BENJAMIN,
O “MENININHO” ENVIADO“
Hoje em dia é muito difícil não ser canalha.
Todas as pressões trabalham para
o nosso aviltamento pessoal e coletivo.”
Nélson Rodrigues
Por Waldo Luís Viana*
Nélson Rodrigues
Por Waldo Luís Viana*
Conta-se que, em 1933, após ter sido eleito chanceler alemão, Adolf Hitler, já esgrimindo enorme esperteza e inclinação para o mal, mandou um de seus colaboradores-asseclas do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o Partido Nazi) contratar um jornalista para escrever artigos furiosos contra o próprio Führer.
Era necessário, àquela época, estabelecer polêmica em relação ao recente mandatário para despertar o interesse do povo alemão para as discussões sobre o governo recém-instalado. Sabe-se que o jornalista cumpriu diligentemente a função e com tal energia que não foi esquecido pelo chanceler, que o recompensou, em princípio com dinheiro e, mais tarde, o mandou fuzilar.
Era necessário, àquela época, estabelecer polêmica em relação ao recente mandatário para despertar o interesse do povo alemão para as discussões sobre o governo recém-instalado. Sabe-se que o jornalista cumpriu diligentemente a função e com tal energia que não foi esquecido pelo chanceler, que o recompensou, em princípio com dinheiro e, mais tarde, o mandou fuzilar.
No Brasil, vivemos uma situação muito similar, em que um filme sobre o nosso grande líder e guia, será lançado em janeiro de 2010, elaborado e dirigido sob medida para atrair e fazer chorar as multidões. A realização da película deixou de ser mero exercício de arte inocente, quando se soube que grandes empresas, dependentes das verbas publicitárias governamentais, participaram de seu orçamento.
Despertou desconfianças, também, quando foram levantadas suspeitas de que os especialistas em marketing do Planalto deram os seus “pitacos” para que o “longa” ficasse mais emotivo e lacrimoso, no estilo das conhecidas novelas nacionais de sucesso.
Despertou desconfianças, também, quando foram levantadas suspeitas de que os especialistas em marketing do Planalto deram os seus “pitacos” para que o “longa” ficasse mais emotivo e lacrimoso, no estilo das conhecidas novelas nacionais de sucesso.
O filme contaria a infância, a juventude e a ascensão a líder sindical do Sr. Luiz Inácio da Silva, terminando obviamente em sua chegada á presidência. Enfim, uma saga do “filho do Brasil”, cuja carreira fulminante realmente “nunca houve neste país”.
Ocorre, tal como os marqueteiros do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães de Hitler, que os especialistas em comunicação do Partido dos Trabalhadores de Lula resolveram estabelecer polêmica em relação ao filme e resolveram arquitetar um plano, num estilo tropical entre Maquiavel, Golbery e Goebbels, para atrair críticas contra a obra e seu formato.
Afinal, o filme sobre Lula deve ser comentado em cada esquina, nos bares, nas universidades, entre os professores e estudantes, e na mídia, entre os formadores de opinião. Deve ser discutida a temática, a origem do orçamento, a intenção, a estética e a história do personagem, transformado em herói do povo, tal como foi exaltado na Alemanha, nos anos 1930 o livro “Minha Luta”, de Adolf Hitler, que contava a estória sofrida da juventude e ascensão do líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, que, dentre outros feitos, matou 6 milhões de judeus...
Assim, por coincidência, surgiu um certo editor, muito inteligente e atilado, companheiro de lutas do nosso futuro guia focalizado no filme, guerrilheiro na juventude, preso, torturado e companheiro de cela do presidente, a comentar o filme, revelando fatos escabrosos sobre a vida do presidente e revelando bombasticamente – vejam só – o seu gigantesco apetite sexual, a ponto de ter querido sodomizar um companheiro de cela, durante o período em que esteve preso, como líder sindical e agitador, durante o regime militar.
A revelação extemporânea, feita por quem não foi chamado, não se chama Manuel, nem mora em Niterói parece sermão muito bem encomendado. Antes de ser uma calúnia, até enaltece uma reação selvagem de quem foi exposto em certo momento da vida a uma situação-limite. Afinal, como disse Jesus, quem nunca cometeu pecado que atire a primeira pedra!
César Benjamin, que já foi guerrilheiro, prisioneiro político, fundador do Partido dos Trabalhadores, saiu do PT, entrou no Partido do Socialismo e Liberdade, foi candidato a vice-presidente pelo PSOL e já saiu do PSOL – parece ser o homem indicado para fazer o trabalho daquele jornalista que ajudou na oposição a Hitler.
Ele chegou ao desplante de fazer suíte do próprio artigo, tentando acender uma polêmica, esperando que a direita ingênua fosse atrás, como a Igreja, quando condena os filmes que contestam a divindade de Jesus ou entra com medidas cautelares contra as escolas de samba, no Carnaval, quando são profanadas imagens sacras em carros alegóricos. Mas o tiro saiu pela culatra e seu casinho jornalístico foi encerrado. Coitado!
O “menininho” (parece que esse era um de seus codinomes) César é mesmo peralta, um peralvilho! Cumpriu sua função, mas a polêmica ficou murcha e acabou beneficiando o agredido, o caluniado, que nem se deu por achado, continuando solenemente a correr o mundo como líder e com 80% de popularidade.
Ele chegou ao desplante de fazer suíte do próprio artigo, tentando acender uma polêmica, esperando que a direita ingênua fosse atrás, como a Igreja, quando condena os filmes que contestam a divindade de Jesus ou entra com medidas cautelares contra as escolas de samba, no Carnaval, quando são profanadas imagens sacras em carros alegóricos. Mas o tiro saiu pela culatra e seu casinho jornalístico foi encerrado. Coitado!
O “menininho” (parece que esse era um de seus codinomes) César é mesmo peralta, um peralvilho! Cumpriu sua função, mas a polêmica ficou murcha e acabou beneficiando o agredido, o caluniado, que nem se deu por achado, continuando solenemente a correr o mundo como líder e com 80% de popularidade.
Pelo visto, o filme foi feito para não passar em brancas nuvens, como aquela novela do Sassá Mutema, em 1989 (lembram-se?), que foi um dos ingredientes psicológicos que ajudou a eleger o presidente Fernando Collor. Naquela época, a novela despertava no subconsciente do povo a seguinte pergunta: como vamos eleger um analfabeto nordestino para a presidência, quando temos um outro nordestino, jovem, bonito, destemido e eficiente para eleger?
Agora a pergunta que o filme deseja levantar para o inconsciente coletivo brasileiro é outra: um homem, capaz de sair da miséria violenta, como retirante nordestino, num pau-de-arara e ter chegado, com méritos, à presidência da República, não tem, com certeza, o direito de guiar o povo e indicar seu sucessor? É esse e só esse o objetivo do filme.
Hitler pensava que sabia das coisas e tentou construir um Reich de mil anos, matando milhões de pessoas e tentando conquistar a Europa, como um bárbaro. Felizmente foi contido, na majestade de seu mal, pelas forças do bem coligadas, que destruíram o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Lula também sabe das coisas e quer ser líder, mesmo fora do poder, nomeando uma marionete ou um ventríloquo, esticando o poder de seu querido Partido dos Trabalhadores. Para quem já percebeu, o governo do ilustre operário não passa de um nazismo pós-moderno, com Goebbels e tudo. Em seu governo só existe a moral e as razões do líder e mais nada!
* Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e costuma escrever, vez em quando, para não surtar...
E, nesse contexto, César Benjamin prestou-se ao mesmo papel do jornalista cooptado por Hitler. Só espero que, mais tarde, quando a polícia secreta aqui estiver funcionando (se já não estiver), ele não seja fuzilado...
Teresópolis, 5 de dezembro de 2009. E PENSAR QUE O BRASIL GRAVITOU 16 ANOS DE SUA VIDA EM TORNO DESSES DOIS METROS DE INTELIGÊNCIA!
1 comentários:
César Benjamin é apenas um sintoma
Participei do repúdio à “Ditabranda”, mas não fui ao protesto contra o artigo de César Benjamin. Acho que a celeuma lhe conferiu visibilidade desnecessária e alimentou uma ilusória vocação “polemista” da Folha.
É incrível que o jornal tenha descido a esse nível de vulgaridade. Há alguns anos, seria inimaginável que qualquer veículo publicasse um texto acusando o presidente da República de querer sodomizar alguém na cadeia (tecnicamente, “atentado violento ao pudor”), apenas porque um colunista obscuro decidiu combater a popularidade do mandatário.
Parece fácil, para Antonio Cicero e outros, defender essa liberdade opinativa de mão única. Mas ninguém consegue explicar por que nenhum governo jamais foi atacado de maneira tão grosseira, descarada e inescrupulosa. De erro em erro, a cada suposto “deslize” porcamente corrigido, constrói-se a metodologia difamatória que está reduzindo o jornalismo brasileiro ao achaque ideológico.
A truanice de Benjamin é exemplo menor, infantil até, de uma tendência que teve episódios muito mais graves e conseqüentes. Mas ela serve como anúncio do que nos aguarda nas batalhas eleitorais vindouras.
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