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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

'Temer está no epicentro deste sistema criminoso', diz PGR na denúncia contra presidente


Procuradora-geral Raquel Dodge denunciou Temer e mais cinco ao Supremo por corrupção nos portos


Aguirre Talento, Bela Megale
e Vinicius Sassine
O Globo


O presidente Michel Temer 18/12/2018
Foto: ANDRES STAPFF / REUERS



BRASÍLIA — O presidente da República, Michel Temer, recebeu vantagens indevidas do grupo Rodrimar, que opera no Porto de Santos, o mesmo grupo beneficiado por um decreto de Temer na área de portos. É o que consta na denúncia da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contra o presidente e mais cinco pessoas por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Dodge apresentou a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quarta-feira, último dia antes do recesso do Judiciário. "Michel Temer está no epicentro deste sistema criminoso, porque é o agente político com poderio suficiente para obter benefícios para os empresários do setor portuário", cita a denúncia.


Dodge pediu na denúncia que os acusados sejam punidos com a perda da função pública e que sejam obrigados a pagar indenização por danos morais no valor mínimo de R$ 32,6 milhões. A procuradora-geral solicitou que a denúncia seja encaminhada à 10ª Vara Federal do DF a partir de 1º de janeiro de 2019, quando Temer deixa de ser presidente da República e perde o foro privilegiado. Supostas práticas criminosas antes do exercício do mandato presidencial não foram objeto da denúncia, segundo Dodge, e caberá ao Ministério Público Federal (MPF) na primeira instância, quando Temer perder o foro, avaliar se esses fatos devem ser investigados e eventualmente denunciados.

As empresas Argeplan, Eliland do Brasil, PDA Administração e Participação e PDA Projeto e Direção Arquitetônica foram usadas para efetivar pagamentos indevidos ao presidente, segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR). Os responsáveis pela Rodrimar e pela Argeplan, Antônio Celso Grecco e o coronel João Baptista Lima Filho, também foram denunciados. O coronel é amigo pessoal de Temer e teria operacionalizado os repasses ao presidente. Ainda foram denunciados Rodrigo Rocha Loures, o "deputado da mala", Ricardo Conrado Mesquita e Carlos Alberto da Costa. Ao todo, a movimentação indevida foi de R$ 32,3 milhões, aponta a denúncia.



"As vantagens indevidas vêm sendo pagas há mais de 20 anos, a fim de manter a sistemática criminosa. A edição do Decreto dos Portos (Decreto nº 9.048/2017) é o ato de ofício mais recente identificado, na sequência de tratativas ilícitas que perduram há décadas", afirma Dodge na denúncia. Um "esquema antigo" rendeu pagamentos de propinas a Temer, por meio das empresas citadas, conforme a acusação. Desde 1998 há registros de atuação de Temer em negociações no setor portuário, segundo a procuradora-geral. Quando era deputado federal e líder do MDB na Câmara, na década de 90, Temer fez as primeiras indicações para o comando da Companhia das Docas de São Paulo (Codesp), registra a acusação.

"A apuração também comprovou que Michel Temer, João Baptista Lima Filho e Carlos Alberto Costa, atuando de modo concertado e em unidade de desígnios desde 31/08/2016 até o momento, ocultaram valores (pelo menos R$ 32.615.008,47), provenientes diretamente de crimes contra a Administração Pública praticados por membros de organização criminosa por meio de empresas de fachada", cita a denúncia.

O coronel Lima tem como patrimônio apenas uma motocicleta e dois veículos, "bens incompatíveis com o volume de recursos movimentados por ele", segundo Dodge. Já no caso da Argeplan, parte dos funcionários da empresa trabalharam em campanhas políticas de Temer, bem como em reforma de dois imóveis: uma casa do próprio presidente, na capital paulista, e uma casa da filha dele, Maristela Temer. A Argeplan "é uma empresa constituída em benefício de Michel Temer", diz a denúncia. Parte dos R$ 1,3 milhão usados na reforma do apartamento de Maristela foi paga em dinheiro em espécie, o que reforça que a transação feita por coronel Lima é fruto de corrupção, segundo a procuradora-geral.

O decreto dos portos infringiu o dever funcional, conforme Dodge. O assunto era tratado com urgência pelo grupo do presidente, com intermediação de Rodrigo Rocha Loures, assessor direto de Temer. "Apenas dois dias após Michel Temer ser empossado no cargo de presidente da República, houve a constituição do grupo de trabalho com objetivo de tratar de instalações portuárias", afirma a denúncia. "De um lado, Michel Temer recebia os representantes da empresa via Rodrigo Rocha Loures, demonstrando todo seu poderio em beneficiá-la em razão do cargo que ocupava (ato de ofício em potencial) e, de outro vértice, aceitava promessa de vantagem indevida, como decorrência natural de uma perene relação criminosa”, afirma Dodge.

Uma denúncia contra o presidente da República, para prosseguir, precisa do aval do Congresso Nacional. Ocorre que esta quarta-feira foi o último dia de trabalho da atual legislatura. Assim, o caso ficará para a primeira instância, como já solicitado por Dodge na denúncia, a partir de 1º de janeiro. No ano passado, Temer se livrou de outras duas denúncias da PGR, com apoio da maioria da Câmara.

O advogado Fávio Tofic, que defende Ricardo Conrado Mesquita e Antonio celso Greco, da Rodrimar, disse que a "recebeu com surpresa a notícia, já que próprio delegado já havia reconhecido que a Rodrimar não foi beneficiada pelo decreto dos portos".

O advogado Maurício Silva Leite, que defende João Baptista Filho, informou que somente irá se manifestar após o acesso ao inteiro teor da denúncia.

A defesa de Michel Temer afirmou que primeiramente vai estudar a denúncia para depois se pronunciar.

19/12/2018

Toffoli suspende decisão de libertar presos em segunda instância


Presidente do STF tomou a decisão a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.


Carolina Brígido e Mateus Coutinho
O Globo
O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, durante sessão
Foto: Rosinei Coutinho/STF/13-12-2018



BRASÍLIA – Durou pouco mais de cinco horas a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de libertar todos os condenados em segunda instância com recurso pendente de julgamento. No fim da tarde desta quarta-feira, o presidente da Corte, Dias Toffoli, deu nova liminar revogando a determinação do colega. Toffoli tomou a decisão a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge .


A decisão de Marco Aurélio foi tomada às 14h do último dia de funcionamento do STF. A partir de 15h, já era considerado regime de plantão na Corte, quando cabe ao presidente tomar decisões em caráter de urgência. Na lista de prioridades, processos sobre réus presos está no início. Pouco antes das 20h Toffoli revogou a liminar.

Segundo o presidente da Corte, o plenário tomou decisão em outubro de 2016 no sentido de determinar o início do cumprimento da pena a partir da condenação em segunda instância. A decisão de Marco Aurélio, portanto, contrariou a do colegiado. “A decisão já tomada pela maioria dos membros da Corte deve ser prestigiada pela Presidência. E é por essas razões, ou seja, zeloso quanto à possibilidade desta nova medida liminar contrariar decisão soberana já tomada pela maioria do Tribunal Pleno, que a Presidência vem a exercer o poder geral de cautela atribuído ao Estado-Juiz”, escreveu Toffoli.

Ainda segundo o presidente do STF, a decisão dele tem o objetivo de “evitar grave lesão à ordem e à segurança públicas”, pois, segundo a procuradora-geral, “seria permitida a soltura, talvez irreversível, de milhares de presos com condenação proferida por tribunal”.

A liminar concedida no início da tarde por Marco Aurélio Mello afetava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso depois de condenado na Lava-Jato pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região. Ele esclareceu que, como exceção, deveriam continuar presas pessoas com “a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”.

Marco Aurélio queria que o caso fosse julgado no plenário do STF, com os onze ministros, em 1º de fevereiro, data da primeira sessão de 2019. Com a revogação da liminar, ficou mantido para 10 de abril do ano que vem o julgamento das ações sobre prisão de réus condenados por tribunal de segunda instância. A tendência da Corte é manter o entendimento atual, de que a pena pode começar a ser cumprida depois que a condenação for confirmada pela segunda instância.

No recurso, Dodge afirmou que a decisão de Marco Aurélio representa um “triplo retrocesso” e que o ministro desrespeitou os precedentes do Supremo “simplesmente por com eles não concordar”.

A procuradora-geral cita o histórico da discussão no Supremo, iniciada em 2016, e lembra que, em dezembro daquele ano, o plenário da Corte firmou uma decisão, por maioria, favorável ao entendimento de que é possível a prisão após condenação em segunda instância sem que isso signifique um desrespeito ao princípio da presunção da inocência. A PGR também afirmou que a decisão do plenário foi reconhecida a repercussão geral, isto é, que o entendimento deve ser adotado por todo o Judiciário no país.

19/12/2018





Marco Aurélio manda soltar condenados em segunda instância, em decisão que pode libertar Lula




Como a decisão foi tomada no último dia de funcionamento do STF antes do recesso


Carolina Brígido
O Globo

O ministro Marco Aurélio Mello, durante sessão do STF
Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo/04-10-2018




BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello , do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu às 14h desta quarta-feira liminar para libertar os condenados em segunda instância que ainda têm recurso pendente de julgamento. A decisão pode afetar inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso depois de condenado na Lava-Jato pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região.

Como a decisão foi tomada no último dia de funcionamento do STF antes do recesso, não haverá tempo de levar o caso ao plenário.


Nesta semana, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, agendou para o dia 10 de abril de 2019 o julgamento das ações sobre prisão de réus condenados por tribunal de segunda instância. A tendência da Corte é manter o entendimento atual, de que a pena pode começar a ser cumprida depois que a condenação for confirmada pela segunda instância.



A decisão não é de cumprimento automático. Cabe a cada juiz do país responsável pela execução penal libertar os presos nessa situação. Na liminar, Marco Aurélio esclarece que, como exceção, devem continuar presos pessoas enquadradas no artigo 312 do Código de Processo Penal.

Pela regra, "A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria".




19/12/2018



terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Jungmann diz que Battisti já pode estar fora do Brasil


Cesare Battisti em foto de 20 de outubro de 2017 durante entrevista à AFP em Cananeia, São Paulo AFP/Arquivos


O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta terça-feira (18) que não pode descartar a possibilidade de que o italiano Cesare Battisti já tenha deixado o país.

Battisti, que a Itália quer extraditar para cumprir prisão perpétua por quatro homicídios cometidos nos anos 1970, não é visto há mais de 15 dias, pouco antes do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, determinar sua prisão.

“É uma possibilidade. Não posso dizer qual é a possibilidade, mas é uma possibilidade”, disse Jungmann à rádio CBN ao ser questionado sobre uma possível fuga do italiano para outro país.


Hoje cedo, o vice-premier e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, descartou a recompensa pela captura de Battisti.

“Estou confiante de que o caso pode ser resolvido de forma positiva”, disse.

“Reafirmo o que disse ao presidente brasileiro: em qualquer momento, caso ele seja preso, estou disposto a embarcar no primeiro avião e acompanhá-lo pessoalmente à Itália”, finalizou Salvini. (ANSA)

18/12/18








segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O poder diabólico de João de Deus

 
Estranheza da demora em curandeiro ser denunciado por psicopatia sexual por 330 mulheres explica-se pela devoção, mas principalmente por dinheiro e poder que juntou com suas falsas promessas de cura

José Nêumanne
Estadão

Após movimentar R$ 35 milhões, curandeiro João Teixeira de Faria, acusado de abuso por 330 mulheres, apresentou-se à polícia.
Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão


A surpresa pela descoberta de que um curandeiro famoso e milionário passou a ser, de repente, acusado de ter abusado de 330 mulheres, entre as quais uma filha, quando ainda criança, não se explica apenas pela credulidade de pacientes, que se submetem por desespero a cirurgias espirituais e outras intervenções, mas também pela impunidade gozada pelos abonados no Brasil. Ainda quando estava foragido das autoridades da polícia e da Justiça, o ex-garimpeiro João Teixeira de Faria movimentou R$ 35 milhões nos bancos, numa amostra do dinheiro e do prestígio com personalidades importantes da cena nacional, que o protegeram de eventuais acusações de vítimas de vários estados e até no exterior.


(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – segunda-feira 17 de dezembro de 2018, às 7h30m)

Para ouvir clique aqui e, em seguida, no play



Assuntos para comentário da segunda-feira 17 de dezembro de 2018



1 – Haisem – Quem poderia adivinhar que um curandeiro venerado como João de Deus seria acusado de ataque sexual por mais de 300 mulheres



2 – Carolina – 35 milhões de reais movimentados por João de Deus e Torón tenta minimizar dizendo que só baixou algumas aplicações.



3 – Haisem – PF divulga fotos de 20 eventuais disfarces de Cesare Battisti na investigação para capturá-lo e extraditá-lo para a Itália



4 – Carolina – Fachin disse em entrevista ao Estadão de ontem que STF é muito maior do que o STF. Será?



5 – Haisem – Conforme Estadão, Congresso usa Coaf para coagir Bolsonaro. O caso dá realmente essa oportunidade?



6 – Carolina – Que lições podem ser aprendidas da discordância de Bolsonaro da ideia do filho Eduardo de debater pena de morte



7 – Haisem – Bolsonaro faz bem ou mal em “desconvidar” presidentes de Cuba e Venezuela para sua posse?

SONORA BOLSO 3 1712



8 – Carolina – Confusão generalizada em Cumbica no fim de semana pode ser prenuncio da volta do Caos Aéreo Nacional, cujo slogan foi o tristemente célebre relaxe e goze de Marta Suplicy?



17 Dezembro 2018