Felipe Recondo
Personagem que teve papel central nos esquemas de mensalão do PT e do PSDB, o empresário Marcos Valério aparece agora no escândalo que envolve o governo e a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Uma gravação feita pelo ex-secretário do governador José Roberto Arruda, Durval Barbosa, mostra o deputado distrital e ex-presidente da Câmara Legislativa Benício Tavares confessando ter fraudado uma licitação para a contratação de agência de publicidade para beneficiar a empresa de Marcos Valério a pedido do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB), apontado por Arruda como principal responsável pelo estouro do escândalo que envolve o DEM.
O deputado afirma na gravação que, quando era presidente da Casa, havia acertado a contratação de duas agências de publicidade. Mas recebeu um pedido do ex-governador Joaquim Roriz para beneficiar a SMP&B, empresa que tem como um dos sócios Marcos Valério e esteve envolvida com os esquemas do mensalão do PT, no governo federal, e do PSDB, na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998.
"Não, nem chegamos a conhecer o Marcos Valério. Conhecemos o Cristiano Paz, o outro sócio", conta Benício Tavares na conversa.
O deputado diz que, por conta desse pedido, teve de mudar o acerto que havia feito, o que desagradou outro parlamentar.
Marcos Valério e Cristiano Paz são réus na ação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os envolvidos no mensalão petista e foi denunciado pelo Ministério Público no mensalão tucano.
Em outro vídeo, também divulgado ontem pelo site da revista Veja, o nome do vice-governador do DF, Paulo Octávio (DEM), aparece como destinatário de recursos repassados por Durval Barbosa.
No vídeo, um homem apontado pela revista como sendo Marcelo Toledo, tido por operador do governador José Roberto Arruda, entrega dois pacotes de dinheiro para Durval Barbosa, no valor total de R$ 50 mil, conforme indica a gravação.
Ao final da conversa, que dura 1 minuto e 54 segundos, Marcelo diz a Durval: "Paulo Octávio pediu para ver se o senhor manda alguma coisa para ele hoje".
O ex-secretário responde de imediato: "Hoje não".
Em outros vídeos, divulgados desde que descoberto o esquema, o nome do vice-governador já aparecia como destinatário de dinheiro cobrado de empresas com contratos com o governo.
De acordo com um dos documentos, Paulo Octávio ficava com 30% do valor que seria recolhido por Durval Barbosa.
Por intermédio de sua assessoria, o vice-governador afirmou que não autoriza ninguém a falar em seu nome como representante ou emissário. Ao contrário de Arruda, Paulo Octávio não responde a processo de impeachment na Câmara Legislativa e, por enquanto, não é ameaçado de expulsão pelo DEM.
Na prática, o partido até trabalha para mantê-lo no posto para poder trabalhar sua candidatura ao governo local em 2010.
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