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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

"É o que você faz no presente que redimirá o passado e logicamente mudará o futuro.”

Dá para virar, garante César Maia



César Maia derrapa, não raramente, quando se aventura na política em geral. No primeiro turno andou prevendo a derrota de José Serra. Para um candidato ao Senado, não lhe cabia prognóstico de qualquer coisa, mas arregaçar as mangas em favor de sua coligação e da sua própria candidatura.
Quando se muda pra o plano do estudo de processos eleitorais e análise de pesquisas, César Maia contribui. Difere radicalmente de “especialistas de coisa nenhuma”, tais como Fernando Rodrigues e Noblat, que adoram chutômetros, búzios e cartas diversas, estão longe de esconder suas preferências e torcidas. Costumam, como é típico dos ignorantes da vida política real, decretar com antecedência a vitória da candidata de Lula. Ou não foi assim no primeiro turno?
César Maia opera desta vez em outra direção. Baseado em informações que estão nas páginas de jornal de hoje – umas delas de que pesquisas internas do PSDB já dá uma ligeira vantagem a Serra, em Minas Gerais – e cotejando a rodada de pesquisa da semana passada, César Maia  mostra que é plenamente viável Serra tirar a diferença que Dilma teria hoje. Aqui falamos “teria”, porque não existem as urnas para aferir. Aliás, elas são o único instrumento confiável de aferição da vontade dos eleitores. Alguém pensa o contrário?

Em sua análise, o ex-prefeito dá uma informação preciosa: “pesquisas deste fim de semana já dão a Serra 20 pontos de diferença”( em SP). É possível que ele tenha informação de cocheira da pesquisa do GPP – a única que temos conhecimento que estava em campo no final de semana – sobre o quadro paulista e mineiro. Daí seu otimismo.  Ontem, no Rio de Janeiro. Durante a manifestação de Serra em Copacabana, foi anunciado que havia um empate técnico. A oposição não tem utilizado as pesquisas como instrumento de emulação, pelo menos até agora. Pitacos sempre põe um pé atrás, até por dever de oficio. A conferir.

O estudo de César Maia (que publicamos abaixo) é importante para neutralizar a tentativa do lulopetismo de criar um clima de já ganhou para que a militância oposicionista caia na paralisia. Sugerimos a leitura do seu texto e chamamos a atenção para os itens 3,4,5 e 6.


Segunda-feira, 25.10.2010

EX BLOG DO  CÉSAR MAIA


AS PESQUISAS E PROJEÇÕES PARA O DIA DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL!
                  
1. As pesquisas são balizadoras, ou como preferem os diretores técnicos do IBOPE e DATAFOLHA, são 'diagnósticos' e não 'prognósticos'. O importante, nesta reta final, é entender que pontos da comunicação dos candidatos estimulam o voto a seu favor, na base da sociedade através do que estatísticos chamam de 'jogo de coordenação'. Ou seja, a conversa solta e informal entre pessoas nos seus locais de moradia, trabalho, lazer..., sobre a campanha. Como induzir agendas que estimulem essas conversas na direção desse ou daquele candidato?                       

2. Paulo Coelho em "O Aleph": "É o que você faz no presente que redimirá o passado e logicamente mudará o futuro.” Criticar as pesquisas não adianta nada. Há que avaliar as possibilidades efetivas de vitória -hoje- e trabalhar com elas.                       

3. Para não se entrar nas vísceras das pesquisas e buscar os polos de indução, o que exigiria centenas de cortes por região, nível de instrução, situação em relação ao emprego, a religião, a preferências na imprensa... (o que exigiria um, aqui, espaço muito grande e os dados internos das pesquisas) vamos nos concentrar nos cortes das grandes regiões que todos acompanham. Isolemos o Norte e Centro-Oeste, supondo que se anulem, pró-Dilma, pró-Serra. Ambos têm 7% dos eleitores.                       

4. A projeção dos resultados das pesquisas realizadas e em realização, pesquisas nacionais e diárias, mostra que Dilma vencerá no Nordeste e Serra no Sul e no Sudeste. Para simlificar, use a relação 1 para 2. Ou seja, a diferença de Dilma no Nordeste é compensada por uma diferença que seja a metade dessa no Sudeste. Se a diferença de Dilma no Nordeste for de 2, no Sudeste Serra terá que vencer por 1 para empatar.
                        
5. As pesquisas de 'ontem' dão a Dilma no Nordeste uma diferença de 30 pontos. Se isso se confirmar, Serra teria que ter no Sudeste e no Sul 15 pontos de diferença. No Sul caminha para isso. O Datafolha já deu 11%. Chegar aos 15 pontos é provável. Em SP, pesquisas deste fim de semana já dão a Serra 20 pontos de diferença. O eleitorado de SP é de 2,6 vezes o do RJ. Com isso, a diferença -de ontem pró-Dilma no Rio de 10 pontos é coberta por SP e ainda sobram 5 pontos para MG.                       

6. Em MG, a diferença foi eliminada nos últimos dias e o empate de ontem projeta uma vitória de Serra. Se Serra vencer em MG por 10 pontos a eleição estará empatada. (Ou claro, se reduzir a diferença no Nordeste, RJ, etc).
     
7. E ainda há o complicador do 'não voto', ou seja, dos votos brancos, nulos e abstenção que mexem com importantes 3 a 4 pontos no final. O 'clinche' entre Serra e Dilma, com acusações recíprocas, deve afetar esse conjunto do 'não voto' ampliando-o em relação ao primeiro turno. E, por razões sociais e sub-regionais, ocorre mais no Nordeste.        
           
8. Política é um jogo estratégico: depende dos movimentos recíprocos das forças adversárias.

Os números das pesquisas falam de ontem. Mas o jogo está sendo jogado e os 'jogos de coordenação', em andamento. Os números anteriores são factuais. E não são estáticos. O jogo está aberto.

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