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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Araújo cita Anchieta, Renato Russo e Ave Maria em tupi ao tomar posse no Itamaraty


Novo chanceler diz que vai 'libertar a política externa brasileira', que está 'presa fora de si mesma'

O Globo
Ernesto Araújo disse que, com a eleição de Bolsonaro, o Brasil foi libertado pela verdade Foto: Adriano Machado / Reuters


Com citações em latim, grego e tupi, e menções ao padre José de Anchieta, a Renato Russo, a Raul Seixas, a Dom Sebastião, que combateu os muçulmanos, e à oração da Ave Maria, entre outras, o novo chanceler, Ernesto Araújo, tomou posse nesta quarta-feira prometendo "libertar e política externa brasileira e o Itamaraty".

— O Brasil está preso fora de si mesmo e a política externa está presa fora do Brasil — diagnosticou Araújo, que afirmou que trabalhará "pela pátria" e "não pela ordem global". — Queríamos ser um bom aluno na escola do “globalismo e achávamos que isso era tudo. Eramos um país inferior. O Brasil volta a sentir o que sente e ser o que é

Em seu primeiro discurso público desde a indicação, Araújo seguiu a mesma tônica de seus artigos e blogs, e fez uma fala de ares românticos, motivacionais e grandiosos, misturando a exaltação de uma redescoberta de tradições supostamente esquecidas com críticas à globalização.

O chanceler também se referiu indiretamente a seus críticos, e disse que irá provar que a condução pragmática da política exterior, em questões como comércio, é compatível com a alta carga ideológica presente de suas declarações.

— Um dos instrumentos do ‘globalismo é espalhar que para fazer comércio e negócio não se pode ter ideias e espalhar valores — afirmou. — Com um sentido de harmonia e missão, formularemos programas para desenvolver cada relação de maneira dinâmica.

O chanceler defendeu a aliança do Brasil com países que cultivam o amor ao nacionalismo, citando especificamente Israel, Itália, Polônia e Hungria — todos regidos por governos ultraconservadores — como nações “amadas”, assim como vizinhos latino-americanos que “se libertaram do Foro de São Paulo”. Ele também afirmou que combaterá o que chamou de ódio a Deus e à pátria, e que não vê o ódio a estrangeiros como um problema do mundo contemporâneo.

— A xenofobia não é um problema. A “oikofobia”, sim — afirmou, explicando que o termo significa “ódio ao lar”.
'Uma aventura magnífica'

No começo de seu discurso, Araújo citou o evangelhista João — "Conheceis a verdade e a verdade vos libertará" — e apresentou três conceitos gregos que conduziram a sua exposição: o conhecimento (“gnosis”), a verdade (“aleteia”) e a liberdade (eleutheria).

Ele afirmou que o conceito de liberdade está desacreditado no Brasil, mas que, sob Bolsonaro, adquire nova relevância. O presidente, afirmou, libertou o Brasil e revelou a verdade sobre o país.

Araújo disse que o Itamaraty, mais do que outras instituições brasileiras, salvaguarda tradições e valores sociais, mas que este papel de protetor perdeu-se em eras mais recentes. O ministro afirmou que a recuperação deste legado é sua missão.

— Fazemos parte de uma aventura magnífica. O Itamaraty voltou porque o Brasil voltou.

A maior parte de suas referências a medidas concretas concentrou-se na parte final de seu discurso. O modelo de negociação da instituição, ele disse, baseia-se na década de 1990 e está desatualizado, não sendo “direcionado às potencialidades concretas”. As relações bilaterais e multilaterais do ministério sofrerão uma mudança e passarão a ser “orientadas para resultados concretos”, afirmou.

— Investiremos em negociações multilaterais sobretudo para a OMC, onde o Brasil entrará com peso — disse. — Hoje negociamos em uma posição de fraqueza, quando deveríamos negociar em uma posição de força.

Araújo disse que, em foros internacionais, o Brasil defenderá a soberania, a liberdade de expressão e a liberdade de crença. O ministro afirmou também que o maior direito humano “é o direito de nascer”, em uma crítica ao aborto.

O ministro disse que não irá abrir o Itamaraty para pessoas de fora do ministério. Em referência à sua decisão de promover diplomatas da parte de baixo da carreira, ele a justificou como uma medida de flexibilidade destinada a “arejar o fluxo da carreira e estimular os colegas a ocupar esses cargos”.

— Não vamos abrir o Itamaraty para pessoas fora da carreira. O presidente confia na capacidade desta casa — afirmou.

Araújo também disse que irá rever o plano de carreira dos diplomatas, uma das críticas frequentes do corpo diplomático. O chanceler fez muitas referências a uma proximidade com o povo, afirmando que o ministério encantou-se pela sua própria imagem e perdeu contato com a população.

O chanceler fez críticas à imprensa, fazendo uma contraposição entre ela e artistas de forte teor midiático.

— Vamos ler menos [a revista de Relações Internacionais] Foreign Affairs e mais Clarice Lispector. Menos New York Times e mais José de Alencar. Menos CNN e mais Raul Seixas.

O ministro também não se esquivou do risco de ser acusado de militarista, dizendo diversas vezes estar em uma luta.

— Não escutem o globalismo quando diz que paz é não lutar — afirmou. — A cautela, prudência, pragmatismo não nos ensinam para onde ir.


02/01/2019

Paulo Guedes: 'Brasil foi corrompido pelo excesso de gastos'


Ministro da Economia assume cargo nesta quarta-feira e afirma: 'não existe superministro'

Manoel Ventura, Marcello Corrêa
e Daiane Costa
O Globo


 Ao assumir Ministério da Economia, Paulo Guedes cumprimenta o ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia
Foto: Jorge William / Agência O Globo



BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira, durante cerimônia de transmissão de cargo, que é preciso aprofundar reformas para resolver o problema fiscal. De acordo com Guedes, o Brasil foi "corrompido pelo excesso de gastos" e o descontrole é hoje um mal maior. Na avaliação dele, a crise fiscal é o principal entrave para o crescimento do país há pelo menos quatro décadas. Ele defendeu que a principal reforma é a da Previdência. Criticou ainda a aposta em um Estado que atue como motor do crescimento e defendeu a economia de mercado.

— Essa insistência no Estado como motor de crescimento produziu essa expansão de gastos públicos, corrompendo a política e estagnando a economia. São dois filhos bastardos do mesmo fenômeno. O Brasil parou de crescer pelo excesso de gastos — disse o ministro.

Guedes disse que o Brasil é um paraíso para os rentistas:

— O Brasil deixará de ser o paraíso do rentista e o inferno de os empreendedores — afirmou, completando: — Quem legislativa tem as maiores aposentadoria, quem julga as maiores aposentadorias, e o povo as menores. Nós vamos ter que fazer a reforma da Previdência.

Ele afirmou que a reforma do Estado é a chave para corrigir os crescimentos dos gastos públicos.

— A máquina do governo virou uma gigantesca máquina perversa de transferência de renda — disse, acrescentando: — Não foi com microcrédito que os bancos públicos se perderam.

Para o ministro, é necessário descentralizar os recursos:

— Nós vamos da direção da liberal democracia. Nós vamos descentralizar os recurso para estados e municípios — disse Guedes.

Guedes disse que a classe política precisa reassumir o controle do Orçamento.

— O capitão (o presidente Bolsonaro) pode ser o caminho para a reabilitação da classe política, assumindo o Orçamento, os ônus e bônus.

Ele também defendeu um novo pacto federativo, com mais dinheiro para governos regionais.

— O Brasil é uma pirâmide de cabeça pra baixo. A nossa ideia é virar essa pirâmide. O dinheiro tem que descer.
'Plano B' para Previdência

Embora tenha defendido que a reforma da Previdência é a principal medida, Guedes afirmou que, se as reformas não funcionarem, tem uma proposta de emenda à Constituição (PEC) pronta para lidar com o descontrole dos gastos: desvincular todas as despesas do Orçamento, incluindo salários de servidores. Na prática, isso abriria margem para que benefícios previdenciários e salários de servidores não sejam reajustados nem pela inflação.

— Essa primeira grande despesa, que é a despesa da Previdência é o primeiro e maior desafio a ser enfrentado. Se for bem-sucedido esse enfrentamento, a dois meses a nossa frente, temos dez anos de crescimento sustentável pela frente. Se não for, temos sugestões também. (...) Se isso falhar, temos uma PEC também. Porque essas despesas vão se chocar contra o teto. E aí tem que escolher, ou segura o teto, desindexa, desvincula e desobriga todas as despesas da União. Reabilita a classe política brasileira, tem que sair e fazer as escolhas.

Guedes completou que a espécie de "plano B" em caso de falha da Previdência poderia ter um efeito positivo para a economia.

— O bonito é que se der errado pode dar certo. Chamaria essa PEC de PEC do pacto federativo — completou o ministro.

Guedes disse que vai anunciar nos próximos 30 dias medidas infraconstitucionais — ou seja, que não exigem PEC — para simplificar a economia e reduzir gastos. A primeira deve ser na área previdenciária. Ele não deu detalhes, mas a expectativa é que seja editada uma medida provisória (MP) para combater fraudes no sistema previdenciário. Guedes estimou que a medida pode gerar economia anual de R$ 17 bilhões a R$ 30 bilhões.

— Tem as medidas infraconstitucionais, tem que ir soltando devagar. Nesses próximos 30 dias vamos estar soltando coisas simplificadoras — disse. — Em uma semana, vem uma infraconstitucionalzinha aí, só que contra fraude e privilégio. É uma infraconstitucional. Pode ser interessante, algo entre R$ 17 bi até uns R$ 30 bi só na base de identificar fraude. Imagina se digitalizar tudo — completou, afirmando que a equipe trabalha para desenhar ações de governo digital.

Para economistas, ao apresentar uma alternativa à reforma da previdência, o superministro da Economia mostrou que existe uma outra forma de fazer o ajuste fiscal. Fez questão de ressaltar, no entanto, que "toda forma tem seu custo", avalia Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, em referência ao possível texto desvincular todas as despesas do Orçamento, incluindo salários de servidores.

- Ou aprova a reforma ou corta outras coisas - destacou Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do IBRE/FGV.

Segundo Castelar, a fala do superministro foi importante para gerar apoio não só parlamentar, mas também da população:

- Ele (Guedes) está dando opções. Foi um esforço para deixar claro que alguma medida será feita para conter os gastos.

O coordenador da FGV não viu a apresentação da alternativa como uma ameaça ao Congresso para que aprove a reforma - já que os reajustes dos salários dos parlamentares poderiam ser impactados negativamente pela PEC.

- A PEC também precisaria de apoio do Congresso para ser aprovada - complementou o economista.

Thaís é mais cética quanto ao apoio político para a aprovação da reforma. Já Castelar, acredita que o superministro conseguirá obter os votos necessários para mudar o sistema previdenciário.

- O apoio do PSL à manutenção de Maia (Rodrigo) na presidência da Câmara é um passo importante, mas ainda é preciso articular com o Senado. Ainda que seja muito cedo para prever qualquer cenário, mantenho minhas expectativas no campo positivo - disse Thaís, num voto de confiança ao novo governo.


Legislação fascista'

Guedes afirmou que pretende criar um novo regime trabalhista e previdenciário, confirmando a promessa de campanha de Bolsonaro. Mas afirmou que esse é um encontro marcado para mais à frente. No discurso, ele chamou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de fascista.

— Temos que libertar as futuras gerações desse regime trabalhista e previdenciário que temos hoje — afirmou. — O governo democrático vai inovar e abandonar a legislação fascista da carta del lavoro. Vamos libertar as gerações futuras. São 40 milhões de pessoas que não contribuem com a Previdência. Estão desempregados? Não, tem muita gente que é empresário, um pessoal que não consegue ser absorvido na economia formal. (É preciso) absorvermos essa mão de obra ou libertarmos nossos filhos e netos da armadilha que fizemos com nós mesmos, que é o sistema de repartição.

O ministro disse que a abertura econômica será atrelada à simplificação de impostos e encargos trabalhistas:

— Não posso abrir a economia… Você amarra uma bola de ferro na perna direita, os juros altos, uma na perna esquerda, carga tributária e um piano nas costas, os encargos trabalhistas e diz: corre que o chinês vai te pegar. Não é razoável. Não tem nada de superministérios. É só cantar a mesma música e daí eu ter chamado os Chicago Oldies, porque eles conhecem essa canção.


Guedes disse ainda que vai buscar recursos em todos os espaços, inclusive nos gastos com publicidade do governo.

— A pergunta que se faz é: "o que o Brasil pode fazer por mim, o que pode fazer pelo grupo corporativo"?. A pergunta do presidente é: "o que eu posso fazer pelo Brasil?". Não adianta tentar preservar um feudo e quando tiver recursos públicos usar para comprar influência parlamentar, usar para gasto publicitário. Vamos buscar esse excesso de gastos. Onde tiver publicidade, compra de influência parlamentar, vamos usar esse dinheiro, porque tá faltando — disse o ministro.

Ele quer o dinheiro do BNDES de volta para o Tesouro.

— Do BNDES, nós queremos o dinheiro da União de volta. Nós vamos desestatizar o mercado de crédito. Se houver crédito, que seja o microcrédito. Mesmo assim, será que precisa de banco público para isso? O BNDES é muito mais importante qualitativamente — afirmou.

O ministro disse que os casos de corrupção surgiram nas estatais e a população precisa refletir sobre isso:

— Todos esses problemas, mensalão, petrolão, acontecem em locais públicos, em empresas públicas. Esse é um questionamento que a população brasileira precisa fazer.
'A gente desanima e vai para casa'

O ministro disse que se as medidas não derem certo, a coisa mais fácil é fazer alguém desanimar em Brasília.


— Estamos indo para esse combate. Determinados a sermos compreendidos. Sem essa compreensão, não vai dar certo. Coisa mais fácil é se livrar de alguém que não está habituado a Brasília. Basta dar um baile e a gente desanima e vai para casa. Vai ser difícil.

Ele encerrou o discurso pedindo esperança:

— Nós somos um país de tradição democrática consolidada e temos razão para olhar com esperança para o futuro.

Guedes recebeu os cargos dos antigos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que foram reunidos na Economia. Ele também irá ficar com algumas das atribuições do extinto Ministério do Trabalho. A cerimônia foi acompanhada pelos secretários especiais que ficarão sob o comando de Guedes.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), participaram da cerimônia de transmissão de cargo.



02/01/2019


Otimismo com governo Bolsonaro faz bolsa disparar e dólar cair

O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, sobe 3,73%, a segunda maior alta do primeiro pregão do ano em dez anos

Por Redação
Veja.com

Entre as maiores altas estão os papéis da Eletrobras (17,83%) e Petrobras (6,04%) (Reinaldo Canato/VEJA.com)


O mercado está otimista com o governo de Jair Bolsonaro. O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, sobe 3,73%, a 91.161 pontos. Essa é a segunda maior alta para o primeiro pregão do ano dos últimos dez anos, ficando apenas atrás de 2009. O dólar também opera em queda, sendo vendido por 3,81 reais às 15h30, um recuo de 1,68%.


Esse movimento está diretamente relacionado com o discurso de posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República e a expectativa sobre suas medidas no campo econômico. O novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo prosseguirá com o plano de privatizar a Eletrobras, o que animou o mercado. Também foi confirmada a continuidade de Wilson Ferreira Jr. à frente da Eletrobras.

O diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, diz que esse otimismo não se restringe apenas ao cenário doméstico. “É um otimismo generalizado, inclusive por parte dos estrangeiros. A impressão que se tem é que se o novo governo fizer parte do que prometeu já será suficiente para o Brasil recuperar o grau de investimento.”

André Perfeito, economista-chefe da Nécton, diz que a expectativa positiva com o governo Bolsonaro está alavancando hoje as ações das empresas estatais. Entre as maiores altas estão os papéis da Eletrobras (17,83%) e Petrobras (6,04%).

“Ele falou pouco sobre economia, mas o pouco que disse foi muito favorável aos empresários e a quem empreende”, diz Perfeito. “Ele falou que os empreendedores conseguirão avançar, por exemplo.”

Para o economista da Nécton, Bolsonaro se mostrou aguerrido em seu discurso de posse e reforçou que seu governo tem convicção para colocar em prática as promessas de campanha, como a reforma da Previdência.

 2 jan 2019



Brasil e EUA trabalharão juntos contra governos autoritários, diz enviado de Trump


Após se reunir com novo chanceler brasileiro, secretário de Estado Mike Pompeo mencionou, especificamente, Venezuela, Cuba e Nicarágua
Eliane Oliveira
O Globo

O novo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, en entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Agência O Globo

BRASÍLIA - Brasil e Estados Unidos vão trabalhar juntos contra governos autoritários. Este foi um dos principais temas tratados em uma reunião bilateral, na manhã desta quarta-feira, entre o novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, enviado do presidente Donald Trump à posse de Jair Bolsonaro. Segundo Pompeo, essas ditaduras têm nomes: Venezuela, Cuba e Nicarágua.

— Ao vir ao Brasil, pude testemunhar uma transição pacífica do poder. Há povos que não têm esses direito, como os da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua. Vamos trabalhar contra esses governos autoritários — afirmou Pompeo, sem entrar em detalhes de como seria essa investida. — Em termos de modalidades de operações, o que existe é um entendimento comum de que vamos trabalhar com parceiros que compartilham o que pensamos. O importante é que as pessoas tenham oportunidades reais, justas, recíprocas, de forma transparente — completou.

O conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, que visitou Bolsonaro em novembro no Rio, costuma chamar os três países mencionados por Pompeo de "troica da tirania".

O secretário de Estado americano lembrou que existe um fórum permanente entre Brasil e EUA, criado recentemente, que será usado, de um lado, para criar oportunidades para os dois países e, ao mesmo tempo, atuar contra os governos ditos bolivarianos. Pompeo afirmou que o sistema político de Cuba, instituído há 60 anos, foi um fracasso. Acrescentou que, no caso da Venezuela, o que se deseja é a democracia para o povo venezuelano.

— Queremos tornar a vida dos cidadãos do mundo todo melhor — enfatizou.
 
Pompeo destacou que Washington está satisfeito com as ideias do governo de Jair Bolsonaro. Disse que os dois países também vão trabalhar para melhorar o ambiente de negócios. Os acordos comerciais, frisou, devem ser pautados por motivações econômicas.

— Há países que querem fazer negócios não por razões comerciais, mas por razões políticas. Vamos melhorar a vida dos povos do Brasil e dos EUA.

Já Ernesto Araújo disse que as relações bilaterais tendem a se aprofundar ao longo dos próximos meses, com "ideias concretas para trabalharmos pelo bem, por uma ordem internacional diferente, com valores econômicos". Segundo ele, essa nova etapa vai garantir o crescimento da economia brasileira e a criação de empregos e oportunidades.

Lembrado de que, há alguns meses, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que é difícil lidar com o Brasil, devido a uma série de empecilhos impostos a empresas americanas, Araújo disse que o novo governo vai trabalhar em favor dos ideais do povo brasileiro.

— O Brasil tem se colocado como um país grande. Um país que deve trabalhar em favor de seus valores, dos ideais de seu povo e para o desenvolvimento econômico.

Detenção na Rússia

O secretário de Estado dos EUA também comentou rapidamente a detenção, em 28 de dezembro, pela Rússia, de um cidadão americano Paul Whelan, suspeito de espionagem. A família de Whelan garante que ele é inocente.

— Temos esperança de que, nas próximas horas, teremos acesso a mais informações e conhecimento das acusações, para entendermos do que ele foi acusado, e exigiremos sua libertação imediata — afirmou.


02/01/2019


terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Posse de Jair Bolsonaro


Bolsonaro toma posse como presidente da República


*Com reportagem de Eduardo Militão, Felipe Pereira, Gustavo Maia, Luciana Amaral e Talita Marchao
Do UOL, em São Paulo e Brasília*




Jair Messias Bolsonaro (PSL), 63, tomou posse como o 38º presidente do Brasil às 15h15 desta terça-feira (1º), em cerimônia no Congresso Nacional, para o mandato entre 2019 e 2022. Emocionado, ele acompanhou a execução do Hino Nacional antes de fazer o juramento constitucional e assinar o termo de posse. Em seguida, fez seu primeiro discurso no novo cargo.

Às 16h35, teve início o cerimonial rumo ao Palácio do Planalto. Após descer a rampa do Congresso ao lado dos presidentes do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro ouviu novamente o Hino e passou as tropas em revista. Às 17h01, após subir a rampa do Planalto acompanhado da primeira-dama, Michelle, do vice, Hamilton Mourão e da mulher dele, Paula, Bolsonaro recebeu a faixa presidencial das mãos do agora ex-presidente Michel Temer (MDB).

Na Praça dos Três Poderes, milhares de pessoas se agitaram com a presença do novo presidente ao som de "o capitão chegou", entre outros cantos. A primeira-dama também teve seu nome bastante exaltado pelos presentes e levou o público ao delírio ao quebrar o protocolo e fazer, em libras, um discurso próprio, direcionado a pessoas com deficiência auditiva.

A ode à família Bolsonaro se confundiu com vaias a Temer. De dentro do Palácio, porém, os convidados presentes batiam palmas e gritavam o nome do emedebista.

Após subir a rampa do Planalto e ser anunciado pelo mestre-de-cerimônias como presidente da República, Jair Bolsonaro foi bastante aplaudido pelos convidados no salão nobre aos gritos de "mito". Seu discurso, já no parlatório, foi interrompido diversas vezes pelas palmas do público e por um ato do próprio presidente, que rodou no alto uma bandeira do Brasil entregue a ele minutos antes pelo futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM).

"Essa é a nossa bandeira e jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso o nosso sangue", disse Bolsonaro ao final de seu discurso.
Bolsonaro canta o Hino Nacional no parlatório do Palácio do Planalto
Imagem: Reprodução

Discurso no Congresso contra "submissão ideológica"

Bolsonaro chegou ao Congresso pouco antes das 15h e, assim que cumprimentou os colegas, foi celebrado pelos parlamentares presentes na casa, que gritaram: "É nóis aqui!". Dezenas de celulares de autoridades --entre eles os filhos de Bolsonaro-- registravam a posse.

O presidente discursou por cerca de 10 minutos e afirmou que sua missão é livrar país da corrupção e da submissão ideológica.

"Aproveito este momento solene e convoco, cada um dos Congressistas, para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa Pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica",
declarou o novo presidente.


A irresponsabilidade nos conduziu à maior crise ética, moral e econômica de nossa história. Hoje começamos um trabalho árduo para que o Brasil inicie um novo capítulo de sua história.

Presidente Jair Bolsonaro

Após o discurso no Congresso, ele segue para o Palácio do Planalto, onde subirá a rampa e receberá a faixa presidencial de Michel Temer --esta é a única vez em que Temer usará a faixa publicamente desde que assumiu o cargo, em 2016. Temer não deve descer a rampa do Planalto. Segundo a assessoria, ele deixará o local por meio de elevador privativo, seguindo o protocolo.

Jair Bolsonaro toma posse nesta terça (1º) como presidente do Brasil

Aplausos, entusiasmo e "chupa PT"

Na Praça dos Três Poderes, onde a população acompanhava a cerimônia, no momento em que o termo de posse foi assinado, houve gritos de "chupa PT", em meio à impaciência pela demora no ato. O público vibrou quando Bolsonaro foi chamado pela primeira vez de "excelentíssimo presidente da República", por Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado. Ao fim do discurso, milhares gritaram repetidamente "mito", apelido pelo qual ele ficou conhecido entre seus apoiadores.

No Planalto, os convidados no salão nobre acompanharam atentamente a chegada de Bolsonaro à Esplanada e ao Congresso. Ao longo do discurso, como quando falou da necessidade de uma reforma da Previdência, Bolsonaro foi aplaudido de forma entusiasmada pelos presentes.

Após o discurso, Flávio Bolsonaro disse ao UOL não saber se a família se reunirá para comemorar após todas as cerimônias desta terça. "Quem sabe a gente vai à pizzaria e toma um chope?", respondeu. A família deve regressar para a Granja do Torto, residência oficial de onde o comboio partiu no começo dos eventos da posse.
Bolsonaro acompanhado da primeira-dama, Michelle, e de um dos filhos, Carlos, desfila em carro aberto
Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Carro aberto

Antes de ser oficialmente empossado, Bolsonaro optou por desfilar em carro aberto em seu cortejo entre a Catedral de Brasília e o Congresso Nacional, acompanhado da primeira-dama, Michelle, e o filho Carlos Bolsonaro.

A família deixou a Granja do Torto por volta das 14h20, seguindo para a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. As placas dos veículos que integravam o comboio tinham a palavra "PAZ", mais os números de identificação. Ao chegar, Bolsonaro fez o sinal da cruz e seguiu para o Rolls Royce presidencial.

A confirmação de que Bolsonaro desfilaria em carro aberto foi feita apenas no momento do embarque --não se sabia se o presidente eleito optaria pelo carro fechado por questões de segurança.

Presente no carro, Carlos é o segundo filho mais velho de Bolsonaro e foi o primeiro dos descendentes a entrar para a política -- candidatou-se e foi eleito vereador do Rio com apenas 17 anos, cargo que ocupa hoje pelo PSC-RJ.

Durante o trajeto até o Congresso, um dos cavalos dos Dragões da Independência se assustou com a multidão que acompanhava o cortejo e precisou ser retirado da frente do carro oficial.

Ao passar pela Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro deixou os apoiadores em ebulição. Pessoas subiram em árvores e qualquer som de sirene gerava correria. O tema mais comentado nas conversas era se o presidente desfilaria em carro aberto. Na hora em que Bolsonaro surgiu, houve celebração.

Após a passagem do cortejo, as pessoas saíram correndo pelo gramado acompanhando o carro. "É o mito", justificava um homem.
Resultado de imagem para Cavalo se assusta durante desfile em carro aberto de Bolsonaro

Cavalo se assusta durante desfile em carro aberto de Bolsonaro
UOL Notícias

"Mudar o destino do nosso Brasil"

Minutos antes de deixar a Granja do Torto para a cerimônia de posse, Bolsonaro divulgou um vídeo em que pede que a população mantenha o seu "imprescindível apoio" para "mudar o destino do nosso Brasil".

"Quero, em primeiro lugar, agradecer a Deus por estar vivo. E, depois, a você, cidadão brasileiro, pelo apoio e pela confiança em nosso trabalho. Nós pretendemos, sim, mudar o destino do nosso Brasil. Mas, para tanto, precisamos continuar tendo o seu imprescindível apoio", disse Bolsonaro no vídeo publicado em suas redes sociais.



01/01/2019


segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Previdência lidera prioridades de Bolsonaro para os cem primeiros dias de governo


Áreas estratégicas devem ter mudanças profundas no novo governo


Bruno Góes, Geralda Doca, Jailton de Carvalho e Natália Portinari
O Globo

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL)
Foto: Mauro Pimentel / AFP

BRASÍLIA — Foi o próprio presidente eleito Jair Bolsonaro quem marcou a data: a gestão que toma posse nesta terça-feira precisa entregar nos primeiros 100 dias ações efetivas nas mais variadas áreas. Em 11 de abril, já foi até agendada uma solenidade no Palácio do Planalto para celebrar a fase inicial do novo governo. Deflagrar a reforma da Previdência é a prioridade máxima.
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Pela frente, Bolsonaro tem ainda outros desafios, como uma solução definitiva para a variação do preço do diesel, assunto prioritário para os caminhoneiros; a adoção de medidas de impacto para combater a criminalidade; e a guinada prometida na política externa. Bolsonaro ainda enfrentará o teste da política partidária: serão eleitos os presidentes da Câmara e do Senado. Oficialmente, o futuro ocupante do Palácio do Planalto prometeu não interferir na disputa, mas sabe que os nomes escolhidos poderão ajudar ou atrapalhar a tramitação dos projetos de seu interesse.

A reforma da Previdência é considerada a medida mais importante dos primeiros 100 dias. Por se tratar de um tema polêmico e que mexe com a vida de muita gente, sua aprovação é difícil no Congresso. Integrantes da equipe econômica se articulam em várias frentes para derrubar resistências às mudanças. Estão nos planos aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para retirar da Carta dispositivos que o governo pretende alterar. Assim, todas as mudanças poderão ser implementadas via projetos de lei, que não exigem quórum qualificado (308 votos em dois turnos na Câmara dos Deputados e no Senado).

Em outra frente, o novo governo pretende ganhar o respaldo de especialistas em Previdência antes de enviar propostas ao Congresso. Criou um conselho consultivo de notáveis que tomarão conhecimento de antemão de todos os pontos em debate. Integrantes do grupo, como o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga e o economista Paulo Tafner, encaminharam sugestões à equipe do presidente eleito.
 
Também faz parte da estratégia do governo negociar previamente com líderes da categoria de servidores com influência no Parlamento, como procuradores, auditores fiscais, policiais federais. Assim, todos se sentirão co-autores da reforma, explicou uma fonte ligada à equipe de transição.
Prioridades de Moro

De uma das principais estrelas de seu governo, o futuro ministro da Justiça Sergio Moro, Bolsonaro receberá o texto do decreto para ampliar o prazo de posse de arma. Mas o juiz da Lava-Jato tem outras prioridades. Uma de suas metas no início de governo será reestruturar as equipes da Polícia Federal que estão à frente das investigações da Lava-Jato em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. O ministro entende que a Lava-Jato avançou muito, mas pode ser ainda mais efetiva com aumento de policiais e da estrutura de investigações que, nos últimos meses, pareciam em declínio. Ele promete não dar trégua a políticos, empresários, lobistas e servidores públicos já fisgados em etapas anteriores da Lava-Jato.

Moro espera aprovar no Congresso, ainda em fevereiro, alguns projetos de lei que considera importantes para o combate à criminalidade. Entre as propostas estão uma nova lei que define com clareza o cumprimento de pena a partir de condenação em segunda instância; a prisão imediata para quem for condenado em tribunal de júri; a ampliação de prazos de prescrição de crimes e a regulamentação do lobby. O pacote também prevê restrições na progressão da pena de quem comete homicídios.
 
Na saúde, em meio à recorrente falta de recursos e os problemas de gestão, o futuro ministro Luiz Henrique Mandetta prometeu começar pelos hospitais federais. Propôs mudanças na administração dos seis hospitais federais mantidos na cidade do Rio de Janeiro, que, segundo ele, precisam de um choque de gestão.

Revisão do Mais Médicos

Mandetta também prometeu intensificar o combate ao surto de doenças como sarampo após a migração em massa de venezuelanos ao Brasil e melhorias na atenção básica e nas equipes de saúde da família. O ministro também afirmou que vai rever o Mais Médicos para acabar com distorções e as “improvisações” do programa federal.

O teste do Congresso virá em fevereiro, quando serão eleitos os presidentes das duas Casas. Na Câmara, onde seu partido, o PSL, já deu mostras públicas de desentendimento e falta de coesão, por enquanto, dois grupos medem forças para conquistar o comando. De um lado, cinco parlamentares com candidaturas avulsas firmaram um pacto de apoio mútuo em caso de segundo turno. De outro, Rodrigo Maia (DEM-RJ) costura uma ampla aliança, inclusive com participação de partidos de oposição. Para que a eleição não resulte em uma derrota política, o PSL não terá candidato próprio. Por tratar-se de uma questão delicada, um jogo de poder importante para a governabilidade, a legenda ainda não conseguiu traçar uma estratégia para a disputa.
 
A política externa é outra área em que Bolsonaro promete mudar os rumos. A transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém foi anunciada e provocou polêmica. A relação com o Mercosul não está clara. O futuro presidente deu sinais de que tem outras prioridades nas relações internacionais, com o já definido alinhamento com os Estados Unidos.
Veja as prioridades de Bolsonaro em cinco áreas para os primeiros cem dias de governo:

                 Reforma da Previdência

O governo quer aprovar emenda à Constituição que retira da Carta dispositivos sobre o tema. Com isso, aprovaria mudanças sem precisar de 308 votos. Um “grupo de notáveis’’ deve opinar sobre as propostas, antes de serem levadas ao Congresso.
Segurança Pública

Uma das primeiras medidas será aprovação no Congresso de um pacote de ações para endurecer o combate ao crime organizado. Outra prioridade será a reestruturação de equipes que atuam na Lava-Jato em Curitiba, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
Crise no Saúde

O governo deve mudar a gestão de seis hospitais federais do Rio, antes de propor alterações aos estados. Também devem ser adotadas medidas relacionadas à atenção básica e ações urgentes de prevenção ao surto de sarampo na fronteira com a Venezuela.

Disputas na Câmara e no Senado

O teste do Congresso virá em fevereiro, quando serão eleitos os presidentes das duas casas. Para evitar o risco de derrota na Câmara, o PSL não terá candidato próprio. No Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) aparece como candidato de oposição
 

Novo rumo da diplomacia

Além da definição sobre a mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, o novo governo deve indicar o caminho das relações com parceiros tradicionais. No radar, os países do Mercosul e o alinhamento com os Estados Unidos.

31/12/2018

Feliz 2019!




Que 2019 venha com muita alegria, paz e sabedoria.

Feliz Ano Novo!


31.12.2018