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sábado, 8 de setembro de 2012

ASCENSÃO E QUEDA






Para simularem uma espécie de ideologia de esquerda e protegerem seu “pobre operário”, Lula da Silva, que há muito não é pobre nem operário, ardilosamente os donos do poder inventaram que elite é aquela entidade suja e rancorosa composta por ricos impiedosos, que aliados a uma imprensa a serviço de monstruosos interesses têm como objetivo destruir o magnânimo pai da pátria e seu partido


Maria Lucia Victor Barbosa

Enfim, uma atraente versão tropical e populista da luta de classes, algo que deve ter feito Karl Marx tremer na tumba.

Nos estudos clássicos de Sociologia o termo elite ou escol tem sentido bem diferente como os vistos nas primeiras abordagens elaboradas pelos chamados “maquiavelistas”, Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca, Robert Michels e Georges Sorel. Em vez da luta de classes eles consideravam que a história das sociedades é a luta das elites pelo poder.

Pareto (1848-1923) entendia elite de modo positivo, pois fariam parte do escol pessoas de qualidades excepcionais tanto pelo seu trabalho quanto por seus dotes naturais e, de forma realista afirmou: “Todo escol que não se dispõe a travar batalha para defender suas posições está em plena decadência; só lhe resta deixar o lugar a outra elite que tenha as qualidades viris que lhe faltam”.

Gaetano Mosca (1858-1941) preferiu o termo classe dirigente ou dominante em vez de elite para designar a distinção entre dirigentes e dirigidos.

Sem aprofundar a discussão sobre tais teorias lancemos um olhar sobre o quadro das eleições municipais lembrando que, pelo fato do PT se manter na presidência da República há quase 10 anos se pode dizer que é a classe dirigente, dominante ou elite sem, é claro, as boas qualidades de que falou Pareto.

Posto isso, recorde-se que na sua longa trajetória para lograr Lula lá os petistas desenvolveram certas táticas que continuam usando, tais como: Jamais aceitar críticas por menores que sejam e reagir às mesmas com maior agressividade possível; encarar o adversário como inimigo; invés de argumentar desqualificar quem não reza por sua cartilha como incompetente, rancoroso, invejoso, membro da famigerada e suja elite; usar a sedutora e comovente imagem de vitima transformando suas vítimas em seus algozes; distorcer ao máximo os fatos; usar de meios baixos para atacar adversários como, por exemplo, falsos dossiês ou compra de apoios.

Essas táticas foram usadas à exaustão para resguardar a figura de Lula tornada excelsa. Para ele só o elogio, qualquer crítica é considerada como grave preconceito. Então, amparado pelos companheiros e pelo marketing o guardião do poder petista exerceu plenamente o paternalismo pedagógico e a alienação das massas. Ele foi o “líder-preceptor que precede ao nascimento do Estado-Nação”. Por isso sempre dizia com prazer: “nunca antes nesse país”.

Antes de chegar ao cargo mais alto da República o PT soube ser oposição. Durante os oito anos de mandato de FHC petistas gritaram: “fora Fernando Henrique”. Ao mesmo tempo, tudo que FHC fazia era estridentemente criticado.

Apesar disso, quando Lula finalmente alcançou a presidência da República, Fernando Henrique inventou a “transição”, ou seja, colocou a disposição de Lula seus melhores técnicos para que ensinassem aos neófitos do PT como se governa.

Então, o PT copiou as politicas econômicas e sociais de FHC, mas sempre as criticando como herança maldita. Mesmo assim o PSDB foi o grande auxiliar de Lula, muito mais do que parte do PT que cindiu e formou o PSOL e mais ainda do que a base aliada. E quando Lula poderia ter sofrido o impeachment à época da CPI dos Correios, FHC sustentou o amigo no poder. Aliás, com raras exceções, os tucanos sempre demonstraram um imenso encantamento por Lula e nunca souberam ser oposição enquanto o PT, de modo implacável, atacava como ainda ataca Fernando Henrique e sua herança maldita.

O resultado é o que se vê no momento em São Paulo: José Serra em queda e Celso Russomanno subindo nas pesquisas de intenção de voto.

Na verdade, o PSDB não soube ocupar seu lugar como oposição. Deixou um vácuo que vai sendo ocupado por outro ator político. O PT, que nunca brilhou muito na capital paulista entrou em rota de desgaste com o julgamento do mensalão no STF, a doença de Lula, a emergência de outras lideranças políticas, a insatisfação do funcionalismo público e dos ditos movimentos sociais com a presidente Rousseff.

Ascenção e queda são ciclos inevitáveis na vida pessoal e na dinâmica das sociedades. No Brasil algumas mudanças estão acontecendo. Uma coisa boa e que trás um raio de esperança é o julgamento do mensalão a demonstrar a independência do Poder Judiciário e, portanto, o resguardo da democracia.

No mais, como disse Pareto, perdem os que não se dispõe a travar batalha para defender suas posições. Isto é bem mais importante do que apresentar renovação de candidatos. Que o PSDB aprenda a lição se quiser chegar de novo à presidência da República.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
www.maluvibar.blogspot.com.br
@maluvi

08/09/2012

PSDB promete usar de ‘meios legais’ contra fala de Dilma na TV




Sigla acusa presidente de usar máquina pública contra adversários e fazer propaganda eleitoral; em SP, mensalão pauta candidatos
 
Notícia
EDUARDO KATTAH, BRUNO LUPION E RICARDO LEOPOLDO

SÃO PAULO - O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), divulgou nota neste sábado, 6, na qual acusa a presidente Dilma Rousseff de uso da máquina pública para atacar adversários e fazer propaganda eleitoral em seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV, na noite de quinta-feira.

O partido, diz a nota, "usará dos meios legais e compatíveis" para "denunciar o uso indevido e eleitoral do último pronunciamento da presidente".

No Dia da Independência, Dilma chamou de "questionável" o modelo de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.

"A exemplo do que alguns de seus ministros vêm fazendo nas campanhas municipais, prometendo tratamento privilegiado para os municípios que elegerem candidatos do PT, a presidente se valeu da prerrogativa de convocar uma cadeia nacional de rádio e TV para atacar a política de privatizações adotada pelo governo tucano do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como se seu governo não tivesse aderido à mesma tese”, diz Guerra no comunicado.

O PT se manifestou de forma oficial no início da noite. Sem rebater as críticas do PSDB, o presidente nacional petista, deputado estadual Rui Falcão (SP), disse que o partido "recebeu com muito entusiasmo" o pronunciamento de Dilma, "principalmente quanto à decisão de reduzir as tarifas de energia elétrica". "Trata-se de uma medida de grande alcance, que reafirma o seu compromisso com o crescimento da economia brasileira e a melhoria da qualidade de vida da população", afirmou na nota de apenas três linhas.

Mensalão

Na nota tucana, Guerra cita ainda o mensalão. Diz que representantes do PT no governo "se valem da máquina pública para atacar adversários" e também para "tentar reduzir o desgaste sofrido pelo avanço das condenações no julgamento do mensalão".

O escândalo também motivou hoje um embate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Em Parelheiros, o petista disse que Serra usa o julgamento do mensalão na campanha por não ter projetos e o desafiou a defender o legado do prefeito Gilberto Kassab (PSD). "Uma administração com 20% de aprovação e 80% de reprovação tem de partir para esse tipo de expediente", afirmou.


Na sexta, pela primeira vez, Serra mencionou a denúncia de compra de apoio no Congresso no horário eleitoral na TV. Durante agenda no Itaim-Bibi, hoje, ele voltou à carga: "Todo mundo sabe que o mensalão é assunto do PT. Quem comandou o mensalão, o chefe do mensalão é um dos chefes até hoje do PT. Se é um fenômeno partidário, é do PT", disse, fazendo referência implícita ao ex-ministro José Dirceu. "O STF já provou que o mensalão existiu. Não se trata de uso, trata-se de evidência".

Sobre o fato de ser apoiado por um dos réus do caso, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), ele minimizou: "Eu apoio a decisão da Justiça", disse. "Quem é inocente que seja inocentado, quem é culpado que seja culpado".
08 de setembro de 2012


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Joaquim Barbosa é o "justiceiro" do mensalão nas redes sociais


Toffoli e Lewandowski são apontados como vilões

Torcida gera debate no Facebook
Meme com o ministro Joaquim Baebosa de Super Homem circula nas redes sociais
Reprodução internet




BRASÍLIA - O mensalão está nas redes sociais – e virou até piada - como forma de manifestar a torcida pela punição aos culpados. O relator, ministro Joaquim Barbosa, se transformou na personificação de quem levará políticos para a cadeia. Desde que começou o julgamento, circulam na internet mensagens de apoio e defesa ao ministro. São os “memes”, imagens distribuídas e compartilhadas pelos usuários que sintetizam uma ideia. Nessas imagens, Barbosa é colocado como herói, justiceiro e exemplo para o país. São exaltadas a raça do ministro e a trajetória que ele percorreu até chegar ao cargo, tendo ingressado no curso de Direito sem depender de cotas.

- A ideia do meme é justamente comunicar uma ideia, às vezes complexa, de forma muito rápida e sintética. Esse tipo de comunicação é muito eficaz. E sim, muitos memes acabam formando a opinião de quem tem contato com eles – avalia o professor Ronaldo Lemos, fundador e diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas.
Em um dos memes, Barbosa aparece de costas, vestindo a toga usada pelos ministros do Supremo, com a legenda “Batman é para fracos: meu herói é negão e usa toga preta”. Em outro, ilustrado com o mapa do Brasil e a foto de Barbosa, a legenda é “J de Justiça. Mas podia ser de Joaquim”.

O ministro não tem conta oficial no Facebook ou no Twitter, mas fica sabendo o que se fala nas redes sociais sobre ele por meio de funcionários de seu gabinete. Publicamente, a fama de herói do ministro já o deixou constrangido. Na semana passada, na cerimônia de posse do novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, algumas mulheres o cercaram e afirmaram que ele era “o herói” delas. Ele respondeu ser “um barnabé desse processo”.

Usuários do Facebook também veiculam memes sobre outros ministros da Corte. Se por um lado Barbosa é mostrado como o Superman, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli ficam com o papel do vilão. Em uma das imagens, aparecem as fotos de todos os ministros com a legenda “Patriota” ou “Vendido”. Toffoli e Lewandowski são “vendidos” nessa imagem, pois votaram pela absolvição do presidente da Câmara à época do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP).

Para o professor Ronaldo Lemos, muitos desses memes são espontâneos, criados ou disseminados por usuários como forma de protesto, tomando o lugar que a música já teve no passado.

- Essa forma de comunicação é abraçada cada vez mais para transmitir ideias políticas. Dá até para dizer que no mundo de hoje os memes ocupam o lugar da música de protesto dos anos 60. Basta analisar a forma como as ideias do Occupy Wall Street (movimento contra a influência do setor financeiro sobre o governo dos Estados Unidos) foram disseminadas. Hoje em dia, em vez da "música de protesto", existe o "meme de protesto" – afirma Lemos.

O perfil dos criadores dessas memes é heterogêneo. A conta “Isso é Brasil” se atém mais a exaltar Barbosa, em especial o fato de ele ser negro, e criticam Toffoli por ter pertencido ao PT.

No perfil, mensagens a favor de Barbosa se misturam com imagens engraçadinhas, sobre religião, humor, ecologia, autoajuda e contra o racismo. Já o perfil “Quero o fim da corrupção” é feita por pessoas que afirmam terem o objetivo de mostrar que “todo cidadão pode e deve participar da política e com isso conseguiremos construir um país mais justo.”

A intenção do grupo é, segundo o perfil, reunir 500 mil assinaturas para criar um “plebiscito ou referendo” sobre tornar hediondos os crimes contra a administração pública, agravar penas de crimes de corrupção e criar varas exclusivas para julgar as ações de improbidade administrativa.
Usuários compartilham por razões diferentes

Entre os usuários do Facebook que compartilham as imagens, há diferentes graus de entendimento do que é o julgamento do mensalão, como trabalham os ministros, e o trâmite do julgamento. Porém, os memes são usados para expressar o sentimento de que o julgamento é histórico e que há esperança de que os culpados serão punidos.

O empresário Luiz Ferrarezi, que compartilhou alguns dos memes, afirma que a imagem de Barbosa está associada à “honestidade incorruptível”, além de expressar a vontade e o pensamento da maioria da população, conceito que ele formou ao ver a posição do ministro neste julgamento e em outros do Supremo.

- Com a internet acredito que isso fica mais fácil de ser apresentado ao público. Mas também acho que há o risco de criar um exagero ou mesmo um mito, e aí devemos lembrar que ele não é o Batman, ou um político, mas um ser humano que está como ministro – disse Ferrarezi.

- Acho um acontecimento (o julgamento do mensalão) que pode sim funcionar como um divisor de águas na politica do país. Compartilhei a imagem do Joaquim Barbosa mais por revolta contra a decisão do Lewandowski. Mas acho esse endeusamento (a Barbosa) errado. O que ele fez deveria ser corriqueiro, não exceção – afirmou Anderson Alves da Costa, orçamentista.

Há ainda quem divulgue as imagens de Barbosa por conhecer e aprovar o exemplo do ministro, como ele chegou ao cargo vindo de uma família pobre e sendo negro. A cabeleireira Tatiane Araújo diz que acompanha muito pouco o julgamento, mas que compartilhou os memes do ministro “ pois temos que fazer a divulgação de pessoas boas e honestas”, em oposição às pessoas que postam “coisas com ligação a drogas, prostituição e apologia ao crime”.

- Compartilhei pois achei a história dele interessante e serve de exemplo para muitas pessoas que desejam ter um futuro bom e que nem sempre tem condição de ter uma vida melhor, um ensino de qualidade – opinou Tatiane.

É normal que as razões que levaram diferentes pessoas a compartilhar um mesmo meme variem, mesmo que sua mensagem seja extremamente simples em uma primeira análise, avalia o professor Ronaldo Lemos. Porém, a cada novo compartilhamento, uma nova dimensão é adicionada ao meme:

- As ideias vão sendo formuladas e evoluindo a partir de um intenso jogo social, em que cada pessoa pode não apenas comentar mas também adicionar elementos e variações à ideia original – explica o professor.

Com essa facilidade de criar eventos que parecem espontâneos e ganham credibilidade e sentido a cada compartilhamento, o professor alerta que está crescendo o número de memes que são forjados artificialmente.

- Nesse sentido, há sim políticos valendo-se de memes para dar uma aparência de "clamor social" para conceitos que na verdade foram forjados dentro do âmbito de uma campanha política, com objetivos específicos – conclui Lemos.
 7/09/12

Um destacamento comandado pelo general Rui Falcão é tão apavorante quanto bandido de chanchada





Por Augusto Nunes
Sempre orientados pelo Chefe Supremo, o comandante José Dirceu e o general Rui Falcão, inquietos com a perda do tenente João Paulo Cunha, reiteraram a ameaça: se a população carcerária continuar incorporando bandidos de estimação, os dois oficiais de Lula mobilizarão o exército companheiro para afastá-los da rota da cadeia. Pode ser o prelúdio da ofensiva final contra a elite reacionária e a mídia golpista, agora acusadas de induzir o Supremo Tribunal Federal a aplicar a lei no julgamento dos mensaleiros.

Nesta segunda-feira, o presidente do PT aproveitou o velório político de João Paulo Cunha, disfarçado de festa de lançamento do novo candidato a prefeito de Osasco, para retomar a discurseira beligerante. Primeiro, qualificou os ministros do Supremo de “instrumentos de poder” a serviço de uma oposição “conservadora, suja e reacionária”. Em seguida, avisou que está em curso outra tentativa de golpe, urdida pela elite e pela mídia, contra Lula e Dilma Rousseff.

Como impedir a consumação da trama costurada pelas mesmas figuras que arquiteram a farsa do mensalão”? Convocando para a guerra “a sociedade organizada, as centrais sindicais, os movimentos populares e os partidos políticos do campo progressista”, declamou. Se o novo presidente da CUT não mentiu, a sigla começou a recrutar combatentes no começo de julho. A primeira leva juntara uns três ou quatro. Ainda estavam no aquecimento, mas prontos para o desembarque na frente de batalha caso o STF optasse por um “julgamento político”.

Fardado com o inevitável paletó escuro, cujas dimensões informam que o dono se acha mais alto e parrudo do que é, Rui Falcão caprichou no ultimato: “Não mexam com o PT. Porque quando o PT é provocado ele cresce e reage”. Cresce coisa nenhuma. Reage coisa nenhuma. Os desdobramentos do mensalão acentuam e escancaram o raquitismo eleitoral que vem devastando o templo das antigas vestais da ética que envelhecem no bordel das messalinas mensaleiras.

Pesquisas promovidas nas 26 capitais atestam que o partido só vai bem em Goiânia. O stalinista com jeitão de agente funerário ai presidir um formidável enterro eleitoral, cujas consequências podem ser letais. Em vez de mobilizar os militantes que restam para reduzir a conta os estragos prometidos pelas urnas de outubro, Rui Falcão prefere colecionar bravatas brancaleônicas em parceria com José Dirceu.

Tropas lideradas pelo guerrilheiro de festim, não custa insistir, só conseguiriam matar de rir os inimigos.

Um destacamento sob a chefia do general Rui Falcão seria tão amedrontador quanto bandido de chanchada.

Para barrar o avanço dos soldados do Movimento Pró-Corrupção, basta colocar no meio do caminho a foto em tamanho natural de um fuzileiro naval.

Duas fotos fariam os guerreiros de araque recuar em desabalada carreira.

Dilma, na falta de coisa melhor para fazer, ataca FHC, por este dizer a verdade sobre, esta sim, a verdadeira herança maldita de Lula



OPINIÃO DO LEITOR

POR FRANCISCO

Faz lembrar o filme “Apertem os cintos, o piloto sumiu”, só que o avião já havia decolado, há 9 anos, sem piloto (Lula iria se atrapalhar dirigindo carrinho de rolimã).

O “Avião Brasil” estava no piloto automático tucano. E ainda bem que Lula, mesmo com a corrupção endêmica que instaurou, mesmo com sua capacidade infinita de mentir e convencer mentindo, sua subordinação a interesses sindicais e patrimonialistas, se convenceu de que “…era melhor seguir a trilha de FHC”.

Depois que se instalou no Planalto, Dilma – graças a Deus – também continuou na trilha aberta por FHC, não se desviou dos fundamentos econômicos, verdadeiros pilares, deixados pelos tucanos.

As únicas intervenções macro-econômicas feitas por Mantega foram enxugar gelo, sem planejamento estratégico algum, atendendo a interesses setoriais.

Como Dilma é mais discreta que Lula, foi acolhida com certa simpatia pela classe média, que estava enfarada de Lula e sua verborragia alucinante. Dilma chegou a estabelecer convívio civilizado com FHC até que este falou a verdade, no artigo veiculado pelo Estadão e Globo.

Aí Dilma se abespinhou e mostrou sua face petista mais escrota: poupando Lula e se esquecendo de que acabara de se entregar ao inevitável processo de privatização (liberou aeroportos e infra-estrutura, que o PT deveria ter feito há 8 anos) atacou FHC no que há de mais sujo, inventando a tese de que FHC entregou o país.

Dilma sabe que seu partido de adoção está em apuros, sendo julgado por corrupção, mamatas e tal.

Para desviar o foco do PT, há o recurso de atacar FHC e mentir deslavadamente para o eleitorado, criando o chamado fogo de encontro.

A mídia já está há uma semana discutindo esse “pega” Dilma X FHC e o mensalão foi pra página 5, perto do obituário e ao lado da CPI do Cachoeira.

Temos que admitir que petistas (os tradicionais e os neo-petistas como Dilma) são competentes na manipulação da opinião pública.

Aliás, é a única competência que têm.

FRANCISCO

P S: na questão “ideológica” da privatização os petistas, embora a adotem, não admitem em público e, sempre que podem, a satanizam.

Os petistas são tão incompetentes que, na privatização do Aeroporto de Guarulhos, é muito provável que o modelo adotado por eles não consiga terminar a obra até a copa do mundo.

Nos outros aeroportos a privatizar, a maioria dos consórcios internacionais não se interessou, pois o edital – com a Infraero pendurada – é esdrúxulo e irrealizável.

Reunião sigilosa com Lula, Dirceu e Thomaz Bastos discute PT-pós mensalão



Lula: ele já calibra o tom do discurso contra uma eventual condenação ampla, geral e irrestrita

Por Lauro Jardim

Que avaliação deve ser feita do julgamento do mensalão?

O que o PT deve fazer se a condenação for generalizada?


As duas perguntas foram o centro de um sigiloso encontro no dia 2, no Instituto Lula, em São Paulo, que reuniu nada menos do que Márcio Thomaz Bastos, José Dirceu, Rui Falcão, Sigmaringa Seixas, e, claro, Lula.

Uma das conclusões foi a de que todo o esforço para a vitória nas grandes capitais deve ser feito.

Elas seriam usadas como base do discurso de defesa, na linha “O STF condenou, mas o povo continua com o PT ”.

Outra decisão: os dirigentes petistas têm que partir para o ataque imediatamente.
Resultado disso foi a patética declaração de Falcão, dada dias depois, de que o STF, “unido a uma elite suja e reacionária”, faria parte de um “golpe” para derrubar o PT .

De acordo com um dos participantes da reunião, as decisões do STF estão levando Lula à beira do descontrole.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Instituto Teotônio Vilela responde a Dilma: ‘O PT detesta ouvir verdades incômodas’


 

Segue-se a íntegra do texto divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB: 
Por Augusto Nunes

O PT adora assacar mentiras contra seus adversários e detesta quando lhe são ditas verdades incômodas. É isso o que explica a reação coordenada entre a presidente Dilma Rousseff e seu tutor às mazelas do governo petista expostas por Fernando Henrique Cardoso no último domingo. Ao rol de realidades desnudadas, os petistas responderam com as mistificações de sempre. O líder tucano está coberto de razão.

Em artigo publicado em O Globo e n’O Estado de S.Paulo, o presidente lista diversos componentes da “herança pesada” recebida por Dilma de seu antecessor. São muitos: a crise moral, o mensalão, a falta de reformas institucionais, o aumento da carga tributária, as iniquidades na Previdência, a ineficiência dos investimentos públicos, os descaminhos da política energética. Examinada a lista, é de se perguntar: há alguma mentira nela? Nenhuma.

Fernando Henrique lamenta a corrosão moral que marcou o primeiro ano da gestão Dilma. Fato: dos 37 ministros que assumiram com a presidente, sete foram defenestrados por suspeitas de corrupção e irregularidades de toda natureza. Não custa lembrá-los: Antonio Palocci (Casa Civil), Carlos Lupi (Trabalho), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte), Wagner Rossi (Agricultura) e Mario Negromonte (Cidades).

Em seguida, o presidente trata do mensalão. Dos 37 réus, dez são do PT. São eles: os já condenados João Paulo Cunha e Henrique Pizzolato; José Genoino e Delúbio Soares, os próximos da lista; o único absolvido Luiz Gushiken; José Dirceu, Silvio Pereira, Paulo Rocha, Professor Luizinho e João Magno de Moura. Mente Fernando Henrique ao denunciar a “busca de hegemonia a peso de ouro alheio” por esta gente? Por tudo o que se viu ao longo das 17 sessões de julgamento realizadas no STF até agora, nem um pouco.

Segundo alguns jornais, Dilma teria ficado especialmente brava com a menção à desastrada política energética que vigora no governo petista. Mas quem, senão a própria atual presidente da Petrobras, ressaltou noutro dia que, desde 2003, a estatal não cumpre suas metas de produção? Quem, senão a própria empresa, deve apresentar nova queda na produção neste ano e registrou, após 13 anos, bilionário prejuízo? Quem vale hoje menos do que valia dois anos atrás, antes de um processo de capitalização embalado em clima de fanfarra eleitoral?

No artigo, Fernando Henrique também aponta os equívocos que transformaram o Brasil de potência na geração de etanol em importador do produto. Os fatos: neste ano-safra, a produção de álcool no país caiu 15% e compramos dos Estados Unidos nada menos que 1,8 bilhão de litros do biocombustível. Em consequência deste desarranjo, as importações de gasolina deverão mais que quadruplicar até o fim da década.

O líder tucano trata, ainda, dos atrasos na Transnordestina e na transposição do rio São Francisco. Quem há de negá-los? A ferrovia só tem um terço das obras prontas, liga nada a lugar algum e já encareceu 50%, bancada por financiamento do BNDES. A transposição tem seis dos 14 lotes com obras suspensas, muitas por suspeitas de irregularidades. Seu término, antes previsto para 2010, já foi estendido para, no mínimo, 2015.

A presidente tentou rebater as sóbrias palavras de Fernando Henrique com uma nota oficial combinada com Lula, segundo revelou o Estadão. Disse, por exemplo, que seu antecessor legou-lhe “uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura”.

Em que país ela está vivendo? Ou, pior: qual país ela pensa que está governando?


“Economia sólida” será a que cresce menos que todos os países latino-americanos e é a quarta mais desigual e injusta do continente? “Crescimento robusto” será aquele que, neste ano, ficará em cerca de metade do que foi o pibinho de 2011? “Investimentos consistentes em infraestrutura” são a paralisia que se vê em estradas, ferrovias, aeroportos, portos e conjuntos habitacionais, e que, na última década, deixou de aplicar quase R$ 50 bilhões em recursos orçamentários? Francamente…

Dilma chama atenção para “os avanços que o país obteve nos últimos dez anos”. Se não fosse tão sectária, mais correto seria dizer dos avanços que vêm sendo construídos por toda a nação desde a transição democrática ─ da qual, aliás, o PT recusou-se a participar no colégio eleitoral. Mais adequado ainda seria falar da completa ausência de avanços institucionais na última década, em que o arcabouço arduamente construído na gestão tucana foi sendo, dia após dia, dilapidado até o osso, até não sobrar nada que permita ao país lançar-se a novos saltos rumo ao futuro.

Para terminar, a presidente da República diz que seu tutor é “um exemplo de estadista”. Sobre isso, não é preciso dizer muito.

Basta lembrar que, neste instante, Luiz Inácio Lula da Silva está mergulhado até a alma em disputas eleitorais pelo Brasil “mordendo a canela” de adversários e exalando ódio a quem não lhe diz amém.

Enquanto isso, Fernando Henrique dedica-se a apontar erros e elogiar eventuais acertos, buscando colaborar para a melhoria do país.

A verdade muitas vezes é incômoda, mas nunca foi tão necessária quanto agora.


04/09/2012
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Lewandowski vota pela absolvição de dois diretores do Rural do crime de gestão fraudulenta




Por Reinaldo Azevedo

Ricardo Lewandowski votou a favor da absolvição de Ayanna Tenório, ex-diretora do Banco Rural, do crime de gestão fraudulenta. Absolveu também Vinicius Samarane, que ainda trabalha no banco. Era o esperado. O ministro havia vazado seu voto para o Estadão… Como só ele conhecia o conteúdo e como a informação está hoje no jornal, adivinhem quem contou…

Ayanna foi vice-presidente do Banco Rural de 12 de abril de 2004 a 31 de março de 2006, comandando a área de “compliance”, tecnologia e RH. Samarane era seu subordinado. Vamos ver. O que é “compliance”? É justamente a área responsável pelo cumprimento das normas internas estabelecidas pelo próprio banco e pelo cumprimento da legislação que regula a atividade. É a turma responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.

Lewandowski comprou a versão da defesa, no caso de Ayanna (feita por Cláudio Mariz de Oliveira), admitindo que ela veio da área não-financeira e que não entendia nada da área.

Pois é. Não entendia, mas estava justamente na área mais sensível do banco. Mesmo com essa essa ignorância, chancelou a terceira rolagem do empréstimo à empresa Graffiti, no valor de R$ 10 milhões, e a quarta rolagem à empresa SMP&B, de R$ 19 milhões. As duas pertenciam a Marcos Valério.

A argumentação do ministro segue um caminho interessante.

Ao inocentar Samarane, diz que ele não endossou nenhuma rolagem de empréstimo e que não pertencia à área de “compliance”.

Muito bem: Ayanna, não obstante, endossou e pertencia e foi absolvida mesmo assim.
05/09/2012


Réus petistas do mensalão estão se preparando para o pior


Diante das primeiras decisões do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, os petistas que são réus na ação já estão se preparando para o pior



por Gerson Camarotti
Mensalão

Em conversas reservadas, José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha não escondem o pessimismo com a tendência já sinalizada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Eles também confidenciaram a interlocutores próximos que estão abatidos e temem que seja decretada a prisão depois do julgamento.

Alguns dos réus petistas já começam a tomar providências práticas, como fazer procurações para pessoas de confiança.

Esse clima de preocupação tomou conta de várias lideranças do partido, inclusive, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

05/09/12

O discurso que Serra não faria. É contra as regras do marketing. Ou: Sobre o novo e o velho


A cada alusão depreciativa que leio à idade do tucano José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, sinto o nojo que qualquer preconceito sempre provoca em mim


Por Reinaldo Azevedo

O curioso é que a mesma imprensa que é politicamente correta no limite da paralisia do pensamento se entrega gostosamente a especulações asquerosas nessa área.
Abaixo, vai um texto que jamais seria dito no horário eleitoral gratuito pelo candidato tucano. Não seria porque certamente seria considerado contrário aos cânones do marketing.

Porque seria considerado dramático demais, quem sabe até incompreensível. Uma das razões por que jamais seria um político é que considero o marketing uma ciência por demais inexata.
É evidente que o que vai abaixo não é uma sugestão para Serra. Não pagaria esse mico. Eu reitero que este é o discurso que ele não faria.

O que vai abaixo encerra um entendimento deste escriba da realidade política e dos valores que estão em disputa nessa eleição. E é composto também de fragmentos de discurso que ele próprio já fez.

*

Eu lhes trago uma mensagem antiga, que se renova a cada dia: a democracia, com todas as suas imperfeições, ainda é o melhor caminho para resolvermos as nossas diferenças.
Eu lhes trago aqui uma convicção antiga, que se prova verdadeira a cada dia: a igualdade sem a liberdade é justiça tirana; a liberdade sem a busca da igualdade é injustiça cordial. E nós somos aqueles que lutam por um mundo justo, porém amoroso.
Eu lhes trago aqui uma crença antiga, que se faz viva a cada dia: a única razão de ser de um governo, em qualquer esfera, é cuidar das pessoas. E esse cuidado implica criar as condições para que cada brasileiro tenha plenas condições de cuidar de si mesmo.
Sou antigo porque acredito na democracia.
Sou antigo porque acredito na igualdade.

Sou antigo porque acredito na liberdade.

Sou antigo porque acredito na Justiça.

Sou antigo porque acredito na eficiência.

Sou antigo porque acredito na autonomia.
E, por isso, minhas caras, meu caros, por isso mesmo, eu sou muito jovem. Aos 70 anos — eu tenho orgulho da minha idade, eu tenho orgulho da minha luta, eu tenho orgulho da minha história —, eu posso lhes dizer que a idade de uma mulher e a idade de um homem não se medem apenas pelo tempo que viveram, mas também por sua experiência e por sua capacidade de se renovar.
A luta por democracia, por igualdade, por liberdade e por justiça é bem mais velha do que eu, bem mais velha do que todos nós. Ela acompanha a trajetória humana desde os seus primórdios. Que proclamem por aí: a experiência que acumulei em diversos cargos públicos vale bem mais, se quiserem, do que os 70 anos que tenho.
A juventude de uma mulher e de um homem está na sua ousadia.
A juventude de uma mulher e de um homem está no combate ao preconceito.

A juventude de uma mulher e de um homem está na sua inquietude.
E eu tenho a satisfação de ter construído uma carreira política que ousou dizer “não” ao arbítrio, que lutou contra o peso das ideias mortas, que soube se renovar e se preparar para o futuro.
O que pode haver de mais velho neste país do que a incompetência?
O que pode haver de mais velho neste país do que a aposta na impunidade?

O que pode haver de mais velho neste país do que a aposta no vale-tudo?

O que pode haver de mais velho neste país do que a corrupção, que rouba a o futuro de nossas crianças e de nossos jovens e sequestra o presente de nossos homens e mulheres?
Velha, no Brasil, é velhacaria!
Velho, no Brasil, é o autoritarismo!

Velho, no Brasil, é o vale-tudo.
Hitler se tornou chanceler da Alemanha antes de completar 44 anos. Todos conhecem as consequências. Fez o que fez porque era jovem? Não! Produziu a tragédia que produziu porque, na verdade, velhas eram suas ideias. Konrad Adenauer assumiu a chancelaria da Alemanha Ocidental, em 1949, aos 73 anos e conduziu o país até os 87 anos. Só deixou o Parlamento ao morrer, em 1967, aos 91!
Hitler matou milhões porque, sendo jovem, era muito velho.
Adenauer salvou a democracia porque, sendo velho, era muito jovem.
Podem me chamar de velho. Fico feliz que não possam me chamar de velhaco. Os jornalistas lembrarão que Ulysses Guimarães já disse isso antes. É verdade. Foi na disputa eleitoral de 1989, quando perdeu para Lula e Collor.
Ulysses perdeu a eleição, mas não perdeu a vergonha na cara. Eu quero, sim, ganhar a eleição. Mas, para tanto, não aceito a perder a vergonha.
Encerro
É isso. Alguém tem de ter vergonha, incluindo partes consideráveis da imprensa, nesse processo eleitoral. Nem que seja um dos candidatos à Prefeitura!
PS – Alguns analfabetos estão dizendo que recorrer ao nazismo é um clichê etc e tal. É coisa de quem não sabe ler. Não recorri ao nazismo porcaria nenhuma! Empreguei exemplos extremos para demonstrar que idade não define qualidade das ideias. Ou define? (observação postada na manhã de quarta)
04/09/2012


Conforme observei no debate na VEJA.com, Lewandowski indica que não votará sobre pena imposta a João Paulo




Conforme afirmei no debate de ontem na VEJA.com (ver vídeo ao pé do post, a partir dos 27min31s), os ministros que votarem pela absolvição dos réus do mensalão não devem participar da dosimetria das penas

Por Reinaldo Azevedo

É o lógico e o razoável. Afinal, que sentido faz arbitrar a pena aquele que acha que o réu não é culpado?

Segue reportagem de Laryssa Borges, da VEJA.com, evidenciando que aquele meu juízo estava correto.

O ministro revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski, indicou nesta terça-feira que os magistrados que votarem pela absolvição dos réus ao longo do julgamento não devem participar da discussão sobre a pena a ser imposta a eles. A lógica do ministro é que, se votou pela absolvição, não faria sentido estabelecer sanções.

“Há um precedente de que quem vota pela absolvição esgota o julgamento de mérito e não participa da dosimetria”,
disse o ministro. “Quem vota pela absolvição acha que a pessoa é inocente. Como vai depois estabelecer a dosimetria?”, questionou o revisor.

Se prevalecer o entendimento de Lewandowski, nem ele nem o ministro José Antonio Dias Toffoli votariam, por exemplo, na discussão das penas ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Ambos consideraram o petista inocente das acusações.
Histórico

A discussão sobre a participação ou não dos ministros que votaram por absolvições na dosimetria das penas não é pacífica dentro do Supremo Tribunal Federal. Na ação penal 409, por exemplo, os ministros condenaram o então deputado peemedebista Zé Gerardo, mas Dias Toffoli, Celso de Mello e Gilmar Mendes consideraram não haver provas para a condenação do então parlamentar e absolveram o réu. Os três não participaram da dosimetria da pena na ocasião.

Ex-deputado federal pelo Ceará, Gerardo foi sentenciado em 13 de maio de 2010 a dois anos e dois meses de detenção por crime de responsabilidade. O Supremo considerou ilegal o fato de ele, quando prefeito de Caucaia (CE), ter aplicado em outras obras recursos federais destinados à construção de um açude público. A pena de detenção foi convertida pelo próprio STF ao pagamento de 50 salários mínimos e à prestação de serviços à comunidade.

Embora condenado pela mais alta Corte do país, Zé Gerardo ainda não começou a cumprir pena. A partir de julho de 2010, ele apresentou quatro recursos ao tribunal, ainda não julgados.

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04/09/2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Em defesa do contratidório




Editorial do PSDB
Fonte: Site do PSDB

A democracia brasileira, conquistada a duras penas, pressupõe o contraditório, coisa com a qual o PT não consegue lidar bem. Só isso justifica o grande incômodo provocado no último fim de semana pelo artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no qual ele dá exemplos da herança pesada herdada do governo Lula pela presidente Dilma Rousseff.

Nos causa surpresa, em especial, a reação da presidente Dilma Rousseff, que _ cedendo às pressões de seu partido _ acabou se excedendo na defesa do legado recebido de seu antecessor. Infelizmente, usando os mesmos métodos utilizados pelo ex-presidente Lula: este sim um especialista em tentar reescrever a história brasileira de acordo com suas conveniências.

Basta lembrar as inúmeras tentativas do ex-presidente Lula e de vários de seus aliados em tentar negar a existência do mensalão.

Uma tese, aliás, que o Supremo Tribunal Federal vem derrubando a cada dia com as condenações que já começaram a ser proclamadas.

No afã de defender a herança recebida de Lula, a presidente Dilma incorreu em alguns erros ao ressaltar que seu antecessor havia recebido um país sob “intervenção” do Fundo Monetário Internacional (FMI) do governo FHC.

Esqueceu a presidente de lembrar o pânico gerado, em 2002, nos meios financeiros só com a possibilidade de vitória do candidato do PT, o que chegou a provocar corrida bancária e forte elevação da taxa de juros, além de desencadear pressões inflacionárias.

Estas, sim, foram as razões que levaram o então presidente Fernando Henrique a negociar um acordo com o FMI. Um acordo, aliás, que teve o aval de todos os candidatos à Presidência, inclusive, o do PT.

De fato o ex-presidente Lula não cedeu à tentação de disputar um terceiro mandato, como chegaram a pregar muitos de seus correligionários, mas não pestanejou em disputar a reeleição, garantida pelo Congresso Nacional em votações qualificadas e com o apoio majoritário da sociedade brasileira.

O mais curioso é que, mesmo há mais de uma década no Poder, o PT ainda insista em atribuir à gestão tucana os males que não conseguiu consertar no país ou que reedite, sem cerimônia, políticas que tanto criticou como a das privatizações, hoje rebatizada como concessões à iniciativa privada.

Pior ainda é que o PT tente atribuir a adversários comportamentos golpistas, enquanto nos bastidores trabalha pela implantação de um projeto hegemônico, através do qual imagina ser possível aniquilar a oposição no Brasil.

Nada nos fará calar diante do que nos parecem erros graves, mas sempre com equilíbrio e sem faltar com a verdade.


  04.09.2012

O dia D de Roberto Jefferson - quando, como e por que ele decidiu detonar o mensalão



Quando saiu do banho, naquela manhã de 24 de maio de 2005, o deputado Roberto Jefferson deu com o poderoso ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, sentado em sua sala, acompanhado do líder do governo no Congresso, Aldo Rabelo.
– Bom dia, senhores – cumprimentou frio.
Se tivesse sido consultado, não o teria deixado subir.

No dia anterior, a empregada Elza lhe dissera que ele e mais quatro ministros estavam na portaria com uma urgência, mas ele os mandara voltar da porta, porque tinha chegado ao limite com o ministro.

Mesmo com o presidente Lula, que havia ligado à noite para pedir-lhe que retirasse a assinatura do pedido de uma CPI para investigar a corrupção nos Correios, havia sido frio:
– Essa CPI vai ser muito ruim para o governo, muito ruim, muito ruim... – apelou o presidente, entre outras coisas.
– Eu sei. Mas, moralmente, não me resta outra saída, presidente.
Mas nesta manhã eles conseguiram entrar por uma traição do amigo José Múcio, que ligara antes do banho querendo uma conversa urgente e avisara aos dois que ele estava em casa.

O porteiro e a empregada não tiveram peito para segurá-los na portaria.
Sim, estava sozinho. Não tinha apoio de nenhum amigo nem dentro do seu partido, o PTB.
José Dirceu, que o vinha evitando nos últimos dias e tratando direto com os deputados de seu partido os interesses do governo, inclusive evitar a CPI, agora faria o que fosse preciso para que ele retirasse sua assinatura.
– Roberto, você não vai assinar essa CPI – foi direto ao assunto. – Você não vai fazer isso com a gente.

Essa CPI é contra o governo, é para paralisar o governo. É pra atingir o presidente Lula e vai nos atingir.



Roberto sentou-se para encará-lo de frente.
– Quanto a isso não tenho dúvida, Zé, porque eu sou a escada, sou ponte. O alvo é você, o alvo é o Delúbio, o alvo é o Silvinho Pereira – referiu-se ao tesoureiro e ao secretário do PT que vinham fazendo negócios em nome do governo sob orientação da Casa Civil. – A CPI vai atingir vocês. Mas não posso sair disso sem alma, não vou virar zumbi. Minha honra pessoal foi atingida.
O deputado se sentia no fundo do poço desde que a revista Veja divulgara, havia 10 dias, uma gravação em vídeo em que seu indicado nos Correios, Maurício Marinho, embolsava R$ 3 mil reais de propina e se gabava de suas relações com ele.

A partir daí, toda a grande imprensa, principalmente a revista e O Globo , haviam desabado em cima de sua reputação e ele percebera que havia dedo da Abin e da Casa Civil de José Dirceu, em conluio com jornalistas, para jogar todas as mazelas do governo nas costas do PTB.
– Zé, não posso confiar mais em você, porque estou vendo sua assinatura, sua impressão digital nesse noticiário todo contra mim. É uma pancadaria, é um jogo montado pelo governo e tem a Abin no meio.

– Não diga isso, Roberto, eu jamais faria isso.
Por sorte, um dia depois da publicação bomba da revista, um anônimo deixou em sua porta uma cópia da gravação integral, de uma hora e 54 minutos, num envelope amarelo.

Imaginou que fosse coisa de arapongas velhos da agência de inteligência do governo, a Abin, que ganhavam dinheiro de todos os lados em Brasília para montar dossiês.

Possivelmente, os mesmos que gravaram poderiam ter enviado a sua cópia, interessado em negócios futuros.
Ao vê-la e revê-la, convenceu-se de que, mais do que flagrar o funcionário, os arapongas pretendiam incriminá-lo.

Faziam perguntas recorrentes sobre sua influência.

  E de que o repórter Policarpo Júnior, de Veja , como os arapongas, evitava ir além das denúncias na diretoria de Marinho e chegar à poderosa diretoria de Operações, controlada por Delúbio e Silvinho, onde de fato se davam os grandes negócios suspeitos da instituição.  
"Ele está protegendo o PT", pensou.

Uma investigação oficial da Abin, patrocinada pelo governo, tinha sido paralisada também quando chegou perto dessa diretoria.
– Eu vejo a sua mão, Zé. É coisa sua. Você sacaneou o PTB por causa dos conflitos que se instalaram entre nós, pelo acordo não cumprido do repasse de campanha e pelas nomeações que foram cumpridas e não foram feitas.   Vocês estão me sufocando porque falei ao Lula sobre o Mensalão e porque não querem que o Dimas Toledo saia de Furnas.


Em janeiro, ele dissera ao presidente, na presença de Dirceu e de seu correligionário Walfrido dos Mares Guia, que Delúbio Soares iria colocar uma dinamite na sua cadeira.

Informou que eles estavam comprando deputados para fortalecer as bases do governo e que ele pessoalmente estava sendo massacrado porque não aceitara a oferta e orientara seus correligionários a fazer o mesmo.

Cobrou 16 dos 20 milhões que o partido devia ao PTB, por uma promessa de campanha, e insistiu que as negociações que lhe interessavam era a co-participação no governo, através de nomeações de cargos nas estatais, que a Casa Civil vinha postergando.

– Não, Roberto, você está enganado, eu não fiz isso, você está sendo injusto comigo. Não sou um homem capaz de fazer uma coisa dessas.
No caso do presidente de Furnas, Dimas Toledo, ele havia acertado a sua substituição por um homem de seu partido, Francisco Spirandel, numa outra reunião com Lula, em abril. Só que Dirceu vinha atuando nos bastidores para inviabilizá-la.
– Isso não é papel de homem, Zé. Vocês jogam fora os companheiros de aliança como se fossem bagaço de laranja depois que já chuparam o caldo.
De fato, estava tudo acertado para a eleição de Spirandel, na assembleia de 16 de maio.

Dimas Toledo tinha laços com vários partidos e fazia em Furnas uma caixinha de R$ 3 milhões mensais, cujo maior favorecido era o PT.

Mas o presidente Lula andava possesso com ele, por causa de seus favorecimentos ao governador Aécio Neves.

No meio da assembleia, porém, chegou uma ordem da ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, para suspender tudo.


Nessa tarde, em meio à pressão da imprensa contra o seu partido e em favor de apurações nos Correios, ele decidiu colocar sua assinatura no pedido de CPI que José Dirceu agora quase se ajoelhava para tentar retirar.
– Vejo sua mão nessa porra toda, Zé. E agora você vai ter que consertar.
– Roberto, isso vai passar. Vamos acertar por cima, vamos passar a borracha e fazer um acordo.
Aldo Rabelo ficou quieto todo o tempo.

Então Dirceu informou que o governo já estava trabalhando para inocentá-lo das denúncias nos Correios, no inquérito na Polícia Federal.

A substituição de Dimas por Spirandel ocorreria num momento mais oportuno, porque havia uma enorme pressão de políticos, entre os quais o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, para mantê-lo.
Na mesma manhã, Maurício Marinho estava sendo interrogado na PF.

Por volta de 11h, no meio da conversa, a Polícia Federal já havia divulgado em seu site um boletim em que o diretor assumia integral responsabilidade pela negociação da propina e inocentava Roberto Jefferson, afirmando que, na gravação, só citara o deputado para se valorizar profissionalmente.
Como Marinho depunha desde as 10h num depoimento sigiloso que se arrastaria até a tarde, Jefferson entendeu que a divulgação do boletim menos de uma hora depois só poderia ter o objetivo de convencê-lo.

Seu advogado o trouxera no meio da conversa com Dirceu.

Posteriormente, ficaria sabendo que o delegado do caso saia frequentemente da sala para dar telefonemas e dar curso ao esquema já armado com o governo: na hora que Marinho o inocentasse, fariam a divulgação imediata para a imprensa, para dar um bom argumento a Dirceu na negociação pela retirada da assinatura.

– Bom, se é assim, não tenho problema em retirar a assinatura da CPI – rendeu-se, mas acrescentou um pedido.
Para a completa restauração de sua honra, pediu a Dirceu que interviesse junto à revista Veja e ao Globo , seus principais algozes e que, no seu entendimento, estavam aliados à Casa Civil.

–   A Veja está fazendo um verdadeiro linchamento.
– Roberto, na Veja eu não tenho nenhuma influência, porque a revista é tucana.
– Mas e O Globo ?

– O Globo eu acerto por cima, dá para segurar.

– Então não tenho problema de recuar. Tiro a assinatura, mas você me dá uma saída honrosa. Estou sendo linchado nisso.

– Vou tentar, Roberto.

O deputado deu entrevista à imprensa e reuniu os companheiros de bancada pedindo o mesmo, embora inutilmente porque todos já resistiam a deixar o governo e nunca apoiaram a decisão de seu presidente de rejeitar o dinheiro do PT.

No dia seguinte, porém, a oposição conseguira as assinaturas necessárias à instalação da CPI dos Correios e o noticiário contra o deputado só recrudesceu.
Apesar de Dirceu ter prometido que dava para controlar O Globo, no fim de semana, o jornal e a revista Época, do mesmo grupo editorial, circularam com páginas pesadas de denúncias envolvendo o deputado, seus familiares e suas relações em outros órgãos de influência do PTB.

"A mídia está envenenada – pensou. – Eles têm que dar sangue para os chacais, e o sangue vai ser o meu", pensou.

Como agora sua posição já não tinha importância, porque a CPI fora instalada e não passava de um peso morto para o governo, iriam jogar todas as denúncias no seu colo e no partido.
Na sexta-feira, 4 de junho, os jornais deram que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, faria na segunda-feira (6) um pronunciamento à Nação, em cadeia de rádio e TV, para tentar impedir a CPI na Comissão de Constituição e Justiça.

Iria também desmontar o esquema de corrupção na Eletronorte, nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil – exatamente as três estatais em que o PTB tinham cargos influentes.
"Estão evacuando o quarteirão para implodir a mim e o PTB".

E o pior, agora estava claro que o presidente Lula também estava no jogo para destruí-lo.

"O majestático ministro da Justiça não faria isso sem autorização do chefe."
Já não engolira uma entrevista do presidente do PT, José Genoíno, no meio da crise, dizendo que o PT precisava escolher melhor os partidos da base. "Precisamos requalificar a base".

Agora, via que o presidente também estava no jogo.
Tentou em vão falar com José Dirceu, que estava se preparando para viajar à Espanha. Ligou para Walfrido dos Mares Guia:
– Estou tentando falar com o Dirceu e não consigo. O ministro vai atirar no PTB na segunda-feira e acabar com a gente.
Só então recebeu uma ligação de Dirceu, ainda no aeroporto.
– Dirceu, você não devia estar viajando agora. A hora é horrível para você viajar. O ministro vai colocar essa bomba no colo da gente. É pra acabar com o PTB.
– Calma.
– Estou calmo.
– Olha, nós temos que ver o lado do Silvinho e do Delúbio, Roberto. Vê lá o que você vai fazer.
Ora, pensou. "Então eu estou prestes a ser massacrado em praça pública e ele preocupado com o Silvinho e com o Delúbio...".
– Olha, Dirceu. Eu quero que o Silvinho e o Delúbio se danem. Na volta da sua viagem à Espanha, você terá uma surpresa. Vai com Deus, porque quando você voltar a notícia vai ser outra.
No sábado, suas assessoras ainda tentaram demovê-lo pela última vez:
– Calma. Espera.
Mas estava decidido:
– Não vou esperar mais nada, vou botar pra fora essa história do Mensalão. Vou explodir, vou arrebentar com tudo. Eu avisei a eles e avisei ao país que ia explodir tudo. Não posso ficar no colo com um crime que não pratiquei.
– Você pode ser cassado.
– Não importa mais. Mais importante que o mandato é a minha honra pessoal.
Discutiram em seguida a qual dos três grandes jornais faria a denúncia, para ser pubicada na mesma segunda-feira do pronunciamento do ministro da Justiça.

  Descartaram O Globo , porque, argumentou, estaria se comportando como Diário Oficial.

O Estado de São Paulo , embora isento, também estava embarcando na onda contra ele.

Restava a Folha de S. Paulo , que, na sua opinião, vinha tratando a crise com mais cautela, sem embarcar na versão do governo.
A assessora Íris Campos entrou em contato com Renata Lo Prete, editora do Painel , de notas de bastidores da política em Brasília.

E, no domingo à tarde, enquanto Márcio Thomaz Bastos preparava seu pronunciamento e José Dirceu caminhava pela Espanha, possivelmente pensando em Sílvio Pereira e Delúbio Soares, o deputado Roberto Jefferson contava à repórter do jornal de maior circulação do país que o PT carregava malas de dinheiro para ampliar a base aliada, comprando deputados de pequenos partidos, porque não queria dividir o poder nos ministérios.
Na segunda-feira, 6 de junho, no mesmo dia do pronunciamento do ministro da Justiça à Nação, a Folha circulou com a manchete:
"PT pagava mesada de R$ 30 mil a partidos, diz Jefferson"
A república petista começava a desmoronar.
(Com informações do livro Nervos de Aço , depoimento de Roberto Jefferson a Luciano Trigo, editora Topbooks.)

Mídia, poder e arte


11 de agosto de 2012