Árias pediu que as eleições hondurenhas sejam reconhecidas
Jair Rattner
De Lisboa para a BBC Brasil
O presidente da Costa Rica, Oscar Árias, disse nesta segunda-feira que rejeitar as eleições presidenciais em Honduras, feitas neste domingo, e reconhecer as eleições iranianas, realizadas em junho, representa uma "dupla moral".
O governo brasileiro é um dos que não reconhece o pleito hondurenho - dizendo que aceitá-lo seria "legitimar um golpe" - e que reconheceu o resultado das eleições no Irã, criticadas por supostas fraudes.
Árias, Prêmio Nobel da Paz em 1987, disse que as eleições em Honduras podem ser o caminho para a volta da normalidade ao país.
"A história das últimas eleições mostra que em Honduras havia cada vez maior abstenção nas eleições presidenciais. Estas tiveram maior participação e até agora não houve queixas significativas de fraudes", disse ele durante a 19ª Cúpula Ibero-Americana, realizada em Estoril.
"Acho que é uma dupla moral reconhecer as eleições iranianas, que não foram limpas e onde houve uma série de casos, e até um candidato resolveu desistir do segundo turno, e não reconhecer as hondurenhas", afirmou o costa-riquenho.
Árias atuou como mediador nas negociações para o acordo de San José, que tentou resolver a crise política em Honduras.
Divisão
As eleições de Honduras dividem os líderes presentes na cúpula em Portugal entre os que se aproximam da posição americana, de acatar os resultados da eleição, e a posição brasileira, de não reconhecer o pleito.
Os americanos procuram utilizar as eleições em Honduras para considerar a questão resolvida. O Brasil não aceita soluções que não passem pela volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder.
Árias disse que em muitas ditaduras latino-americanas foram os próprios ditadores que organizaram eleições que acabaram com esses regimes. Citou o caso do general João Baptista Figueiredo, que governou o Brasil de 1979 a 1985, do general Augusto Pinochet, do Chile, e de líderes militares da Argentina.
O presidente da Costa Rica disse que esteve com os dois principais candidatos hondurenhos antes das eleições. "Eles foram escolhidos antes do golpe. Perguntei a eles se queriam continuar a campanha e eles disseram que sim."
O pleito deste domingo foi vencido por Porfírio "Pepe" Lobo, candidato conservador e opositor do presidente deposto Manuel Zelaya.
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