Outra vergonha nacional.
E mais outra, antes de outra.
Tem sido assim e as explicações se multiplicam, na razão direta dos escândalos e na razão inversa da lógica e do bom senso. "Perseguição política e inveja do nosso bom governo" são as frases de defesa. Chavões, nada mais. Mario Amato, então na Fiesp, há anos, fez a pergunta com a voz rouca do povo brasileiro: "Somos, então, todos corruptos?"
Pela corrupção sistemática, com certeza chegaremos a essa triste conclusão. O que falta, apenas, é a famosa ocasião, ela que faz o ladrão, conforme o dito popular. De A a Z, os maiores partidos políticos do Brasil experimentaram o modelo batizado de mensalão. Ninguém pediu que o cálice da oferta vergonhosa fosse afastado.
Os políticos são corruptos, dirão muitos.
Mas só eles?
E quem os elege?
Vota-se em quem tem o nome conhecido, não importa por qual motivo, inclusive o desvio de verbas públicas ou propinas dadas e guardadas das maneiras mais esdrúxulas e até hilárias, cuecas e, agora, meias.
Todos são filhos do Brasil, inclusive os políticos larápios, mas eles merecem uma segunda chance?
Claro que não.
Porém, quem poderá afirmar, realmente, que eles, os envolvidos, nas próximas eleições, não estarão concorrendo e vencendo pleitos, lépidos e faceiros? Roberto Arruda foi envolvido em denúncias no caso do painel do Senado, em 2001, mas voltou ao Parlamento como o deputado mais votado de Brasília.
Os parlamentares sabem que basta renunciar antes da cassação para que tudo seja zerado no tribunal da opinião pública e mesmo da Justiça. Em 2006, Arruda foi eleito governador.
Barack Obama o classificou como "o cara", simbolizando alguém que está com muito prestígio. Pela internet circulam inúmeras piadas, algumas grosseiras, ridicularizando Lula da Silva e o seu português.
Ele andou errando em algumas afirmações e o seu palavreado não é o que se poderia adjetivar de castiço. O presidente disse que para ser um bom administrador do Brasil ninguém precisava ter curso superior e nem falar inglês.
Certo, mas que ajuda, ajuda.
Foi uma direta ao seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, com quem não evitou as tradicionais rusgas. Mas Lula da Silva tem seus méritos e o filme mostra a ascensão pessoal, profissional e de líder sindical adversário do capitalismo, antes da política.
Nada diferente do que ocorreu e ainda acontece com milhares de brasileiros que fogem da seca. Daí em diante, todos nós conhecemos a história do político que chegou à presidência. Tem méritos, o principal é não fazer quase nada do que pregava quando na oposição.
Esbanja perspicácia, tenacidade, força de vontade e objetivos comuns com os do povo.
O seu partido tenta amealhar um pouco dos 80% de prestígio daquele que fala errado, mas se comunica magistralmente com os que também têm menos letras.
Teve dois mandatos e filho sobre o qual circulam versões nada lisonjeiras em negócios. Porém, Lula da Silva paira, acima de tudo, no limbo, tal e qual um anjo barbudo, tocando a sua harpa que seduz pelo menos 3/4 dos brasileiros.
Se todos os políticos nacionais devem ter uma segunda chance, como Roberto Arruda, só Deus e os eleitores sabem.
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