Lima e Silva.

Cardozo, que permanecerá no governo à frente da Advocacia-Geral da União, era escalado para ajudar a blindar o Planalto sempre que a Lava Jato ou outra investigação batia às portas do governo.

01/03/2016

A morte de `Lula paz e amor`



  Editorial do Estadão


Aos berros, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva anunciou a seus simpatizantes, por ocasião do 36.º aniversário do PT, que “o ‘Lula paz e amor’ vai deixar de ser ‘paz e amor’ e vai ser outra coisa daqui para frente”. Foi o modo que o chefão petista encontrou para declarar guerra a todos os que, de uma forma ou de outra, colaboram para desmascarar suas imposturas e para obrigá-lo a prestar esclarecimentos à Justiça sobre as muitas suspeitas que pairam sobre sua conduta.

Lula pretendia assim dar uma demonstração de força, na presunção de que o chamamento à militância petista fosse suficiente para intimidar os jornalistas, promotores e policiais que investigam suas estranhas relações com empreiteiros graúdos. Mas o pífio resultado desse esforço, diante de uma desanimada militância, mostra que Lula e seu partido são hoje apenas lembranças esfarrapadas do que um dia já foram, lá se vão três décadas.

Ao decretar o falecimento de “Lulinha paz e amor”, personagem criado para que ele vencesse a eleição de 2002, Lula abandona de vez a pretensão de ser a ponte entre o capital e o trabalho. Funcionou para elegê-lo naquela ocasião, mas só enganou os incautos. Ficou claro que a única aliança com o capital que o ex-sindicalista pretendia costurar dizia respeito à formação de um clube de empresas que, em troca de vantagens, ajudava a sustentar o projeto de poder petista. Isso tudo funcionou bem até que apareceu a Lava Jato – e o resto dessa tenebrosa história ainda está por ser conhecido.

Enquanto a Lava Jato atingiu apenas os empresários desse clube e um punhado de políticos governistas, Lula guardou silêncio trapista. Como já demonstrou fartamente ao longo de sua trajetória, o petista sabe se preservar nos momentos de crise, entre outras razões porque não hesita em atirar amigos aos leões, se isso for necessário para salvar a própria pele.

Agora, no entanto, a Justiça chega a seus calcanhares, pois surgiram evidências de que o petista pode ter se beneficiado de suas relações com os empreiteiros que tanto lhe devem. E então Lula trocou de figurino e pintou-se para uma guerra que só existe em seu discurso. Afinal, se ele é honestíssimo, como diz, então não tem o que temer.

Mas Lula não pretende esclarecer nada em juízo. Enquanto planeja usar todas as chicanas possíveis para adiar o momento em que terá de deixar sua versão gravada nos autos do inquérito, Lula pretende explorar politicamente o momento para posar de vítima “das elites” e eletrizar a militância, amuada com os seguidos escândalos em que petistas de alto coturno se meteram nos últimos dez anos e com o definhamento do partido.

O momento é crítico para o PT. Uma pesquisa do Ibope mostrou que a taxa dos eleitores que se declaram petistas caiu para 12%, o mesmo porcentual de junho de 1988 e em empate técnico com os eleitores que se dizem peemedebistas. Considerando-se que os petistas eram 36% em abril de 2013, o nervosismo de Lula é compreensível, ainda mais porque o próprio chefão petista vai mal nas pesquisas – a rejeição ao ex-presidente atingiu 61%, segundo o Ibope.

É evidente que não se pode subestimar a capacidade de Lula e do PT de se recuperarem, como fizeram em meio ao mensalão. O fato, porém, é que os próprios petistas hoje estão desacorçoados. O aniversário do PT, programado para servir como exibição de vitalidade, foi um fiasco. Esperavam-se 4 mil pessoas, mas menos de 1,5 mil compareceu à festa, que tinha o astro Lula como sua atração principal, além de um show de samba.

É lícito imaginar que muitos petistas tenham desistido de comparecer porque temiam sentir vergonha alheia ao ouvir Lula dizer, por exemplo, que o tal sítio de Atibaia – aquele do qual o chefão usufruiu desde que deixou a Presidência e que recebeu benfeitorias bancadas por empreiteiras – lhe foi oferecido numa singela “surpresa” por seu amigo Jacó Bittar. Caradurismo assim deve ser inaceitável até para petistas empedernidos, mas Lula, já se sabe, não tem limites. À plateia, revelou qual é a qualidade que o diferencia dos que o atacam: “Vergonha na cara! É isso o que eu tenho que eles não têm!”.