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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PARAÍSO IMAGINÁRIO



  PARAÍSO IMAGINÁRIO

J. R. GUZZO
REVISTA VEJA - DE 24/11/2010

De todos os presidentes que o Brasil já experimentou em seus 121 anos de República, provavelmente nenhum teve tanto sucesso em criar um mundo imaginário como Luiz Inácio Lula da Silva. às vésperas de passar o cargo para a sua sucessora, Lula dá a impressão, pelo menos quando fala em público, de acreditar cada vez mais num Brasil que inventou na sua própria cabeça - um Brasil curiosamente parecido com o paraíso terrestre que se pode ver todos os dias na televisão, nos anúncios da Petrobrás, do Banco do Brasil e de outros agentes da propaganda oficial.

É como se o presidente assistisse àquilo tudo, na sua poltrona do Palácio do Planalto, e acreditasse, realmente, que está olhando para um documentário com a imagem de fatos reais; casais felizes correndo com os filhos em gramados impecáveis, operários entusiasmados, transbordando de alegria em uniformes cortados sob medida e sem a mínima mancha de graxa, rostos de todas as raças com sorrisos luminosos nos lábios, máquinas de última geração, plataformas de petróleo em mar de almirante, fábricas do terceiro milênio, usinas espetaculares, todo um mundo de eficiência, operosidade e riqueza

Texto completo. O que mais? Mais tudo aquilo que bons diretores de filmes comerciais conseguem enfiar num anúncio de TV quando são encarregados de inventar uma vida ideal - seja para exibir a família em estado de adoração diante da margarina que vai consumir no café da manhã, seja para mostrar o cidadão comum sendo recebido numa agência bancária como um príncipe da Casa Real da Inglaterra.
Este é, hoje, o Brasil do presidente Lula - e o melhor, para ele, é a quantidade de gente que acredita a mesma coisa, ou algo parecido. Se o homem diz que o país vive uma época de ouro ("estamos num momento mágico", informa ele), e tanta gente concorda, ou tão pouca gente se dá ao trabalho de discordar, por que não continuar com a mesma procissão? É exatamente o que Lula vem fazendo. Na verdade, em vez de apenas continuar, vai aumentando o conto. "Temos indicadores sociais dos países desenvolvidos", disse ele tempos atrás - um fenômeno, realmente, em matéria de invenção direta na veia, quando se considera que o Brasil não tem simplesmente nenhum indicador comparável aos do Primeiro Mundo, um só que seja, em àreas fundamentais como educação, saúde, esgotos, transporte coletivo, criminalidade, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e por aí afora. Não tem competência, sequer, para montar um exame de escola como o Enem - mas Lula está convencido, e convenceu o público em geral, de que isso que se vê aí é o Brasil-potência. Da mesma forma, em sua última viagem à África, falou, ao passar por Moçambique , no prodigioso sucesso da política brasileira de ajuda aos países pobres. Justamente em Moçambique - onde o seu governo prometeu, num acordo assinado em 2003, doar aos moçambicanos uma fábrica de remédios que até hoje, sete anos depois, ainda não conseguiu produzir uma única pastilha contra tosse. Julga-se capaz, em encontros como o que acaba de ser feito pelo G-20 em Seul, de intimidar as grandes potências; voltou de lá, mais uma vez, sem que sua presença tivesse alterado coisa alguma.
Lula sempre conseguiu tirar mais benefícios dos seus defeitos do que de suas qualidades; na construção dessas fantasias todas sobre o Brasil Grande, tem se mostrado capaz, também de construir fantasias sobre si mesmo e colocar-se sempre no papel de herói que "este país" nunca teve. Sua mais recente realização no gênero é dizer que foi "o primeiro presidente que teve coragem" de comprar um Airbus de última geração para a Presidência da República. Assim fica tudo muito fácil; se a compra do Aerolula é um ato de bravura, então não há nada que possa estar errado com o seu governo em geral e, menos ainda, com ele em particular. Nem o exame do Enem. Quando o desastre aconteceu, Lula disse que a prova tinha sido um "sucesso total e absoluto" e, como sempre, veio com suas ameaças sobre "gente interessada" no fracasso da sua política educacional. Quando, logo em seguida, achou que perdia mais do que ganhava ao sustentar um disparate desse tamanho, saltou fora de sua convicção sobre o "sucesso total e absoluto" e passou a dizer que o exame poderia ser refeito quantas vezes fosse necessário. E dai? A vida é essa. Como o burrinho pedrês de Guimarães Rosa, Lula nunca entra em lugar de onde não possa sair; seja lá o que diga ou o que faça, sempre resolve seu problema, se alguma coisa der errado, desdizendo o que disse ou desfazendo o que fez. É o mundo da imaginação.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A história contada às avessas

A história contada às avessas


Por Olavo de Carvalho
MSM


Desentortando a versão apresentada pelo jornal O Globo sobre a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, Olavo de Carvalho esclarece fatos a respeito do episódio e da infiltração comunista na Igreja Católica nas últimas décadas.

Se você lê com a dose esperada de ingenuidade as declarações de Mehmet Ali Agca na versão que O Globo publicou no último dia 11, fica com a nítida impressão de que descobriu finalmente a verdade sobre o atentado que quase matou o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981.

Quem encomendou o crime, diz Agca, não foi a KGB, mas o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Agostino Casaroli.

O jornal carioca descreve Agca como "membro de um grupo de extrema-direita" e Casaroli como "uma das figuras centrais do esforço do Vaticano para defender a Igreja nas nações do bloco soviético."

A conclusão, implícita mas nem por isso menos eloquente, só pode ser uma: a maldita direita católica tramou o assassinato para frustrar a abertura diplomática do Vaticano para com o governo soviético.


Se ainda restasse um pingo de consciência jornalística no Globo, uma breve pesquisa teria bastado para informar ao autor da matéria que:

1) O cardeal Casaroli pode ter escrito no seu livro de memórias umas coisinhas quanto ao sofrimento dos cristãos na URSS, mas, no campo da ação prática, muito mais decisivo para
o conhecimento das intenções humanas do que meras palavras, foi ele próprio o grande articulador da "abertura para o Leste", um dos maiores responsáveis pelo ingresso em massa de comunistas no clero e, last but not least, o cérebro por trás da grande operação de engenharia política destinada a esvaziar a Igreja da sua missão espiritual tradicional e transformá-la numa agência da Nova Ordem Mundial.

Nos escalões superiores da hierarquia vaticana, ele era o protetor por excelência da Companhia de Jesus, criadora da "Teologia da Libertação" e quartel-general dos comunistas infiltrados na Igreja.

De todos os altos dignitários da Igreja Católica na época, nenhum teve mais contatos com os governos comunistas do que ele.

Se algo ele fez em favor dos católicos perseguidos, muito mais fez para submeter a Igreja Católica ao jogo comunista.

2) Embora Mehmet Ali Agca tivesse realmente participado de uma organização de extrema-direita, os "Lobos Cinzentos", nos meses que precederam o crime ele esteve em intenso contato, não com a KGB diretamente, mas com o serviço secreto da Bulgária comunista.

Contratar assassinos que serviram ao outro lado é prática quase obrigatória de organizações desse tipo, quando desejam matar um personagem famoso.

O envolvimento búlgaro no atentado foi abundantemente provado pela repórter Claire Sterling no livro The Time of the Assassins (Henry Holt & Co., 1983), e uma negativa genérica de participação "da KGB" sem qualquer menção à Bulgária, é com toda evidência mera desconversa.

3) O estado de guerra entre Casaroli e João Paulo 2º, durante todo o reinado deste último, é fato universalmente conhecido, e nessa guerra a "maldita direita" era representada pelo Papa, não pelo cardeal, que o grande conhecedor de intrigas vaticanas, Malachi Martin, no roman à clef que publicou sob o título Windswept House ("A Casa Batida pelo Vento") retrata - sob o nome de Cosimo Maestroianni - como um ateu puro e simples.

Mesmo admitindo-se que a denúncia de Mehmet Ali Agca contra o ex-secretário de Estado seja verdadeira, coisa que não tenho a menor condição de afirmar ou negar, resta o fato de que o crime foi cometido a favor dos interesses comunistas e não contra eles.

Com ou sem Casaroli, a mão assassina atacou pelo lado esquerdo.

Mais uma vez O Globo brinda seus leitores com uma história contada às avessas.


22 Novembro 2010
 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Charge

eu não sou cachorrr, porquinho nãoo!!!!

Sponholz


O CAPITÓLIO MAIS LONGE DA ESQUERDA SUL-AMERICANA


O CapitÓlio mAIS lONGE da ESQUERDA SUL-AMERICANA

Os republicanos têm posições mais duras quanto aos países sul-americanos governados pela esquerda antiamericanista


Por FRANCISCO VIANNA,
com base no noticiario internacional.

Com a vitória significativa dos Republicanos nas eleições legislativas intermediárias do início desse mês e mesmo antes de assumir o controle e a direção da Câmara dos Representantes (espécie de ‘deputados federais’) do Congresso Americano (Capitólio) e de suas comissões mais importantes, a oposição a Obama começa a ensaiar a exigência de uma política externa mais contundente com os governos de esquerda da América latina, principalmente os que têm adotado uma conduta antiamericanista, a ser posta em prática a partir de janeiro próximo.

É o que se infere das declarações da Representante Republicana Ileana Ros-Lehtinen, que em janeiro próximo deverá presidir a Comissão de Relações Exteriores do Congresso em substituição a atual Democrata Howard Berman.

Segundo ela, “é necessário reformular a política externa para a região e enfrentar eficazmente os governos de esquerda hostis aos EUA, como o da Venezuela, do Equador, da Bolívia, de Cuba e da Nicarágua".
Ao que parece, o endurecimento das relações com tais países poderá ser apenas o início da reviravolta estratégica dos legisladores americanos.

A conduta de países como a Argentina, o Brasil, o Uruguai, e o Paraguai irá determinar também o endurecimento ou o favorecimento das novas políticas externas norte-americanas, principalmente pela maneira como se envolverem em eventual apoio aos países ostensivamente antiamericanos.

Esperam-se, sem dúvida, maiores dificuldades de “sintonia” entre o Congresso dos EUA e os países latino-americanos que cerrarem fileiras com aqueles países.

Os congressistas parecem ter perdido a paciência com Venezuela, Cuba e Bolívia, principalmente, e poderão engrossar esse ‘bloco’ com os governos de esquerda que se mostrarem inamistosos com relação a Washington e poderão desatar consequências ruins na área militar e comercial.

Os cientistas políticos de plantão já consideram provável que o Congresso americano adote legislações restritivas ao comércio internacional daqueles países, que poderão ser estendidas aos demais que os vierem a apoiar, como é o caso do Brasil e de outros governados pela esquerda no cone sul.

Fora dessa possível “lista negra”, estão: Chile, Honduras e Colômbia, que deverão, por isso mesmo, merecer uma atenção especial dos legisladores de Washington.

Brasília e Buenos Aires, certamente, sofrerão com tais mudanças no Congresso Americano, a não ser que adotem posturas favoráveis e amistosas que os congressistas esperam deva existir de parte a parte.
“Não se trata de se ‘alinharem’ ou não com Washington, mas se não houver reciprocidade, esses países não poderão contar com a ajuda norte-americana para nada”, declarou um alto funcionário da ‘House’ (Câmara dos Representantes do Capitólio.

As mudanças previstas só começarão no início do próximo ano, mas o tom já começou a mudar no fim da última semana, quando Ros-Lehtinen atacou a política de Obama – ou a falta de uma política – para a região, e conclamou seus colegas congressistas a adotarem posições ‘mais rígidas’ para os países hostis e ‘mais vantajosas’ para os amigáveis.

"É preciso ser duro com quem – como Hugo Chávez – manipula o sistema democrático de seu país para servir a seus propósitos autocráticos.

Na verdade, Chávez não tem sido o único", disse a Representante Republicana, numa referencia indireta à Bolívia, Equador, Nicarágua, e Cuba.

“Atitudes de governos de esquerda com relação ao Irã, por exemplo, são irresponsáveis e inaceitáveis e esses governos não devem esperar qualquer favorecimento por parte dos EUA e sim, inversamente, medidas que poderão até limitar as importações americanas de seus produtos”, acrescentou.

Já o especialista em relações internacionais, Steve Clemons, da New America Foundation, relativiza o impacto regional desta nova realidade parlamentar americana dizendo que é o Departamento de Estado que executa a política externa.

"A chave das relações bilaterais está no Poder Executivo, e não no Congresso", disse Clemons, embora admitindo que, de fato, poderá haver uma "pressão" considerável sobre a Casa Branca por parte do Capitólio.

Una pressão que pode custar caro aos países que se mostrarem hostis aos EUA. 


Saudações,

Francisco Vianna

21 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Para promotor, Celso Daniel foi torturado no cativeiro para revelar onde estava guardado um dossiê com informações contra integrantes do PT


Dinheiro de Santo André abasteceu campanha da 1ª. eleição de Lula, diz Cembranelli

Para promotor, Celso Daniel foi torturado no cativeiro para revelar onde estava guardado um dossiê com informações contra integrantes do PT

Fausto Macedo
O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - O promotor de Justiça Francisco Cembranelli, responsável pela acusação de Marcos Roberto Bispo dos Santos, acusado de ter participado do sequestro e assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, disse nesta quinta-feira, 18, que o crime ocorrido em janeiro de 2002 foi executado por um grupo criminosos que agiu "por encomenda" de corruptos que desviavam recursos da prefeitura.

Hélvio Romero/AE
Cembranelli (esq.): administração de Santo André era 'uma verdadeira máfia'

Pouco antes do julgamento ter início, Cembranelli afirmou que o dinheiro de corrupção se destinava a contas pessoais de políticos e também para abastecer campanhas eleitorais do PT, até mesmo a da primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva naquele ano.

Ele também disse que o petista foi torturado no cativeiro para revelar onde estava guardado um dossiê com informações contra integrantes do PT que estariam envolvidos no esquema de propinas da cidade

O promotor passou mais de uma hora expondo a acusação aos sete jurados que compõem o júri.

Segundo ele, Daniel foi vítima de "um plano macabro, promovido por uma verdadeira corja de malfeitores que lesava o patrimônio público e desviava recursos para campanhas eleitorais e contas pessoais".

O julgamento ocorre no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

Para Cembranelli, a administração do PT em Santo André era "uma verdadeira máfia e o chefe da organização era o empresário Sérgio Sombra, amigo de Celso Daniel".

Ao fim de sua exposição no início do julgamento de Marcos Roberto Bispo dos Santos, acusado de ter participado do sequestro e assassinato do prefeito de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel, o promotor Francisco Cembranelli disse hoje que o petista foi torturado no cativeiro para revelar onde estava guardado um dossiê com informações contra integrantes do PT que estariam envolvidos no esquema de propinas da cidade.
O documento estaria guardado na residência de Daniel.

"Celso Daniel era um homem cuidadoso, meticuloso", disse.

De acordo com Cembranelli, no dia seguinte ao sequestro do prefeito, o atual chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho, - na ocasião secretário da Administração da prefeitura na gestão Daniel -, teria entrado no apartamento do petista.

Com ele, estaria Klinger Souza, secretário de Serviços Municipais na mesma gestão.

O promotor disse que Carvalho e Klinger saíram do apartamento levando documentos.

Cembranelli citou o resultado de perícia no corpo de Celso Daniel que apontou marcas de tortura.
Interesse

O promotor acentuou que não tem nenhum interesse político no caso. "Se tivesse já em agosto, quando estava em curso a campanha presidencial, eu teria realizado o júri.

Não estou interessado em favorecer qualquer partido, nem prejudicar, desejo que o PT faça um bom governo.

Mas não vamos negar as evidências, petistas desviavam dinheiro público para o caixa do partido"
, disse o promotor.

Ainda segundo ele, Celso Daniel tinha conhecimento do esquema de corrupção e "o PT nele depositava todas as fichas na campanha de 2002 porque o candidato (Lula) já havia sido derrotado três vezes".

"Dizem que o PT não queria mais uma campanha amadora, com recursos doados por simpatizantes e venda de camisetas e bonés. Então, resolveu mudar."


De acordo com o promotor, Celso Daniel se insurgiu contra o esquema quando percebeu que o grupo que o cercava não tinha "qualquer ideologia partidária, quando percebeu que os recursos desviados iam para os bolsos daquelas pessoas capitaneadas por Sergio Sombra, o mandante da morte do prefeito".

"Por isso, porque resolveu se tornar um obstáculo às pretensões da máfia, Celso Daniel foi varrido, vítima de uma trama macabra.

" Para o promotor, o prefeito se tornou "um estorvo para a quadrilha".


O jogo bruto da corrupção



O jogo bruto da corrupção

Como uma promotora de Brasília extorquiu o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda com a ajuda de um assessor de seu vice Paulo Octávio
ANDREI MEIRELES
Época

Na manhã do dia 10 de julho de 2009, um automóvel Fiat Linea passou pela guarita da Granja Águas Claras, a residência oficial do governador do Distrito Federal.

Seus dois ocupantes não precisaram se identificar aos seguranças. O motorista era o empresário Marcelo Carvalho, na época o principal executivo do grupo Paulo Octávio, um gigante nos setores de construção civil, hotelaria e comunicações, controlado pelo ex-vice-governador do Distrito Federal Paulo Octávio Pereira.

A passageira, a promotora Deborah Guerner, chegava ali depois de uma cuidadosa preparação para um encontro com o então governador, José Roberto Arruda.

De acordo com denúncia do Ministério Público à Justiça Federal, Deborah Guerner foi à casa do governador fazer uma chantagem: exigir contratos de prestação de serviço para uma empresa de coleta de lixo e, também, a quantia de R$ 2 milhões para não divulgar vídeos que mostravam Arruda e assessores recebendo dinheiro de propina.

Derrubado em março de 2010 pelo escândalo revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, Arruda relatou o encontro com Deborah em dois depoimentos prestados ao Ministério Público Federal.

Em um deles, dado em 29 de setembro e obtido em primeira mão por ÉPOCA, o ex-governador afirma que recebeu a promotora devido a insistentes pedidos do vice, Paulo Octávio.

Diz também que, em nenhum momento, Paulo Octávio lhe contou sobre o que seria tratado na conversa com a promotora.

“Fui apanhado de surpresa. Eu disse que não aceitava chantagem, e ela me ameaçou aos gritos”, diz Arruda.

O ex-governador afirma que foi Carvalho quem telefonou para sua assessoria para confirmar a hora do encontro na residência oficial.

Na versão de Arruda, Carvalho testemunhou boa parte da conversa com Deborah.

Os preparativos para a reunião em Águas Claras foram gravados em vídeo por Deborah.

Como ÉPOCA revelou em junho, a promotora tinha em sua casa um sistema interno de câmeras com sensores infravermelhos.

Ali foram filmados os ex-governadores Joaquim Roriz e Arruda e o então procurador-geral de justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra.

As gravações dos preparativos mostram que a promotora não esperava uma aceitação imediata de Arruda para suas exigências. O roteiro preestabelecido previa que o então governador telefonaria para Bandarra e Paulo Octávio e seria aconselhado a se acertar com a promotora Deborah.

No dia 7 de julho de 2009 – três dias antes do encontro de Deborah com Arruda –, Marcelo Carvalho foi flagrado pelas câmeras da promotora numa reunião que teve a participação do empresário Jorge Guerner, marido de Deborah.
Eles falavam tão baixo que a perícia da Polícia Federal teve dificuldade para transcrever os diálogos.

Mesmo assim, os técnicos constataram que eles usaram codinomes para se referir a Arruda (“Ricardo”), a Leonardo Bandarra (“Fernando”) e ao delegado Durval Barbosa (“Gabriel”) – o delator do escândalo do panetone, como ficou conhecido o caso.

Em depoimento, Marcelo Carvalho disse que esteve quatro ou cinco vezes na casa de Deborah Guerner para tratar de assuntos profissionais com Jorge Guerner.

Carvalho afirmou que, a pedido de Jorge, providenciou o Fiat Linea na concessionária Bali, pertencente ao grupo Paulo Octávio.

O uso desse carro, segundo os investigadores, tinha o objetivo de camuflar a visita de Deborah ao governador.

Antes de seguirem para Águas Claras, Deborah e o marido chegaram ao estacionamento de um hotel da rede de Paulo Octávio em dois carros – um BMW e um Pajero. Lá, Deborah trocou de carro e entrou no Fiat Linea.

A promotora exigiu R$ 2 milhões e ajuda a uma empresa para não divulgar vídeos contra Arruda

ÉPOCA ouviu o advogado Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de Paulo Octávio e de Marcelo Carvalho.

Segundo Kakay, Carvalho teve várias reuniões com Jorge Guerner porque eles planejavam abrir em Brasília uma franquia de uma grife de luxo. Por causa dessa parceria, Carvalho teria concordado em levar Deborah à casa do governador, mas não teria participado da conversa.

Além de Arruda, duas outras testemunhas ouvidas no inquérito afirmam que Carvalho assistiu à conversa da promotora com o ex-governador.

De acordo com Kakay, Paulo Octávio não ajudou Deborah a se encontrar com Arruda.

O que pode ter acontecido, segundo o advogado, é que seu secretário particular, Frank May Neto, tenha pedido a reunião com o governador.

Em depoimento filmado pelos procuradores, Paulo Octávio deu uma versão diferente. Ele diz que atendeu Deborah e pediu a Arruda para recebê-la por causa de “ligações afetivas pretéritas”.

Nos anos 80, Octávio e Deborah foram namorados.


Entre os seis acusados pelo Ministério Público por crime de extorsão está o delegado Durval Barbosa, autor das gravações que derrubaram Arruda.

Em um dos depoimentos, Arruda afirmou que, além de Paulo Octávio, Barbosa também insistiu para que ele recebesse a promotora.

Até agora Barbosa aparecia como principal testemunha de acusação dos esquemas de corrupção no governo do Distrito Federal.

ÉPOCA tentou ouvir Barbosa. Seus interlocutores dizem que ele não pode dar declarações por ser colaborador da Justiça.

Mesmo depois de ser denunciado, Barbosa pode receber benefícios da delação premiada, como a redução ou extinção de penas.

Ao dar detalhes sobre a reunião de Águas Claras ao Ministério Público, Arruda procura se colocar na posição de vítima de uma tentativa de extorsão.
Na verdade, o grande prejudicado são os cofres públicos, de onde saía o dinheiro que abastecia o submundo do governo Arruda
.




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